Crescimento constante: taxaentrar na bet 365suicídio entre jovens sobe 10% desde 2002:entrar na bet 365

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Em números absolutos, foram 2.898 suicídiosentrar na bet 365jovensentrar na bet 36515 a 29 anosentrar na bet 3652014, um dado que costuma desaparecer diante da estatística dos homicídios na mesma faixa etária, cercaentrar na bet 36530 mil.
"É como se os suicídios se tornassem invisíveis, por serem um tabu sobre o qual mantemos silêncio. Os homicídios são uma epidemia. Mas os suicídios também merecem atenção porque alertam para um sofrimento imenso, que faz o jovem tirar a própria vida", alerta Waiselfisz, coordenador da Áreaentrar na bet 365Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americanaentrar na bet 365Ciências Sociais (Flacso).
O sociólogo aponta Estados do Centro-Oeste e Norteentrar na bet 365que a taxaentrar na bet 365suicídioentrar na bet 365jovens é maior, num fenômeno que os especialistas costumam associar aos suicídios entre indígenas: Mato Grosso do Sul (13,6) e Amazonas (11,9).
Na faixa etáriaentrar na bet 36515 a 29 anos, a taxaentrar na bet 365suicídio tem se mantido sempre um pouco acima da verificada na população brasileira como um todo, segundo a publicação "Os Jovens do Brasil", lançada por Waiselfiszentrar na bet 3652014, com um capítulo sobre o tema.

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Segundo a publicação, o Brasil ainda apresenta taxasentrar na bet 365suicídio relativamente baixas na comparação internacional feita com baseentrar na bet 365dados compilados pela ONU.
Em países como Coreia do Sul e Lituânia, a taxa no conjunto da população supera 30 por 100 mil habitantes; entre jovens, supera 25 por 100 mil habitantes na Rússia, na Bielorússia e no Cazaquistão.
Em números absolutos, porém, o Brasilentrar na bet 365dimensões continentais ganha visibilidade nos relatórios: é o oitavo país com maior númeroentrar na bet 365suicídios no mundo, segundo ranking divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde)entrar na bet 3652014.
Depressão, drogas, abusos e bullying
O suicídio na juventude intriga médicos, pais e professores também pelo paradoxo que representa: o sofrimento num período da vida associado a descobertas, alegrias e amizades, não a tristezas e morte.
O tema foi debatido na quinta-feira numa rodaentrar na bet 365conversa organizada pelo Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming (Casaf), do cursoentrar na bet 365Medicina da Universidade do Estado do Rioentrar na bet 365Janeiro (UERJ), com a presençaentrar na bet 365estudantes e professores.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o problema é normalmente associado a fatores como depressão, abusoentrar na bet 365drogas e álcool, além das chamadas questões interpessoais - violência sexual, abusos, violência doméstica e bullying.
A cientista política Dayse Miranda, coordenadora do Grupoentrar na bet 365Estudo e Pesquisaentrar na bet 365Suicídio e Prevenção da UERJ, participou do debate e destacou os relatos dos estudantes.
"Fiquei impressionada como os alunos falaramentrar na bet 365sofrimento, seja deles, seja a dificuldade para lidar com o sofrimentoentrar na bet 365outros jovens, além do uso excessivoentrar na bet 365medicamentos, que eles naturalizam", afirma.
"Um deles disse considerar impossível um aluno passar pelo terceiro anoentrar na bet 365Medicina sem usar remédios para ansiedade e depressão."

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A coordenadora-geral do centro acadêmicoentrar na bet 365Medicina, Elisabeth Amanda Gomes Soares,entrar na bet 36522 anos, aluna do sexto período, diz que a intenção ao promover o evento foi debater a saúde mental do estudante.
Segundo ela, o alunoentrar na bet 365Medicina muitas vezes acaba se distanciando das questões mais humanas e esquece a vida social e familiar para se dedicar ao curso, sucumbindo às pressões.
"É muita cobrança por competitividade, nota, sucesso, presença... Temosentrar na bet 365discutir isso dentro do curso, é um tema ainda pouco falado", afirma.
Dayse Miranda destaca, entre os jovens que cometem suicídio, o grupo que tementrar na bet 36515 a 24 anos. "É um período que inclui adolescência, problemas amorosos, entrada na faculdade, pressão social pelo sucesso... Depois dos 25 anos, já é um jovem adulto, as preocupações mudam, já são mais relacionadas a emprego", avalia.
"Também alerto não ser possível falar do jovem como um grupo único. Há diferenças entre grupos sociais. O alunoentrar na bet 365Medicina é parteentrar na bet 365uma elite. Como éentrar na bet 365outros grupos? Temosentrar na bet 365discutir esse tema seriamente, pois o problema vem crescendo."
Ambiente escolar
Psiquiatra da infância e da adolescência e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Estelita estuda a interface entre o suicídio e outros fenômenos violentos - desde famílias que vivementrar na bet 365comunidades urbanas tomadas por tiroteios e vivem o estresse diário dos confrontos até jovens indígenas que se sentem rejeitados tanto por suas tribos como por grupos brancos.
O bullying no ambiente escolar é citado por ele como um dos principais elementos associados ao suicídio. "Pessoas que seguem qualquer padrão considerado pela maioria da sociedade como desviante, seja o tênis diferente, a cor da pele, o peso, o cabelo ou a orientaçãoentrar na bet 365gênero, são hostilizadas continuamente e entramentrar na bet 365sofrimento psíquico", afirma Estelita, professor do Institutoentrar na bet 365Comunicação e Informação Científica e Tecnológicaentrar na bet 365Saúde, ligado à Fiocruz.
"Temosentrar na bet 365alertar também para a transformação do modelo tradicionalentrar na bet 365família e para o fatoentrar na bet 365que a escola nem sempre consegue incluir esse jovem."

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Outra dificuldade é falar do assunto com jovens. Muitas vezes, estratégias que funcionam com adultos não têm o mesmo resultado quando usadas com adolescentes - e, entre as peculiaridades desse grupo, está a forma como usa a internet e as redes sociais.
A rede vem sendo palco para grupos que não só romantizam o suicídio, mas exortam jovens a cometê-lo, usando a falsa ideia do desafio. O psiquiatra sublinha a necessidadeentrar na bet 365uma política nacionalentrar na bet 365atendimento a urgências, pois, muitas vezes, os profissionais não sabem como lidar com casosentrar na bet 365tentativasentrar na bet 365suicídio.
A psicóloga Mariana Bteshe, professora da Uerj, diz que os pais devem estar atentos a qualquer mudança brusca no comportamento do jovem, como, por exemplo, um adolescente expansivo que,entrar na bet 365repente, fica introspectivo, agressivo, tem insônia, dorme demais ou passa muito tempo no quarto.
Mais uma vez, o alerta especial vai para o uso da internet, e Bteshe lista, na contramão do jogo que incentivaria o suicídio, iniciativas que tentam combater a depressão e lançam desafios "do bem", como o jogo da Baleia Rosa.
"Muitas vezes o jovem fica muito tempo na internet, e os pais não sabem o que ele anda vendo ou com quem anda falando. É preciso que a família, mantendo a privacidade do jovem, busque uma formaentrar na bet 365contato com ele e abra um espaçoentrar na bet 365diálogo", afirma a psicóloga, que defendeu na Fiocruz uma teseentrar na bet 365doutorado sobre suicídio.
Bteshe reitera que silenciar sobre suicídio não ajuda a combater o problema. Por muito tempo não se tratou abertamente do tema por medo do chamado "Efeito Werther" - a ideiaentrar na bet 365que falar do assunto poderia inspirar ondasentrar na bet 365casos por imitação.
O nome vem do protagonista do livro Os Sofrimentos do Jovem Werther,entrar na bet 365Goethe, publicadoentrar na bet 3651774, sobre um rapaz que se mata após um fracasso am oroso e cujo exemplo teria provocado outros suicídiosentrar na bet 365jovens.
Atualmente, diz Bteshe, psicóloga do Programaentrar na bet 365Apoio Psicopedagógico ao Estudante da Faculdadeentrar na bet 365Medicina da UERJ, a diretriz da OMS é abordar o tema sem glamour, sem divulgar métodos e sem apontar o suicídio como solução para os problemas - agindo sem preconceito e oferecendo ajuda a quem precisa.








