'Ninguém tem 64 cabeças no currículo': secretário reconhece 'fracasso'betmotion deposito minimogestãobetmotion deposito minimocadeias no Amazonas:betmotion deposito minimo

Complexo Penitenciário Anísio Jobim

Crédito, Felipe Souza/BBC Brasil

Legenda da foto, Visão por meiobetmotion deposito minimoburacobetmotion deposito minimobalabetmotion deposito minimosala da direção do Compaj,betmotion deposito minimoManaus; situação no sistema ainda ébetmotion deposito minimo'caos', diz secretário

Na virada do ano, o complexo prisional foi palcobetmotion deposito minimouma rebelião que terminou com 56 mortos, dezenasbetmotion deposito minimofugas e armas apreendidas,betmotion deposito minimouma disputa entre detentos ligados às facções criminosas Família do Norte (FDN) e Primeiro Comando da Capital (PCC). Outras duas unidades tiveram oito mortes.

O secretário diz que a presençabetmotion deposito minimoarmasbetmotion deposito minimofogo dentro dos presídios do Estado é uma realidade, como foi evidenciado na maior chacina no sistema prisional brasileiro desde o Carandiru,betmotion deposito minimo1992.

"Os presos têm rivalidade na rua e ela continua aqui (na cadeia). Eles precisam ter defesa, então colocam armas para dentro. E tembetmotion deposito minimotodos os presídios. No Amazonas tembetmotion deposito minimotodos", afirma ele, que classifica seu trabalho como "muito ingrato".

Pedro Florêncio no Centrobetmotion deposito minimoDetenção Provisória Masculino

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Pedro Florêncio fala a presosbetmotion deposito minimocentrobetmotion deposito minimodetenção provisóriabetmotion deposito minimoaula inauguralbetmotion deposito minimocurso técnicobetmotion deposito minimonovembrobetmotion deposito minimo2015; gestão baseadabetmotion deposito minimodiálogo 'fracassou', afirma secretário

"Toda semana entrobetmotion deposito minimopresídio para procurar objeto proibido. O que tenho dito é que ele (armamento) não entra voando. Ou entra na mãobetmotion deposito minimovisita oubetmotion deposito minimofuncionário. Como fiz para mudar isso? Pedi raio-X, raquete (detectoresbetmotion deposito minimometais) e aumento da fiscalização."

Florêncio afirma fazer o possível para evitar a entradabetmotion deposito minimoarmasbetmotion deposito minimofogo nas unidades, mas diz esbarrar na "natureza corrupta" do homem, sugerindo irregularidades no próprio sistema que gerencia.

"O problema é que no meio desse caminho tem uma coisa chamada ser humano, que por natureza é corrupto. As pessoas encarregadasbetmotion deposito minimofiscalizar direito não o fazem. A apreensãobetmotion deposito minimoarmasbetmotion deposito minimofogo é mínima, só achamos se o preso denuncia. A capacidade que eles têmbetmotion deposito minimoesconder é absurda", afirmou.

O governo do Amazonas aposta na gestão privadabetmotion deposito minimopresídios, modelo que entroubetmotion deposito minimoxeque na atual crise - apenasbetmotion deposito minimo2016, repassou cercabetmotion deposito minimoR$ 300 milhões à empresa responsável pela administração do Compaj e outras cinco unidades prisionais.

O secretário afirma que ainda há armasbetmotion deposito minimofogo dentro do Compaj, e que nem uma vistoria do Exército com detectoresbetmotion deposito minimometais conseguiu identificá-las - por isso recomendou que a comissão da sociedade civil que esteve no complexo na terça-feira não entrasse na unidade masculina.

Gestão

Ex-policial federal, Florêncio enumera medidas que diz ter tomado para facilitar o diálogo com os presos, como mais tempo para visitas, liberaçãobetmotion deposito minimovisitas aos feriados e assistência a famíliasbetmotion deposito minimodetentos. Mas se diz desapontado pelos resultados.

"Nenhum outro secretário, o mais corrupto ou o mais opressor, tem no currículo 64 cabeças separadasbetmotion deposito minimocorpo. Ainda dessa forma, o resultado foi esse."

O secretário diz combater o usobetmotion deposito minimoviolência pelo Estado contra presos. Afirma que o Estado deve administrar detentos com o mesmo esforço que teve para prendê-los, mas admite que essa visão é "utópica".

"Isso é utopia. Falo para continuar acreditando, mas isso é fracassado. Fiz o que nunca ninguém fez aqui e olhe o resultado", afirma.

Detentos na cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa

Crédito, Felipe Souza/BBC Brasil

Legenda da foto, Detentos na cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, reativada após massacrebetmotion deposito minimooutra unidade; presos estão 'aterrorizados', diz Pedro Florêncio

Diante do saldobetmotion deposito minimorebeliões e mortes, Florêncio afirma ser impossível controlar uma "multidãobetmotion deposito minimo1,2 mil homens"betmotion deposito minimoum eventual novo motim.

Superlotado, o Compaj abrigava 1.224 presos, quase o triplobetmotion deposito minimosua capacidade,betmotion deposito minimo454 detentos.

"Eu tenho menosbetmotion deposito minimomeia dúziabetmotion deposito minimopoliciais aqui e os agentes não têm como conter uma massa dessa. Os caras batem o pé e eles (agentes) correm. E tem que correr mesmo para preservar a vida e não ficarbetmotion deposito minimorefém. Não há mecanismosbetmotion deposito minimosegurar uma massa", afirmou.

O secretário aponta fracassos na gestão e ausênciabetmotion deposito minimorecursos para enfrentar a crise, e se mostra resignado ao afirmar que as mortes ocorreram "porque eles iam fazer independentebetmotion deposito minimoqualquer coisa". As mortes, afirmam especialistas e autoridadesbetmotion deposito minimosegurança, estão ligadas a um conflito nacional entre as facções Comando Vermelho (associada à Familia do Norte) e PCC.

A única solução para minimizar a crise, diz Florêncio, é estabelecer o diálogo nas unidades para que os internos aprendam a cumprir ordens e ter disciplina. "Porque se tivessem aprendido isso, não estariam aqui dentro."

Detentos 'aterrorizados'

O secretário afirmou que os presos levados para a cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, reativada após a rebelião no Compaj, estão "aterrorizados".

As condições do local, visitado pela BBC Brasil, são precárias: há paredes mofadas e cheirobetmotion deposito minimofezes por todo o ambiente. Internos relataram que chegam a tomar água do vaso sanitário. E no último domingo (8) quatro detentos foram mortosbetmotion deposito minimoum confronto entre presos.

O presídio, que Florêncio descreve como "calabouço", havia sido desativadobetmotion deposito minimooutubrobetmotion deposito minimo2016, mas foi reaberto para abrigar presos ligados ao PCC, alvo na rebelião no Compaj.

"Eu fiz um esforço para desativar a Vidal porque aquele lugar é absolutamente impróprio para encarcerar gente. Mas a gente teve que fazer isso (reabri-lo) porque eles iam matar mesmo", afirmou.

Ele diz que os internos da cadeia estão "aterrorizados". "Imagine o estadobetmotion deposito minimochoque. Essas pessoas estavam amarradas no Compaj quando viram seus companheiros terem as pernas, cabeças e coração arrancados. Aí, chegam na Vidal e viram com outros. Agora, todo mundo é ameaça para elas."