Ficou caro ser corrupto? Como operações da PF e do MP estão mudando comportamentocasas e apostasempresas brasileiras:casas e apostas

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Até pouco tempo, antescasas e apostasvirem à tona as grandes operações como Lava Jato e Zelotes, a corrupção parecia ser um bom negócio no Brasil.
Muitas vezes, a obtençãocasas e apostasum alvará oucasas e apostasuma licença poderia sair maiscasas e apostasconta ou demorar menos tempo por meios escusos.
A corrupção também ajudava a aumentar a previsibilidadecasas e apostasum empreendimento, ganhar tempo e encontrar atalhos para driblar a burocracia. No balanço final, os meios ilegais poderiam representar uma economia real para uma empresa.
Além disso, atuar fora da conformidade das leis também era visto como vantagem porque poderia ser crucial para a viabilizaçãocasas e apostasum empreendimento. Para obter contratos bilionários com a Petrobras, empreiteiras pagavamcasas e apostas1% a 5% do valor do negóciocasas e apostaspropinas, como revelou a Lava Jato.
Mas esse cálculocasas e apostasque a corrupção compensa, segundo especialistas, pode estar mudando.
Conformidade
Alexandre Bertoldi, sócio-gerente do escritóriocasas e apostasadvocacia Pinheiro Neto, um dos mais tradicionais do país, afirma que era comum no meio empresarial que gestores "fechassem os olhos" para práticas ilícitas ou antiéticas ao delegar serviços a indivíduos, empresas ou escritórioscasas e apostasfachada. As operações mostram que talvez isso não seja mais tão tentador.
"Antes as pessoas sabiam o que estava errado. Era mentira dizer que não soubessem. Todo mundo sabia. Mas muitos tinham a sensaçãocasas e apostasque se não fosse assim, estariamcasas e apostasdesvantagemcasas e apostasrelação aos competidores. Hoje você está correndo o riscocasas e apostasir para a cadeia. Isso é salutar para o ambientecasas e apostasnegócios," afirma Bertoldi.
Um indício dessa guindada é a valorização que as empresas têm dado aos mecanismoscasas e apostascompliance, palavracasas e apostasinglês que significa conformidade com leis e princípios éticos.
O termo carrega um sentido mais amplo no ambientecasas e apostasnegócios. Também pode ser entendido como programacasas e apostasintegridade, governança empresarial, ou ética corporativa.
Ele envolve a adoção por parte das empresascasas e apostasmecanismos para apurar e prevenir práticas ilegais ou antiéticas. Esses mecanismos vão desde análisecasas e apostasriscos, instalaçãocasas e apostasinvestigações internas e canais para denúncia até o treinamentocasas e apostasexecutivos e funcionários para lidar com propostas e práticas que corram o riscocasas e apostascolocar a empresa no mau caminho.

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'Explosão'
Especialistas ressaltam, no entanto, que o caminho a percorrer para que as empresas do país alcancem os mais altos padrõescasas e apostasintegridade ainda é longo.
"Antes, a palavra não tinha valor, ninguém sabia nem mesmo o significado, e agora compliance passou a ser parte do cotidiano," afirma Esther Flesch, que lidera a equipecasas e apostasconformidade do Trench, Rossi e Watanabe Advogados, escritóriocasas e apostasadvocacia contratado pela Petrobras após o início da operação Lava Jato.
A entradacasas e apostasvigor da Lei Anticorrupção (12.846/2013), também conhecida como Lei da Empresa Limpa, ajudou a colocar o assunto na agenda.
No entanto, foram operações como Lava Jato e Zelotes que provocaram nas empresas o sentidocasas e apostasurgência verificado pelos especialistas.
O aumento da demanda pelos serviçoscasas e apostascompliance foi sentido com força, especialmente no último ano.
"Nem mesmo o nosso escritório anteviu esse impacto. Tivemos que correr atrás. Foi uma explosão, não um aumento gradativo," conta Bertoldi.
Há cinco anos, o Pinheiro Neto não tinha uma área dedicada ao serviço. No último ano, o escritório, que atende principalmente grandes empresascasas e apostasoperações estratégicas, empregou maiscasas e apostas40 advogados com dedicação exclusiva a essas demandas.
Outro escritóriocasas e apostasperfil similar a fazer investimentos expressivos na área foi o Mattos Filho, que aumentou seu quadrocasas e apostassócios dedicados à conformidade,casas e apostasum para três.
Thiago Jabor Pinheiro, sócio do escritório e responsável pela equipe afirma: "Não há uma empresa grande no Brasil que não tenha adotado esses mecanismos (de conformidade)."
O aumento da procura também foi sentido pelas grandes firmas globaiscasas e apostasconsultoria que atuam no Brasil.
"Mais do que dobrou a nossa demanda do ano passado para cá," garante Ronaldo Fragoso, sócio-lídercasas e apostasgestãocasas e apostasriscos da Deloitte.
Empresas como PwC, EY e KPMG também descrevem aumento significativo na demanda.

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Custos
Mas o que exatamente explica essa correria por programas para evitar a corrupçãocasas e apostasempresas brasileiras?
O principal motivo apontado pelos especialistas é a percepção sobre o aumento do custocasas e apostasnão ter vigente um mecanismocasas e apostasgovernança, ou o chamado custo da 'não-compliance'.
Ser conivente com práticas corruptas pode sair caro. E isso passou a ser sentidocasas e apostasmuitas maneiras.
A mais evidente são as consequências diretas. A lei prevê multascasas e apostasaté 20% sobre a receita para empresas condenadas por práticas ilícitas.
O acordocasas e apostasleniência assinado pela Odebrecht é um exemplo do quanto a corrupção pode pesar no bolsocasas e apostasempresários.
"As empresas passaram a ter medo das multas, já que uma multa chega a quebrar uma empresa," afirma Ana Paula Candeloro, que é professora do Insper e coautora do livro Compliance 360º.
No âmbito da Lava Jato, além das multas, as empreiteiras condenadas também ficaram impedidascasas e apostasfirmar contratos públicos oucasas e apostasadquirir novos créditos bancários até assinarem acordoscasas e apostasleniência.
"A destruiçãocasas e apostasvalor foi significativa," afirma Fragoso, que também cita o caso da mineradora Samarco, que enfrenta uma multa bilionária pela responsabilidade no rompimento da barragemcasas e apostasMariana, no finalcasas e apostas2015.
"Esses casos levaram as empresas a pensar que teria sido melhor prevenir," afirma ele.
Outro fator que passou a entrar no cálculo foi o temor dos executivoscasas e apostasse verem pessoalmente envolvidoscasas e apostasum escândalo. Essa noção levou o problema até o mais alto escalãocasas e apostasgerenciamento.
Na Lava Jato, diversos executivos foram condenados e presos - o caso mais notável sendo ocasas e apostasMarcelo Odebrecht, que foi condenado a 19 anoscasas e apostasprisão. Já na Zelotes, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, virou réu por suspeitacasas e apostasparticipaçãocasas e apostasesquemacasas e apostassonegaçãocasas e apostasimpostos.
"Poucos executivos conhecem alguém que não esteja envolvidocasas e apostasalguma forma nas operaçõescasas e apostasandamento. Isso traz uma noção muito vivacasas e apostasque não há mais impunidade," avalia José Compagno, sócio-lídercasas e apostasinvestigaçãocasas e apostasfraudes para América Latina da consultoria EY.
Marco Castro, sócio-lídercasas e apostasauditoria da PwC no Brasil, afirma que o papel da opinião pública e das redes sociais traz um custo ainda maior para as empresas envolvidascasas e apostascorrupção. "Hoje a voz da sociedade é ouvidacasas e apostasforma amplificada como nunca antes."
De acordo com ele, a presença constante da fiscalização dos cidadãos tem um impacto sobre a cultura que influencia diretamente o ambientecasas e apostasnegócios.
"O dano à imagem e à reputação por não conseguir cumprir com o que a sociedade e seus próprios funcionários esperam ficou muito alto," afirma.

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Longo caminho
Apesarcasas e apostastodo o furor, os especialistas concordam que o Brasil ainda precisa caminhar muito para atingir os níveiscasas e apostasconformidade praticados nos Estados Unidos e na Europa.
Nicole Verillo, consultora do Programa Brasil da Transparência Internacional, também registra uma movimentação das empresas rumo a práticas éticas, mas faz ressalvas.
Ela afirma que os níveis nacionaiscasas e apostasconformidade acompanham os níveiscasas e apostaspaíses emergentes, mas "ainda são muito ruins".
Segundo Nicole, "o próprio setor privado assume que há empresas com programascasas e apostascompliance para inglês ver, que não são efetivoscasas e apostasfato".
Bertoldi lembra que os custoscasas e apostasimplementaçãocasas e apostasum programacasas e apostasconformidade também podem ser um entrave. Por mais que o programa possa ajudar a prevenir desastres, o mercado brasileiro passa por um momento difícil.
"Algumas empresas estão preocupadascasas e apostassobreviver. Implantar o programa não é tão caro, mas é caro mantê-lo," lembra o advogado. "No limite, você cria um departamento especializado com um impacto sobre o orçamento. Evita que você barateie a operação," diz.




