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'Solidão estratégica': por que Irã tem tão poucos aliadosbola bets boladisputa com Israel e EUA:bola bets bola
Mas o encontro entre Putin e Pezeshkian no Turcomenistão, à margembola bets bolauma cúpulabola bets bolanações da Ásia Central, é especialmente importante para o Irã, um estado com poucos aliados na comunidade internacional.
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A sua criação se insere principalmente dentro da cena artística dos Estados Unidos.
O documentário, dirigido por John W.
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"O Irã tem poucas opções porque, se deixarmosbola bets bolalado seus parceiros não estatais como o Hamas ou a milícia libanesa Hezbollah, coopera com um pequeno númerobola bets bolaEstados. Ainda assim, essa cooperação é limitada", diz Thomas Juneau, professor da Escolabola bets bolaAssuntos Públicos e Internacionais da Universidadebola bets bolaOttawa, à BBC News Mundo, serviçobola bets bolaespanhol da BBC.
Mansour Farhang, professor eméritobola bets bolaciências políticas no Bennington College (Vermont, EUA), afirma que o Irã é um dos países "mais isolados do mundo".
"Irã não tem nenhum estado parceiro ou aliado que se identifique combola bets bolaposição ideológica ou combola bets bolapolítica expansionista na região", diz Farhang à BBC.
Esse isolamento do Irã não é novo — embora tenha sido exacerbado pelas políticas adotadas desde o triunfo da revolução islâmicabola bets bola1979 — e constitui um fenômeno que os especialistasbola bets bolarelações internacionais chamambola bets bola"solidão estratégica".
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Em um artigo acadêmico publicadobola bets bola2014, Juneau explicava o que é a “solidão estratégica”.
“O Irã está sozinho no mundo. Essa solidão estratégica é, principalmente, resultadobola bets bolafatores estruturais inerentes àbola bets bolaposição nos sistemas regional e internacional e,bola bets bolagrande medida, independente das açõesbola bets bolaquem governa o país”, escreveu ele.
“Sua postura internacional não impossibilita a cooperação com outros estados, nem predetermina uma condiçãobola bets bolaconflito permanente com seus vizinhos. A solidão estratégica, no entanto, explica por que o Irã tem interesses comuns muito limitados com seus vizinhos e por que a cooperação é difícil e custosabola bets bolaalcançar”, acrescenta.
Diversos fatores contribuem para o isolamento do Irã, incluindo ser o único Estado etnicamente persa no mundo.
Embora a estimativa ébola bets bolaque haja cercabola bets bola50 países com maioria muçulmana, apenasbola bets bolauma pequena quantidade deles a maioria da população é xiita, a vertente do Islã que predomina no Irã.
O país também é afetado porbola bets bolasituação geográfica, ao estarbola bets bolauma vizinhança com estados fortes e grandes ambições, que levaram a importantes guerras e rivalidades no passado.
Ao norte, embola bets bolafronteira marítima, está a Rússia; a noroeste, está a Turquia, berço do antigo Império Otomano e um dos rivais históricos dos persas; a oeste, está o Iraque, com quem compartilha uma longa fronteira e travou uma guerra por quase uma década nos anos 1980; ao sul, encontra-se a Arábia Saudita, um paísbola bets bolamaioria sunita que abriga as duas cidades mais sagradas do Islã e, com o Irã, é uma das duas potênciasbola bets bolareferência na região do Golfo.
Na mesma região, há vários países governados por sunitas que, além disso, têm acordosbola bets bolasegurança com os Estados Unidos: Kuwait, Omã, Emirados Árabes Unidos e Bahrein. Este último abriga a 5ª Frota dos EUA, enquanto o Catar sedia o quartel-general das forças americanas na área.
Outros países importantes com os quais o Irã faz fronteira são Índia, Paquistão e Afeganistão.
Como se não bastasse, no texto, Juneau destacava que “a República Islâmica não é membrobola bets bolanenhuma organização regional importante nembola bets bolanenhum acordobola bets bolasegurança, ao contráriobola bets boladoisbola bets bolaseus principais rivais: a Turquia, membro da OTAN; e a Arábia Saudita, que faz parte da Liga Árabe e do Conselhobola bets bolaCooperação do Golfo”.
Dos limites da geografia aos limites da política
Além das condições geopolíticas, das rivalidades históricas e das ambiçõesbola bets bolapoderbola bets bolacada Estado, as próprias políticas adotadas pelo Irã desde o triunfo da Revolução Islâmica contribuíram para seu isolamento internacional.
“Desde 1979, o Irã adotou uma posturabola bets bolarejeição à ordem regional dominada pelos Estados Unidos. Embora Teerã tenha feito alguns esforços para mudar essa situação violentamente nos primeiros anos da revolução, desde então, tornou-se um ator revisionista com objetivos limitados,bola bets bolavezbola bets bolailimitados”, explicava Juneau.
Naqueles primeiros anos, a Revolução Iraniana definiu algumasbola bets bolasuas diretrizes principais, como o confronto direto com Washington e o repúdio à existência do Estadobola bets bolaIsrael.
Mansour Farhang afirma que essa política contra Israel não tinha uma base ideológica, mas era uma jogada oportunista.
“O principal objetivo do aiatolá [Ruhollah] Khomeini era exportarbola bets bolarevolução. Estrategicamente, ele pensoubola bets bolaexplorar o sentimento anti-Israel que prevalecia nos países árabes”, diz Farhang.
“Ele acreditava que atacar Israel, questionarbola bets bolalegitimidade e,bola bets bolafato, referir-se a Israel como um câncer que precisava ser eliminado da geografia da região o ajudaria a ganhar apoio”, continua o professor, apontando que a Revolução Islâmica era extremamente popularbola bets bolaseus primeiros anos entre as populações dos países árabes.
“Khomeini acreditava que enfrentar Israel seria um chamado indireto ao público no mundo árabe, o que também ameaçaria os governos árabes”, acrescenta.
Farhang explica que, naquele momento, a maioria dos governos árabes da região já havia concluído que o confronto com Israel não traria nenhum benefício.
Meses antes da Revolução Islâmica, o Egito assinou um acordobola bets bolapaz com Israel, tornando-se o primeiro país árabe a reconhecer o Estado judeu. A Jordânia, que levaria mais 15 anos para fazer o mesmo, mantinha, desde a décadabola bets bola1970, uma cooperação informal com Israelbola bets bolaquestõesbola bets bolainteresse mútuo.
Nos primeiros anos da revolução, as tentativasbola bets bolaKhomeinibola bets bolaexportar seu movimento para os países vizinhos não ajudaram a formar amizades. Um dos primeiros confrontos ocorreu com o Iraquebola bets bolaSaddam Hussein, onde a existênciabola bets bolauma maioria xiita sob um governo sunita parecia oferecer uma oportunidade para Teerã, mas que acabou resultandobola bets bolauma guerra longa e desastrosa.
“Hussein era legalmente responsável por invadir o Irã, mas, politicamente, foi Khomeini quem enviou primeiro dinheiro e agentesbola bets bolainteligência para promover atividades anti-Hussein no Iraque”, afirma Farhang.
Essa guerra, iniciadabola bets bola1980, poderia ter terminadobola bets bola1982, quando o Irã conseguiu expulsar as tropas iraquianasbola bets bolaseu território e surgiu uma oportunidade para a paz, com uma resolução aprovada por unanimidade no Conselhobola bets bolaSegurança da ONU, pedindo um cessar-fogo.
“Arábia Saudita e os Estados do Golfo ofereceram ao Irã US$ 20 bilhões para a reconstrução dos danos causados pela guerra, se o Irã aceitasse essa resolução da ONU, mas Khomeini rejeitou e disse que queriam irbola bets bolaKarbala a Al-Quds — ou seja, do Iraque até Jerusalém. E a guerra continuou por mais seis anos”, observa Farhang.
Teerã também rompeu relações com o Egitobola bets bola1980, depois que esse país concedeu asilo ao xá deposto Mohammad Reza Pahlavi.
Mas as divergências vão além. Teerã rejeita o fatobola bets bolao Egito ter feito as pazes com Israel, enquanto, no Cairo, há desconfiança quanto aos vínculos e afinidades entre o regime iraniano e a Irmandade Muçulmana egípcia.
Mais parceiros do que aliados
Se as relações com os Estados vizinhos não são as melhores, Teerã cultivou uma redebola bets bolaorganizações não estatais que atuam como aliadas, formando o que é conhecido como o eixo da resistência. Trata-sebola bets bolauma aliança liderada pelo Irã, da qual também participa a Síria, e que inclui as milícias do Hezbollah no Líbano, o Hamas e a Jihad Islâmicabola bets bolaGaza, os houthis no Iêmen, alémbola bets bolamilícias xiitas no Iraque, Afeganistão e Paquistão, entre outros.
Essas organizações são vistas não apenas por Israel, mas também pelos Estados Unidos e pelos países árabes do Golfo, como uma ameaça. Suas ações podem ter um impacto global, como ficou evidente com os ataques dos houthis no último ano contra navios mercantes que cruzam o Mar Vermelho, obrigando as companhiasbola bets bolanavegação a desviarem rotas, tornando-as mais longas e custosas.
Esses desvios afetaram a receita obtida pelo Egito com o trânsitobola bets bolanavios pelo Canalbola bets bolaSuez, que caiu cercabola bets bola50% nos últimos oito meses, gerando perdasbola bets bolaaté US$ 6 bilhões, segundo o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.
Além dos atores não estatais, o Irã mantém relações com diversas nações — na verdade, pelo menos 162 países têm embaixadabola bets bolaTeerã —, mas possui poucos aliados reais, a maioria dos quais tem capacidade limitadabola bets bolaoferecer apoio substancial.
Os principais aliados do Irã
bola bets bola SÍRIA
A Síria é considerada o único aliado real do Irã no Oriente Médio. No entanto, o governobola bets bolaBashar al-Assad tem capacidades muito limitadas para apoiar Teerã.
“O governo sírio é extremamente frágil, não controla todo o território do país e está muito focadobola bets bolasi devido ao legado da guerra civil. Portanto,bola bets bolatermosbola bets bolacontribuição potencial, a Síria está bastante limitada, alémbola bets bolaservir como trampolim geográfico para o Irã projetarbola bets bolainfluência no Levante”, afirma Juneau.
bola bets bola LÍBANO
Embora os analistas afirmem que o Irã exerce grande influência sobre o que acontece nesses países vizinhos, essa influência não se dá por meiobola bets bolarelações formais entre governos, mas sim através dos partidos e milícias xiitas que atuam nesses países.
O Hezbollah exerce uma autoridadebola bets bolafato que é autônomabola bets bolarelação ao governo do Líbano. Embora tenha legisladores no Parlamento e ministros no gabinete, o grupo não representa formalmente o governo libanês.
“No Iraque, os partidos e milícias xiitas infiltraram o governo e parte do aparatobola bets bolasegurança, masbola bets bolalealdade, na prática, é mais para com seus movimentos do que para com o governo nacional”, comenta Juneau.
“O governo iraquiano, porbola bets bolavez, tenta equilibrar suas relações com o Irã e os Estados Unidos”, acrescenta.
bola bets bola RÚSSIA
Os laços entre Teerã e Moscou se fortaleceram nos últimos anos, especialmente após a invasão russa da Ucrânia. O Irã tornou-se um fornecedorbola bets bolaarmamentos para a ofensiva russa, particularmente no que diz respeito a drones.
“Ambos se aproximaram muito na esfera militar ebola bets bolasegurança”, aponta Juneau.
Moscou tem várias formasbola bets bolaretribuir esse apoio, incluindo a venda dos caças SU-35bola bets bolaúltima geração ou do poderoso sistemabola bets boladefesa antiaérea S-400, que o Irã deseja há muito tempo.
A questão é que decisões desse tipo poderiam prejudicar os vínculos da Rússia com outros países importantes da região — como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos ou, evidentemente, Israel, um país com o qual Putin manteve relações cordiais e que, apesarbola bets bolasua aliança com os EUA, tem se mantido até agora à margem do conflito na Ucrânia.
bola bets bola CHINA
A China tem sido, por anos, o principal compradorbola bets bolapetróleo iraniano e, apesar das sanções internacionais, ainda ocupava essa posição no finalbola bets bola2023, segundo a agência Nikkei. Além disso, é o maior cliente das exportações não petrolíferas do Irã.
No entanto, Pequim é uma potência com interesses globais que busca evitar que conflitos externos afetem seus negócios.
“A China é extremamente cuidadosabola bets bolaequilibrar suas relações ebola bets bolanão se aproximar tanto do Irã a pontobola bets bolaprejudicar seus vínculos com os rivaisbola bets bolaTeerã. O país não quer ter um papel importante na política e segurança do Oriente Médio porque deseja focar no lado comercial e evitar ser impactada por essas disputas”, explica Juneau.
Mansour Farhang concorda: “A China mantém excelentes relações comerciais com todos os países da região. Sua política externa no Oriente Médio é semelhante àbola bets bolaum empresário ou comerciante”, afirma.
bola bets bola COREIA DO NORTE
A Coreia do Norte e o Irã mantêm uma longa históriabola bets bolatrocasbola bets bolaarmas por petróleo, que remonta à décadabola bets bola1980, durante a guerra Irã-Iraque.
Pyongyang enviava armamentos e mísseis, enquanto Teerã fornecia petróleo e fertilizantes.
Especialistas acreditam que o míssil iranianobola bets bolamédio alcance Shahab-3 é uma versão desenvolvida a partir do míssil norte-coreano No Dong 1, adquirido pelo Irã na décadabola bets bola1990.
Essa relação persiste até hoje, mas com limitações devido às fortes sanções que ambos os países enfrentam.
“Irã e Coreia do Norte colaboram há anosbola bets bolaquestões como a evasãobola bets bolasanções e a produçãobola bets bolaarmamentos, mas a Coreia do Norte é um estado muito pobre com um papel reduzido no Oriente Médio,bola bets bolamodo que os benefícios para o Irã são limitados”, alerta Juneau.
bola bets bola VENEZUELA, CUBA, NICARÁGUA E BOLÍVIA
Na América Latina, o Irã já mantinha uma relação antiga com Cuba, forjada no âmbito do Movimento dos Países Não Alinhados.
No entanto, os laços mais estreitos foram desenvolvidos nos últimos anos, principalmente devido ao estabelecimentobola bets bolauma aliança com a Venezuela e seus parceiros da ALBA, que incluem a própria Cuba, além da Nicarágua e Bolívia.
Esses países compartilham com Teerã um forte sentimentobola bets bolarejeição aos Estados Unidos e costumam apoiar-se mutuamente no campo diplomático, coordenando suas posiçõesbola bets boladiferentes organizações internacionais.
No entanto,bola bets bolautilidade prática para o Irã é limitada.
“O apoio deles é simbólico, nada além disso. Os líderes iranianos e desses países adoram se reunir e fazer conferênciasbola bets bolaimprensa criticando os EUA e afirmando que são parceiros na luta contra o colonialismo, imperialismo, etc”, afirma Juneau.
“Mas, na prática, do pontobola bets bolavista militar ebola bets bolasegurança, podem ajudar o Irã embola bets bolaluta contra Israel e os Estados Unidos? Acho que a resposta é,bola bets bolagrande parte, não.”
Dessa forma, no cenário atual, parece que o apoio mais importante e poderoso que o Irã pode receber virá da Rússia.
Nesse ponto, no entanto, os especialistas divergembola bets bolasuas avaliações.
Farhang acredita que, se a crise com Israel escalar. Moscou — assim como Pequim — optará por fazer apelos por cessar-fogo, evitando envolvimento direto no conflito.
Juneau, por outro lado, acha que Moscou pode dar um passo à frente. “Rússia e Irã já mantêm um comércio muito produtivobola bets bolatermosbola bets bolaarmas, tecnologia e trocabola bets bolainformações. Eles fazem isso na Ucrânia. Caso a tensão entre Irã e Israel continue, não tenho dúvidasbola bets bolaque essa colaboração prosseguirá e poderá se intensificar”, observa.
Diante dessa incerteza, será necessário acompanharbola bets bolaperto o encontro desta sexta-feira entre Putin e Pezeshkianbola bets bolabuscabola bets bolasinais sobre até onde Moscou estaria disposto a ir.
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