Violênciaaposta feita pela internetcolonos israelenses contra palestinos aumenta na Cisjordânia:aposta feita pela internet

Abed Wadi estava se vestindo para o funeral quando recebeu uma mensagemaposta feita pela internetseu telefone.

Uma imagem, enviada a ele por um amigo, mostrava um grupoaposta feita pela internethomens mascarados posando com machados, gasolina e uma motosserra, com textoaposta feita pela internethebraico e árabe.

"A todos os ratos nos esgotos da vilaaposta feita pela internetQusra, estamos esperando por vocês e não ficaremosaposta feita pela internetluto por vocês", dizia o texto. "O dia da vingança está chegando."

Qusra é a vilaaposta feita pela internetWadi, na parte norte da Cisjordânia, pertoaposta feita pela internetNablus. Naquele dia, Wadi participariaaposta feita pela internetum funeralaposta feita pela internetquatro palestinos locais. Três tinham sido mortos no dia anterior — quarta-feira, 11aposta feita pela internetoutubro — depois que colonos israelenses entraramaposta feita pela internetQusra e atacaram a casaaposta feita pela internetuma família palestina.

O quarto foi morto a tirosaposta feita pela internetconfrontos com soldados israelenses.

No dia seguinte, os moradoresaposta feita pela internetQusra preparavam-se para partir para um hospital a meia horaaposta feita pela internetdistância e regressar com os corpos dos mortos. Eles teriamaposta feita pela internetviajar por terras repletasaposta feita pela internetassentamentos israelenses, onde o riscoaposta feita pela internetviolência — que já é alto mesmoaposta feita pela internettempos normais — aumentou drasticamente nas duas semanas desde que Israel entrouaposta feita pela internetguerra com o Hamas.

Wadi desligou o telefone e continuou se arrumando. Havia quatro corpos no hospital que precisavam ser trazidos para casa. Wadi disse a si mesmo que não seria intimidado por ameaças.

Não tinha como Wadi saber que, dentroaposta feita pela internetalgumas horas, colonos israelenses radicais iriam invadir o cortejo fúnebre, matando seu irmão e seu jovem sobrinho a tiros.

"Se tivéssemos atrasado um ou até dois dias, que bem isso teria feito?" Wadi disse, sentado no pátio da casaaposta feita pela internetsua famíliaaposta feita pela internetQusra.

"Você acha que os colonos teriam deixado este lugar no segundo dia?"

De acordo com a agência humanitária da ONU, a semana que se seguiu ao ataque assassino do Hamas foi a mais mortal para os palestinos na Cisjordânia desde 2005, com pelo menos 75 palestinos mortos pelos militares ou colonos israelenses. Incidentesaposta feita pela internetviolência envolvendo colonos aumentaramaposta feita pela internetuma médiaaposta feita pela internettrês para oito por dia.

Em um ataque a um campoaposta feita pela internetrefugiados palestinos, eaposta feita pela internetum raro ataque aéreo na região, no dia 12aposta feita pela internetoutubro, as forças israelenses mataram pelo menos 12 pessoas, disseram autoridades palestinas. A polícia israelense disse que um policial foi morto.

Esta semana, a ONU disse que existe "um risco real"aposta feita pela interneto território ocupado "ficar foraaposta feita pela internetcontrole".

Os moradores palestinos da Cisjordânia dizem que, enquanto a atenção do mundo é atraída para o desastreaposta feita pela internetGaza, os colonos israelenses estão aproveitando para entrar nas vilas e expulsar, e até matar, civis palestinos.

Em pelo menos três casos,aposta feita pela internetacordo com imagensaposta feita pela internetvídeo ou depoimentosaposta feita pela internettestemunhas, os colonos usaram uniformes militares ou foram acompanhados pelos militares israelenses nos seus ataques.

Três dos homens que morreramaposta feita pela internetQusra tinham ido defender uma famíliaaposta feita pela internetuma casa nos arredores, depoisaposta feita pela internetcolonos se aproximarem do local e começarem a atirar pedras nela, disseram vários residentes à BBC.

Eles dizem que os colonos abriram fogo contra os vizinhos palestinos que vieram ajudar, matando três jovens — Hasan Abu Sorour,aposta feita pela internet16 anos, Obayda Abu Sorour,aposta feita pela internet17, e Musab Abu Reda,aposta feita pela internet25 — e ferindo gravemente vários outros. Moath Odeh,aposta feita pela internet21 anos, foi morto posteriormenteaposta feita pela internetconfrontos com soldados.

Entre os feridos estavam um pai eaposta feita pela internetfilhaaposta feita pela internetseis anos, que moravam na casa, que foram baleados no rosto e no abdômen, respectivamente, segundo duas pessoas que atenderam as vítimasaposta feita pela internetuma clínica médica próxima.

Um dos que atendeu as vítimas na clínica foi Amer Odeh, que é primoaposta feita pela internetuma delas. Coube a Amer ligar para Said Odeh, paiaposta feita pela internetObayda,aposta feita pela internet17 anos.

"Eu menti a ele que seu filho estava levemente ferido", disse Amer,aposta feita pela internetentrevista ao ladoaposta feita pela internetSaidaposta feita pela internetQusra, na terça-feira (17/10). "Eu não poderia dar essa notícia chocante por telefone."

Said correu para o centro médico. "Me disseram que meu filho estava ferido, mas não havia como vê-lo naquele momento", lembrou ele, com os olhos brilhandoaposta feita pela internetlágrimas.

"Eu disse a eles que queria ver meu filho agora, entrei naquela sala e vi que pela graçaaposta feita pela internetDeus ele havia sido virado mártir."

O funeral das quatro vítimas estava marcado para o dia seguinte. Abed Wadi tirou da cabeça a imagem dos homens mascarados com machados e motosserras que receberaaposta feita pela internetseu celular e se juntou ao cortejo fúnebre que trazia os corpos do hospital para Qusra.

Na estrada Nablus-Ramallah, o comboio foi emboscado por colonos israelenses radicais. No confronto que se seguiu,aposta feita pela internetacordo com imagensaposta feita pela internetvídeo e depoimentosaposta feita pela internettestemunhas, os colonos atiraram pedras no comboio, alguns membros do comboio fúnebre atiraram pedras para trás, e os colonos e soldados israelenses responderam com disparos.

No "caos e nos tiroteios pesados e aleatórios", Abed Wadi perdeuaposta feita pela internetvista seu irmão, Ibrahim, um político localaposta feita pela internet63 anos do Movimento Fatah, e o filhoaposta feita pela internetIbrahim, Ahmed, um estudanteaposta feita pela internetdireitoaposta feita pela internet24 anos. Imagensaposta feita pela internetvídeoaposta feita pela internetparte do confronto parecem mostrar Ahmed e outros fugindo do tiroteio, antesaposta feita pela internetAhmed ser abatido por tiros na estrada.

"Me disseram que meu sobrinho levou dois tiros no estômago e um no pescoço, e meu irmão levou um tiro na cintura,aposta feita pela internetdireção ao coração", disse Wadi.

"Não havia armasaposta feita pela internetnosso cortejo funerário", disse ele. "Normalmente hasteávamos a bandeira palestina nos carros, mas desta vez nem fizemos isso, por medo."

Moradoresaposta feita pela internetQusra disseram à BBC esta semana que o medo tomou conta da vila. No fimaposta feita pela internetsemana passado começou a épocaaposta feita pela internetcolheita da azeitona, mas os moradores que dependem da safra para o seu sustento disseram que não irão para os olivais por medo dos tiros dos colonos.

Já tinha havido um aumento significativo da violência por parte dos colonos israelenses este ano, mesmo antes do ataque do Hamas, segundo dados da ONU, com maisaposta feita pela internet100 incidentes relatados todos os meses e cercaaposta feita pela internet400 pessoas expulsas das suas terras entre janeiro e agosto.

A organização israelenseaposta feita pela internetdireitos humanos B'Tselem disse à BBC que documentou "um esforço organizado dos colonos para aproveitar o fatoaposta feita pela internetque toda a atenção internacional e local está focadaaposta feita pela internetGaza e no norteaposta feita pela internetIsrael para tentar tomar terras na Cisjordânia".

Dados parciais compilados pelo B'Tselem, cobrindo os primeiros seis dias após o ataque do Hamas, registaram pelo menos 46 incidentes separadosaposta feita pela internetque colonos teriam ameaçado, atacado fisicamente ou danificado propriedadesaposta feita pela internetpalestinos na Cisjordânia.

"Muitas famílias e comunidadesaposta feita pela internetpastores fugiram porque foram ameaçadas na semana passada pelos colonos", disse Roy Yellin, porta-voz do B'Tselem. "Os colonos têm dado aos residentes um prazo para partir e dizem que, se não o fizerem, serão afetados. E algumas vilas foram totalmente esvaziadas."

Uma dessas aldeias é Wadi al-Siq, pertoaposta feita pela internetRamallah, que anteriormente abrigava uma comunidade beduína palestinaaposta feita pela internetcercaaposta feita pela internet200 pessoas. "Há meses que enfrentamos assédio e ataquesaposta feita pela internetcolonos dia e noite, mas desde o início da guerra os ataques aumentaram", diz Abdul Rahman Kaabna, 48 anos, agricultoraposta feita pela internetWadi al-Siq.

No dia 9aposta feita pela internetoutubro, um grupoaposta feita pela internetaproximadamente 60 colonos, muitos deles vestidos com uniformes militares, atacou a comunidade, segundo três residentes agora exilados. "Eles nos atacaram com armas e aterrorizaram a todos", disse Kaabna. "Então eles nos deram uma hora para sair com nossas ovelhas e nos ameaçaramaposta feita pela internetmorte se não partíssemos."

Os moradores caminharam maisaposta feita pela internet10 quilômetros para escapar, disse outro residente, Ali Arara, 35 anos. "Os colonos roubaram tudoaposta feita pela internetnossas casas", disse ele. "Minha filha ficou apavorada. Eles nos bateram e nos deixaram sem nada."

De acordo com B'Tselem e Yesh Din, outro grupo israelenseaposta feita pela internetdireitos humanos que monitoriza a violência na Cisjordânia, a intimidação e a deslocação forçada relatadasaposta feita pela internetWadi al-Siq têm-se repetidoaposta feita pela internetcomunidadesaposta feita pela internettodo o território desde 7aposta feita pela internetoutubro.

Num dos incidentes mais chocantes registadosaposta feita pela internetvídeo na semana passada, um colono israelense entrouaposta feita pela internetuma vila palestina chamada Al-Tuwani, pertoaposta feita pela internetHebron, e disparou à queima-roupa contra um palestino desarmado no estômago, enquanto um soldado israelense parecia apenas olhar.

O incidente começou quando dois colonos armados, acompanhados por um soldado, atacaram uma casa nos arredores da aldeia, segundo três moradores, incluindo o proprietário.

"Três israelenses vieram à minha casa, estavam armados e um usava o uniforme do exército", disse Musab Rabai, 36 anos.

"Um dos colonos entrou na casa, me empurrou e me bateu na cabeça com a arma e disse que ia atiraraposta feita pela internetmim."

Os vizinhos responderam aos gritosaposta feita pela internetajudaaposta feita pela internetRabai, disse ele. Entre eles estava Zakriha Adra, paiaposta feita pela internetquatro filhos. Imagens filmadas pelo primoaposta feita pela internetAdra, Basel, mostram o colono que supostamente espancou Rabai e o soldado israelense a uma curta distância do grupoaposta feita pela internetvizinhos palestinos. O colono armado então se aproxima repentinamenteaposta feita pela internetAdra, golpeia-o com seu rifle e atiraaposta feita pela internetseu estômago a apenas alguns metrosaposta feita pela internetdistância.

Durante todo o encontro, Adra parece estar com seus braços ao lado do corpo,aposta feita pela internetuma maneira não ameaçadora.

Segundo a família, Adra está internadaaposta feita pela internetestado crítico. "Ele sobreviveu, mas a bala causou muitos danosaposta feita pela internetseu estômago", disse Basel, seu primo.

Musab Rabai, cuja casa foi atacada, disse que o tiroteio foi o ápiceaposta feita pela internetdiasaposta feita pela internetviolência e destruiçãoaposta feita pela internetpropriedades por parte dos colonos.

"Desde sábado eles estão ao redor da vila armados e usando uma escavadeira para destruir árvores", disse ele. "Os homens aqui na aldeia têm dormidoaposta feita pela internetturnos, apenas algumas horas cada, então há sempre alguém acordado caso os colonos ataquem."

A BBC pediu ao Conselho Yesha, a organização dos colonos na Cisjordânia eaposta feita pela internetoutros lugares, que comentasse esta história, mas eles se recusaram. Moti Yogev, chefe interino do Conselho Binyamin, que também representa os colonos na região, disse que os colonos violentos "pertenciam à periferia" da comunidadeaposta feita pela internetcolonos. "Se existirem, devem ser tratados como qualquer outro criminoso", disse ele.

As forças militares e policiais israelenses não responderam a vários pedidosaposta feita pela internetcomentários.

"O mais trágico é que a violência por parte destes colonos extremistas não produz qualquer resposta por parte dos militares israelenses", disse Dov Khenin, um antigo políticoaposta feita pela internetIsrael que se tornou ativista da paz. "E a violência tem o seu próprio propósito: livrar-se destas pequenas comunidades palestinas e expulsá-las das suas casas."

O receioaposta feita pela internetmuitos palestinos agora é que a situação na Cisjordânia só piore. O ministro da Segurança Nacionalaposta feita pela internetIsrael, Itar Ben Gvir, anunciou na semana passada que o governo iria comprar 10 mil rifles para armar civis israelenses, incluindo aqueles nos colonatos da Cisjordânia — uma medida que ameaça deixar ainda menos claras as linhas entre colonos armados e membros das forças armadas no território ocupado.

Em Qusra, Abed Wadi disse ter ouvido a notícia sobre os 10 mil rifles. Ele balançouaposta feita pela internetcabeça. "Isso não mudará nada para o povoaposta feita pela internetQusra", disse ele.

Wadi estava sentado no seu pátio, rodeado por cartazes com a imagem do seu irmão, do seu sobrinho e dos outros quatro homens da aldeia que foram mortos na semana passada.

"Sempre vimos o fuzil nas mãos dos colonos, eles estão atirando na gente há muito tempo", disse.

Mas algo mudou, disse ele. Parecia que os colonos tinham ficado mais agressivos, mais radicais. "Fazendas estão sendo queimadas, oliveiras derrubadas, carros arrombados, terras estão sendo roubadas", disse Wadi.

"E ussi é apenas na nossa vila. Se olharmos para a próxima aldeia e para a próxima aldeia, encontraremos raiva e doraposta feita pela internetcada uma", disse ele. "E não há fim para isso."

aposta feita pela internet Alla Badarna colaborou com esta reportagem. Fotosaposta feita pela internetJoel Gunter.