De café no Japão a música na Rússia: como capivaras viraram fenômeno no mundo:aviator betano online

Crédito, Edwin Butter/Getty Images

Legenda da foto, Naturais da América do Sul, capivaras têm fãs muito além da região

No Japão, cafésaviator betano onlineTóquio fazem sucesso com o tema capivara, permitindo que clientes façam carinho no animal enquanto tomam seus cappuccinos de caramelo.

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No Brasil, elas estampam camisas, dão forma a pastéis e são temaaviator betano onlinequartosaviator betano onlinebebês.

Esses exemplos recentes ilustram o novo patamar que estes animais conquistaram enquanto fenômeno nas redes sociais.

Crédito, Reprodução/Redes Sociais

Legenda da foto, Vídeos com capivaras se espalham nas redes
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Nativas da América do Sul, com exceção do Chile, as capivaras são os maiores roedores do mundo.

O temperamento "calmo", o olhar cativante e a adaptação a ambientes urbanos, próximo a humanos, criam uma relação afetiva cada vez mais íntima, explicam pessoas que trabalham diretamente com elas.

"Imagina um ratão enorme, com maisaviator betano online30 quilos e um olhar muito engraçado. Elas têm essa expressão blasé, como se não estivessem nem aí para você. Parte dessa conexão com humanos acho que vem desse olhar meio irônico, despreocupado,aviator betano onlineboa", explica o biólogo José Sabino, professor na Universidade Estadualaviator betano onlineMato Grosso do Sul (UEMS).

Isso ocorre mesmo que os animais possam ser considerados um "problema"aviator betano onlinealgumas regiões, devido à destruiçãoaviator betano onlineplantações ou por casosaviator betano onlinedoenças como a febre maculosa (leia mais abaixo).

"A gente posta uma coisaaviator betano onlinecachorro,aviator betano onlinegato,aviator betano onlineaves, mas é quando a gente posta capivara que o engajamento das redes vai lá pra cima", comenta Mariana Aidar, criadora do projeto Capa, uma ONG que atua com os animais que vivem nas margens do rio Pinheiros,aviator betano onlineSão Paulo. Na região, vivem 120 capivaras.

"Elas conquistam todo mundo com o carisma e simpatia."

Crédito, Cafe Capyba/Divulgação

Legenda da foto, No Cafe Capyba,aviator betano onlineTóquio, clientes podem interagir com capivaras

Ca-py-ba-ra

Um dos responsáveis pelo "fenômeno capivara" nas redesaviator betano online2023 certamente é Alexey Pluzhnikov, um jovem russoaviator betano online23 anos que desenvolve jogos.

Ele é o compositor da música que viralizou internacionalmente no ano passado, basicamente repetindo o nome do animal num ritmo engraçado.

A canção é trilha para mostrar sushisaviator betano onlineformaaviator betano onlinecapivara, cenas com elas nadando ou simplesmente mastigando.

Pluzhnikov trabalhava no projetoaviator betano onlineum jogo que tinha como personagem uma capivara.

"Eu fiz essa músicaaviator betano onlinecasa à noite,aviator betano online30 minutos, para a nossa comunidade, porque não conseguia dormir", disse o compositor à BBC News Brasil.

Desde que a música viralizou, Pluzhnikov diz que recebeu dinheiro pelas reproduções e propagandas, sem especificar a quantia.

O jovem foi até convidado pelo zoológicoaviator betano onlineMoscou para participaraviator betano onlineum evento junto ao espaço onde moram as capivaras na Rússia.

As imagens divulgadas nas redes mostram crianças empolgadas com a presença do autor da música: "Fico muito feliz que a música faça as pessoas rirem", diz Pluzhnikov, que lamenta não ter podido passar a mão no pelo dos animais, mesmo tendo esse desejo.

Crédito, Cafe Capyba/Divulgação

Legenda da foto, No Japão, capivaras são enxergadas como 'pet'

Se morasse no Japão, porém, ele poderia realizar o sonho - algo que não é recomendado por especialistas. Em Tóquio, há ao menos dois cafés onde as pessoas podem interagir com capivaras.

Em meio a uma legislação flexível a respeitoaviator betano onlineanimais exóticos e pets, no Japão há muitos exemplos dos chamados "cafés pets", que são locais destinados à interação com gatos, cachorros e aves enquanto se toma café.

Yusuke Yoshida,aviator betano online36 anos, é donoaviator betano onlineum deles, o Cafe Capyba, abertoaviator betano online2023. Lá, ele cria duas capivaras: Kohaku e Pisuke.

A ideia do espaço veio das visitas que o empresário fez a zoológicos onde também é possível interagir com o bicho sul-americano. "Queria passar mais tempo com elas e fazer com que mais pessoas soubessem como elas são fofas", conta à BBC News Brasil.

"Eu adoro a forma do rosto das capivaras eaviator betano onlinenatureza gentil. Elas gostamaviator betano onlineser acariciadas."

Crédito, Hakase/Getty Images

Legenda da foto, Zoos no Japão, onde capivaras são sensação, permitem interação com o animal

Questionado sobre o bem-estar dos animais e a opiniãoaviator betano onlineespecialistas que argumentam que capivaras são animais silvestres, que devem estaraviator betano onlineseu ambiente natural, Yoshida argumenta que "acredita na diversidadeaviator betano onlineopiniões".

"Cada capivara tem diferentes origens e necessidades, e acho que o ambiente necessário a cada uma delas varia. Algumas podem precisar da companhiaaviator betano onlinehumanos desde que nasceram, enquanto outras, não", declarou

Yoshida também disse ter consultado veterinários para se informar sobre a dieta e outros aspectos das capivaras, alémaviator betano onlineconseguir uma licença da prefeitura para o funcionamento do café.

Em outras partes do mundo também se espalham homenagens, como um café cheioaviator betano onlinepelúciasaviator betano onlinecapivara no Tennessee, nos Estados Unidos, ou uma instalaçãoaviator betano onlinecapivaras no mercado Camden, um dos mais popularesaviator betano onlineLondres.

Um novo símbolo brasileiro?

Crédito, José Sabino/Acervo pessoal

Legenda da foto, Capivaras são comunsaviator betano onlineparquesaviator betano onlinecapitais brasileiras, como Campo Grande, São Paulo, Curitiba ou Recife

Se no passado as capivaras eram vistas apenas como mais um animal da fauna do Brasil eaviator betano onlineoutros países da América do Sul, com as redes elas conquistaram fãs.

"Claramente, elas são vistasaviator betano onlineoutras formas. No passado, eram tidas como animais vetoresaviator betano onlinedoenças. Mas hoje há uma relação muito mais afetiva", opina o biólogo José Sabino, professor da UEMS e produtor audiovisualaviator betano onlineconteúdo sobre natureza.

A doença a que ele se refere é principalmente a febre maculosa. As capivarasaviator betano onlinesi não transmitem a doença, mas são hospedeiras do carrapato estrela. Ao picar a capivara e, depois, picar o humano, a doença é transmitida.

Em 2023, um surto da doença chamou a atençãoaviator betano onlineCampinas (SP), onde cinco pessoas morreram.

Segundo dados do Ministério da Saúde , entre 2012 e 2022, foram notificados 2.209 casos e 753 mortes no Brasil. A prefeituraaviator betano onlineCampinas chegou a anunciar que iria esterilizar os animais - o mesmo feitoaviator betano onlinecidades como Belo Horizonte.

Mas se o contato próximo com as capivaras pode levar a alguns problemas como esses, ele também é o responsável pelo olhar mais carinhoso da população sobre os bichos, diz Sabino.

Na própria cidadeaviator betano onlineBelo Horizonte, é fácil encontrar souvenirs com estampasaviator betano onlinecapivaras.

"Na natureza, ela estáaviator betano onlineequilíbrio, com predadores naturais como jacarés, onças. Agora, quando chegam aos ambientesaviator betano onlinedesequilíbrio, causados pelo homem nas cidades, elas não têm mais predador e vão ocupar parques lineares, rios, lagoas. E isso permitiu a aproximação das pessoas", explica o biólogo, que viveaviator betano onlineCampo Grande (MS), onde capivaras estão amplamente presentes nas áreas verdes.

Acostumadas à presença humana, as capivaras passam por um processo conhecido como "habituação",aviator betano onlineque já não nos encara,aviator betano onlinegeral, como ameaça.

"Você passa a dois metrosaviator betano onlineuma capivara dessas que vivem na cidade e ela não faz nada. E é essa capacidadeaviator betano onlineolhar o bichoaviator betano onlineperto que cria essa relação", explica Sabino.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto do Meio Ambiente do Distrito Federal sobre a percepção da populaçãoaviator betano onlineBrasília sobre a presençaaviator betano onlinecapivaras no Lago Paranoá apontou uma visão mais positiva do que negativa.

E outro trabalho realizado na Universidade Federalaviator betano onlineUberlândia,aviator betano onlineMinas Gerais, mostra que elas são vistas muitas vezes como "animal carismático e inofensivo".

Sabino vê inclusive um potencial turístico que o Brasil poderia ter com as capivaras, nos moldes que a Austrália tem com seus cangurus.

No Brasil, as capivaras podem ser encontradasaviator betano onlinegrande parte do território, com exceçãoaviator betano onlineáreas do interior do Nordeste. "Isso facilita que ela seja enxergada como um animal nacional."

Crédito, NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images

Legenda da foto, Capivaras são monitoradas nas margens do rio Pinheiros,aviator betano onlineSão Paulo

O lado negativo - e como se comportar ao encontrar uma capivara

O sucesso digital das capivaras também leva a alguns abusos, facilmente encontrado nas redes.

Uma busca pela hashtag #capybara mostra situaçõesaviator betano onlineque crianças equilibram frutas na cabeça dos animais ou pessoas que os tratam como "pets", usando coleiras e passeando no meio da rua.

"Infelizmente, tem muito conteúdo nas redes que estimula esse contato muito próximo. Inclusive, tem até biólogos que fazem issoaviator betano onlineforma inaquedada, desrespeitando o comportamento natural desses animais", avalia Sabino.

O biólogo ressalta ainda que esses animais não devem ser tocados, por serem silvestres. Caso se sintam ameaçadas, as capivaras podem morder com seus poderosos dentes.

A distância segura que deve ser mantida éaviator betano onlineao menos 3 metros - e nunca se deve encurralar o animal.

Em áreasaviator betano onlineplantação, as capivaras também podem fazer estragosaviator betano onlinecolheitas, e,aviator betano onlinerodovias, serem atropeladas e causar acidentes: "Mas os intrusos somos nós", defende o biólogo.