A transgressora vidaroleta editavelSarah Bernhardt, uma das primeiras atrizes a se tornarem megacelebridades:roleta editavel

Sarah Bernhardt

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Legenda da foto, Bernhardt era conhecida pela intensidade emocionalroleta editavelseus papéis

Mas a francesa não era uma mulher qualquer – ela era a atriz mais famosa do mundo. E não faltaram polêmicas emroleta editavelvida.

Filharoleta editaveluma prostituta, ela alcançou notoriedade ainda adolescente: perdeu seu primeiro emprego no prestigiado teatro Comédie-Française depoisroleta editavelse recusar a pedir desculpas por ter esbofeteado a estrela mais famosa da casa (a atriz empurrou a irmã mais novaroleta editavelBernhardt contra uma colunaroleta editavelmármore por ter pisado acidentalmenteroleta editavelseu vestido).

Tal ferocidade nunca esmoreceu: décadas depois, Bernhardt também ocupou o noticiário por perseguir uma colega atriz com um chicote, furiosa com a biografia escandalosa que ela havia escrito.

Sarah Bernhardt

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Legenda da foto, Bernhardt continuava a desempenhar papeisroleta editavelmulheres jovensroleta editavelmelodramas românticos apesarroleta editavelsua idade, como nesta produçãoroleta editavelCamille,roleta editavel1913

Mas ela também era, sem dúvida, uma figura adorável: encantava o públicoroleta editaveltodo o mundo, mesmo sendo transgressora.

Mãe solteira, era descaradamente promíscuaroleta editaveluma eraroleta editavelpadrões morais rígidos. Interpretar um parceiroroleta editavelBernhardt significava, essencialmente, desempenhar o mesmo papel debaixo dos lençóis.

Suas conquistas amorosas também incluem Victor Hugo, o príncipe Edward e Charles Haas, inspiração para o personagem Charles Swann no livro Em Busca do Tempo Perdido,roleta editavelMarcel Proust. A própria Bernhardt inspirou a Bermaroleta editavelProust, Oscar Wilde escreveu Salomé emroleta editavelhomenagem e ela se casou com Aristides Damala – que inspirou Bram Stoker para compor a personalidaderoleta editavelseu Drácula.

Zoo particular

Das origens humildes à fama, não há dúvidaroleta editavelque Bernhardt se comportou como uma "criançaroleta editaveluma lojaroleta editaveldoces".

Ou seria um pet shop? A atriz colecionou um pequeno zoológico, incluindo leopardos, tigres e filhotesroleta editavelleão, um macaco chamado Darwin e um jacaré chamado Ali Gaga, com quem ela costumava dormir até aroleta editavelmorte prematura devido a uma dieta à baseroleta editavelleite e champanhe.

Bernhardt usava um chapéu feitoroleta editavelum morcego empalhado, ostentava joias e sempre estava cobertaroleta editavelpeles,roleta editavelchinchilas a jaguatiricas.

Tudo fazia parte do show itineranteroleta editavelBernhardt – incluindo seu caixão, que ela sempre fazia questãoroleta editavellevarroleta editavelsuas turnês.

Sarah Bernhardt

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Legenda da foto, Cortesã condenadaroleta editavelBernhardtroleta editavelCamille foi seu papel mais icônico, mas ela também interpretou figuras históricas, como a imperatriz bizantina Theodor

A verdade por trás da ficção

"Nunca houve ninguém como ela. Isso é algo para se pensar – quão famosa e amada ela era", diz a escritora americana Theresa Rebeck, roteiristaroleta editavelprogramasroleta editavelTV como NYPD Blue e Smash, que escreveu uma peça sobre Bernhardt, com estréia marcada para a Broadwayroleta editavelsetembro.

"Ela era notoriamente transgressora: Bernhardt tinha muitos, muitos casos e, no entanto, ninguém se voltava contra ela. Eles nem sequer a julgaram por isso; eles a amavam por isso", diz Rebeck.

Bernhardt também era uma mitômana notória, então, separar a verdade do que era mentira emroleta editavelvida nem sempre é fácil. A identidaderoleta editavelseu pai é incerta, e atéroleta editaveldataroleta editavelnascimento permanece cercadaroleta editaveldúvida: talvez 22 ou 23roleta editaveloutubroroleta editavel1844.

"Sua mãe não a amava e ela não tinha pai", escreveu Gottlieb. "O que ela teve foiroleta editavelvontade extraordinária: sobreviver, alcançar seus objetivos e – acimaroleta editaveltudo – trilhar seu próprio caminho."

Sendo assim, ninguém precisa ser Freud para adivinhar por que essa criança rejeitada e negligenciada almejava viverroleta editavelaplausos.

Sua mãe estava desesperada para se ver livreroleta editavelBernhardt, e foi o amante dela, Charlesroleta editavelMorny, quem sugeriu à adolescente tempestuosa que tentasse virar atriz. Como meio-irmãoroleta editavelNapoleão Bonaparte,roleta editavelchancela garantiu que ela ganhasse uma vaga primeiro no Conservatório Nacional Superiorroleta editavelMúsica e Dançaroleta editavelParis, e depois na Comédie-Française.

Sarah Bernhardt

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Legenda da foto, Aos 55 anos, Bernhardt interpretou Napoleão 2º, imperador que, por breve período, foi governanteroleta editavelfacto da Françaroleta editavel1815 - ela desempenhava com frequência papéis masculinos

O incidente envolvendo a atriz que havia agredidoroleta editavelirmã resultou emroleta editavelexpulsão, mas também a transformouroleta editaveluma celebridade da noite para o dia. O mesmo não se pode dizerroleta editavelseu sucesso. Embora tivesse sido rapidamente absorvida pelo teatro Gymnase, os críticos pareciam mais interessadosroleta editavelquão pálida e magra ela era.

Após um caso com o aristocrata belga Princeroleta editavelLigneroleta editavel1864, Bernhardt teve um filho, Maurice. Embora não planejada, a gravidez provocou uma mudança emroleta editavelvida: Bernhardt passou a fazerroleta editaveltudo para que nada faltasse à criança.

De bermudas

Em 1866,roleta editavelcarreira deu um grande salto: conheceu o dono do teatro Odeon, Félix Duquesnel. Décadas depois, ele escreveria: "Ela não era só bonita, era mais perigosa do que isso... uma criatura maravilhosamente dotadaroleta editavelinteligência rara e energia e forçaroleta editavelvontade ilimitadas."

Aparentemente disposta a trabalhar, ganhou sucesso com Le Passant,roleta editavelFrançois Coppée,roleta editavelseu primeiro papel usando bermudas, interpretando um menino. Sua reputação ganhou força – especialmente porroleta editavelvoz melodiosa.

O crítico Théodoreroleta editavelBanville não deixouroleta editavellado nenhum clichê para descrevê-la: segundo ele, Bernhardt falava "do jeito que rouxinóis cantam, do jeito que o vento suspira, do jeito que os riachos murmuram".

Mas foi durante a guerra franco-prussiana que ela se tornou a queridinha da França. A atriz transformou o Odeonroleta editavelum refúgio para soldados feridos, intimando os ricos a doar comida e roupas.

Depois disso,roleta editavelfama cresceu tão rápido quanto o balãoroleta editavelar quente dentro do qual ela uma vez se perdeu (naturalmente, ganhou ainda mais dinheiro com essa história, escrevendo um relato animado do pontoroleta editavelvista do cestoroleta editavelvime do balão, que se tornou um pequena sensação editorial).

Em 1872, estrelouroleta editavelRuy Blas, do dramaturgo francês Victor Hugo, e foi tão aclamada que a Comédie-Française finalmente a convidou para voltar.

Bernhardt retornou –roleta editavelmaneira insuportavelmente presunçosa – e começou um apaixonado e irregular relacionamento dentro e fora do palco com o ator francês Jean Mounet-Sully. Mas Mounet era tão possessivo quanto apaixonado, e não conseguia lidar com a promiscuidade dela. Ele queria domá-la – e não tinha chances, naturalmente.

Sarah Bernhardt

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Legenda da foto, Como interpretava personagens masculinos, Bernhardt se viaroleta editavelcenasroleta editavelamor com outras mulheres, comoroleta editavel'Pelléas e Mélisande'

Fama e fortuna

Profissionalmente, no entanto, tudo continuouroleta editavelritmo acelerado emroleta editavelvida. Bernhardt interpretou uma sérieroleta editavelpeçasroleta editavelsucesso no papelroleta editavelPhèdre,roleta editavelJean Racine (um dos maiores dramaturgos clássicos da França).

Em 1880, Bernhardt fez uma temporadaroleta editavelseis semanas no Gaietyroleta editavelLondres, onde foi saudada como uma grande celebridade. Isso a levou a uma turnê pelos Estados Unidos, desempenhando um papel que ela iria interpretar milharesroleta editavelvezes: A Dama das Camélias.

O escritor americano Henry James escreveu sobre a "loucura" queroleta editavelchegada provocou, declarando que ela tinha "gênio publicitário; podendo,roleta editavelfato, ser chamadaroleta editavelmusa dos jornais... ela é muito americana para não ter sucesso na América".

E isso ficou muito claro. Ela pode ter exibido um "naturalismo revolucionário quando comparado com o desempenho agressivo da atuação americana padrão do período", como diz Gottlieb, mas as multidões se aglomeraram para vê-la como ela era: uma criatura exótica por si só.

A turnê – e as muitas que se seguiram, da Argentina à Áustria passando pela Austrália – a enriqueceram. Mas ela era extravaganteroleta editavelseus gastos, com gostos por joias, alta costura e arte (ela mesma era escultora). Em outras palavras, ela "corria com dinheiro o tempo todo – mas ela só conseguia mais!", ri Rebeck. Naquela ocasião, Bernhardt já tinha vários sucessos lucrativosroleta editavelseu currículo.

Ela doou – alguns diriam que "desperdiçou" – uma boa quantiaroleta editaveldinheiro para seu filho e para seu marido, o aristocrata grego Damala.

Talvez porque estivesse tão acostumada a ter quem quisesse, Bernhardt ficou estranhamente obcecada por um homem que tinha pouco interesse nela. Eles se casaramroleta editavel1882, mas o casamento não durou muito, devido ao perfil mulherengoroleta editavelDamala, ao seu gosto por apostas e pelo desprezo com que a tratava publicamente. Embora o casal tivesse reatadoroleta editavel1889, Damala morreria naquele ano por vícioroleta editavelmorfina.

Outros homens iam e vinham, assim como showsroleta editavelsucesso, shows não tão aclamados e turnês intermináveis. Então, veio Hamlet.

"Para mim, foi o pontoroleta editavelinflexão na vida dela", diz Rebeck. "Ela já estava fartaroleta editavelinterpretar papéis da mulher ingênua, estava realmente querendo seguirroleta editavelfrente como atriz e desafiar a si mesma. O que mais ela faria - pegar papéis menores?

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Legenda da foto, Primeira adaptação cinematográficaroleta editavel'Hamlet' foi estrelada por Bernhardtroleta editavel1900

Pouco provável. "E o que atores que são celebridades fazem? Interpretam Hamlet. É um ritoroleta editavelpassagem – que ela cunhou", acrescenta Rebeck.

Bernhardt tinha uma nova versãoroleta editavelprosa da peça encomendada,roleta editavelque, surpreendentemente, nem todos gostavam. E aroleta editavelHamlet não era uma alma torturada, mas – como a própria Bernhardt – rápida, enérgica e bastante resoluta.

Ela continuou a interpretar papéis masculinos, porque simplesmente não havia papéis suficientes para artistas mais velhos.

"Não é que eu prefira papéis masculinos; é que prefiro mentes masculinas", disse ela certa vez.

Sarah Bernhardt

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Legenda da foto, Maisroleta editavel30 mil pessoas participaram do funeralroleta editavelBernhardtroleta editavelParis, no dia 29roleta editavelmarçoroleta editavel1923

Em 1906, Bernhardt machucou o joelho durante uma encenaçãoroleta editavelTosca. Ela nunca se recuperou e,roleta editavel1915, teve a maior parteroleta editavelsua perna direita amputada. Isso não a impediuroleta editavelcontinuar atuando: septuagenária, continuava a ser a queridinha das tropas francesas na 1ª Guerra Mundial, carregadaroleta editaveluma liteira branca.

Bernhardt continuou a atuarroleta editavelpeças que não exigiam movimento e nos primeiros filmes mudos até aroleta editavelmorte,roleta editavel1923.

Sem dúvida, seu estiloroleta editavelatuação, que antes parecia tão poético e revigorante, agora parecia excessivamente histriônico. Mas Bernhardt simbolizava mais do que apenas atuar até então: ela era uma figura simbólica na França e vários diasroleta editavelluto público foram decretados apósroleta editavelmorte.

Realmente, não havia mais ninguém como ela. O sentimento foi, talvez, mais precisamente resumido por Mark Twain: "Existem cinco tiposroleta editavelatrizes. Atrizes ruins, atrizes razoáveis, atrizes boas, grandes atrizes e, depois, Sarah Bernhardt."