Doença ameaça dizimar bananas pelo mundo - e uma plantação africana busca a resposta:9 bet

Plantação9 betbanana com sinal9 betquarentena

Crédito, Alamy

Legenda da foto, Fazendas contaminadas podem conter esporos do fungo no solo por anos
Caminhonete passa por uma piscina9 betdesinfetante
Legenda da foto, Visitantes9 betMatanuska precisam desinfetar os pés e as rodas dos carros antes9 betentrar na fazenda

A BBC foi o primeiro veículo9 betimprensa a ter acesso à fazenda desde que ela foi atingida pela doença. E descobriu que, mais além da devastação, a plantação é um caso emblemático sobre as consequências inesperadas e indesejadas da globalização – e sobre a forma como a solução para esses problemas pode vir9 betlugares improvavéis.

Flor9 betbanana
Legenda da foto, Bananas são a fruta mais exportada do mundo

Feita a higienização ao entrar na fazenda, visitantes avistam cachos e cachos9 betbanana presos a armações9 betmetal.

De lá, centenas9 betbananas são carregadas para uma área9 bettratamento antes9 betserem enviadas para o Oriente Médio9 betcontaineres.

Bananas9 betarmação9 betmetal
Legenda da foto, Cachos9 betbanana são presos9 betarmações9 betmetal antes9 betserem limpos

Supervisor desse processo, o chefe técnico da fazenda, Elie Matabuana, passa todo o tempo olhando cacho por cacho para checar se eles têm as folhas amareladas e o cheio podre característico das plantas contaminadas.

"Quando acordo9 betmanhã, a primeira coisa que penso é: o que posso fazer para acabar com essa doença?", diz ele.

Elie Batabuana
Legenda da foto, Elie Matabuana trabalha9 betMatanuska há três anos para ajudar no combate ao Mal do Panamá

"É uma luta enorme, mas estamos vencendo", agrega, antes9 betse corrigir. "Nós vamos vencer."

Contenção

Matabuana e9 betequipe na fazenda Matanuska lutam uma batalha extremamente difícil. A doença se espalhou rapidamente nos últimos cinco anos.

Altus Veljoen olhando no microscópio
Legenda da foto, O professor Altus Viljoen, da Universidade Stellenbosch, na África do Sul, estuda o fungo9 betseu laboratório

"Vim para Matanuska pela primeira vez logo após identificarmos o patógeno. Nesse estágio a fazenda ainda era maravilhosa", diz Altus Viljoen, professor da Universidade9 betStellenbosch, na África do Sul. Ele foi o primeiro cientista a confirmar que a doença havia9 betfato se espalhado para além da Ásia.

"Eu sabia que a paisagem (das plantações) iria mudar, mas não tinha ideia do tamanho do golpe,9 betquão severo ele seria."

Hoje, restam apenas 100 hectares das plantações9 betMatanuska. Cerca9 betdois terços dos 2,7 mil trabalhadores da fazenda foram demitidos, arruinando a economia local.

Conter a doença e encontrar uma variedade resistente se tornaram prioridades urgentes.

Bananas
Legenda da foto, Dois terços dos funcionários da fazenda Matanuska foram demitidos por causa do avanço da doença

Cerca9 bet500 mil pessoas trabalham na indústria bananeira9 betMoçambique.

'Má sorte'

Países vizinhos como a Tanzânia, a 600 km9 betMatanuska, também têm a economia extremamente dependente do cultivo9 betbanana. Na Uganda e no Congo, as bananas representam 35% da ingestão9 betnutrientes9 betboa parte da população.

E, embora acredite-se que o tipo da fruta cultivado nesses países seja resistente ao fungo, ninguém sabe com certeza.

No Brasil, onde a banana é a fruta mais consumida, a produção chega a 7 milhões9 bettoneladas anuais, segundo medições oficiais, com papel importante no mercado exportador. E a Embrapa (Empresa Brasileira9 betPesquisa Agropecuária) diz,9 betboletim online, que diversas variedades da fruta são suscetíveis ao Mal do Panamá. A recomendação principal, segundo o órgão, é investir9 betvariedades resistentes ao fungo.

Antonia Vaz
Legenda da foto, Antonia Vaz, do Ministério da Agricultura9 betMoçambique, acredita que a doença tenha vindo com trabalhadores filipinos

De volta a Moçambique, a chefe da área9 betdoenças botânicas do Ministério da Agricultura local, Antonia Vaz, afirma que "todos os países africanos estão preocupados com o que está acontecendo aqui".

Ela diz que o governo moçambicano implementou medidas para controlar a doença e garantir que ela não se espalhe para o norte. Ela também faz questão9 betdizer que a doença não é endêmica no país. O governo acredita que ela tenha vindo das botas9 bettrabalhadores rurais das Filipinas.

"Foi um grande azar", diz ela.

Garotos andam9 betbike9 betfrente a um campo
Legenda da foto, Matanuska deveria cultivar 6 mil hectares9 betbananas, apenas 300 são produtivos hoje

O comércio9 betbanana no mundo movimenta mais9 betU$ 12 bilhões todos os anos - o que torna a fruta a número um9 betvalor e volume.

Não há cura

Em geral, quando quantias bilionárias estão9 betrisco, soluções não são muito difíceis9 betserem encontradas.

Mas o problema na luta contra o Mal do Panamá é a maneira como as bananas são cultivadas hoje9 betdia.

Bananas
Legenda da foto, Bananas do tipo cavendish, como as nanicas, eram cultivadas9 betestufas no Reino Unido desde 1840

Embora existam milhares9 bettipos9 betbanana no mundo, a maior parte da produção mundial hoje é9 betbanana cavendish. No Brasil, a come-se o subtipo dawrf cavendish, conhecido por aqui como banana nanica.

Cultivar apenas uma variedade9 betuma planta9 betgrandes monoculturas é uma prática que se tornou cada vez mais comum no mundo9 bettodas as variedades9 betprodutos –9 betárvores madeireiras a frutas.

O problema é que monoculturas são altamente suscetíveis à doenças. O que torna o caso das bananas ainda pior é que as cavendish são estéreis. Novas plantas são produzidas assexuadamente, o que significa que são idênticas à geração mais antiga.

Chatsworth House
Legenda da foto, Cavendish é o sobrenome do Duque9 betDevonshire, que cultivava bananas no palácio Chatsworth,9 betDerbyshire

Como elas não são reproduzidas naturalmente, não há seleção natural – o que poderia ajudar no surgimento9 betespécimes9 betbanana resistentes à doença.

A cavendish se tornou a banana mais popular depois que a primeira variedade do fungo do Mal do Panamá dizimou a banana Gros Michel, que até os anos 1950 era a variedade mais comum. Como a cavendish era imune ao fungo, ela passou a ser a mais cultivada.

O problema é que a quarta "geração" do fungo, a TR4, agora ataca a cavendish e outras variedades.

Campo vazio
Legenda da foto, O Mal do Panamá rapidamente dizimou as plantações, forçando a fazenda a queimar vários hectares

O Fusarium Fungus vive no solo e ataca as raízes antes9 betse espalhar pelo resto da planta. Ele também produz esporos que sobrevivem no solo por décadas, tornando a terra inútil para colheitas não resistentes.

Nova esperança

Diantede um cenário tão lúgebre, por que continuar a plantar bananas9 betMatanuska?

Há dois motivos principais.

Um dele tem a ver com o controle da área. "Se a terra foi simplesmente abandonada e as pessoas se movimentarem por ali, ninguém sabe quem vai carregar a doença e para onde", diz o professor Viljoen.

Tricia Wallace
Legenda da foto, Tricia Wallace largou o emprego no mercado financeiro para investir na fazenda

O outro motivo é a esperança9 betencontrar uma solução.

A americana Tricia Wallace é uma ex-investidora do mercado financeiro que ajudou a conseguir financiamento para a fazenda anos atrás, quando a ideia9 better uma plantação9 betbanana nessa parte do mundo parecia uma loucura, uma miragem no deserto.

Ela diz que nos primeiros anos9 betfuncionamento da fazenda, "pessoas vinham9 betoutras partes9 betMoçambique e não conseguiam acreditar (no sucesso)".

Merinho Moucar
Legenda da foto, Merinho Moucar é um dos contratados para cuidar das plantas na fazenda

Ante a devastação causada pelo fungo, Wallace diz que sentiu-se na obrigação9 betgarantir que as pessoas não desistissem do projeto e acabou deixando seu trabalho no mercado financeiro para tocar a fazenda.

Agora, ela está investindo pesado9 betum tipo9 betbanana cavendish9 betTaiwan, conhecido como banana formosana.

Essa variedade pode ter a resposta para os problemas, e é o que Matanuska precisa para sobreviver.

Árvores9 betbanana formosana
Legenda da foto, A banana formosana pode ser resistente ao fungo

Até agora os resultados são promissores: 200 hectares da banana formosana estão crescendo na fazenda. E embora algumas das plantas estejam com a doença, elas parecem mais fortes e mais capazes9 betlutar contra ela.

"Se isso der certo, é um grande benefício não só para a indústria bananeira9 betMoçambique, mas para a região como um todo."