Como Rússia transformou a vacina Sputnikaposta agoraarma diplomática:aposta agora

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Na época, União Soviética e Estados Unidos travavam uma competitiva corrida espacial e os soviéticos saíram na frente ao lançar o primeiro satélite construído pelo homem, o Sputnik.
No entanto, quando o programaaposta agoravacinaçãoaposta agoramassa começou,aposta agoradezembroaposta agora2020, os russos não correram para receber as doses do novo Sputnik.
O que estava contendo a população não era uma desconfiançaaposta agorarelação a todas as vacinas, embora o movimento antivacinas também exista na Rússia.

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Na realidade, a principal razão para o ceticismo generalizado, que ficou evidente com a baixa procura pela vacina no final do ano passado, foi a rapidez na criação da Sputnik V.
Vários russos desconfiaram da faltaaposta agoradetalhes sobre o registro e do excessoaposta agoraentusiasmoaposta agoraintegrantes do governo. O presidente Vladimir Putin, que havia anunciado orgulhosamente a Sputnik V para o mundo, ainda não havia se vacinado.
Isso evidentemente não contribuiu para fortalecer a confiança no produto russo.
O ceticismoaposta agorarelação ao Sputnik V está diminuindo?
Ainda não, mas é provável que isso ocorraaposta agorabreve.
Dadosaposta agoraum instituto independenteaposta agorapesquisaaposta agoraopinião russo mostraram que 58% dos entrevistados ainda não confiam na Sputnik V, enquanto só 38% aprovavam a vacina.
Entre os que se disseram "muito preocupados"aposta agorapegar a covid-19, só metade se disse disposto a tomar a vacina russa. Um terço daqueles que não confiavam na Sputnik V disseram querer mais evidênciasaposta agorasua eficácia.
Os céticos podem passar a se sentir mais confiantes agora que a revista científica britânica The Lancet,aposta agorarenome internacional, publicou pesquisa mostrando que a vacina russa tem eficácia equivalente a várias vacinas ocidentais,aposta agora92%.
No entanto, até hoje alguns dados dos testes russos não foram disponibilizados e o Instituto Gamaleya, responsável pela pesquisa da vacina, está sendo questionado sobre isso.
Críticos dizem que os cientistas não estão sendo completamente transparentes. Porém, a publicação da Lancet funcionou para endossar os resultadosaposta agoraeficácia da Sputnik V tanto dentro quanto fora da Rússia.
No Brasil, o uso da Sputnik V ainda não foi aprovado pela Anvisa. A agência diz que ainda aguarda "dados completos" da fabricante da vacina sobre estudos clínicos e não clínicos feitos nas diferentes fasesaposta agoraprodução do imunizante.
Só depoisaposta agorareceber esses dados, a Anvisa decidirá se aprova o inícioaposta agoraestudos clínicos no Brasil- um pré-requisito para o uso emergencial da vacina no país.
Como foi receber a vacina Sputnikaposta agoraMoscou
O jornalista Oleg Boldyrev, da BBC, tomou a vacina Sputnik V, na Rússia e faz um relato:
"Eu moroaposta agoraMoscou e o procedimento para tomar a vacina foi simples. Inicialmente, eu verifiquei a disponibilidadeaposta agorameadosaposta agoradezembro, pouco depois do início do programaaposta agoravacinação. Na época, parecia que praticamente ninguém queria tomar a vacina. A clínica perto da minha casa tinha disponibilidade imediata.
Na Rússia, a vacinação foi inicialmente aberta para categorias específicas: médicos, professores, policiais e outros trabalhadores que precisam lidar diretamente com o consumidor.
Na realidade, a demanda dentro dessas categorias era tão baixa que qualquer pessoa conseguia agendar aaposta agoravacinação sem precisar comprovar a ocupação.
Um amigo meu que não é cidadão russo entrou numa clínicaaposta agoraMoscou e recebeu a vacina sem qualquer problema. Houve inclusive relatosaposta agoradoses não utilizadas sendo jogadas fora.

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Eu queria ser vacinado, mas decidi esperar três semanas para ver se haveria relatosaposta agoraefeitos colaterais sérios. Eu imaginei que seria difícil impedir o vazamento dessas informações, mesmo com um sistemaaposta agorasaúde controlado pelo Estado.
Nenhum relato do tipo surgiu. Quando eu retornei ao sistema onlineaposta agoraagendamento, a data mais próxima para vacinar era dali a duas semanas. Aparentemente, os moradoresaposta agoraMoscou estavam passando a confiar mais na vacina.
Durante a minha consulta, uma médica verificou se eu não tive contato com algum paciente confirmadoaposta agoracovid-19, ou se eu tinha alergias ou resfriado que pudessem ser agravados pela dose da Sputnik V.
Enquanto a médica media minha pressão arterial, perguntei quando mais pessoas começaram a agendar a vacinação. Depois que as doses foram disponibilizadas para maioresaposta agora65 anos, ela disse.
Depoisaposta agorauma picada rápida, eu fui levado para fora da sala para aguardar se desenvolveria uma reação que exigisse cuidados urgentes, como choque anafilático.
Esperando num corredor bege, conversei com uma mulheraposta agora40 anos chamada Ekaterina, que é médica e que também estava lá para tomar a vacina. Ela não estava confiante na eficácia da Sputnik V, mas decidiu tomar depois que uma amiga precisou passar um mês internada por complicações da covid-19.
O raciocínio dela era semelhante ao meu. Havia um mês que a vacina estava sendo aplicada sem relatosaposta agoraefeitos colaterais problemáticos. Por que não experimentar?
Foraaposta agoraMoscou a situação era bem diferente. Doses da vacina não estão tão acessíveis e foi preciso decidir que categorias receberiam o imunizante primeiro.
Priorizar Moscou parece uma decisão lógica, afinal quase 10% da população russa está concentrada na capital.

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Transportar e armazenar a vacina pelo vasto território russo é uma tarefa hercúlea. Manter as dosesaposta agorasegurança nos hospitais e clínicas que nem sempre contam com freezer também é desafiador.
Mesmo depois que a temperatura necessária para manter as doses foi reajustadaaposta agora-18 graus Celsius para +8, distribuir a vacinaaposta agoramodo a garantir um ritmoaposta agoradezenasaposta agoramilharesaposta agorainjeções por dia não é tarefa fácil.
Como a Sputnik funciona?
A Sputnik funcionaaposta agoramaneira similar à vacina Oxford-AstraZeneca, desenvolvida no Reino Unido, e à Janssen, desenvolvida na Bélgica. Ela usa um vírus vivo, desenvolvido para ser inofensivo, como vetor para levar ao corpo humano um pequeno fragmento do coronavírus.
Exporaposta agoramaneira segura o organismo humano ao código genético do coronavírus permite que ele reconheça o perigo e aprenda a combatê-lo, sem o riscoaposta agoraadoecer.
Depois da vacina, o sistema imune começa a produzir anticorpos especialmente desenhados para o SARS-CoV-2. Isso significa que o organismo é preparado para lutar contra coronavírus caso venha a ter contato com ele.
Quantas pessoas foram vacinadas na Rússia?
Verificar dados oficiais sobre qualquer coisa relacionada à covid-19 costuma ser difícil. Quando o ministro da Saúde da Rússia anunciou que o país tinha alcançado 800 mil vacinações no início do ano, esse dado não batia com númerosaposta agoraautoridades locais.
Dadosaposta agorarelatórios regionais, coletados por analistas independentes, mostravam um resultado bem inferior,aposta agoramenosaposta agora200 mil. Um levantamento independente indica que menosaposta agora1,5 milhãoaposta agorarussos (pouco maisaposta agora1% da população) recebeu a primeira dose da vacina.
Aqueles que receberam duas doses seriam só 120 mil, segundo o mesmo estudo. Nesse ritmo, levaria pouco menosaposta agoratrês anos para vacinar metade da população russa com duas doses da Sputnik V.
Mas o diretor do Fundo Russoaposta agoraInvestimento Direto, Kirill Dmitriyev, que se tornou um porta-voz da Sputnik V, disse que, na semana passada, o ritmo da campanhaaposta agoravacinação aumentou e que todos os russos que quiserem poderão tomar a vacina até junho.
No momento, a Rússia está atrásaposta agorapaíses como Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, sem contar com Israel, que está na dianteira, tendo vacinado 60% daaposta agorapopulação.
A diplomacia da vacina
Onde a Rússia parece estar indo bem é na diplomacia da vacina. O governo diz que várias das maisaposta agoraoito milhõesaposta agoradoses já produzidas irão para países que encomendaram a vacina meses atrás.
A Sputnik V foi aprovadaaposta agora15 países e, pelo menos, cinco estão avaliando a liberação do imunizante, entre eles o Brasil. Dentre os que já aprovaram a vacina estão vários países do antigo bloco soviético, mas também nações como Argentina, Índia, Tunísia e Paquistão.
Alguns outros, como China e Coreia do Sul, manifestaram interesse.

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O Fundo Diretoaposta agoraInvestimento Russo, um órgão ligado ao governo e que ajudou a financiar a Sputnik V, diz que maisaposta agora2 milhõesaposta agorapessoas receberam essa vacina pelo mundo. No mês passado, esse fundo pediu o registro da Sputnik na União Europeia. A Alemanha manifestou interesseaposta agoracomprar o imunizante, se ele for aprovado pelos órgãos reguladores.
A publicação da Lancet confirmando a eficácia da Sputnik V fortaleceu a posição geopolítica da Rússia num mundo desesperado por uma ampla ofertaaposta agoravacinas.
Há outras vacinas russas na jogada?
A Sputnik V não é a única. Duas outras vacinas desenvolvidas por cientistas russos estão pertoaposta agoraserem disponibilizadas.
Mais uma vez questionamentos estão sendo feitos sobre a veracidade dos dados científicos divulgados. E, como ocorre para as demais vacinas contra covid-19 no mundo, há dúvidas sobre a duração da proteção e a eficácia contra variantes mais contagiosas do coronavírus, como aaposta agoraManaus e a da África do Sul.
Quanto a mim e à primeira dose da Sputnik V, uma semana se passou sem grandes efeitos colaterais, alémaposta agoraalgumas dores musculares e cansaço nas primeiras 24 horas. A segunda dose, que eu devo receberaposta agorabreve, parece ser um pouco mais desagradável, segundo relatoaposta agorapessoas que já tomaram."

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Mesmo após a segunda dose, eu não estarei imediatamente imune ao covid-19, conforme alerta um papel azul entregue a todos que recebem a vacina.
Em março, será que poderei viver uma vida similar aos temposaposta agorapré-pandemia? Socializar, ir a galerias, comeraposta agorarestaurantes lotados?
Eu suspeito que teremos que esperar um tempo maior para que essas atividades se tornem uma realidade.







