Hermafroditas, 32 cérebros e 18 testículos: as sanguessugas ebets aposta de futebolutilização pela medicina:bets aposta de futebol

Sanguessuga

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Legenda da foto, Essas criaturas se relacionam com a nossa saúde há milênios

bets aposta de futebol Elas são úmidas, gosmentas e ao longo da história foram temidas, odiadas e amadas pela humanidade. Mas não importa o quanto avancemos tecnologicamente, ainda não surgiu nada para substituir o seu uso.

Sanguessugas são animais hermafroditas com 32 cérebros, nove paresbets aposta de futeboltestículos e uma mandíbula com três filasbets aposta de futebolcem dentes cada uma.

E sempre foram e são essenciais para a medicina.

O laboratório BioPharm, no Paísbets aposta de futebolGales, cria dezenasbets aposta de futebolmilhares desses anelídeos, parecidos com lesmas escuras, para usobets aposta de futebolhospitaisbets aposta de futebolvárias partes do mundo.

Os animais são deixados sem alimento entre seis e nove meses, para estarem famintos na horabets aposta de futebol"trabalhar" -bets aposta de futeboloutras palavras, sugar o sanguebets aposta de futebolum paciente.

Esse é o seu papel como ferramenta fundamental na cirurgia reconstrutiva contemporânea.

Os quatro humores

A fama das sanguessugas vembets aposta de futeboltempos remotos.

Imagembets aposta de futebolusobets aposta de futebolsanguessugas no século 17

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Legenda da foto, Sanguessugas chegaram a ser uma panaceia para todos os males

"Um aspecto interessante sobre as sanguessugas é que elas aparecembets aposta de futebolforma repetida ao longo da história da humanidade ebets aposta de futeboltodas as culturas humanas", afirmou Robert Kirk, professorbets aposta de futebolHumanidades e História da Medicina na Universidadebets aposta de futebolManchester, na Inglaterra.

Os babilônios se referiam às sanguessugas comofilhas da deusa da medicina; mas também eram consideradas criaturas perigosas capazesbets aposta de futeboldrenar o sanguebets aposta de futebolqualquer um.

"Nesta cultura ancestral, as sanguessugas representavam tanto uma ameaça à saúde como uma ferramentabets aposta de futebolcura", acrescenta.

Essa visão permaneceu ao longo dos tempos, à medida que as criaturas eram usadas pelos egípcios, gregos e romanos, e por povos na China, na Índia e na Europa Ocidental, até os diasbets aposta de futebolhoje.

Houve até um tempobets aposta de futebolque os anelídeos eram muito caros, pois representavam a solução para qualquer mal-estar.

Os médicos acreditavam na teoria dos quatro 'humores': que determinados estados da mente eram causados por excessobets aposta de futebolsangue no corpo - sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra.

Assim, para restaurar o equilíbrio do corpo e virtualmente curar qualquer doença, às vezes era preciso drenar parte do sangue do paciente.

Sanguessugabets aposta de futebolaluguel

"No século 19 a popularidade desses animais alcançou o apogeu", conta Christopher Frayling, professorbets aposta de futebolHistória Cultural no Royal College of Artbets aposta de futebolLondres.

"Entre 1825 e 1850 as sanguessugas eram usadas para praticamente tudo. Você podia até ir a uma farmácia e alugar uma sanguessuga - algo que hojebets aposta de futeboldia nos parece uma ideia completamente asquerosa", afirma.

Frascos com sanguessugas

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Legenda da foto, As sanguessugas continuam sendo insubstituíveisbets aposta de futebolalgumas áreas da Medicina

"Hoje sabemos que ela pode ser usadabets aposta de futebolapenas um paciente, pois do contrário seria como usar uma seringa suja", afirma Bethany Sawyer, gerente dos laboratórios Biopharm.

Mas no passado não era assim: as pessoas iam a farmácias, pagavam uma boa quantidadebets aposta de futeboldinheiro e levavam um desses animais para uso no conforto do lar.

A sanguessuga deveria ser usada com cuidado; e se fosse colocada pertobets aposta de futebolalgum orifício - como nariz e ouvidos - poderia entrar no corpo e causar problemas.

Homem com sanguessugas no rosto

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Legenda da foto, É preciso aplicar sanguessugas com cuidado,para que não terminembets aposta de futebollocais errados

"Para evitar que entrassem no corpo, cirurgiões costumavam costurar um fio no animal", diz o professor Frayling.

A técnica também era usadabets aposta de futebolcasobets aposta de futeboldorbets aposta de futeboldente ou infecçãobets aposta de futebolouvido.

No auge da revolução industrial britânica, durante a chamada era vitoriana, estima-se que 42 milhõesbets aposta de futebolsanguessugas tenham sido usadasbets aposta de futeboltratamentos médicos.

Era um mercado estimadobets aposta de futebolUS$ 1,5 bilhão por ano, aos preços do século 19.

Uso contemporâneo

A prática caiubets aposta de futeboldesuso no começo do século passado por diversos fatores. As sanguessugas chegaram à beira da extinção, os benefícios médicos do seu uso foram questionados e a Medicina começou a descobrir as verdadeiras causas das doenças.

No entanto, mesmo hoje o uso dessas criaturas - embora não tenha comparação combets aposta de futebolépocabets aposta de futebolouro - pode ser um negócio rentável.

As 60 mil sanguessugas distribuídas por ano a hospitais da Europa fazem da Biopharm Leech,bets aposta de futebolSwansea, no Paísbets aposta de futebolGales, um dos maiores fornecedores desse item medicinal.

sanguessuga

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Legenda da foto, Após ussobets aposta de futebolum paciente, é preciso eliminar a sanguessuga, assim como uma seringa descartável

De acordo com Sawyer, a empresa decoloubets aposta de futebol1985, após a repercussão mundial do casobets aposta de futeboluma criança que quase perdeu uma orelha. "Ele tinha 5 anos e o cachorrobets aposta de futebolsua avó tinha arrancadobets aposta de futebolorelha", conta Sawyer.

Como era uma criança pequena, os cirurgiões tiveram dificuldadebets aposta de futebolrecuperar os vasos sanguíneos na região afetada. O responsável pela intervenção havia trabalhado no Vietnã, onde os médicos usavam sanguessugas, e decidiu fazer desse o seu último recurso.

"Em uma semana ou dez dias usaram umas 2 mil sanguessugas", completa a gerente. O garoto se salvou e a empresa cresceu como nunca.

O fato é que, até hoje, não há ferramenta tão eficaz como essas criaturas para evitar que o sangue se acumule nas regiões tratadas, reduzindo pressão sobre veias e formando novas conexões sanguíneas.