Por que idosos têm menos febre?:elevensport

  • André Biernath
  • Da BBC News BrasilelevensportLondres
Pessoa segurando termômetro

Crédito, Getty Images

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Nos idosos, febre pode começar num patamarelevensporttemperatura mais baixo

elevensport Na verdade, não é que idosos tenham menos febre. Porém, como eles possuem naturalmente um corpo "mais frio", o aumento da temperatura corporal muitas vezes não é percebido ou encarado como um sintomaelevensportalgo mais sério nessa faixa etária.

Conforme envelhecemos, a temperatura média do organismo costuma ficar mais baixa — a diferença pode chegar a 1ºCelevensportrelação aos adultos e adolescentes.

Ou seja: se o indivíduo mais velho fica normalmente com 36ºC e, num certo dia, passa para 37,1ºC, isso já pode representar um quadro febril — mesmo que o diagnóstico da febre só aconteça na casa dos 38ºC nos mais jovens.

Essa confusão, porelevensportvez, pode atrapalhar e atrasar o diagnósticoelevensportdoenças comuns ou mais graves a partir da sexta décadaelevensportvida, como infecções urinárias e pneumonias.

Ao contrário do que acontece com as crianças, portanto, a febre não deve ser vista como o principal sintoma entre os mais velhos, apontam os geriatras ouvidos pela BBC News Brasil.

Nesse grupo, incômodos como prostração, dificuldadeelevensportequilíbrio, confusão mental e quedas frequentes podem ser os primeiros indícioselevensportuma enfermidade.

Ficar atento a esses e a outros sinais, alémelevensportmonitorar a temperaturaelevensporttemposelevensporttempos, são saídas para fazer a detecção precoceelevensportdiversos problemas e iniciar um tratamento.

Mas por que essa mudança na temperatura acontece?

Termômetroelevensportbaixa

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Dois artigos publicados pela Santa CasaelevensportSão Pauloelevensport2010 investigaram a fundo essa questão.

Ao analisar centenaselevensportregistros, os pesquisadores concluíram que a temperatura médiaelevensportum adulto jovem saudável éelevensport37ºC — e esse padrãoelevensportnormalidade varia entre 36,3ºC e 37,5ºC.

Já nos idosos, a média ficaelevensport36,1ºC, com uma variaçãoelevensport0,21ºC para mais ou para menos.

Os estudos ainda destacam que ocorre um "decréscimoelevensport0,15ºC na temperatura a cada décadaelevensportvida".

Mas o que está por trás desse esfriamento natural do corpo? Os médicos explicam que há três motivos principais para isso.

O primeiro tem a ver com as próprias mudanças naturais do envelhecimento: o metabolismo é reduzido, há menos massa muscular, os vasos sanguíneos ficam mais apertados, o sistema nervoso perde um pouco da capacidadeelevensportreter calor…

"Nós temos uma espécieelevensporttermostato no hipotálamo, uma das regiões do cérebro. É ele quem controla a nossa temperatura corporal", explica o geriatra Marcelo Altona, do Hospital Israelita Albert Einstein,elevensportSão Paulo.

"Ao longo do processoelevensportenvelhecimento, esse 'termostato natural' pode ficar alterado", complementa.

Ilustração do cérebro humano com destaque parao hipotálamo

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O hipotálamo (em vermelho na ilustração) faz o papelelevensport'termostato' do corpo humano

O médico Marco Túlio Cintra, vice-presidente da Sociedade BrasileiraelevensportGeriatria e Gerontologia, destaca que, muitas vezes, o hipotálamo continua a funcionar direitinho durante o envelhecimento.

Nesses casos, a mudança na temperatura envolve a simples perdaelevensportcalor para o ambiente.

"O idoso tem mais dificuldadeelevensportreter o calor no corpo, por mudanças que acontecem na pele e nas célulaselevensportgordura", acrescenta.

Em segundo lugar, esse grupo é mais frequentemente acometido por doenças que afetam a regulação da temperatura, como diabetes, distúrbios neurológicos, desnutrição e sarcopenia (perda progressivaelevensportmassa muscular).

Além disso, o usoelevensportalguns medicamentos e a imobilidade relacionada a problemaselevensportlocomoção também influenciam nesse processo.

Terceiro, a própria dificuldadeelevensportmedir a temperatura nessa faixa etária pode levar a resultados subestimados (quando o número que aparece no termômetro é menor do que a realidade).

Isso acontece porque as áreas do corpo onde o termômetro feitoelevensportmercúrio é colocado se modificam com o passar dos anos.

Na axila, o excessoelevensportsuor,elevensportdobras na pele eelevensportgordura pode atrapalhar. O mesmo ocorre no ouvido, se há um acúmuloelevensportcera no canal auditivo.

Na boca, a faltaelevensportalguns dentes, problemas com a salivação ou a própria dificuldadeelevensportmanter o termômetro estável são complicadores.

Já no ânus, a última alternativa da lista, a barreira está na faltaelevensportconveniênciaelevensportintroduzir o instrumento ali.

Uma opção são os aparelhos digitais mais modernos, que fazem a aferição na testa — mas eles são mais caros e é preciso ficar atento para trocar a bateria quando necessário.

Confusões à vista

A dificuldadeelevensportmedir adequadamente — ou a faltaelevensportconhecimento sobre qual é o limite normal da temperatura no envelhecimento — chegam a representar uma ameaça à saúde.

Isso porque um idoso pode estar com pneumonia ou outra doença grave e, por não estar com uma temperatura considerada alta, não passar por uma avaliação médica.

Essa confusão atrasa o diagnósticoelevensportdoenças que, se detectadas no início, teriam um tratamento menos invasivo e mais efetivo, como é o caso das pneumonias e das infecções urinárias.

"Ao contrário do que acontece com as crianças, a febre não está entre os principais sintomaselevensportinfecção nos idosos. Muitas vezes, eles têm a temperatura normal ou até hipotermia", alerta Cintra.

"O cuidador e o próprio indivíduo mais velho precisam ficar atentos a outros sinais, como prostração, alteraçãoelevensportequilíbrio, confusão mental, tombos frequentes… Em muitos casoselevensportinfecção urinária acima dos 60 anos, o único sinal é o aumentoelevensportacidentes e quedas", relata.

"Se a temperatura médiaelevensportum idoso é 35,5ºC ou 36ºC, e ele passa a ter 36,9ºC ou 37ºC, esse já é um sinalelevensportque ele precisa ser acompanhado maiselevensportperto", pontua Altona.

"Em pessoas muito frágeis ou com idades bem avançadas, pequenas mudanças nos sinais vitais, como na temperatura, na pressão arterial e nos batimentos cardíacos, já demandam alguns cuidados maiores", diz o especialista.

Profissional da saúde medindo a temperaturaelevensportum idoso

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Fazer medições periódicas da temperatura — sempre no mesmo local do corpo — é uma maneiraelevensportsaber qual a média saudável e quando há um quadroelevensportfebre

Uma orientação que pode ser útil para alguns indivíduos envolve fazer um registro contínuo da temperatura.

Ao usar o termômetro uma vez por quinzena, ou uma vez por mês, é possível saber qual a temperatura média saudável — e perceber quando o corpo está mais quente do que o normal.

Ou seja: se o indivíduo sempre está com 36ºC e,elevensportum certo dia, aparece com 37,2ºC, isso pode representar um sinalelevensportalerta a depender do caso, mesmo que isso não seja considerado febreelevensportoutras faixas etárias.

Mas Cintra pondera que esse monitoramento deve ser muito bem orientado e seguir à risca as orientações do profissional da saúde e do fabricante do termômetro.

"Medir a febre a toda hora pode ser uma fonte desnecessáriaelevensportestresse", aponta.

"Esse hábito é útilelevensportalguns casos, mas não está indicado para todo mundo", completa.

Quando são sugeridas, essas medições regulares da temperatura devem ser realizadas sempre no mesmo local do corpo e com o mesmo aparelho, se possível.

- Este texto foi publicado originalmenteelevensporthttp://roberthost1.accountsupport.com/curiosidades-63318757

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