Indígenas querem ampliar presença no Congresso para destravar demarcações e conter garimpo:betking online casino

A BBC News Brasil acompanhou uma das reuniões destinadas a debater como o movimento pretende aumentarbetking online casinorepresentatividade no Congresso. O encontro aconteceu na terça-feira (12/04).

O diagnóstico feito pela maior parte dos presentes é abetking online casinoque as eleições deste ano são uma das mais importantes dos últimos anos.

Na avaliação deles, uma continuidade do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) é considerada uma ameaça "existencial" para parte da população indígenas do país. Os dados do último censo,betking online casino2010, apontavam uma população autodeclarada indígenabetking online casino896 mil pessoas. Os dados mais atualizados serão divulgados neste ano.

"Ele se elegeu dizendo que não demarcaria nem um centímetrobetking online casinoterra demarcada e está cumprindo. Para piorar, o governo apoia o garimpobetking online casinoterras indígenas. Estamos entre a cruz e a espada", afirma a coordenadora nacional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara (PSOL-SP), que é pré-candidata a deputada federal por São Paulo. Em 2018, ela foi candidata a vice na chapa presidencialbetking online casinoGuilherme Boulos (PSOL).

A paralisia nas demarcaçõesbetking online casinoterras indígenas começou,betking online casinofato, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Segundo a Apib, há pelo menos 139 terras indígenas pendentesbetking online casinohomologação, a fase final do processobetking online casinodemarcação. Apesar disso, é a atual política indigenista do governo Bolsonaro que é vista como uma ameaça mais concreta.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro fez críticas a lideranças e a entidades que defendem o movimento indígena, prometeu que não demarcaria mais nenhuma terra e entregou o comando da Fundação Nacional do Índio (Funai) ao delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, que anos antes atuou como assessor da bancada ruralista no Congresso Nacional durante uma Comissão Parlamentarbetking online casinoInquérito (CPI) que investigava a atuaçãobetking online casinoorganizações não-governamentais no Brasil.

Ao mesmo tempo, as terras indígenas têm sofrido com o avanço do garimpo ilegal e do desmatamento desenfreado. Dadosbetking online casinosatélite coletados pelo MapBiomas apontam que, entre 2016 e 2020, houve um aumentobetking online casino3.350% na áreabetking online casinogarimpobetking online casinoouro da Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil, localizada entre os estados do Amazonas e Roraima.

Em 2020, o presidente enviou um projetobetking online casinolei ao Congresso Nacional prevendo a legalização da mineraçãobetking online casinoterras indígenas.

O governo defendeu a medida como uma formabetking online casinodar mais liberdade às populações que vivem nessas áreas, gerando novas fontesbetking online casinorenda para comunidades marcadamente carentes. Ambientalistas e lideranças indígenas, por outro lado, se manifestaram contra o projeto, alegando que a atividade poderia causar danos sociais e ambientais.

Em 2022, Bolsonaro assinou um decreto que criou um programa voltado ao que o governo chamoubetking online casino"mineração artesanal", interpretado por críticos como mais uma medida para incentivar a atividade garimpeira na Amazônia.

Estratégias: recuar para avançar

Sônia Guajajara explica que a estratégia do movimento para atingir a metabetking online casinoeleger quatro representantes no Parlamento vai atender a três critérios: apoio das organizações indígenas regionais, filiação a partidos considerados progressistas e viabilidade eleitoral.

A ideia, diz Sônia, é reduzir o númerobetking online casinocandidaturas indígenas lançadas para se concentrar apenas naquelas que tenham, efetivamente, chancesbetking online casinovitória. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que,betking online casino2018, foram registradas 133 candidaturas compostas por indígenas, um aumentobetking online casino56,4%betking online casinorelação a 2014, quando foram 85.

A estimativa ébetking online casinoque sejam lançadasbetking online casinotornobetking online casino30 candidaturas com a chancela do movimento indígena. Desse total,betking online casinotornobetking online casino17 deverão ser mulheres. Todos os nomes, porém, só deverão ser definidos nos próximos meses, com as convenções partidárias.

Um dos objetivosbetking online casinodiminuir as candidaturas indígenas é evitar que chapas aliadas "comam" voto umas das outras, reduzindo as chancesbetking online casinoqualquer uma delas ser eleita.

"Queremos mais candidaturas com chancebetking online casinose eleger. Não é mais lançar por lançar. Agora, o nosso foco é viabilidade eleitoral", explica Sônia.

Estourando a "bolha"

Um dos nomes nos quais o movimento deverá apostar suas fichas é obetking online casinoNice Tupinambá, pré-candidata a deputada federal pelo PSOL do Pará. Ela é uma das dirigentes do PSOL no estado e trabalha no governo do prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL),betking online casinoBelém.

Militantebetking online casinomovimentos sociais da periferia da capital paraense, Nice Tupinambá afirma ter uma base popular sólida fora do movimento indígena, mas sabe que para que seus "parentes" (termo normalmente usado por indígenas para se referirem uns aos outros) serem eleitos, é preciso ir além do votobetking online casinosuas comunidades.

"O voto indígena não é suficiente. Mesmo se reunir todos os nossos votos no Pará, não conseguimos eleger um deputado federal. No Pará, é preciso, pelo menos, 120 mil votos para chegar à Câmara. Todas as candidaturas indígenas aqui vão ter que buscar votos fora", explica Nice.

Diante desse desafio, Nice afirma que a estratégia é aprofundar a busca por votosbetking online casinosetores que ela classifica como "progressistas" da sociedade. Ela diz acreditar, também, que parte do eleitorado na Amazônia entende que seria horabetking online casinoaumentar a representatividade dos povos indígenas na política.

"Eu sou como qualquer pessoa que veiobetking online casinobaixo. O povo olha pra gente e se sente representado. Eles acham que está na horabetking online casinofazer essa luta. Eu acho que vou ter voto justamente pelo fatobetking online casinoser indígena, por ser periférica e por ser mulher", afirmou.

A meta do movimento indígena é, justamente, multiplicar o feitobetking online casinouma outra mulher: a deputada federal Joênia Wapichana (Rede-AP). Ela foi a primeira mulher indígena a se eleger para a Câmara dos Deputados,betking online casino2018, com 8.491 votos.

Joênia é advogada e, no início dos anos 2000, ganhou notoriedade ao atuar no julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), da ação que resultou na homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol,betking online casinoRoraima.

Sua campanha fez parte do blocobetking online casinocandidaturas lançadas pelo movimento RenovaBR, fundado por Eduardo Mufarej. Entre elas, estava abetking online casinooutras candidatas como a da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP).

Joênia diz que o plano para que candidatos indígenas furem a "bolha" do movimento e se tornem eleitoralmente viáveis passa por reforçar o discursobetking online casinoque a defesabetking online casinopautas como as demarcaçõesbetking online casinoterras e o combate ao desmatamento beneficiam toda a população e não apenas os "parentes".

"A causa indígena, a defesa do meio ambiente, a qualidadebetking online casinovida e a luta por direitos sociais se aplicam a qualquer brasileiro ou brasileira. Tem muito candidato branco ou negro que falabetking online casinonosso nome. Mas nós, indígenas, somos totalmente capazesbetking online casinodefender essas pautas", diz a deputada.

Encruzilhada e aposta

Outro desafio enfrentado pelo movimento indígena é a conjuntura política atual. Historicamente, o movimento indígena brasileiro "abraçou" e foi "abraçado" pelos partidosbetking online casinoesquerda. O cacique Mário Juruna, primeiro indígena eleito para a Câmara dos Deputados,betking online casino1982, se elegeu pelo PDTbetking online casinoLeonel Brizola.

Sem pontes com o bolsonarismo e com a chamada "terceira via", o movimento indígena aposta suas fichas na vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na semana passada, por exemplo, o ex-presidente foi recebido por lideranças indígenas durante o Acampamento Terra Livre (ATL). Centenasbetking online casinopessoasbetking online casinodiversas etnias se aglomeraram e ovacionaram o petista que é pré-candidato à Presidência da República e se coloca como principal opositorbetking online casinoJair Bolsonaro.

O apoio acontece apesarbetking online casinoo movimento indígena ter cobrado publicamente o ex-presidente pelos impactos causados pela construção da usina hidrelétricabetking online casinoBelo Monte, no Pará, que afetou a vidabetking online casinocomunidades indígenas na bacia do rio Xingu e foi construída durante os governos petistas.

"Existe, sim, essa encruzilhada. É claro que há uma proximidade ideológica entre o movimento e a esquerda. Nós apoiamos Lula, mas não esquecemosbetking online casinoBelo Monte. O problema é que não houve diálogo possível com o bolsonarismo. As pautas dele (Jair Bolsonaro) vão na direção oposta das nossas", diz Sônia Guajajara.

Sônia admite que o movimento também não tem "pontes" estabelecidas com os nomes que tentam se viabilizar pela terceira via, entre eles estão a senadora Simone Tebet (MDB-MS), o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro e os ex-governadoresbetking online casinoSão Paulo e do Rio Grande do Sul, João Doria e Eduardo Leite, ambos do PSDB.

A liderança diz, no entanto, que o movimento indígena estaria aberto a dialogar com um candidatobetking online casinocentro caso saia vitorioso nas eleiçõesbetking online casinooutubro.

"A gente está disposto a dialogar com um nomebetking online casinocentro. A questão é saber se eles irão ou não querer conversar com a gente e ouvir as nossas pautas", diz Sônia.

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