Covid: Por que melhora nos números da pandemia ainda não é luz no fim do túnel:betnacional promoção
- André Biernath
- Da BBC News Brasilbetnacional promoçãoSão Paulo

Crédito, Rodrigo Paiva/Getty Images
Especialistas veem melhora da pandemiabetnacional promoçãocovid-19 registradas nos últimos dias com extrema cautela
betnacional promoção As semanas entre o finalbetnacional promoçãofevereiro e o iníciobetnacional promoçãomarçobetnacional promoção2021 marcaram um pontobetnacional promoçãoinflexão da pandemiabetnacional promoçãocovid-19 no Brasil: a partir dali, a média móvelbetnacional promoçãonovos casos e mortes pela doença subiubetnacional promoçãoforma vertiginosa, naquele que é considerado o pior período da crise sanitária até o momento.
Passado o pico, o país parece viver agora um momentobetnacional promoçãocurvasbetnacional promoçãodescenso: os últimos cinco dias do mêsbetnacional promoçãojunho foram caracterizados por uma diminuição constante nas notificaçõesbetnacional promoçãoinfectados e óbitos causados pelo coronavírus.
No dia 30betnacional promoçãojunho, a média móvelbetnacional promoçãonovos casos ficoubetnacional promoção55.323. Segundo o registro do Conselho Nacionalbetnacional promoçãoSecretários da Saúde (Conass), a última vez que um número abaixo desse patamar havia sido registrado foibetnacional promoção28betnacional promoçãofevereiro.
O mesmo pode ser observado nas mortes, cuja média móvel mais recente ébetnacional promoção1.565, índice que só subia desde o dia 8betnacional promoçãomarço.
E esses não são os únicos indíciosbetnacional promoçãouma aparente melhora da pandemia no país: o último Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), informa que todos os estados (com exceçãobetnacional promoçãoMato Grosso) e todas as capitais apresentam uma tendênciabetnacional promoçãoqueda ou estabilização nos númerosbetnacional promoçãoinfecções respiratórias tanto no curto quanto no longo prazo (entre 3 e 6 semanas, respectivamente).
Para completar, um levantamento feito pela Folhabetnacional promoçãoS.Paulo revela que a taxabetnacional promoçãoocupaçãobetnacional promoçãoUTIs (Unidadesbetnacional promoçãoTerapia Intensiva) vem caindo consideravelmente: atualmente, apenas três capitais — Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e Palmas (TO) — estão com maisbetnacional promoção90% desses leitosbetnacional promoçãouso.

Crédito, Conass/Divulgação
Nos gráficosbetnacional promoçãomédias móveisbetnacional promoçãonovos casos (à esquerda) e óbitos (à direita), é possível notar claramente uma queda nos últimos sete dias
Apesarbetnacional promoçãotodas essas evidências representarem ótimas notícias, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil analisam o cenário com extrema cautela e entendem que o país poderia usar essa "oportunidade" para lançar mãobetnacional promoçãomedidas e políticas públicas realmente capazesbetnacional promoçãocontrolar a pandemia, como um amplo programabetnacional promoçãotestagem e a aceleração da campanhabetnacional promoçãovacinação.
"Embora alguns indicadores importantes estejam regredindo, ainda temos uma taxabetnacional promoçãotransmissão viral muito alta. Vejo, portanto, com certa reserva essa melhora e acho que ainda não temos motivos para comemorar", analisa o epidemiologista Paulo Petry, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
"Essa regressão das estatísticas não significa que podemos relaxar, muito pelo contrário. Deveríamos fazer exatamente o oposto: ampliar o usobetnacional promoçãoimunizantes, reforçar o distanciamento físico e o usobetnacional promoçãomáscaras e criar um programa para testar e rastrear contatos", acrescenta o epidemiologista computacional Jones Albuquerque, professor da Universidade Federal Ruralbetnacional promoçãoPernambuco (UFRPE).

Crédito, Boletim InfoGripe/FioCruz/Divulgação
A última edição do Boletim InfoGripe aponta uma tendênciabetnacional promoçãoestabilização ou queda nas infecções respiratórias na maioria dos Estados brasileiros. O problema é que essa estabilização acontecebetnacional promoçãopatamares ainda muito altosbetnacional promoçãotransmissão viral, novos casos e mortes
Transmissão viral (extremamente) alta
O mesmo Boletim InfoGripe da FioCruz que aponta tendênciasbetnacional promoçãoqueda e estabilização no Brasil traz uma informação muito relevante para entender o atual momento: a transmissão comunitária dos vírus respiratórios segue muito altabetnacional promoçãoboa parte do país.
Vale notar que o relatório não fala especificamente sobre a covid-19, mas analisa os casosbetnacional promoçãohospitalização por Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG) — durante a pandemia, estima-se que a maior parte deles seja causado pelo coronavírus mesmo.
Para entender como o vírus está circulando por uma determinada região do país, os especialistas criaram um índice que considera o totalbetnacional promoçãonovos casosbetnacional promoçãoSRAG que foram detectados na última semana a cada 100 mil habitantes.
Os autores do estudo levambetnacional promoçãoconta as 118 macrorregiões, que são divididas por todo o território nacionalbetnacional promoçãoacordo com as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
Os últimos dados apontam que 75 dessas macrorregiões apresentam um nívelbetnacional promoçãotransmissão comunitáriabetnacional promoçãovírus respiratórios extremamente alto (com 10 ou mais novos casos a cada 100 mil habitantes).
Em 26 áreas, o nível é considerado "muito alto", ao passo quebetnacional promoçãooutras 15, essa transmissão é classificada como "alta".
Apenas duas macrorregiões (localizadas no Espírito Santo e no Piauí) apresentam uma situaçãobetnacional promoçãomomento que se assemelha aos níveis pré-epidemia e o relatório admite que há um problemabetnacional promoçãosubnotificação nesses locais.

Crédito, Boletim InfoGripe/FioCruz/Divulgação
Mapa do Boletim InfoGripe, da FioCruz, revela que transmissão comunitáriabetnacional promoçãovírus respiratórios segue extremamente altabetnacional promoçãoboa parte do país
Na prática, uma transmissão que vaibetnacional promoção"alta" a "extremamente alta"betnacional promoçãopraticamente todo o país significa que muita gente está se infectando e passando o vírus adiante — e nós sabemos que uma parcela significativa desses casos desenvolve complicações, que exigem atenção médica, hospitalização, leitosbetnacional promoçãoUTI, intubação...
Ou seja: o riscobetnacional promoçãoessa situação desencadear uma bolabetnacional promoçãoneve e dar início a uma terceira onda num futuro próximo não é desprezível.
"A transmissão desse vírus é exponencial: uma pessoa infecta outras, que passam para mais gente e assim por diante. É por isso que ele se espalhou tão rápido pelo mundo inteiro", complementa Petry.
Numa sériebetnacional promoçãopostagens no Twitter, o pesquisadorbetnacional promoçãosaúde pública Marcelo Gomes, um dos responsáveis pelo Boletim Infogripe, classificou o atual status da pandemia no Brasil como "menos pior".
"A situação segue feia, mas parece que está tudo tranquilo. Afinal, o picobetnacional promoçãomarço já passou. [...] Se o vulcão não está maisbetnacional promoçãoerupção, não tem problema estar tudobetnacional promoçãochamas pelo jeito… Azarbetnacional promoçãoquem se importa, azarbetnacional promoçãoquem se interna e azarbetnacional promoçãoquem morre", escreveu.
Nessa mesma linha, embora os números mais recentesbetnacional promoçãocasos e óbitos estejam caindo, eles ainda são muito altos e inaceitáveis: afinal, falamos aquibetnacional promoçãouma média móvel semanalbetnacional promoção1,5 mil mortes todos os dias por uma doença para a qual existem formas efetivasbetnacional promoçãocontrole e prevenção.
Gomes ainda chama a atenção para o fatobetnacional promoçãoo mapa atualbetnacional promoçãotransmissão comunitária do vírus estar muito parecido ao que aconteceubetnacional promoçãodezembrobetnacional promoção2020 — e todos nós somos testemunhasbetnacional promoçãocomo a crise sanitária se aprofundou rapidamente a partirbetnacional promoçãojaneiro, fevereiro e marçobetnacional promoção2021.
Efeitos das vacinas?
Diante das boas novas recentes, muita gente tem se perguntado se o avanço da vacinação contra a covid-19 no país pode ter contribuído para essa queda, especialmente nas médiasbetnacional promoçãomortalidade.
Embora a campanha brasileira ainda esteja bem longebetnacional promoçãoimunizar uma parcela significativa da população, alguns indícios apontam que alguns grupos, como os profissionais da saúde e os idosos, podem já ter sentido alguns benefíciosbetnacional promoçãoterem recebido prioridade.
Esse ganho pode ser observado num trabalho realizado por pesquisadores da Universidade Federalbetnacional promoçãoPelotas (UFPel), da Universidade Harvard e do Ministério da Saúde.
O levantamento aponta que, nas seis primeiras semanasbetnacional promoção2021, 25% das mortes por covid-19 ocorreram entre pessoas com maisbetnacional promoção80 anos. A partirbetnacional promoçãomaio e junho, essa faixa etária passou a representar apenas 12% dos óbitos registrados.
A mesma queda foi observada nos indivíduosbetnacional promoção75 a 79 anos algumas semanas depois.
Como esses grupos foram os primeiros a tomar a vacina logo que elas começaram a chegar ao Brasil (em meadosbetnacional promoçãojaneiro e fevereiro), tudo indica que eles ficaram mais resguardados das formas graves da doença, que evoluem para necessidadebetnacional promoçãointernaçãobetnacional promoçãoUTI, intubação e,betnacional promoçãoalguns casos, óbito.
"O rápido aumento da cobertura vacinal entre idosos brasileiros foi associado a quedas importantes na mortalidade relativabetnacional promoçãocomparação com indivíduos mais jovens", escrevem os cientistas responsáveis pelo estudo.
"Se as taxasbetnacional promoçãomortalidade entre os idosos permanecessem proporcionais ao que foi observado até a semana 6 [entre janeiro e fevereirobetnacional promoção2021], seriam esperadas 43.802 mortes adicionais relacionadas à covid-19 até a semana 19 [entre maio e junho]", concluem.

Crédito, NurPhoto/Getty Images
Brasil teria capacidadebetnacional promoçãovacinar até 2 milhõesbetnacional promoçãopessoas contra a covid-19 por dia. Médiabetnacional promoçãojunho ficoubetnacional promoção800 mil doses aplicadas a cada 24 horas
A grande questão, como dito anteriormente, é que estamos longebetnacional promoçãoaplicar os imunizantesbetnacional promoçãotodos os brasileiros: até o momento, apenas 12% da população já recebeu as duas doses.
E levaremos pelo menos até o finalbetnacional promoção2021 ou iníciobetnacional promoção2022 para que todos os indivíduos com maisbetnacional promoção18 anos estejam efetivamente vacinados — isso se as projeçõesbetnacional promoçãoentregasbetnacional promoçãovacinas do Ministério da Saúde e as promessasbetnacional promoçãoprefeitos e governadores se cumprirem.
A aceleração da vacinação contra a covid-19, incentivada por pesquisadoresbetnacional promoçãosaúde pública, permitiria não apenas proteger individualmente cada um dos cidadãos contemplados, mas contribuiria pouco a pouco para chegarmos à imunidade coletiva que nos permitirá futuramente ficar numa situação mais tranquila e menos restritiva.
O perigo das cepas atualizadas
Em meio a tantos avanços e retrocessos, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil citaram o aparecimentobetnacional promoçãonovas variantes do coronavírus como uma das mais fortes ameaças a um eventual arrefecimento da pandemia.
A variante Gama, detectada originalmentebetnacional promoçãoManaus, foi decisiva para que a segunda onda tomasse a forma e matasse milharesbetnacional promoçãopessoas não apenasbetnacional promoçãonosso país, masbetnacional promoçãovárias partes do mundo.
Já a variante Delta, que surgiu na Índia, assusta pelo seu poderbetnacional promoçãotransmissibilidade:betnacional promoçãopoucas semanas, ela dominou as cadeias virais do Reino Unido, a pontobetnacional promoçãopostergar (e até fazer regredir) as medidas restritivas por lá.
"E, quanto mais tempo um vírus circula, maior a probabilidadebetnacional promoçãoque ele sofra mutações que eventualmente podem até inviabilizar as vacinas já disponíveis", avisa Petry.
"Nosso medo é que uma imunização lenta permita que surjam novas variantes ainda mais perigosas, o que seria muito ruim", completa.
Para que esse cenário catastrófico não vire realidade, existem duas coisas principais que devem ser feitas com urgência.
A primeira delas é botar o pé no acelerador da vacinação:betnacional promoçãojunho, 800 mil brasileiros foram imunizados todos os dias,betnacional promoçãomédia.
É preciso aumentar esse ritmo: o Programa Nacionalbetnacional promoçãoImunizações (PNI) tem capacidade para aplicar as doses contra a covid-19betnacional promoçãoaté 2 milhõesbetnacional promoçãopessoas a cada 24 horas.
"E nós já alcançamos números parecidos nas campanhas contra a poliomielite, por exemplo", lembra Petry.
O segundo ponto estábetnacional promoçãoreforçar as medidas não farmacológicas que impedem a circulação do coronavírus, sobre as quais falaremos adiante.

Crédito, NurPhoto/Getty Images
Enquanto a taxabetnacional promoçãoocupaçãobetnacional promoçãoleitos hospitalares parece estar mais controlada, o nívelbetnacional promoçãotransmissãobetnacional promoçãovírus respiratórios extremamente alta preocupa os especialistas
Distanciamento, máscara e teste
Enquanto as porcentagensbetnacional promoçãobrasileiros vacinados sobem pouco a pouco, os gestoresbetnacional promoçãosaúde pública deveriam persistir e até ampliar as ações comprovadamente eficazes para conter as curvas epidêmicas.
Falamos aquibetnacional promoçãopolíticas que inibam aglomerações, incentivem o usobetnacional promoçãomáscaras, controlem as fronteiras e as rodovias e criem um programabetnacional promoçãotestagem e rastreamentobetnacional promoçãocontatos, algo que não foi implementado até agora no país.
"Enquanto a Austrália faz um monitoramento pesado e tranca todo mundo quando os primeiros casos são detectados num lugar, aqui a gente não faz testesbetnacional promoçãoforma sistemática", compara Albuquerque, que também integra o Laboratóriobetnacional promoçãoImunopatologia Keizo Asami da Universidade Federalbetnacional promoçãoPernambuco.
Sem essa vigilância munidabetnacional promoçãoinformaçõesbetnacional promoçãodiagnóstico, fica complicado saber a real situação da pandemia no país e como isso vai evoluir nas próximas semanas.
E esses cuidados todos, inclusive, deveriam ser pensados não apenas do pontobetnacional promoçãovistabetnacional promoçãonosso território, masbetnacional promoçãotodo o continente ou dos países com os quais temos contato frequente, defende Albuquerque.
"Durante uma pandemia, um país só está seguro quando a situação também está controlada nos seus vizinhos", raciocina o especialista.
Do pontobetnacional promoçãovista individual, vale seguir respeitando as orientações que minimizam os riscos, como ficarbetnacional promoçãocasa sempre que possível e, ao sair, usar máscara (de preferência, a PFF2 ou a N95), manter uma distância mínimabetnacional promoção1,5 metrobetnacional promoçãooutras pessoas, lavar as mãos com frequência e preferir lugares abertos e bem arejados.
E, claro, quando chegar abetnacional promoçãovez, ir até o postobetnacional promoçãosaúde para receber a vacina (independentemente do imunizante que estiver disponível) para ficar mais protegido e contribuir para que a pandemia melhore pra valer num futuro próximo.

betnacional promoção Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube betnacional promoção ? Inscreva-se no nosso canal!








