A intérprete que descobriu na aulapixbet blazeLibras que pastor abusavapixbet blazeadolescente:pixbet blaze

Sombrapixbet blazeadulto tocandopixbet blazecabecapixbet blazemenina

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Intérprete disse ter identificado abuso após estudante confiar nela durante aulaspixbet blazelibras

"Mas eu não dei abertura", disse a educadorapixbet blazeentrevista à BBC News Brasil.

Um mês depois, ela descobriu durante uma aulapixbet blazelibras que o homem abusava, quase diariamente, da garota. Ele pagava uma mensalidadepixbet blazeR$ 1.500 aos pais da adolescente para que ela dormisse na casa dele alguns dias por semana. Tudo revelado pela menina, segundo Júlia,pixbet blazepoucas semanaspixbet blazeaula.

Um levantamento organizado pelo Instituto Liberta aponta que o Brasil registra cercapixbet blaze500 mil casospixbet blazeexploração sexual infantil por ano. Isso ocorre quando um adolescentepixbet blaze14 a 18 anos faz sexo com um adultopixbet blazetrocapixbet blazealgo. O país só tem menos casos que a Tailândia.

Sinais

Até ter certeza do que ocorria, a intérprete ficou atenta a uma sériepixbet blazesinais. Especialistaspixbet blazeeducação e psicologia infantil disseram à reportagem que tal atitude é essencial para descobrir abusos. Júlia relatou que logo percebeu que a adolescente apresentava uma profunda tristeza desde os primeiros diaspixbet blazeaula, chamando a atenção pela fala desconexa e uma aparente angústia.

"Ela era uma adolescente muito bonita. Chamava muito a atenção dos meninos, mas por ser surda e estar num ambientepixbet blazemaioria ouvinte, ocorre uma abertura maior com o intérprete, que precisa ter essa sensibilidade e construir um elopixbet blazeconfiança com o aluno", conta.

Aos poucos, a intérprete se aproximou da menina e identificou alguns desviospixbet blazecomportamento. Ela lembra ter notado que a garota mentiapixbet blazealgumas situações, por exemplo ao justificar ausências, e dava sinaispixbet blazeque queria contar algo. Durante um mês, a adolescente registrou mais faltas do que presenças na escola.

Questionada, ela justificou as ausências dizendo que dormia muito tarde por contapixbet blazecerimônias religiosaspixbet blazeque participava na igreja, na qual o homem que a levava para a escola era pastor.

Com mais intimidade, a adolescente então perguntou para a professora o que ela achavapixbet blazeum homem se relacionar com uma menorpixbet blazeidade. E logo revelou que costumava dormir na casa do pastor, lembra Júlia. Os dois sozinhos, já que a mulher do líder religioso dormia no quarto ao lado.

"Aquilo mexeu muito comigo porque era a mesma religião que a minha. Comecei a entrarpixbet blazeparafuso. Eu desconfiava desde o começo, mas gradativamente ela começou a me contar que ele a levava para passear, como um casal", contou Júlia.

O homem, enquanto isso, continuava insistindo para que a professora fizesse relatórios sobre o comportamento da estudante.

Garota sentada ao ladopixbet blazeparede

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Abuso infantil atinge milharespixbet blazecrianças por ano no Brasil

"Ele queria saber cada passo dela, como um gavião. É diferentepixbet blazeum pai ou responsável preocupado. Por que uma menina que tem pai e mãe precisapixbet blazeum homem para levá-la para cortar o cabelo, levar para viajar?", questiona.

Júlia disse à BBC que então avisou o diretor da escola e eles descobriram que o documentopixbet blazetutela que o pastor tinha entregado na escola era falso.

Certo dia, conta a intérprete, o pastor levou a mulher dele à escola. A esposa parecia uma pessoa abatida, que olhava sempre para o chão, era inexpressiva e tinha uma postura corporal submissa ao marido.

A menina começou a confiar cada vez mais na intérprete e a lhe contar detalhes da rotina com o pastor.

"Ela queria me dizer algopixbet blazeforma indireta, mas sem dizer claramente: 'Eu transo com ele'. A intenção era pedir socorro, mas por outro lado deixava claro que gostava do conforto proporcionado por aquela situação. Ela ganhava roupas e dinheiro, e isso fazia diferença na vida dela porque tinha irmãos e era pobre. Isso criava um conflito na mente dela", relata.

A intérprete disse que a garota era levadapixbet blazecarro todos os dias pelo pastor. Ao ser questionada sobre a mulher dele, a garota respondia que ela praticamente não existia para o marido e que a via chorar frequentemente.

A gota d'água para Júlia foi quando a aluna revelou que, alémpixbet blazeacompanhar a garota à consulta médica como se eles formassem um casal, o homem ainda orientava a adolescente sobre como ela poderia se prevenirpixbet blazeuma gravidez indesejada e manter cuidados íntimos. No mesmo dia, Júlia acionou o Conselho Tutelar.

A mãe da garota foi chamada e, segundo a intérprete, ficou indignada com a denúncia e tentou agredi-la. "Disse que eu estava inventando. A menina também negou tudo para a delegada, que percebeu e pediu examespixbet blazecorpopixbet blazedelito que comprovaram o abuso."

Xingada e culpada

"Ela (a mãe) me xingou, gritou e disse para não acreditarempixbet blazemim porque o pastor só queria ajudar a família. Fomos para a delegacia fazer o examepixbet blazecorpopixbet blazedelito no mesmo dia e foi constatado que a menina tinha sido estuprada", afirmou a professora.

Fotopixbet blazegarotapixbet blazesegundo plano

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em depoimento a uma delegada, a garota negou tudo o que tinha contado à professora, inclusive que o homem a tinha levado ao médico

Em depoimento a uma delegada, a garota negou tudo o que tinha contado à professora.

A intérprete se afastou da escola por alguns dias. Quando voltou, soube que o caso estava sendo investigado e que a família se mudaria.

Um problema frequente

Desde então, Júlia diz que não tem notícias do caso.

Procurada pela BBC News Brasil, a Secretaria da Segurança Públicapixbet blazeSão Paulo informoupixbet blazenota que o caso foi investigado por uma delegacia da mulher e depois foi encaminhado à Vara da Infância junto com os laudos periciais.

"Posteriormente, o processo administrativo e a Ação Judicial Civil foram arquivados pelo Judiciário", encerra a nota enviada pela assessoriapixbet blazeimprensa do órgão.

A intérprete, porém, disse que esse não foi o primeiro casopixbet blazeabuso que ela descobriu.

"Em 2002, uma menina me contou que dormia com papai e a mamãe dela e que ele fazia 'carinho' nela. Depois, ela me perguntou se é normal sentir dor quando faz xixi. Eu disse que não. Ela foi levada para o Conselho Tutelar e exames apontaram que ela estava com HPV, contraído do próprio pai", afirmou.

A presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer, diz que o papel da escola é muito importante para identificar casospixbet blazeabuso.

"Quando você tem a informaçãopixbet blazeque maispixbet blaze70% dos casos acontecem dentro da própria residência, o papel da escola é muito importante. Se você está nesse ambientepixbet blazesegurança comprometido, qual outro lugar a criança pode buscar ajuda?", questiona.

Sem esse contato com a escola, durante a pandemia, Luciana Temer acredita que a situação tenha piorado.

Toda a carga emocional absorvida pela intérprete também teve um preço. Durante esses anos após o abuso da aluna, a professora fez tratamento psicológico e recebeu apoio dos amigos. E, ao se lembrar do caso do pastor abusador, disse ter a sensaçãopixbet blazemissão cumprida. "Penso que ele não vai fazer mal pelo menos para essa família."

Ela conta, porém, ter se afastado do caso.

"Com a terapia, eu entendi que estou nesse ambiente, mas não sou dele. Eu só sou um canal e entendo minha funçãopixbet blazefazer parte dessa intermediação entre o aluno e os órgãos responsáveis. Não me aproprio mais daquilo. Quando fiz isso, eu adquiri uma úlcera e pensei que fosse morrer. Não que isso não me machuque ou afete, mas eu tento passar uma régua", conta a intérprete.

A BBC News Brasil entroupixbet blazecontato com a Secretaria Municipalpixbet blazeDireitos Humanos, responsável pelos conselhos tutelares, mas a pasta disse que cada conselho é independente e que não obteve mais detalhes sobre o caso.

Melhor amigo

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, entre professores, acadêmicos e conselheiros tutelares disseram que o professor é a pessoapixbet blazemaior confiança da criança e do adolescente para denunciar casospixbet blazeabuso e exploração.

O Instituto Liberta lançou há três anos um desafio para que os profissionais da educação estadualpixbet blazeSão Paulo fizessem projetos que denunciassem a violência sexual. Os vencedores tiveram a oportunidadepixbet blazeapresentá-lo na Universidadepixbet blazeColumbia, nos Estados Unidos, parceira do Instituto, e conhecer experiênciaspixbet blazeoutras escolas.

Menina sentada no cantopixbet blazesala com urso nos bracos

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Na plataforma desenvolvida pelas professoras, o estudante escolhe um docentepixbet blazequem ele confia e se identifica para conversar reservadamente duas vezes por semana

Um dos projetos vencedores do concurso Instituto Liberta foi uma plataformapixbet blazebate-papo desenvolvida pelas professoras Bruna Danielle Guimarães Zafani e Lívia Aparecida Alves, ambaspixbet blaze32 anos. Elas dão aulas para alunos do ensino médiopixbet blazeRibeirão Preto, no interior paulista.

Na plataforma, o estudante escolhe um docentepixbet blazequem ele confia para conversar reservadamente duas vezes por semana. A intenção é falar não apenas da vida acadêmica, do ambiente escolar, mas também revelar situações que os incomodam fora da escola.

Seis meses após as rodaspixbet blazeconversa promovidas pelo grupo do Estadopixbet blazeSão Paulo, houve um aumentopixbet blaze300% no registro pelo sistemapixbet blazeensinopixbet blazeocorrênciaspixbet blazeviolência sexual.

"Eles fazem relatos pessoais. Falam sobre o relacionamento com os pais e até violação sexual. Em um ano, recebemos relatospixbet blazeabusos cometidos por padrasto, amigo do pai, tio e cunhado", conta Bruna.

Elas dizem que a intenção é dar o exemplo para que outras escolas criem canaispixbet blazecomunicação entre professores e alunos. Para isso, Bruna e Lívia criaram o canal "Anjos do Sol" no YouTube para orientar outros professores.

O próximo passo é criar um aplicativo para denúncia rápida e sigilosa. A intenção é fazer uma interface amigável, com desenhos e informações para a vítima. Haverá a opção para o aluno mandar uma mensagem pelo WhatsApp e até Instagram.

"Durante a visita aos EUA, encontramos várias ONGs que combatem o abuso e violência infantil. O principal ponto é seguir a Lei da Escuta Ativa, que é fazer a criança ou adolescente relatar apenas uma vez o que ocorreu para evitar revitimização", afirmou Lívia Alves.

A diretora do Instituto Liberta, Cristina Cordeiro, disse que contar diversas vezes um casopixbet blazeabuso pode causar traumas.

"Há casospixbet blazeque as crianças contam a situação diversas vezes: para a professora, depois a um médico, delegada, e isso gera um grande desgaste emocional, que pode se tornar permanente. Para piorar, muitas vezes a família não enxerga o abuso e imagina que é algo bom para a filhapixbet blaze13 anos ter um relacionamento com um fazendeiro rico", afirma Cordeiro.

O instituto criou uma cartilha para orientar os profissionaispixbet blazeeducação sobre como tratar sobre o tema da exploração sexual na escola. O documento ensina como conversar com as vítimas e ainda quais condutas tomar a partir do momentopixbet blazeque recebem a denúncia.

A professora Bruna Zafani diz que elas atenderam casospixbet blazeque não apenas a família apoiava, maspixbet blazeque a vítima também se apaixonou pelo abusador.

"Ela não entendia que era um abuso. Aprendeu que aquilo era uma relaçãopixbet blazecarinho normal e inclusive ganhava presentes. Informar é o primeiro passo. As vítimas muitas vezes não sabem o que é um abuso, que estão sendo sexualmente exploradas", afirma.

Ambiente seguro

Luciana Temer conta que,pixbet blazeuma parceria com a Prefeiturapixbet blazeSão Paulo, o Instituto Liberta criou nos últimos meses um site interativo com uma inteligência artificial para identificar quando o aluno da rede pública está deprimido. Ao chegar num nívelpixbet blazetristeza estabelecido, ele pergunta se o adolescente gostariapixbet blazeconversar com um professor e aciona um plantonista.

"Identificamos 51 casospixbet blazeviolência sexual e 200 casospixbet blazeoutros tipospixbet blazeviolência nesse período. Isso demonstra a importância óbviapixbet blazea escola ser um espaço onde a criança possa pedir socorro. Sem escola, criamos uma solução virtual e a gente gostaria que isso pudesse ser expandido", afirmou.

Luciana Temer afirma que,pixbet blazevezpixbet blazecontar aos plantonistas, muitos alunos preferiam falar com seu próprio professor quando havia uma relaçãopixbet blazeconfiança.

"A escola precisa estar aberta para ouvir esses alunos. O mais importante é que a escola fale sobre violência sexual e sexualidade com crianças e adolescentes. No Reino Unido, isso é uma política pública e evita casos. Quando fala sobre o corpo do aluno e ele percebe alguma violação nesse sentido, ele fala 'não'. E nesse o adulto recua. Porque muitas vezes o adulto se usa da ignorância da criança para atacá-la. Quando ela sabe que aquilo não é um carinho e incomoda, ela resiste".

*O nome da intérprete foi alterado para preservarpixbet blazeidentidade

Línea

pixbet blaze Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube pixbet blaze ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimospixbet blazeautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticapixbet blazeusopixbet blazecookies e os termospixbet blazeprivacidade do Google YouTube antespixbet blazeconcordar. Para acessar o conteúdo cliquepixbet blaze"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdopixbet blazeterceiros pode conter publicidade

Finalpixbet blazeYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimospixbet blazeautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticapixbet blazeusopixbet blazecookies e os termospixbet blazeprivacidade do Google YouTube antespixbet blazeconcordar. Para acessar o conteúdo cliquepixbet blaze"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdopixbet blazeterceiros pode conter publicidade

Finalpixbet blazeYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimospixbet blazeautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticapixbet blazeusopixbet blazecookies e os termospixbet blazeprivacidade do Google YouTube antespixbet blazeconcordar. Para acessar o conteúdo cliquepixbet blaze"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdopixbet blazeterceiros pode conter publicidade

Finalpixbet blazeYouTube post, 3