O que os 'barracos' do Leblon e do Gero podem nos dizer sobre o Brasil:betesportivo

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontaram atitudes "patriarcais" e "classistas" do que descreveram como sendo características típicas da sociedade brasileira.

'Controlebetesportivocorpos'

Comentando sobre o caso do Leblon, a escritora, jornalista e cientista política Débora Thomé, criadora do blocobetesportivoCarnaval "Mulheres Rodadas", diz que o episódio reflete um "paradoxo".

"Acho que meu maior ponto sobre o episódio do Leblon diz respeito ao paradoxo brasileirobetesportivouma sociedade que parece ao mundo liberada sexualmente, mas que ainda se vê regida pelo ciúme e, como eu gostobetesportivofalar, controlebetesportivocorpos", diz ela.

"Somos ainda regidas por isso dentro do sistema patriarcal. Ou seja, menos me interessa a mulher estar nua oubetesportivobiquíni ou o que for, mas o fatobetesportivoa outra, por ela passar assim na frente do companheiro dela, sentir-se no direitobetesportivoviolentá-la", acrescenta.

"Ou seja, trata-sebetesportivouma discussão sobre feminismo", conclui.

'Delegadosbetesportivoestimação?'

Renato Janine Ribeiro, professorbetesportivoÉtica e Filosofia Política na USP e ex-ministro da Educação, assinala que o episódio no restaurante Gero,betesportivoSão Paulo, reflete um Brasil "desigual".

"Parte-se do princípiobetesportivoque eu sou superior, não existe igualdade, que não faz sentido a igualdade, e eu posso dizer o que quero, quando quero e como quero", diz ele.

"No fundo, ecoa o legado da escravidão,betesportivouma sociedade baseada exploração do outro", acrescenta.

Janine Ribeiro lembra outros episódios recentes semelhantes, como o casobetesportivouma mulher que, logo após seu marido ser abordado por um fiscal da Prefeitura do RiobetesportivoJaneiro sobre o usobetesportivomáscaras, sentencia: "Cidadão, não? Engenheiro civil, melhor do que você".

"Episódios como esses mostram que uma parcela da sociedade brasileira acha que tomar uma atitude assim é inteiramente normal. E fica chocada quando exposta", opina.

"Essas pessoas acham que podem fazer isso porque sempre fizeram. O fatobetesportivoo presidente da República ter atitudes semelhantes acaba dando autorização a esse tipobetesportivocoisa", acrescenta.

Ele vê como positiva, no entanto, a repercussão desses episódios.

“Uma coisa é positiva. Quando esses vídeos são divulgados, a repercussão sobre eles é negativa. A sociedade brasileira está começando a ficar indignada com certos costumes prepotentes. Tanto é que, não raro, essas pessoas se retiram das redes sociais ou fazem um pedido públicobetesportivodesculpas”, diz.

Janine Ribeiro ressalva que, apesarbetesportivo"ajudar a melhorar a sociedade", a reação a eventos como esse é "limitada".

"Existe toda uma parcela dessa sociedade que fica indignada com esse tipobetesportivoatitude, mas não se revolta contra a miséria, contra a desigualdade social, que é o cerne do problema. Ou seja, é progressistabetesportivomatéria comportamental e conservadorabetesportivomatéria econômica, social", argumenta.

"Ou seja, essa crítica tem alcance limitado. Pois essa noçãobetesportivosuperioridade está atrelada à desigualdade social, ou seja, ao pensamentobetesportivoque 'não somos iguais, somos superiores'", conclui.

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