A polêmica sobre o tratamento precoce para a covid-19, criticado por entidades médicas:ganha aposta ganha

  • Vinícius Lemos
  • Da BBC News Brasilganha aposta ganhaSão Paulo
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Nas últimas semanas, ivermectina se tornou uma das medicações mais citadas por aqueles que defendem tratamento precoce ou profilaxia contra a covid-19

ganha aposta ganha Um assunto tem ganhado cada vez mais espaçoganha aposta ganhadiscussões sobre o combate ao novo coronavírus: o tratamento precoce à covid-19. Aqueles que defendem essa medida afirmam que se trata da única formaganha aposta ganhadiminuir, neste momento, os óbitos pela doença no país. No entanto, muitos especialistas e entidades médicas criticam duramente essas publicações sobre tratamentos precoces, e ressaltam que não há comprovações científicas da eficáciaganha aposta ganhamedicamentos contra a covid-19.

Os principais medicamentos citadosganha aposta ganhadiscussões sobre tratamento precoce contra a covid-19 são cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina.

O Ministério da Saúde, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, recomenda o tratamento precoce contra a covid-19. Um protocolo da pasta defende o usoganha aposta ganhacloroquina ou hidroxicloroquina para todos os casos, dos mais leves aos mais graves, mesmo sem comprovação científica. Semanas atrás, Bolsonaro também se mostrou favorável ao uso da ivermectinaganha aposta ganhatratamento precoce contra o novo coronavírus.

Nas redes, inúmeras publicações defendem o uso desses remédios logo nos primeiros sintomas da doença. Há ainda conteúdos que aconselham que essas medicações sejam usadasganha aposta ganhamodo profilático, para evitar que o paciente seja infectado pelo Sars-Cov-2, nome oficial do novo coronavírus.

Os inúmeros compartilhamentosganha aposta ganhainformações sobre esses tratamentos precoces contra a covid-19 são vistos com preocupação por sociedades brasileirasganha aposta ganhasaúde, como aganha aposta ganhabioética, aganha aposta ganhacardiologia, aganha aposta ganhaimunologia e aganha aposta ganhaMedicina da família.

Em 30ganha aposta ganhajunho, a da Sociedade Brasileiraganha aposta ganhaInfectologia (SBI) divulgou uma nota para alertar sobre os riscosganha aposta ganhatratamentos precoces. "Nos últimos dias, muito tem se divulgado nas redes sociais a respeito do usoganha aposta ganhamedicamentos para a covid-19. Várias destas divulgações que circulam nas mídias sociais são inadequadas, sem evidência científica e desinformam o público", diz o comunicado.

A SBI, assim como as outras sociedades brasileiras da área da saúde, defende que os tratamentos contra a covid-19 sejam decididos pelos médicosganha aposta ganhaforma individual, conforme a necessidadeganha aposta ganhacada paciente. A entidade considera que a publicidadeganha aposta ganharemédios como cloroquina ou ivermectina nas redes sociais, feita por diversos médicos ou pessoas que não são da área da saúde, é extremamente prejudicial.

A Sociedade Brasileiraganha aposta ganhaPneumologia e Tisiologia (SBPT) também emitiu nota contra essas publicações. "Redes sociais não são textos médicos e, com frequência, transmitem informações infundadas, impulsionadas por interesses obscuros", destaca comunicado da SBPT, divulgadoganha aposta ganha29ganha aposta ganhajunho.

Entidades, como a Organização Mundialganha aposta ganhaSaúde (OMS), esclarecem que não existem opções para tratamentos profiláticos, ou seja, medicamentos que usados precocemente impeçam o desenvolvimentoganha aposta ganhaformas graves da covid-19. Por ora, não há comprovação científicaganha aposta ganhaque uma medicação possa prevenir a doença ou evitar, se usada no início dos sintomas, que o quadroganha aposta ganhaum paciente infectado se agrave.

'Tratamento individualizado'

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Mesmo sem comprovação científicaganha aposta ganhasua eficácia no combate ao novo coronavírus, diversos médicos afirmam que tratamento precoce com determinados remédios podem ajudar pacientes

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Por não haver nenhum remédio comprovadamente eficaz contra a covid-19 até o momento, a principal orientação das sociedades brasileiras da área da saúde é que o médico decida individualmente o tratamento que adotará, sempre citando os benefícios e riscos para o paciente. As medidas terapêuticas devem ser definidas conforme as necessidades e respostasganha aposta ganhacada caso.

O Códigoganha aposta ganhaÉtica Médica proíbe a divulgação fora do meio científicoganha aposta ganhatratamentos ou descobertas que não sejam reconhecidas cientificamente por órgão competente. Desta forma, a SBI pontua que médicos que fazem publicidadeganha aposta ganhatratamentos contra a covid-19 podem estar infringindo as normas da profissão.

"Vivemos uma séria criseganha aposta ganhasaúde pública. Não podemos colocarganha aposta ganharisco a saúde da população brasileira com orientações sem evidência científica", diz nota assinada pelo presidente da SBI, o infectologista Clóvis Arns da Cunha,ganha aposta ganhaparceria com outros membros da entidade.

Especialistas consideram que a propagação desse tipoganha aposta ganhainformação pode culminarganha aposta ganhaautomedicação, induzir alguns médicos a receitarem determinado medicamento mesmo sem a comprovação científica e trazer a falsa sensaçãoganha aposta ganhasegurança àqueles que adotam determinadas medicaçõesganha aposta ganhamodo profilático.

Os especialistas contrários ao tratamento considerado preventivo destacam que ainda não é possível atestar que qualquer medicação é eficaz contra a doença porque não houve tempo hábil para os testes necessários, que precisam ser feitosganha aposta ganhalaboratório eganha aposta ganhahumanos. Eles apontam ainda que muitas pessoas podem alegar que se recuperaram do coronavírus com determinada medicação, porém ressaltam que a taxaganha aposta ganhaletalidade da doença mostra que a imensa maioria dos infectados vai sobreviver ao Sars-Cov-2.No Brasil, que já registrou 1,6 milhãoganha aposta ganhacasos e maisganha aposta ganha65 mil mortes por covid-19, a taxaganha aposta ganhaletalidade da doença é de, aproximadamente, 4%, segundo dados do Ministério da Saúde.

Já os profissionaisganha aposta ganhasaúde que defendem o tratamento preventivo, com medicações como a hidroxicloroquina ou ivermectina, afirmam que têm tido bons resultados nos hospitaisganha aposta ganhaque trabalham ao adotar tal medida. Eles afirmam que têm evitado que muitos casos leves se agravem por meioganha aposta ganhamedicações como a cloroquina e hidroxicloroquina.

Muitos desses profissionais acreditam que é questãoganha aposta ganhatempo para que haja evidência científica sobre medicamentos como ivermectina e cloroquina no combate à covid-19. Eles costumam dizer que não é possível esperar que esses estudos fiquem prontos para que os medicamentos comecem a ser usados, pois argumentam que se trataganha aposta ganhauma questão urgente.

Enquanto diversos profissionaisganha aposta ganhasaúde usam as redes sociais para defender o tratamento precoce ou profilático, o Conselho Federalganha aposta ganhaMedicina (CFM) informa que não é recomendável que um médico ou qualquer outra pessoa distribua informações sem que as fontes sejam confiáveis. A entidade afirma que se alguém considerar que um médico cometeu algum ato irregular, deve denunciar ao Conselho Regionalganha aposta ganhaMedicina (CRM) do Estadoganha aposta ganhaque o profissional atua, para que a situação seja apurada.

O CFM, porém, não informa se há alguma apuração do conselho sobre o tema desde o início da pandemia.

Diante da polêmica sobre os medicamentos associados ao tratamento precoce contra a covid-19, surge o questionamento: afinal, o que a ciência diz até o momento sobre os remédios mais citados nas discussões sobre o assunto?

Cloroquina e hidroxicloroquina

Paciente com covid-19 internadoganha aposta ganhaUTI

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Casosganha aposta ganhacovid-19 crescem exponencialmente no Brasil, mas ainda não há uma medicação comprovada cientificamente contra o novo coronavírus

Primeiros medicamentos defendidos no Brasil para o tratamento contra o novo coronavírus, a cloroquina e a hidroxicloroquina são polêmicas por não terem, até agora, comprovadaganha aposta ganhaeficácia por estudos científicos.

Entidades como a OMS, a FDA (equivalente americana à Anvisa), a Sociedade Americanaganha aposta ganhaInfectologia (IDSA) e o Instituto Nacionalganha aposta ganhaSaúde Norte-Americano (NIH) recomendaram,ganha aposta ganhameadosganha aposta ganhajunho, que os profissionaisganha aposta ganhasaúde não usem cloroquina ou hidroxicloroquinaganha aposta ganhapacientes com a covid-19, excetoganha aposta ganhapesquisas clínicas.

Anteriormente, a FDA havia autorizado o uso da cloroquina e derivados nos Estados Unidos para tratar a covid-19ganha aposta ganhacaráter emergencial, tendo como base estudos preliminares, sem passar por todos os testes necessários. No entanto, desde a aprovação emergencial, o avanço das pesquisas trouxe evidências sólidasganha aposta ganhaque o remédio não melhora os quadrosganha aposta ganhapessoasganha aposta ganhaestado grave. Diversos efeitos colaterais, como problemas cardíacos, foram relatados.

De acordo com a SBI, o relatório preliminarganha aposta ganhaum grande estudo coordenado pela Universidadeganha aposta ganhaOxford, na Inglaterra, apontou que a hidroxicloroquina não trouxe benefícios para pacientes hospitalizados.

O uso da cloroquina e hidroxicloquinaganha aposta ganhacasosganha aposta ganhacovid-19 leves ou moderados estáganha aposta ganhaestudo e ainda não há resultados, segundo a SBI.

Estudos observacionais apontaram que a associaçãoganha aposta ganhahidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina não trouxe benefícios clínicos. Os medicamentos, segundo os estudos, trazem riscos ao coração e podem levar pacientes com problemas cardíacos à morte, já que a própria covid-19 pode causar danos ao órgão.

Apesar dos estudos sobre o tema, o Ministério da Saúde, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, contraria entidadesganha aposta ganhasaúde e recomenda o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no combate à covid-19ganha aposta ganhacasos leves ou graves quando médicos e paciente concordam com o tratamento.

Antes do Ministério da Saúde, o CFM já havia liberado o uso da cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19ganha aposta ganhacasos leves, a despeito dos estudos sobre o tema. Segundo a entidade, o médico deve informar ao paciente que não há comprovação científicaganha aposta ganharelação ao tratamento.

Ivermectina

Estudos in vitro (em laboratório) apontaram que os antiparasitários ivermectina e nitazoxanida (comercializada como o vermífugo Annita) podem ter atividade contra o Sars-Cov-2. No entanto, ainda não há comprovação da eficácia desses medicamentosganha aposta ganhaseres humanos.

"Muitos dos medicamentos que demonstraram ação antiviral in vitro não tiveram o mesmo benefício in vivo (em seres humanos). Só estudos clínicos permitirão definir seu benefício e segurança na covid-19", alerta a SBI.

Os estudos com esses antiparasitários ainda precisam passar por diversas etapas, com diferentes níveisganha aposta ganhacomplexidade. Há diversas questões a serem levantadas, principalmente os efeitos após o uso da medicaçãoganha aposta ganhahumanos.

A SBPT ressalta que, apesar dos estudos sobre o tema, até o momento, não há evidências científicasganha aposta ganhaque a ivermectina e a nitazoxanida, assim como qualquer outra medicação, possam melhorar a evolução clínicaganha aposta ganhauma pessoa com a covid-19 ou impedir que alguém seja infectado pelo novo coronavírus.

Ilustração do coronavírus

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Em todo o mundo, diversos estudos tentam descobrir uma droga eficaz contra o novo coronavírus

Desde que os bons resultados das pesquisas in vitro com os vermífugos ivermectina e nitazoxanida passaram a ser divulgados, teve início uma corrida às farmácias para adquirir as medicações. O principal temorganha aposta ganhaentidades médicas são os riscos da automedicação.

Com a proibição da comercialização da cloroquina sem receita, muitas pessoas passaram a recorrer à ivermectina contra a covid-19. Nas redes, há diversos relatosganha aposta ganhapessoas que usam o medicamento por conta própria como profilaxia contra o novo coronavírus. Diversos médicos desaconselham o consumo, pois alertam que não há respaldo científico e pontuam que a automedicação pode causar complicaçõesganha aposta ganhasaúde.

Azitromicina

Os estudos sobre a azitromicina apontaram que seu uso indiscriminado e inadequado favorece a resistência bacteriana. Além disso, a SBI ressalta que o potencial benefício clínico do efeito antiinflamatório ou imunomodulador do antibióticoganha aposta ganhapacientes com a covid-19 ainda não foi comprovado cientificamente.

Ainda que não haja comprovação científica, o Ministério da Saúde recomenda o uso da azitromicinaganha aposta ganhatratamento precoceganha aposta ganhapacientes adultos diagnosticados com a covid-19 nos primeiros cinco dias após aparecerem os sintomas, junto com a cloroquina ou o sulfatoganha aposta ganhahidroxicloroquina.

Vitaminas e suplementos alimentares

Entre os boatos e correntes nas redes sociais sobre a covid-19, muitos dizem que vitaminas podem ajudar a prevenir a doença. A vitamina D é uma das mais citadas, pois as publicações afirmam que ela fortalece o sistema imunológico (responsável pela defesa do corpo).

De acordo com a SBI, não há comprovaçõesganha aposta ganhabenefícios do usoganha aposta ganhavitaminas C ou D, nemganha aposta ganhasuplementos alimentares, como o zinco,ganha aposta ganhacasosganha aposta ganhacovid-19, "excetoganha aposta ganhapacientes que apresentam hipovitaminose ou carência mineral."

A SBPT também ressalta que não existem evidências científicasganha aposta ganhaque vitaminas C ou D e suplementos alimentares contendo zinco ou outros nutrientes possam evitar a instalação da doença.

Anticoagulação

De acordo com a SBI e a SBPT, não há qualquer evidênciaganha aposta ganhabenefícios do usoganha aposta ganhaanticoagulação para pacientes com formas menos graves da doença.

Corticoides

Conforme a SBI, um relatório preliminarganha aposta ganhaum grande estudo coordenado pela Universidadeganha aposta ganhaOxford, na Inglaterra, apontou que o corticoide dexametasona, na doseganha aposta ganha6 mg por 10 dias, aumenta a sobrevidaganha aposta ganhapacientes com a covid-19ganha aposta ganhaestado grave, que necessitamganha aposta ganhaoxigênio suplementar ou ventilação mecânica.

Os estudos apontaram que o corticoide é eficaz para a covid-19 apenas nos casos graves.

Não há evidências científicas que apontam que o corticoide possa ser usado por pacientesganha aposta ganhaquadros leves da covid-19 ou para evitar que uma pessoa seja infectada pelo novo coronavírus.

Medidas para combater a covid-19

As entidades que representam os médicos ressaltam que diante do Sars-Cov-2, um vírus até então desconhecido, é natural que as orientações mudem ao longo do tempo. "A medicina e a ciência são processos dinâmicos e, a qualquer momento, poderão surgir novidades concretas", pontua a nota da SBPT.

Enquanto não há uma vacina ou um remédio comprovadamente eficaz contra o novo coronavírus, as entidadesganha aposta ganhasaúde apontam que a melhor formaganha aposta ganhacombater a pandemia é adotar medidas como a higienização frequente das mãos, o isolamento social e o usoganha aposta ganhamáscaras.

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