O professor que usa robótica para incluir crianças com autismoesportes da sorte palpitesescola na periferiaesportes da sorte palpitesSP:esportes da sorte palpites

"O projeto do professor Edson mostra que eles têm capacidade. Se ensinar, ela aprende", diz a mãe, emocionada. "Mas o que motiva ela é essa sala aqui. Nossa, ela aprendeu muita coisa. A coordenação dela melhorou demais, a interação, aprendeu a se comunicar mais", diz a mãe.

A realidade é diferente quando Julia está na salaesportes da sorte palpitesrecursos, espaço dedicado a crianças com necessidades especiais, que ela frequenta duas vezes por semana,esportes da sorte palpiteshorárioesportes da sorte palpitescontraturno.

A sala, comandada pelo professoresportes da sorte palpitesmatemática Edson Luiz Plateiro, 53 anos, é equipada com equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para alunos com deficiência, transtornos do desenvolvimento ou superdotação matriculados no ensino regular da rede pública municipal.

"As atividades na salaesportes da sorte palpitesrecursos são pensadas para atender a deficiência específicaesportes da sorte palpitescada pessoa. Normalmente trabalhamos com jogos, quebra-cabeça, oficinasesportes da sorte palpitesslime", exemplifica o professor.

Andando pela sala enquanto fala, Edson desviaesportes da sorte palpitesum robôesportes da sorte palpitescercaesportes da sorte palpites30 cmesportes da sorte palpitesaltura, que desliza pelo chão e mexe os bracinhos comandado pelo controle remotoesportes da sorte palpitesGuilherme, 11 anos. "Deixem o Wall-e passar", pede o aluno, animado.

"Ficou bonitinho com as florzinhas, não ficou? Pesquisa lá o filme pra você assistir", sugere à reportagem o aluno, que tem autismo e cursa o quinto ano do ensino fundamental, para explicar quem é o Wall-e, robô que ele escolheu fazer.

Montado a partiresportes da sorte palpitesum carrinho quebradoesportes da sorte palpitescontrole remoto e um tutorial na internet que ele mesmo pesquisou, o robô remete ao personagem homônimo da animação da Disney e da Pixar, que viveesportes da sorte palpitesum futuroesportes da sorte palpitesque o planeta está desabitado e tornou-se um grande depósitoesportes da sorte palpiteslixo.

O personagem principal do filme, Wall-e (Waste Allocation Load Lifters - Earth, ou Levantadoresportes da sorte palpitesCarga para Alocaçãoesportes da sorte palpitesLixo - Classe 'Terra',esportes da sorte palpitestradução livre), trabalha duro para organizar todo esse entulho.

O boneco, na versão montada por Gui, tem um coraçãoesportes da sorte palpitespapelão pintadoesportes da sorte palpitesvermelho que se ilumina, alémesportes da sorte palpitescarregar nas mãos dois arranjosesportes da sorte palpitesfloresesportes da sorte palpitesplástico rosa, emprestadas da sala da diretora da escola. As funções e movimentos do robô são definidas por linguagemesportes da sorte palpitesprogramação C++,esportes da sorte palpitesuso geral.

"Quer saber o porquê? Por que no filme o Wall-e acha muitas flores que viviam no planeta e estavam podres. Daí ele não queria que essa flor morresse, então ele fica carregando."

Robótica e programação acessíveis

"Foi o Gui teve a ideia, ele pegou o tutorial na internet. Ajudei com os objetos cortantes, ele não sabia usar régua, tive que ensinar", comemora o orgulhoso professor Edson. "Ele fica super motivado."

Edson dá aulasesportes da sorte palpitesmatemática na rede públicaesportes da sorte palpitesensino há maisesportes da sorte palpites15 anos, mas diz que foi quando assumiu a gestão da salaesportes da sorte palpitesrecursos, há três, que encontrouesportes da sorte palpitesrealização profissional.

O interesseesportes da sorte palpitesEdson pela robótica surgiuesportes da sorte palpites2017, quando ele descobriu queesportes da sorte palpitesescola receberia da Secretaria Municipalesportes da sorte palpitesEducação um kitesportes da sorte palpitesiniciação para aulasesportes da sorte palpitesprogramação, o Arduíno, dispositivo mais acessível para estudantes por ser barato, funcional e fácilesportes da sorte palpitesprogramar.

Logo a professora da salaesportes da sorte palpitesinformática sugeriu um projeto conjunto dos alunos do professor Edson com os estudantesesportes da sorte palpitesoutras salas.

"Eu me interessava por programação, mas não sabia. Comecei a fuçar, estudar o kit, e descobri que ele era usado como ferramenta para tratar o autismo e quis me aprofundar no assunto, fazendo uma extensão universitária na Universidade Federal do ABC. Lá, tive contato com um software para estudar algoritmoesportes da sorte palpitesprogramação (Robomind) e estudamos formasesportes da sorte palpitesusar a robótica no contexto educacional", diz o professor.

Graças aos projetosesportes da sorte palpitesrobótica e programação, o professor Edison se viu motivado a expandir as barreiras da salaesportes da sorte palpitesrecursos. Quando a escola recebeu o kit, assumiu também o compromissoesportes da sorte palpitesparticipar do JAMesportes da sorte palpitesrobótica, encontro que reuniu cercaesportes da sorte palpites1 mil alunosesportes da sorte palpitesdiversas escolas para estudar os manuais, reproduzir as experiências e pensar protótipos.

"O momento mais interessante do projeto foi um dia que estávamos todos na salaesportes da sorte palpitesrecursos, os alunos que têm deficiência e os que não têm deficiência, explorando os kits. Aí chegou uma pessoa pra mim e perguntou, na sala: 'eu não sabia que você atendia tantos alunos na salaesportes da sorte palpitesrecursos'. Eu falei 'não, meus aqui só tem três'. E ele disse: 'mas quem são?' E eu falei: 'procura!'", lembra Edson, rindo.

"Estavam todos no mesmo processoesportes da sorte palpitesconstrução e conhecimento, cada um no seu projeto. E quem olhava via cada aluno fazendo seu percursoesportes da sorte palpitesaprendizagem, mas todos juntos."

Evolução e motivação

Outro ponto positivo é que, como os próprios alunos sugerem os projetosesportes da sorte palpitesque desejam trabalhar, a motivação no trabalhoesportes da sorte palpitessala é evidente.

André, que tem autismo e sonha ser veterinário, quis criar um robô escorpião para alertar as crianças pequenas, que são alvos fáceis e principais vítimas das picadas, sobre os perigosesportes da sorte palpitesinteragir com a espécie.

"Um dia encontramos um panfleto da prefeitura sobre escorpiões. Pensamos que vai voltar o calor, e a cidade estava com esse problemaesportes da sorte palpitesescorpiões. Lendo o panfleto, vimos que as principais vítimas dos escorpiões são as crianças muito pequenas, porque não são atingida pelas campanhas, e não têm noçãoesportes da sorte palpitesperigo desenvolvida. Pensamosesportes da sorte palpitesfazer algo para resolver esse poblema", relembra o professor.

Para fazer o escorpião robô, André e Edson estudaram a anatomia do animal por meioesportes da sorte palpitesum software da prefeitura. "A criança tem que arrastar o nome daquela parte do corpo do escorpião para o lugar certo, é bem acessível", ensina.

Depoisesportes da sorte palpitesampliar uma imagem do bicho na máquinaesportes da sorte palpitesxerox, eles usaram cartolina e cola quente para construir a carapaça gigante, que incluiu até um rabo que se move e simula uma picada.

"Eu o ajudeiesportes da sorte palpitespartesesportes da sorte palpitesrisco, como usar a tesoura. Ele até levou partes para casa, fez as patas, e fomos colando com cola quente", conta o professor.

Carliene Cunha e Silva Ferreira, 44 anos e mãeesportes da sorte palpitesAndré, conta que a experiência levou o filho a superar a timidez. Ele apresentou o trabalho na mostra cultural da escola para todos os alunos, respondendo a perguntas e tirando dúvidas sobre o projeto, como havia ensaiado tambémesportes da sorte palpitescasa com os pais.

"Issoesportes da sorte palpitesele fazer com os demais colegas fez diferença para ele, os professores têm elogiado bastante. Aqui na escola todo mundo conhece ele depois da mostra cultural."

Para o professor Edson, a flexibilidade maior da salaesportes da sorte palpitesrecursos foi um ativo poderoso na tarefaesportes da sorte palpitesincluir os alunos.

Nas salasesportes da sorte palpitesaulas tradicionais, que são realidade para a maioria dos professores, é mais difícil para o professor se adaptar à necessidadeesportes da sorte palpitesmuitos alunos, opina Edson, que vê o riscoesportes da sorte palpitesque muitos alunos percam a conexão com o aprendizado — e não só os que têm necessidades especiais.

"Na salaesportes da sorte palpitesaula tradicional, é mais difícil se desprender do currículo para ter uma visão singular. Eu me realizei como professor porque aqui eu tenho uma estrutura voltada para isso, mas na sala é o grande desafio", diz. "O professor se apega muito que tem que dar determinada matériaesportes da sorte palpitesdeterminado período. Colocar a matéria na lousa e o aluno não entender nada, você só está enganando a si mesmo."

"A proposta é recuperar essa conexão do aluno com a salaesportes da sorte palpitesaula. Se o aluno tem qualquer tipoesportes da sorte palpitesdefasagem, vamos tirar essa defasagem, vamos criar uma comunidadeesportes da sorte palpitesaprendizagem", opina.

Outro diferencial, pondera o professor, foi a formação que ele procurou nos últimos anos, buscando cursos oferecidos na rede pública que o ajudaram a pensar novos caminhos para lidar com desafios antigosesportes da sorte palpitesaprendizagem nas escolas, como a inclusão e retençãoesportes da sorte palpitesalunos.

Nos últimos anos, com o avanço também da legislação, Edson diz que os professores têm se mostrado menos intimidados dianteesportes da sorte palpitesalunos com deficiência ou algum tipoesportes da sorte palpitesnecessidade especial, como ele diz que era comum ocorrer há alguns anos.

"Nas universidades os cursosesportes da sorte palpitesgraduação têm que incluir disciplina inclusiva no seu currículo, e isso está criando uma consciência. Não chega mais ninguém falando aqui na escola falando 'ah, eu não estou preparado, não estudei para dar aula para esses alunos'."

Para professor, qualquer aluno com dificuldadeesportes da sorte palpitesacompanhar a turma precisa estar no radar do professor para não se perder pelo caminho e desistir da escola, como fazem milharesesportes da sorte palpitesjovens todos os anos.

Em 2017,esportes da sorte palpitesrazão da faltaesportes da sorte palpitesengajamento juvenil nas atividades escolares, 1,3 milhão dos jovensesportes da sorte palpites15 a 17 anos não estavam na escola, o que representa uma perda para o Brasilesportes da sorte palpitescercaesportes da sorte palpitesR$ 124 bilhões, segundo estudo do Insper.

"É preciso tirar essa cruz dos ombros, ter o rigor metodológico, mas respeitar a condição da criança. Numa salaesportes da sorte palpitesaula você tem muitas pessoas com características diferentes, e você tem que entender essas diferentes características. O professor não pode deixar ninguém para trás", afirma Edson.

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