É preocupante dependerchance dupla novibetmilitares para manter estabilidade do governo, diz cientista políticochance dupla novibetHarvard:chance dupla novibet

Bolsonaro e o comandante do Exército, Edson Leal Pujol

Crédito, Presidência da República

Legenda da foto, É preocupante que militares sejam vistos como 'fiadores' do governo, diz Yascha Mounk. Na foto, Bolsonaro com o comandante do Exército, Edson Leal Pujol

Aos 36 anos, Mounk é às vezes descrito como um "rockstar" da Ciência Política - além do trabalho acadêmico, costuma colaborar com jornais e revistas e mantém um podcast sobre política.

Mounk está no Brasil esta semana para o lançamento da ediçãochance dupla novibetportuguêschance dupla novibetseu novo livro, intitulado O Povo Contra a Democracia (Companhia das Letras, R$ 79,90). Fez palestras na Universidadechance dupla novibetBrasília (UnB) e na Universidadechance dupla novibetSão Paulo (USP) nos últimos dias. Na sexta-feira, esteve no Riochance dupla novibetJaneiro para um evento na Pontifícia Universidade Católica.

Yascha Mounk

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Yascha Mounk está no Brasil para o lançamentochance dupla novibetseu último livro, 'O Povo Contra a Democracia'

Leia abaixo os principais trechos da entrevistachance dupla novibetMounk à BBC News Brasil:

chance dupla novibet BBC News Brasil - A ciência política acreditava que, acimachance dupla novibetcerto nívelchance dupla novibetrenda, era impossível que um país democrático retrocedesse a uma ditadura. Isto acabou?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Nós herdamos essa sabedoria antiga. (...) Era a ideiachance dupla novibetque,chance dupla novibetcertos países, a democracia estava assegurada.

Uma formulação famosa disso era a tese Francis Fukuyama sobre o "fim da história". Outra menos famosa, mas igualmente importante, era achance dupla novibetum artigo acadêmico escrito nos anos 1990 pelos cientistas políticos Adam Przeworski, um polonês-americano, e por Fernando Limongi, brasileiro. Eles argumentavam que, uma vez que um país tivesse trocadochance dupla novibetgoverno por meiochance dupla novibeteleições livres algumas vezes, e tivesse atingido um PIB per capita maior que US$ 4 mil, você não precisava se preocupar mais.

Bom, agora nós temos uma sériechance dupla novibetcasos que contrariam esta observação.

Eu estava na Hungria há cercachance dupla novibetum mês, e observei a forma como as pessoas nas ruas estavam com medochance dupla novibetfalar sobre política. Reparei na forma como a mídia local tinha sido cooptada para apoiar o governochance dupla novibetViktor Orbán. Entrevistei ativistas que descreveram a forma como Orbán capturou o Estado húngaro, e que tornava difícil para eles continuarem com suas atividades. Então nós estamos vendo que esta antiga verdade não se aplica mais.

chance dupla novibet BBC News Brasil - O Brasil pode estar neste caminho?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Há semelhanças impressionantes entre Bolsonaro e figuras como Viktor Orbán e Recep Erdogan, que basicamente destruíram as democraciaschance dupla novibetseus países.

Assim como eles, Bolsonaro diz que a fontechance dupla novibettodos os problemas é uma elite política corrupta, que se importa mais consigo mesma do quechance dupla novibetresolver os problemas dos "verdadeiros brasileiros". E, assim como estes outros, Bolsonaro expressa alguma admiração por alternativas autocráticas à democracia - no caso brasileiro, pela ditadura militar. Assim como estes outros, Bolsonaro também não reconhece o papel da imprensa livre, da oposição política echance dupla novibetinstituições independentes, como tribunais, como parte legítima do sistema político.

Ele acredita representar "o povo" e, portanto, qualquer pessoa que discorde dele é um traidor, um inimigo do povo. Todas essas coisas me preocupam intensamente.

Francis Fukuyama

Crédito, Stanford / divulgação

Legenda da foto, Francis Fukuyama (foto) sugeriu que a democracia estava consolidada nos países ricos após queda da União Soviética

Também gostariachance dupla novibetenfatizar que, diferentechance dupla novibetErdogan na Turquia e Orbán na Hungria, Bolsonaro não tem controle completo sobre o sistema político. Ele não tem, por exemplo, maioria no Congresso. E isso talvez limitechance dupla novibethabilidadechance dupla novibetenfraquecer o sistema político.

Qual será o resultado dessa correlaçãochance dupla novibetforças, nós ainda não sabemos.

chance dupla novibet BBC News Brasil - Embora o Brasil tenha saídochance dupla novibetuma ditadura militar, no governo atual os militares são vistos como uma espéciechance dupla novibetcontrapeso a uma ala mais ideológica, liderada pelo professor Olavochance dupla novibetCarvalho e por um dos filhos do presidente, Carlos. Os militares mudaram?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Eu não conheço muito bem estes militares que agora fazem parte do governo, para julgar o papel que eles cumpriram no governo até agora.

O que é chocante para mim é o quanto os líderes políticos no Brasil parecem confiar nesses militares como "os únicos adultos da casa". Não consigo dizer se eles são os únicos adultos do governo ou não.

Mas o que eu posso dizer, como cientista político, é que um país no qual muita gente influente acredita que a última esperançachance dupla novibetalguma estabilidade são os militares, este país não está num bom caminho.

Esteja este julgamento correto ou não, só o fatochance dupla novibettermos chegado a esse ponto já é bastante preocupante.

Viktor Orbán

Crédito, EPA

Legenda da foto, Na Hungria, Viktor Orbán (foto) tomou medidas para controlar a imprensa e os tribunais

Um país como o Brasil, que teve uma ditadura militar há relativamente pouco tempo, deveria tentar manter a distinção entre civis e militares a mais clara possível. Muitas pessoas que não são simpatizantes da ditadura militar agora dizem 'bom, talvez nós precisemos dos militares para manter as coisas mais ou menos normais'... Bom, isto é um sinalchance dupla novibetcrise democrática.

chance dupla novibet BBC News Brasil - Há entre algumas pessoas no Brasil uma percepçãochance dupla novibetque a Nova República (1988 - atualmente) gerou corrupção sistêmica no governo. A corrupção não échance dupla novibetsi um risco para a democracia?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Sim. Em primeiro lugar a corrupção é uma injustiça grave, que rouba da maioria das pessoaschance dupla novibetbenefíciochance dupla novibetuns poucos. Então há muitos motivos para ter raiva da corrupção echance dupla novibetseus efeitos no sistema político.

Depois, é claro que a corrupção mina a fé que as pessoas possam ter no sistema democrático. Ela torna muito mais provável que elas queiram destruir o status quo. Echance dupla novibetterceiro lugar, há evidênciaschance dupla novibetque o momentochance dupla novibetque os esquemas corruptos vêm a público podem criar grandes oportunidades para populistas.

Eu compreendo que os magistrados que descobriram esquemas massivoschance dupla novibetcorrupção no Brasil nos últimos anos tenham se inspirado na investigação Mani Pulite (Mãos Limpas), na Itália. E eles estavam certos, pois ambas as investigações tiveram sucesso. Mas na Itália, após a Mani Pulite, (Silvio) Berlusconi chegou ao poder. De início com a promessachance dupla novibetcombater a corrupção, mas, no fim das contas, a aprofundando.

Sérgio Moro

Crédito, Governochance dupla novibetTransição

Legenda da foto, Corrupção é 'injustiça grave', diz Yascha Mounk. Na foto, o ex-juiz Sérgio Moro

Talvez também não seja uma surpresa que no Brasil, depoischance dupla novibettodos esses escândaloschance dupla novibetcorrupção virem à tona, depois dos partidos mais moderados do establishment político serem deslegitimados, que isso tenha permitido a ascensãochance dupla novibetJair Bolsonaro. A julgar pelo desempenho dos demais populistaschance dupla novibetoutros lugares do mundo, ficarei surpreso se ele realmente ajudar a resolver o problema que ele prometeu atacar (da corrupção).

chance dupla novibet BBC News Brasil - Quais seriam os sinaischance dupla novibetalerta para ficar atentochance dupla novibetgovernos populistas,chance dupla novibetque estão começando a desmantelar o sistema?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Quando você olha para países como a Hungria ou como a Venezuela, os líderes populistas concentraram o poderchance dupla novibetsuas mãos atravéschance dupla novibetuma sériechance dupla novibetmedidas legais ou semilegais. E a maioria dessas medidas, quando olhadas isoladamente, poderia ser cabível numa democracia.

É a combinaçãochance dupla novibettodas elas: são regras que garantem que a oposição já não tenha condiçõeschance dupla novibetcompetir efetivamente pelo poder; que a mídia não seja mais livre para se manifestar (que caracterizam o iníciochance dupla novibetum regime autocrático).

Estas são áreas-chave às quais é preciso estar atento.

Ninguém passa uma lei óbvia atribuindo a si mesmo todo o poder. Só um líder populista muito incompetente faria isso.

chance dupla novibet BBC News Brasil - A maioria dos governantes que você menciona sãochance dupla novibetdireita. E populistaschance dupla novibetesquerda?

Recep Erdogan

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Recep Erdogan assumiu como primeiro ministro na Turquiachance dupla novibet2003

chance dupla novibet Yascha Mounk - Quando você olha para a Venezuela, por exemplo, acho que é óbvio que é um país que se tornou uma ditadura violenta, que levou muita gente a passar fome. Tudo como resultado da ascensãochance dupla novibetum populista autoritáriochance dupla novibetesquerda, Hugo Chávez, echance dupla novibetseu sucessor, Nicolás Maduro.

Como cientista político, eu observo este fenômenochance dupla novibetuma forma comparativa. Então, há alguns meses atrás,chance dupla novibetparceria com um colega, Jordan Kyle, eu compilei uma basechance dupla novibetdados com todos os governos populistas desde 1999.

E o que descobrimos,chance dupla novibetprimeiro lugar, é que muitas vezes mais provável que um governo populista cause dano às instituições democráticas que um governo que não seja populista.

Mas,chance dupla novibetsegundo lugar, também concluímos que não há virtualmente nenhuma diferença entre os danos causados por populistaschance dupla novibetesquerda echance dupla novibetdireita. Então existem sim populistaschance dupla novibetesquerda e, como vimos no caso da Venezuela, são muito perigosos.

O que eu chamochance dupla novibetpopulista é alguém que não reconhece o papel da oposição; que trabalha para minar as normas e as leis básicas do sistema democrático.

Há um outro sentido para o termo "populista", que historicamente é bastante forte na América Latina, e que tem suas origenschance dupla novibetalguns movimentos políticos da metade do século 19 nos Estados Unidos. Nesse outro sentido do termo, populistas são apenas políticos que usam uma retórica inflamada contra os ricos, contra as grandes corporações, e não representam necessariamente um risco para a democracia.

Bolsonaro e Netanyahuchance dupla novibetIsrael

Crédito, Presidência da República

Legenda da foto, Benjamin Netanyahu (sentado, à esq.) e Bolsonaro, durante a visita do presidente brasileiro a Israel

chance dupla novibet BBC News Brasil - Alguns destes políticos, como Orbán, não eram populistas a princípio. Isto é algo que já estava presente neles ou é uma jogada oportunista?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Há alguns casoschance dupla novibetque políticos são atraídos para um comportamento mais populista,chance dupla novibetforma oportunista. Talvez o melhor exemplo seja ochance dupla novibetpolíticos que estão sob investigação da Justiça - como (Benjamin) Netanyahuchance dupla novibetIsrael, ou o primeiro ministro da República Tcheca, Andrej Babiš.

É uma forma muito tentadorachance dupla novibetexplicar prováveis casoschance dupla novibetcorrupção.

De forma geral, porém, eu tenho a impressãochance dupla novibetque a maioria das pessoas são os heróis das histórias que criam para si mesmas. E que elas realmente acreditam - e isso é muito interessante - elas realmente acreditam estar dizendo a verdade.

Falandochance dupla novibetfora (do governo), eu acho que Donald Trump age mais no próprio interesse do que do país. Mas duvido que ele vá dormir todos os dias pensando que está prejudicando o povo americano. Acho que ele realmente pensa que seus interesses e os interesses dos Estados Unidos são sinônimos.

Bolsonaro e Trump

Crédito, Presidência da República

Legenda da foto, Ascensãochance dupla novibetlíderes populistas está ligada à estagnação econômica e mudanças culturais, diz cientista político

chance dupla novibet BBC News Brasil - Se você tivesse que resumir o seu novo livrochance dupla novibetpoucas palavras, o que você diria?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Eu diria que é uma tentativachance dupla novibetentender partidos e políticos populistas, como Jair Bolsonaro num contexto global.

Vários países passaram por fenômenos parecidos. Echance dupla novibetcada um desses lugares, as pessoas tendem a explicar o que está acontecendochance dupla novibettermos do seu próprio sistema político, ou do discursochance dupla novibetcada um desses personagens. O que eu tento fazer neste livro é olhar para Bolsonaro, Trump, Recep Erdogan (Turquia) e Hugo Chávez na Venezuela, trazendo os elementos que conectam esses diferentes casos,chance dupla novibetforma a entender suas causas e como podemos lutar contra isto.

chance dupla novibet BBC News Brasil - Por que isto está acontecendo?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Essa é a grande questão. É o que tento abordar neste livro, mas eu te daria três razõeschance dupla novibetlongo prazo, estruturais.

Tem a ver com a frustração das pessoas com o desempenho econômico e a corrupção; com mudanças demográficas e culturais na sociedade, e com a ascensão da internet e das redes sociais.

chance dupla novibet BBC News Brasil - Que livro o senhor apontaria como fundamental para entender o mundo hoje chance dupla novibet ?

chance dupla novibet Yascha Mounk - Há vários livros que tentam explicar o mundo hojechance dupla novibetdia. Mas uma das tarefas mais importantes para nós é lembrar os valores básicos que nos guiam no meio desta crise. Um dos livros que traz estes valoreschance dupla novibetforma mais clara e mais persuasiva, para mim, é On Liberty (A Liberdade,chance dupla novibettradução livre),chance dupla novibetJohn Stuart Mill (publicadochance dupla novibet1859).

raya

chance dupla novibet Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube chance dupla novibet ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoschance dupla novibetautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticachance dupla novibetusochance dupla novibetcookies e os termoschance dupla novibetprivacidade do Google YouTube anteschance dupla novibetconcordar. Para acessar o conteúdo cliquechance dupla novibet"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdochance dupla novibetterceiros pode conter publicidade

Finalchance dupla novibetYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoschance dupla novibetautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticachance dupla novibetusochance dupla novibetcookies e os termoschance dupla novibetprivacidade do Google YouTube anteschance dupla novibetconcordar. Para acessar o conteúdo cliquechance dupla novibet"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdochance dupla novibetterceiros pode conter publicidade

Finalchance dupla novibetYouTube post, 2