Cientistas descobrem indíciosblaze aposta entraque Amazônia tinha agricultura há 4,5 mil anos:blaze aposta entra

  • Edison Veiga
  • De Milão para a BBC Brasil
Pesquisadores da Universidadeblaze aposta entraExeter fizeram estudo que descobriu presença do homem na Amazônia há 4,5 mil anos

Crédito, University Exeter

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Pesquisadores da Universidadeblaze aposta entraExeter descobriram que houve interferência do homem na Amazônia há 4,5 mil anos

blaze aposta entra Agriculturablaze aposta entravários vegetais diferentes. Fogo. Desmatamento controlado. Usoblaze aposta entrafertilizantes. Em pesquisa conduzida blaze aposta entra pela Universidadeblaze aposta entraExeter, do Reino Unido, arqueólogos, ecologistas, botânicos e paleoecologistas descobriram que a Floresta Amazônica, ao contrário do que se supunha, não era um santuário verde intocado pelas mãos humanas há 4,5 mil anos.

Desde essa época, no mínimo, houve interferência do homem na natureza da região. E, conforme o estudo mostra, efeitos dessa interação estão presentes ainda hoje.

"Os agricultores ancestrais da Amazônia souberam como enriquecer o solo com nutrientes, criando a chamada Amazon Dark Earth (ADE)", comenta a paleoecologista e arqueóloga Yoshi Maezumi, da Universidadeblaze aposta entraExeter. "Em vezblaze aposta entraexpandir a terra desmatada, para aumentar a agricultura, eles melhoraram o solo,blaze aposta entrauma forma mais sustentávelblaze aposta entraprodução."

Sim, havia sustentabilidade na mentalidade dos primeiros agricultores da Amazônia.

Essa ADE é conhecida popularmente como terra-preta ou terra-preta-de-índio. Trata-seblaze aposta entraum tipoblaze aposta entrasolo muito escuro, como o nome indica, e extremamente fértil. É encontrado principalmente na Amazônia.

Ao longo das últimas décadas, uma sérieblaze aposta entraestudos buscou explicar a origem dessa terra. Hipóteses foram aventadas: seria um solo resultanteblaze aposta entracinzas vulcânicas oriundas dos Andes e depositadas na Amazônia. Ou resultadoblaze aposta entrasedimentaçãoblaze aposta entralagos formadosblaze aposta entraantigos períodos geológicos.

Mais recentemente, muitos cientistas vinham sugerindo uma origem antrópica - ou seja, resultante da ação humana. Análises profundas desse solo permitem identificar uma combinaçãoblaze aposta entramatéria orgânica vegetal e animal, vegetais carbonizados e resquíciosblaze aposta entracerâmica.

A pesquisa, publicada nesta segunda-feira no periódico científico Nature Plants, concluiu que essa ação humana ancestral, portanto, teve impacto duradouro - já que o solo é presente até hoje na região.

"O trabalho dos primeiros agricultores amazônicos deixou um legado duradouro", comenta o arqueólogo e botânico José Iriarte, também da Universidadeblaze aposta entraExeter. "A forma como comunidades indígenas administraram a terra há milharesblaze aposta entraanos ainda molda ecossistemas florestais modernos."

A pesquisa publicada nesta segunda-feira mostra que presençablaze aposta entrahumanos há 4,5 mil anos teve impacto durarouro na Amazônia

Crédito, University Exeter

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A pesquisa publicada nesta segunda-feira mostra que presençablaze aposta entrahumanos há 4,5 mil anos teve impacto durarouro na Amazônia

Variedade dos cultivos na Amazônia

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A agricultura erablaze aposta entramúltiplos vegetais. Com base nos indícios encontradosblaze aposta entracarvão, pólen e plantasblaze aposta entrasítios arqueológicos e sedimentosblaze aposta entraum lago, a equipeblaze aposta entracientistas concluiu que os seres humanos que ocupavam a região plantavam milho, batata-doce, abóbora e mandioca, pelo menos.

Para melhorar a produtividade do solo, esses agricultores ancestrais tinham suas técnicasblaze aposta entraadubação: realizavam queimadas organizadas e adicionavam à terra esterco animal e restosblaze aposta entracomida. Eis a provável origem da terra-preta, portanto.

De acordo com os pesquisadoresblaze aposta entraExeter, foi esse desenvolvimento do solo que propiciou que, na época, a agricultura amazônica não se circunscrevesse às várzeas dos rios, naturalmente mais férteis, e pudesse adentrar para regiões onde o solo, originalmente, era mais pobre.

"Essas comunidades provavelmente removeram algumas árvores e ervas daninhas a fimblaze aposta entraterem espaço para seus cultivos. Mas mantiveram uma floresta primária fechada, que se transformou ao ser enriquecida com plantas comestíveis", explica Maezumi. "Ou seja: era uma maneira muito diferente da atual exploração da Amazônia." A pesquisadora se refere aos desmatamentos contemporâneos,blaze aposta entraque grandes extensõesblaze aposta entraterra amazônica dão lugar a plantaçõesblaze aposta entragrãos e criaçãoblaze aposta entragado.

"Os conservacionistas modernos podem tirar liçõesblaze aposta entracomo os indígenas usavam a terra amazônica. E esse manejo pode ajudar a proteger as florestas modernas", diz ela. "É importante lembrar como o desmatamento moderno e as plantações agrícolas se expandem pela Bacia Amazônica", complementa Iriarte.

Outro estudo, realizado por cientistas do Museublaze aposta entraArqueologia e Etnologia da Universidadeblaze aposta entraSão Paulo (MAE-USP) e publicado na quarta no periódico científico PLOS ONE, concluiu que a mandioca, constantemente presente no prato dos brasileiros e um dos alimentos mais simbólicos do país, já era cultivada pelo homem há pelo menos 8 mil anos,blaze aposta entracomunidades que viviam próximas ao Rio Madeira, na região sudoeste da Floresta Amazônica.

Discutimos dados arqueológicosblaze aposta entrauma região específica, a partirblaze aposta entrapesquisas que fizemosblaze aposta entraum sítio arqueológico", explica a pesquisadora Jennifer Watling, autora do estudo.

"Lidamos com um período que recua até o holoceno inicial, cercablaze aposta entra9 mil anos atrás. E mostramos que as origensblaze aposta entracultivoblaze aposta entraplantas nativas como a mandioca tem grande antiguidade na área."

Estudo anterior

Pesquisadores da Universidadeblaze aposta entraExeterblaze aposta entrapesquisa na Amazônia

Crédito, University Exeter

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Pesquisadores da Universidadeblaze aposta entraExeterblaze aposta entrapesquisa na Amazônia - instituição já publicou outros estudos sobre o tema

É a primeira vez que pesquisadores publicam um estudo sobre o usoblaze aposta entralongo prazo da terra - e do manejo do fogo - na região amazônica.

Mas não éblaze aposta entraagora que os cientistasblaze aposta entraExeter estãoblaze aposta entraolho nas possibilidades científicas oferecidas pela Amazônia. Em março deste ano, pesquisadores da mesma universidade - boa parte deles, integrantes também do estudo publicado nesta segunda - identificaram que, entre os anosblaze aposta entra1200 e 1450, pelo menos 81 aldeias reuniam uma populaçãoblaze aposta entraentre 500 mil e 1 milhãoblaze aposta entrapessoas na região da maior floresta do mundo.

Na ocasião foi destacado como um aspecto interessante o fatoblaze aposta entraas tribos ficarem distantes dos principais rios - a explicação pode estar justamente no fato do agora descoberto domínioblaze aposta entratécnicasblaze aposta entrafertilização do solo, ou seja, os habitantes ancestrais da região não dependiam tanto assim das várzeas. Justamente nos pontos onde estavam as aldeias, os pesquisadores encontraram a terra-preta.

Nessa pesquisa, os cientistas se basearamblaze aposta entraimagens aéreasblaze aposta entraregiões hoje desmatadas da florestas. E identificaram uma sérieblaze aposta entrageoglifos, ou seja, valas cavadas no soloblaze aposta entraformatos geométricos.

A principal teoria é ablaze aposta entraque essa valas serviam para demarcar as vilas fortificadas.