A luta dos circos brasileiros pela sobrevivência:sites de aposta brasil

Crédito, Gui Christ / BBC Brasil
O ânimo dos pequenos contrasta com a preocupação do dono, que busca se adaptar e sobreviver a essa nova era.
"Me dói ver o circo assim e sem os bichos, mas é isso, não tem outro jeito", diz Marlon Stankowich, administrador que representa a sexta geração da família circense considerada a mais antigasites de aposta brasilatividade no país, com 161 anossites de aposta brasilestrada.
É possível que o circo nunca tenha tido que se renovar tanto desde 1856, quando o patriarca romeno Pedro Stankowich chegou ao país.
Plateia pela metade
Ocupando uma áreasites de aposta brasilmaissites de aposta brasildez mil metros quadrados, o Stankowich tem 3 trailerssites de aposta brasilmoradia para artistas, 23 carretas e leva pela estrada maissites de aposta brasil800 toneladassites de aposta brasilequipamento.
O irmãosites de aposta brasilMarlon, Márcio Stankowich, cuida da outra lona da trupe, que está fazendo toursites de aposta brasilSantos, no litoral paulista. Ao todo, são 120 funcionários.
Mas mesmosites de aposta brasilpleno sábado, a plateia não está lotada - metade dela, talvez.
Marlon diz que o movimento já foi melhor e que este não é exatamente o público do circo, mas outro, nas suas palavras, mais "gourmet".
"Esse público é do Patati Patata, quem gosta mesmosites de aposta brasilcirco sente falta dos números clássicos", afirma ele, que foi palhaço, trapezista e depois domador. Com o veto aos bichos, passou a gerenciar o negócio da família.
"Segurei o espetáculo só com as atrações circenses até o ano passado."

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Para sobreviver, explica, o jeito é ficar atento ao que ocorresites de aposta brasiloutros circos e espetáculos, como é o caso do número que inclui um "King Kong"sites de aposta brasil11 metrossites de aposta brasilaltura, e deixar o segundo ato para os personagens da Disney ou da TV, caso do Patati Patatá.
"Não temos outra opção, a crise é forte. E não é diferente para nós."
Em outros momentos, conta, atraçõessites de aposta brasilfora também foram chamadas ao picadeiro, mas nunca exisitu uma transformação tão intensa no espetáculo como agora.
Hoje, as estratégias usadas para tentar preencher os espaços vazios da plateia incluem a vendasites de aposta brasilingressossites de aposta brasilsitessites de aposta brasilofertas e até a divulgação da programaçãosites de aposta brasilsitessites de aposta brasilrelacionamento.

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De Frozen a Patati Patatá
A representante comercial Silvana Rita Fernandes,sites de aposta brasil56 anos, trouxe a neta Flávia,sites de aposta brasil5, especialmente para ver o segundo ato do show.
"Viemos por causa do Patati Patatá, mas o que nos traz ao circo é um bom show", conta. "A gente vem pra trazer eles, porque adulto quando não tem dinheiro não vem, mas se é pra criança a gente dá um jeito. Mês passado viemos ver a Frozen (espetáculo inspiradosites de aposta brasildesenho da Disney)", diz, enquanto paga para que a menina tenha o rosto pintadosites de aposta brasilpalhaço.
Além da maquiagem na praçasites de aposta brasilalimentação, também são comercializados balõessites de aposta brasilpersonagenssites de aposta brasilanimações do cinema ou TV, alémsites de aposta brasilmochilas, canetas e fantasias da duplasites de aposta brasilpalhaços.

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Fernandes é uma das espectadoras que viveu a era dos animais no circo. Mas diz não sentir saudades deles.
A cantora Adriana Ribeiro,sites de aposta brasil43 anos, diz o mesmo. Para ela, que trouxe o enteado, o circo não precisa dos animais - e o espetáculo vale mais que o valor do ingresso.
"Se vem um Cirque du Soleil, as pessoas vão pagar R$ 500 pra sentar longe. Por que não pagar para os artistas brasileiros?", questiona. "Sou do tempo que se subiasites de aposta brasilárvore, fazia muito que eu não vinha ao circo. Tocou o meu coração."

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Bom pra eles, bom pra nós
Diretor artístico e coreográfo da dupla Patati Patata, Oswald Berry,sites de aposta brasil60 anos, afirma que os sucesso da dupla ajuda ambos os lados.
Coreógrafo que já trabalhou com Xuxa e outras atrações famosas, ele diz não saber se Patati Patata vão salvar o circo, mas que o local "é uma grande escola para todo o artista e mantém a chama viva".
Ele lembra que 20 anos, 30 anos atrás muitos artistas faziam circo, incluindo "os Trapalhões e a Eliana, por exemplo".
"Patati Patatá não nasceram no circo, massites de aposta brasilnenhum outro tiposites de aposta brasilespetáculo se aprende tanto: são seis apresentaçõessites de aposta brasildois dias".

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A duplasites de aposta brasilpalhaços chega a fazer cercasites de aposta brasil80 apresentações por mêssites de aposta brasilcompanhias das maiores cidades brasileiras.
"O circo anda um pouco desmerecido, e levar o Patati à segunda parte do show auxilia na bilheteria e leva o público a conhecer o circo", avalia, antessites de aposta brasilexplicar que a equipe do Stankowich o convidou para fazer a coreografiasites de aposta brasilabertura e encerramento do show.
"O circo é uma grande família e muitos truques acabam ficando somente entre eles. Na semana passada vi aquele número da menina pendurada pelo cabelo e isso é muito difícil, é lindo. Uma vez assisti desmontar e montar uma lona e digo: é coisasites de aposta brasilloucos, a força deles, é um trabalho braçal incrível."
Sobrevive por teimosia
"No Brasil devem existir cercasites de aposta brasil2 mil circos, mas não temos esse número exato", diz o dono da Escola Circo Picadeiro e tesoureiro da Associação Brasileira do Circo (Abracirco), José Wilson Moura Leite.
Além da escola, ele é representante da terceira geração do circo Spadoni, que tem 30 funcionários.

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Ele afirma que, como existem muitas companhiassites de aposta brasilcirco no Brasil, é quase impossível contá-las - mas o fato é que todas passam por grandes dificuldades.
"Vão sobreviver porque são teimosos", resume. "Lá no Spadoni nós também chamamos esses personagenssites de aposta brasilTV e outras atrações, acaba sendo o que atrai mais gente."
Para Leite, a proibição dos animais foi um golpe forte para a categoria, e faltou ajuda do governo para compreender a questão.
"Não existe lei federal sobre o assunto, mas leis municipais", diz, antessites de aposta brasilafirma que, nasites de aposta brasilvisão, o maior problema não é a lei, mas as ONGs que fazem campanhas e protestos: "alguns deitavamsites de aposta brasilfrente à bilheteria para impedir a comprasites de aposta brasilingresso".
"Se fosse feita uma pesquisa com o púlico do circo, ganharíamossites de aposta brasillavada. As pessoas vivem me perguntando porque não tem animal."
ONGs, porsites de aposta brasilvez, afirmam que não há nenhuma garantiasites de aposta brasilque o animal vá ser bem tratado no circo. "O uso deles para divertimento humano já é questionado há muito tempo fora do Brasil, não é necessário", afirma o presidente da ONG Arca Brasil, Marco Ciampi.

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Modelo transformado
A coordenadora do Centrosites de aposta brasilMemória do Circosites de aposta brasilSão Paulo, Verônica Tamaoki,sites de aposta brasil58 anos, afirma a maior dificuldade atual é o alto custosites de aposta brasilmanutenção das trupes.
Além disso, ela diz que o circo acabou sendo um bode expitório na questão dos animais. "Não que só tenha gente boa no circo, não é isso, mas a questão foi tratada com muito radicalismo."
Professor do Departamentosites de aposta brasilArtes Cênicas da Unesp (Universidade Estadual Paulista), o especialistasites de aposta brasilcirco Mario Bolgnesi vê uma grande transformação no modelo atualsites de aposta brasilespetáculo.
Na avaliação dele, todos estão tendosites de aposta brasilrever seus formatos. "Até o mais antigo das Américas está fechando, o Ringling Brotherssites de aposta brasilNova York", lembra.

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Bolognesi destaca que os problemas envolvem não somente a restrição ao uso dos animais, mas o lugar dele na atualidade,sites de aposta brasiltempossites de aposta brasilconcorrência com TV, internet e outros.
"Os modelossites de aposta brasilespetáculo ainda estão parados nos anos 70, seguem o ritmo do rock e do pop. O circo precisa encontrar novos ritmos."

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Bolognesi lembra que mesmo o Cirque du Soleil - circo canadense sucesso no mundo todo que sempre é citado como modelo - não fez tanto sucesso assim no Brasil.
"É preciso se readequar a novas formas e não sei se um circo tão grande, para 3 mil pessoas, ainda tem viabilidade nos dias atuais. Além disso, hojesites de aposta brasildia qualquer atividade necesitasites de aposta brasilinvestimentosites de aposta brasilpropaganda e marketing. Não adianta mais simplesmente passar na praça como era antigamente", fala.
A polêmica dos animais
No Brasil, existem leissites de aposta brasil11 Estados proibindo o usosites de aposta brasilanimais no circo. "Eu não acho que se deva ser conivente com maus-tratos a animais, não sou nem nunca fui favorável a isso. Mas se deveriam ter tido mais cuidado com a questão", opina o professor da Unesp.
Já o Presidente da ONG Arca Brasil, Marco Ciampi, afirma que é importante que exista uma concientização da relação homem-animal no país.
Ele lembra que o primeiro Estado que proibiu o usosites de aposta brasilanimais foi Pernambuco, após um trágico caso no ano 2000sites de aposta brasilum meninosites de aposta brasilseis anos que foi atacado por leões na área das jaulassites de aposta brasilum circo que se apresentava no Recife.

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"Esse fato levantou a questão no país e nós também lutamos pela proibição, mas é preciso analisar bem para onde vão os animais".
Ciampi conta que já viu alguns sofrerem muito no meio da briga entre os donossites de aposta brasilcirco e a lei, e que também é preciso ter cuidado para não alimentar o tráfico ilegal.

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Ciampi, que trabalha há 24 anos com a questão, destaca o Cirque Du Soleil como um bom exemplosites de aposta brasilcirco que dá certo sem usosites de aposta brasilanimais.
Para ele, a questão é mais profunda e é a consciência do público que vai decidir sobre isso: "As pessoas devem se questionar: eu preciso ir lá ver um espetáculo medieval que usa animais para minha diversão?".
Fotossites de aposta brasilGui Christ.








