A curiosa história das camas através dos séculos:brisablaze
Ao lado das caixasbrisablazearmazenagem e das penteadeiras, completas com prateleiras, existem dois compartimentos retangulares, com o tamanho aproximadobrisablazeum ser humano.
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Fim do Matérias recomendadas
A ilha não tem árvores e, como a maioria dos artefatos encontrados na região, essas camas pré-históricas são feitasbrisablazelajesbrisablazepedra, fria e dura. Mesmo assim, suas altas cabeceiras e laterais elevadas podem ser reconhecidas instantaneamente.
Tirandobrisablazelado as inscrições antigas encontradasbrisablazealgumas delas e os esqueletos ocasionalmente guardados embaixo dessas camas, elas quase poderiam ser objetos do século 21.
Os seres humanos constroem camas há centenasbrisablazemilharesbrisablazeanos.
No livro What we Did in Bed: a Horizontal History (O que fizemos na cama: uma história horizontal",brisablazetradução livre), o antropólogo Brian Fagan e a arqueóloga Nadia Durrani, da Universidade da CalifórniabrisablazeSanta Bárbara, nos Estados Unidos, mapeiam o desenvolvimento das camas desde o seu princípio.
Acredita-se que, na maior parte da existência da nossa espécie, os espaços para dormir consistissembrisablazeespessas pilhasbrisablazefolhas cuidadosamente dispostasbrisablazecamadas, cobertas com folhagem macia e resistente a pragas. Só depois, começaram a surgir as primeiras estruturas.
As camasbrisablazearenitobrisablazeSkara Brae são algumas das mais antigas já encontradas, ao ladobrisablazeuma sériebrisablazeimpressões no solo nas muralhasbrisablazeDurrington, um assentamento pertobrisablazeStonehenge, na Inglaterra. São os sinais deixados por estradosbrisablazemadeira desaparecidos há muito tempo, onde podem ter dormido os construtores do monumento.
Os estradosbrisablazecamas surgiram há pouco maisbrisablaze5 mil anos, não muito tempo depoisbrisablazeoutras tecnologias pioneiras, como a escrita. Eles foram criadosbrisablazediversos lugares, aproximadamente ao mesmo tempo.
Em Malta, a cercabrisablaze2,7 mil quilômetrosbrisablazeOrkney, túneis usadosbrisablazerituais funerários revelaram evidências das primeiras versões desse tipobrisablazemobília. Uma dessas evidências é uma estatuetabrisablazeargila mostrando uma mulher pacificamente dormindobrisablazelado, com uma das mãos sob a cabeça. Ela está deitada sobre uma simples plataforma elevada.
As primeiras camas da humanidade não eram apenas locaisbrisablazerepouso. Muitas vezes, elas escondiam significados simbólicos profundos e ligações com o além-túmulo, segundo Fagan e Durrani.
Nos milênios que se seguiram, a cama evoluiu, assumindo muitas formas diferentes que refletem as crenças e as preocupações práticasbrisablazecada cultura.
Os pesquisadorem relatam uma pequena história desses templos do sono no mundo ocidental.
Egito Antigo
Quando o arqueólogo britânico Howard Carter (1874-1939) atravessou a porta que levava à tumba do faraó Tutancâmonbrisablaze1922, ele se deparou com uma enorme quantidadebrisablazeobjetos brilhantesbrisablazeouro. Seis deles eram camas.
Esses objetos aleatórios foram deixados para trás depoisbrisablazedois assaltos ocorridos no passado. Eles incluíam um leito funerário decorado com o que provavelmente era a deusabrisablazeformabrisablazevaca Mehet-Weret, uma camabrisablazemadeira dourada e uma prática camabrisablazecampo para viagem, com tecnologiabrisablazedobra revolucionária. Ela pode ter sido a primeira dabrisablazeespécie.
Como as camas do Egito Antigo normalmente eram feitas para as elites abastadas, a camabrisablazeTutancâmon consistia principalmentebrisablazeuma estruturabrisablazemadeira com uma basebrisablazecanas ou cordas tecidas.
E, como era o costume da época, o jovem faraó teria repousadobrisablazecabeça todas as noites sobre um apoio elevado rígido,brisablazevezbrisablazeum travesseiro macio. Este sistema costumava ser usadobrisablazeregiõesbrisablazeclima quente, talvez para melhorar a circulaçãobrisablazear.
Os antigos egípcios, incluindo a própria avóbrisablazeTutancâmon, às vezes usavam seus cabelos frisados, trançados ou entrelaçados. Por isso, o apoiobrisablazecabeça rígido também pode ter servido para proteger esses penteados cuidadosamente elaborados.
Roma Antiga
Comobrisablazemuitas sociedades, as pessoas na Roma Antiga também dormiambrisablazediferentes locais, dependendo dabrisablazeposição social.
Enquanto os escravos podiam se recolher todas as noites sobre uma esteirabrisablazefolhas secas ou pelesbrisablazeanimais, ou simplesmente se encolhiam no próprio chão, outras pessoas dormiambrisablazeforma mais confortável.
Em 2021, arqueólogos escavavam o terrenobrisablazeuma antiga vilabrisablazeCivita Giuliana, subúrbio da antiga cidade romanabrisablazePompeia, quando encontraram um quartobrisablazedormir que permaneceu congelado no tempo por quase 2 mil anos.
Entre uma sériebrisablazerecipientes, baúsbrisablazemadeira e outros objetos, havia ali três camas. Embaixo delas, havia potes contendo os restosbrisablazecamundongos que viviam por ali.
Feitasbrisablazepostesbrisablazemadeira amarrados com finas cordas dispostas na formabrisablazeredes, as camas não tinham colchões. Elas eram revestidas com cobertores soltos.
Já os cidadãos abastados tinham tantas camas que não sabiam o que fazer com elas.
Os romanos inventaram uma complexa classificaçãobrisablazediferentes tiposbrisablazecamas para diversas atividades. Elas incluíam a lectus lucubratorius para estudar, lectus genialis para recém-casados, lectus tricliniaris para as pessoas comerem e relaxarembrisablazeconjunto e a lectus cubicularis para dormir.
Os romanos chegaram a ter uma cama só para funerais. A maioria desses leitos consistiabrisablazeuma plataforma elevadabrisablazemetal, coberta com um colchão fino.
Europa do início da Idade Moderna
No século 17, os europeus tinham uma enorme diversidadebrisablazecamas para escolher.
Havia camasbrisablazecaixas, camas amarradas com cordas (que precisavam ser ajustadas regularmente,brisablazeonde pode ter surgido a expressão "sono firme", comumbrisablazeinglês) e elaboradas camasbrisablazemadeira com quatro pilares, como a Grande CamabrisablazeWare, no Reino Unido. Conta-se que, certa noite, dormiram nela 52 pessoas.
Mas havia um componente básico nas primeiras camas modernas: o colchão revestido.
Esses sacos simples, às vezes, assumiam proporções gigantescas. Eles eram feitosbrisablazemateriais fortes e firmemente tecidos, como linho, para revestimento. Os colchões podiam ser estofados com uma enorme variedadebrisablazeenchimentos, que variavam desde palha até penas.
O materialbrisablazerevestimento específico podia causar profundo impacto sobre a qualidade do sono do usuário do colchão.
O livro At Day's Close: A History of Nighttime ("No fechamento do dia: a história das horas noturnas",brisablazetradução livre) conta que,brisablaze1646, um viajantebrisablazetrânsito pela Suíça se queixou amargamentebrisablazeprecisar passar a noitebrisablazeuma cama estofada com folhas, que "faziam forte som crepitante" e espetavambrisablazepele através do revestimento.
Os colchões revestidos eram (ou, pelo menos, deveriam ser) arejados regularmente. Mesmo assim, eram locais ideais para a procriaçãobrisablazeinsetos sugadores.
Combinados com o hábito comum na épocabrisablazecompartilhar a cama com muitas outras pessoas, incluindo completos desconhecidos, os colchões muitas vezes acabavam abrigando formidáveis infestações.
Inglaterra vitoriana
No século 19, a desigualdade na Inglaterra havia atingido níveis recordes para a época. As classes trabalhadoras tinham dificuldade para ganhar a vida na nova economia industrializada.
Este fator, aliado ao rápido crescimento da população, gerou um enorme aumento do númerobrisablazepessoas sem teto nas cidades grandes e pequenas. E,brisablazeLondres, as entidades assistenciais criaram algumas soluções pouco ortodoxas.
Uma delas foi o "caixão a quatro centavos" – caixasbrisablazeformabrisablazecaixão, dispostasbrisablazefileiras. As pessoas pagavam quatro centavos por uma noite.
Outra ideia foram as camasbrisablazecordas, onde as pessoas podiam "pendurar-se por dois centavos". Elas se sentavam sobre um banco comunitário e se inclinavam sobre uma longa corda para passar a noite, junto com centenasbrisablazeoutras pessoas. Pela manhã, a corda era cortada, acordando subitamente aqueles que, por acaso, ainda estivessem dormindo.
Esta é uma possível explicação para a origem do uso da palavra "hangover" ("pendurar-se") para designar "ressaca",brisablazeinglês.
Enquanto isso, o sono começava a melhorar muito no outro extremo do espectro financeiro.
No final do século 19, o inventor alemão Heinrich Westphal depositou a patente do primeiro colchãobrisablazemolas. As noitesbrisablazesono nunca mais seriam as mesmas.
Atualmente, existem mais opções do que nunca: camas com colchõesbrisablazeespuma,brisablazeágua, aquecidas, colchonetes, beliches, sofás-camas, dosséis... a lista só aumenta.
O que nos faz imaginar o que os moradoresbrisablazeSkara Brae teriam pensado sobre as camas modernas.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.