'1984': livro7 betGeorge Orwell é uma crítica 'contra a esquerda'?:7 bet

Pôster promocional feito por Fido Nesti para divulgação do livro. Imagens cedidas pelo autor

Crédito, Fido Nesti/ Divulgação

Legenda da foto, Ao longo das décadas, 1984 se consolidou como uma das obras mais influentes do século 20

A pasta é a responsável pela propaganda e pela falsificação7 betdocumentos históricos, garantindo a narrativa pró-governo. Sua função principal é alterar registros para que estes espelhem a versão oficial da história promovida pelo Partido — garantindo que a instituição sempre esteja certa e a7 betnarrativa seja a única verdade.

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ro", também É usado Para animais. geralmente “achricorinho” de

temInglês, irlandês, escocês, alemão, sueco, suíço, norte da Irlanda (escoco-irlandês), galês e francês. ascendência ancestralidade ancestral. O sobrenome "Affleck" é 7 bet origem escocesa, e seu nome do meio, "Gza", era o nome 7 bet um amigo da família. Ele foi criado 7 bet {k0} um episcopal principalmente. Família.
O diretor do "Air" aprendeu aEspanhol Espanhol espanhol espanhol EspanholQuando ele tinha 13 anos. Jennifer Lopez não é a única metade 7 bet Bennifer que fala espanhol. Ben Affleck está se tornando viral nas redes sociais depois 7 bet uma entrevista que ele fez 7 bet {k0} espanhol com a saída Cadena SER, que postou online abril 3. 3.

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No contexto do livro, este instrumento7 betmanipulação serve para o controle do pensamento dos cidadãos e a manutenção do poder.

Orwell7 betfoto7 bet1940,7 betautor desconhecido,7 bet

Crédito, Domínio público

Legenda da foto, O escritor britânico George Orwel7 betfoto7 bet1940

Quando a Companhia das Letras reeditou, quatro anos atrás, o livro A Fazenda dos Animais (‘Animal Farm’) —7 bettraduções mais antigas, publicado no país como A Revolução dos Bichos —, também7 betOrwell e também com um peso político importante, o professor7 betliteratura da Universidade7 betSão Paulo (USP) Marcelo Pen ressaltou, no posfácio, que a obra orwelliana era vítima do que ele chamou7 bet“apropriação retrógrada”, por meio7 betleituras que tendem a atribuir a suas obras o viés7 betpropaganda anticomunista.

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Mas pessoalmente, o escritor inglês se definia como “socialista democrático”. Orwell, no entanto, fazia críticas duras ao stalinismo, o socialismo implantado na União Soviética7 betviés autoritário. O livro A Revolução dos Bichos é muitas vezes visto como uma crítica ao regime soviético.

“Talvez seja complicado falar7 betmensagem [em 1984], sobretudo com relação à forma do romance moderno que, ao contrário7 betformas narrativas mais antigas, não contém, propriamente, uma mensagem ou lição7 betvida”, argumenta Pen, à BBC News Brasil.

“No entanto, podemos dizer algo acerca da intenção do autor, que chegou a dizer, publicamente, que7 betobra não seria um ataque ao socialismo, por exemplo, mas sim um alerta sobre o perigo do totalitarismo7 betqualquer parte, tanto com relação ao fascismo e ao tal stalinismo soviético quanto ao que ele chamava7 bet‘americanismo’ das terras do Tio Sam.”

Professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto lembra à reportagem que Orwell “era um jovem7 betesquerda” quando participou como voluntário da Guerra Civil Espanhola “e, por mero acaso, foi parar num grupo anarquista”.

“Vendo que os comunistas, na época controlados por Stálin, tratavam os anarquistas como se eles, e não os franquistas, fossem o inimigo, Orwell voltou da Espanha como um antiestalinista ferrenho, e a União Soviética passou a ser vista por ele como a encarnação do totalitarismo”, contextualiza Britto.

“‘Animal Farm’ é o livro7 betque ele mostra7 betmodo mais claro7 betposição7 betrelação ao que lhe parecia a transformação do comunismo, sob Stálin,7 bettotalitarismo”, compara. “Em 1984 ele imagina um mundo dividido entre um número reduzido7 betEstados totalitários que parecem fundir o que há7 betpior no fascismo e no estalinismo.”

Página interna da graphic novel feita por Fido Nesti a partir do livro '1984'. Imagens cedidas pelo autor

Crédito, Fido Nesti/ Divulgação

Legenda da foto, Fido Nesti adaptou a obra para os quadrinhos

Para o professor Britto, “os dois livros são, portanto, essencialmente manifesto antitotalitários”.

Com a experiência7 bettambém já ter trabalhado com obras7 betOrwell, o escritor e tradutor Antônio Xerxenesky ressalta à BBC News Brasil que, “pela biografia” do escritor inglês, “podemos dizer que 1984 representa uma desconfiança a qualquer forma7 bettotalitarismo”.

“Ecos disso se encontram7 bet1984: a figura do Grande Irmão pode muito bem ser associada à7 betStalin, e todo o regime retratado tem características estéticas do comunismo linha-dura. Isso não quer dizer que7 betcrítica se restrinja ao comunismo”, diz Xerxenesky, ressaltando que “muitas leituras são capazes7 betassociar outros traços do regime ao nazismo7 betHitler”.

Autor da versão7 betgraphic novel7 bet1984, o artista e ilustrador Fido Nesti comenta à reportagem que, a seu ver, “Orwell esperava alertar sobre7 betque maneira um país, ou o mundo, poderia degringolar nas mãos7 betum governo extremamente autoritário”.

“Criou um universo, que passamos a chamar7 betorwelliano, onde a sociedade é estrangulada a ponto7 betser incapaz7 better um pensamento ou existência autônoma”, salienta Nesti.

Outro tradutor7 betOrwell para o português, o jornalista e escritor Bruno Cobalchini Mattos diz à BBC News Brasil que o livro “de forma bastante clara, é sobre o perigo e o risco do totalitarismo,7 betcomo o regime totalitário acaba permeando o pensamento das pessoas muitas vezes sem que elas percebam”.

Corrupção da linguagem

Pôster promocional feito por Fido Nesti para divulgação do livro. Imagens cedidas pelo autor

Crédito, Fido Nesti/ Divulgação

Legenda da foto, Pôster promocional feito por Fido Nesti para divulgação do livro

“Precisamos sempre tomar muito cuidado, porém, para não transformar Orwell7 betum caso, como base para uma discussão geral, digamos,7 betdenúncia como o totalitarismo”, pontua Pen

O acadêmico avalia que “esse romance fala diretamente,7 betum modo assombroso e inquietante, à nossa época”. “E não exatamente por7 betintenção antitotalitária, pois diria que várias outras obras, antes e depois, cumpriram esse papel, mas por atrelar o totalitarismo à corrupção da linguagem”, explica.

“Esse é um ponto crucial do enredo. O protagonista trabalha no Ministério da Verdade, cuja tarefa é adulterar a verdade por meio7 betnarrativas inventadas ou falsificadas, que interessem ao regime do Grande Irmão”, resume o professor. “Mas há um plano mais insidioso: a substituição da língua corrente pela novafala, uma versão empobrecida, padronizada, ideologicamente manipulada do idioma.”

Como bem diz um dos personagens do livro, se trata da “destruição das palavras”.

“Com a introdução definitiva da novafala não seria mais necessário adulterar os fatos: a própria linguagem se ocuparia do embotamento da consciência, impedindo o pensamento crítico e a ação reformadora”, frisa Pen.

O professor acredita que, com isso, “ele antecipou o risco não apenas do que hoje passou a ser chamado7 bet‘fatos alternativos’ ou ‘fake news’, mas ainda da pobreza da linguagem que prolifera nas novas mídias,7 betcerto proselitismo políticos e religioso, e nas redes sociais, que tem consequências nefastas para o pensamento, a imaginação e a democracia.”

“A meu ver, Orwell previu7 betmodo certeiro um aspecto do mundo contemporâneo: hoje7 betdia tudo que fazemos ou dizemos é registrado7 betmodo implacável”, acrescenta Britto. “Só que a imensidão7 betdados gerada por essa vigilância constante não está nas mãos dos Estados, porém é controlada pelas big techs.”

Paralelismos e fake news

O tradutor Mattos atenta para um fato, para ele “mais interessante mas menos comentado” presente em 1984 e no mundo7 bethoje: mais do que a vigilância constante, “a disposição das pessoas7 betviverem assim”. “As câmeras hoje nem precisam estar escondidas, porque a gente está acostumado a viver rodeado por câmeras e a se expor”, diz.

Sem cair7 betanacronismos, é possível traçar muitos paralelos entre o mundo distópico imaginado por Orwell e as sociedades contemporâneas.

“Hoje é impossível a gente não olhar para essa obra e não fazer uma analogia a partir do nosso mundo. Não temos nem mais ficção que7 betconta7 betnossos modelos, dos meios7 betvigilância que são muito maiores do que os apresentados pelo livro”, diz à BBC News Brasil o filósofo e psicólogo Marcos da Silva e Silva, professor na Escola Superior7 betPropaganda e Marketing (ESPM) e da Universidade Federal do ABC.

Página interna da graphic novel feita por Fido Nesti a partir do livro '1984'. Imagens cedidas pelo autor

Crédito, Fido Nesti/ Divulgação

“Observando as alegorias tecnológicas, […] o autor pretendeu-se uma espécie7 betprofeta, desenhando o que viriam a ser uma realidade na virada para o século 21”, aponta à BBC News Brasil o historiador Rafael Maranhão, professor no Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília.

Para ele, considerando “o controle do fluxo7 betinformações proposto por alguns governos atuais, há uma linha tênue entre vigilância para a contenção7 betcrimes e o controle total daquilo que o cidadão faz7 betseu cotidiano”.

“A evolução na tecnologia da informação ampliou a possibilidade do controle das percepções, promovendo uma educação7 betmassa”, prossegue. “Em nenhum outro momento da humanidade foi tão simples definir as preferências da populações. O uso dos algoritmos nos diversos aplicativos e as AIs [inteligências artificiais] tomando os espaços refletem um pouco da proposta e crítica realizadas pela obra7 betOrwell.”

Maranhão ressalta que “o totalitarismo, em7 betessência, se alimenta do controle nos diversos setores e da criação7 betrealidades paralelas que resumem suas pretensões políticas, econômicas, sociais e culturais”.

O ilustrador Nesti conta que a repercussão7 betsua graphic novel é praticamente um atestado7 betcomo há paralelos entre o universo orwelliano e o mundo contemporâneo. “Como a adaptação7 betquadrinhos foi lançada7 betmais7 bet20 países, é curioso receber mensagens7 betleitores dos mais diversos lugares e com todo o tipo7 betgoverno, declarando que a7 betrealidade é muito parecida com a do livro” comenta.

Mas, ao contrário do que dizem muitas das postagens nas redes sociais brasileiras sobre o viés do livro, as críticas não se resumem ao espectro político à esquerda.

Pôster promocional feito por Fido Nesti para divulgação do livro. Imagens cedidas pelo autor

Crédito, Fido Nesti/ Divulgação

Legenda da foto, É possível traçar paralelos entre o mundo distópico imaginado por Orwell e as sociedades contemporâneas

“O aumento7 bettendências autoritárias da extrema direita, o desprezo pela democracia, o culto à personalidade7 betgovernantes e o negacionismo são apenas alguns dos paralelos. O meu celular, que volta e meia parece escutar meus pensamentos, me faz lembrar das vigilantes teletelas da Oceânia. As fake news, que estão aí para manipular a direção que uma pessoa deverá votar, me remetem ao trabalho7 betWinston Smith no Ministério da Verdade, alterando o passado para controlar o presente e o futuro”, exemplifica ele.

“O fato7 betque 1984 foi um grande sucesso na época e nunca saiu da lista7 betbest-sellers é prova7 betque cada época encontra vitalidade no livro”, sintetiza o tradutor Xerxenesky.

“A ameaça do totalitarismo muda7 betrosto, mas segue presente7 bettodas as épocas, o que com certeza inclui a nossa, com a ressurgência7 betpartidos7 betextrema-direita globalmente. A reescrita da história, a alteração7 betfotos, a busca pela construção7 betuma história alternativa aos fatos, por7 betvez, encontra muitos paralelos no mundo contemporâneo regido por fake news e pela manipulação digital.”

'Cooptado por regimes despóticos e pela indústria cultural'

O uso7 betclássicos literários para defender posições políticas não é algo novo.

Há décadas, por exemplo, a direita italiana usa O Senhor dos Anéis,7 betJ.R.R. Tolkien (1892-1973) como uma espécie7 bet“bíblia” para fundamentar o discurso7 bet“nós contra eles” e a pretensa luta contra “um sistema globalista”.

Em vida, Tolkien não era7 betdireita. Era conservador, mas costumava se posicionar contra totalitarismos e autoritarismos.

“Desde que mundo é mundo, as obras7 betarte canônicas são lidas7 betmodo a favorecer governos e movimentos políticos. A Igreja Católica transformou Aristóteles num cristão avant la lettre, e se convenceu7 betque Virgílio previu o nascimento7 betJesus na quarta ‘Bucólica’. A coisa vem7 betlonge”, comenta Britto.

“A transformação7 betOrwell7 betarauto da direita foi favorecida pelo fato7 betque ele se tornou anticomunista, leia-se antiestalinista, e a própria CIA [o serviço7 betinteligência dos Estados Unidos] incentivou a difusão7 betAnimal Farm como propaganda ideológica pró ‘mundo livre’. Mas, apesar do Fla-Flu ferrenho instaurado pela Guerra Fria, Orwell, que publicou esses dois livros no final da vida, justamente quando tinha início a Guerra Fria, sempre foi um libertário7 betesquerda”, completa o professor.

Pen diz que usar obras literárias como panfletos é algo que “simplifica7 betimediato a complexidade da discussão”. “É um pouco o princípio da novafala. Você alija a linguagem do dinamismo humano e trabalho com significantes ocos, desprovidos7 betvida, capazes7 betser manipulados para restringir o pensamento”, explica.

Ele lembra que as obras7 betOrwell “integraram o rol das leituras difundidas no Brasil para sustentar o programa ideológico da ditadura militar”.

Mas ele lembra que é possível “que esse aspecto polêmico” tenha contribuído para o sucesso das obras do inglês.

“É um dos paradoxos da recepção7 betOrwell. Trata-se7 betum autor que defendia a liberdade7 betpensamento e a importância da luta contra o totalitarismo e que foi cooptado por regimes despóticos e pela indústria cultural, pensemos no Big Brother, para veicular justamente o oposto: a pobreza da linguagem, o embrutecimento da imaginação criadora, o autoritarismo, a vigilância”, acrescenta. “E,7 betparte por isso também, mantém-se até hoje como fenômeno editorial.”

Xerxenesky lembra que “este é um risco que qualquer obra7 betarte corre”. “Nunca esquecerei que os principais defensores da teoria7 betque a Terra é plana amam o livro7 betOrwell”, afirma. “A alegoria construída pelo autor pode ser moldada para encaixar muitas leituras, até mesmo as mais delirantes. Claro que isso não é ideal, mas nenhum autor é capaz7 betcontrolar o sentido da7 betobra.”

“Quando ela chega ao mundo, os leitores são seus donos. E 1984, por tratar7 bettemas7 betparanoia contra o governo, inevitavelmente será mais usado por teóricos da conspiração do que outros títulos”, diz ele.