Lula na ONU: 4 recados ao mundo e silêncio sobre a Venezuela:greenbets fora do ar

No mezanino da plenária, junto aos jornalistas, a atriz brasileira Fernanda Torres, cotada para o Oscargreenbets fora do armelhor atriz por seu papel no filme Ainda estou aqui, surgiu para acompanhar o discurso do presidente.

Ela disse que era um "sonho" estar na Assembleia Geral e que pediu isso à primeira-dama Janja da Silva, que a ajudou a viabilizar um lugar na plateia.

A seguir, ponto a ponto, os recados e os pontos fracos da fala do presidentegreenbets fora do arNova York.

Acima da lei

Sem citar nominalmente nem a rede X nem o bilionário Elon Musk, Lula fez algumas referências à quedagreenbets fora do arbraçogreenbets fora do arMusk com o Supremo Tribunal Federal (STF) que culminou com o bloqueio da plataforma aos usuários do Brasil, depois que o empresário se recusou a cumprir ordens judiciais para a retirada do argreenbets fora do arperfis e postsgreenbets fora do arnotícias falsas e desistiugreenbets fora do armanter representante legal no país.

Uma propostagreenbets fora do arleigreenbets fora do arregulação das redes sociais está atualmente parada na Câmara dos Deputados, cujo presidente, Arthur Lira, assistia ao petista do plenário da ONU.

"O futurogreenbets fora do arnossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formasgreenbets fora do ardiscriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei", afirmou Lula.

O presidente brasileiro sugeriu ainda necessidadegreenbets fora do aruma regulação para plataformas não apenas no Brasil. "A liberdade é a primeira vítimagreenbets fora do arum mundo sem regras", afirmou o presidente.

Um projetogreenbets fora do arleigreenbets fora do arregulação das redes sociais está atualmente parada na Câmara dos Deputados, cujo presidente, Arthur Lira, assistia ao petista do plenário da ONU.

O tema também foi tratado por Lulagreenbets fora do arum evento co-patrocinado com a Espanha, sobre extremismo digital da direita radical e democracia, na tarde desta terça.

"As redes digitais se tornaram um terreno fértil para os discursosgreenbets fora do aródio misóginos, racistas, xenofóbicos que fazem vítimas todos os dias. Nossas sociedades estarão sob constante ameaça, enquanto não formos firmes na regulação das plataformas e do uso da inteligência artificial", disse Lula, a uma plateia que contava também com o líder chileno Gabriel Boric, com o francês Emmanuel Macron, alémgreenbets fora do arPedro Sanchez, da Espanha.

"Nenhuma empresagreenbets fora do artecnologia ou indivíduo, por mais ricos que sejam, podem se considerar acima da Lei",greenbets fora do arnova alusão a Musk.

Para o brasilianista Brian Winter, editor da revista Americas Quartely, o fatogreenbets fora do arLula ter dado tamanha importância ao assunto demonstra o quanto ele acredita que o bilionário possa ter afetado a reputação do Brasil internacionalmente, acusando o paísgreenbets fora do arferir "a liberdadegreenbets fora do arexpressão" dos brasileiros.

Ainda segundo Winter, como os movimentos mais recentesgreenbets fora do arMusk foram recuos, Lula provavelmente vê a situação como uma vitóriagreenbets fora do arseu governo.

Já para Garman, este foi o ponto mais frágil do discurso do presidente brasileiro.

"Me preocupa um pouco o tom nacionalista. Países como o Brasil precisam fazer parcerias com essas empresas, e esse focogreenbets fora do aruma certa autossuficiência, nacionalismo, é infeliz", afirmou o analista.

"É um governo que vê oportunidades mas peca quando enxerga mais riscos do que oportunidades e isso pode dificultar parcerias com empresasgreenbets fora do artecnologiagreenbets fora do arponta."

A resistência das plataformas e a tensão política criadagreenbets fora do artorno do projetogreenbets fora do arlei explicagreenbets fora do arparte porque a matéria segue emperrada no Congresso.

Gaza e Ucrânia

Lula chamou atenção para o conflito entre Israel e a Palestina, classificando o que está acontecendogreenbets fora do arGaza e na Cisjordânia como "uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano."

Em tom diplomático, o presidente afirmou que "o que começou como ação terroristagreenbets fora do arfanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletivagreenbets fora do artodo o povo palestino."

"O direitogreenbets fora do ardefesa transformou-se no direitogreenbets fora do arvingança, que impede um acordo para a liberaçãogreenbets fora do arreféns e adia o cessar-fogo."

O presidente, no entanto, evitou usar termos polêmicos como genocídio, Holocausto e crimesgreenbets fora do arguerra, que adotara anteriormente para qualificar a situação, gerando uma crise diplomática com Israel.

A delegação israelense não aplaudiu o discurso do brasileirogreenbets fora do arnenhum momento.

Ainda sobre os conflitos internacionais, Lula afirmou que "o Brasil condenougreenbets fora do armaneira firme a invasão do território ucraniano" e destacou que a essa altura da guerra, nenhum dos dois deverá conseguir ganho total por vias bélicas. Para Lula, Rússia e Ucrânia devem abrir uma negociação diplomática para encerrar o conflito.

A posiçãogreenbets fora do arLula o afasta do presidente americano Joe Biden nesse tema, já que os Estados Unidos enviaram, secretamente, armamento para a defesa da Ucrânia.

Por outro lado, o brasileiro se aproxima da China, lembrando que os dois países elaboraram seis pontos para que se instale um processogreenbets fora do ardiálogo e o fim das hostilidades na Ucrânia.

Reforma da ONU

O presidente trouxe, novamente, uma reivindicação histórica da diplomacia brasileira: a reforma da ONU e do Conselhogreenbets fora do arSegurança, no qual o país não tem um assento permanente.

"A exclusão da América Latina e da Áfricagreenbets fora do arassentos permanentes no Conselhogreenbets fora do arSegurança é um eco inaceitávelgreenbets fora do arpráticasgreenbets fora do ardominação do passado colonial", afirmou o presidente.

Ele também lembrou que nunca na história da instituição uma mulher ocupou o cargogreenbets fora do arsecretária-geral. "Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziadas e paralisadas", afirmou Lula.

O Conselhogreenbets fora do arSegurança da ONU é formado por 15 membros, sendo que cinco deles são permanentes e detêm podergreenbets fora do arveto: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

Já os demais membros são temporários, eleitosgreenbets fora do ardoisgreenbets fora do ardois anos.

"Não tenho ilusões sobre a complexidadegreenbets fora do aruma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizadosgreenbets fora do armanutenção do status quo. Exigirá enorme esforçogreenbets fora do arnegociação. Mas essa é a nossa responsabilidade", afirmou Lula,greenbets fora do aralusão aos cinco membros permanentes que, apesargreenbets fora do arse dizerem favoráveis a mudanças, nunca efetivamente as realizam.

"Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global. A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam às expressões cruas dos mecanismos do poder", seguiu Lula.

Ao falargreenbets fora do ar"vontade da maioria", Lula alude à possibilidadegreenbets fora do aruma reforma via Assembleia Geral, evocando-se o artigo 109 da Carta das Nações Unidas. Para o professorgreenbets fora do arRelações Internacionais da UFMG, Dawisson Belém Lopes, o pleito não surpreende, é uma demanda histórica da diplomacia brasileira mas, à luz do direito internacional, o artigo 109 não seria uma solução efetiva para forçar uma reforma que superasse o vetogreenbets fora do arpaíses como China, Rússia e Estados Unidos.

Os constrangimentos

O Brasil está há meses enfrentando estiagens severas e, mais recentemente, sufocado por queimadas, e o governo vem sendo criticado pela demora nas respostas. Segundo Garman, discursar sobre o tema sob o escrutíniogreenbets fora do arum organismo internacional é inevitavelmente "constrangedor". Mas, ao menos no discurso, ele foi feliz na maneiragreenbets fora do artratar".

"O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica dagreenbets fora do arsoberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais", reconheceu o presidente, evitando se vitimizar. O presidente, no entanto, não se estendeugreenbets fora do ardescrever o cenário.

Lula citou ainda as enchentes no Rio Grande do Sul como um exemplo, junto aos incêndios, da necessidadegreenbets fora do armedidas mais urgentes e profundas dos líderes globais.

O que ele deseja é que os países ricos — e os maiores poluidores do mundo — se comprometam a remunerar aos emergentes pelos serviçosgreenbets fora do arconservação florestal e pela reduçãogreenbets fora do aremissõesgreenbets fora do argases do efeito estufa.

Embora trate o tema como prioritário emgreenbets fora do aragenda internacional, Lula e seu governo vivem a contradição entre o apelo dos ambientalistas e a necessidadegreenbets fora do argarantir a renda da exploração dos combustíveis fósseis: a Petrobras tem aumentadogreenbets fora do arproduçãogreenbets fora do arbarrisgreenbets fora do arpetróleo, que atingirá o ápicegreenbets fora do ar2030.

Além disso, o presidente recebeugreenbets fora do arreunião fora da agenda,greenbets fora do arNova York, dirigentes da petroleira Shell, que tem interessegreenbets fora do arexplorar poços na margem equatorial brasileira. O encontro foi revelado pela BBC News Brasil.

O silêncio

Já sobre América Latina, Lula disse que a região vive uma segunda década perdida e voltou a condenar o embargo unilateral dos EUA à Cuba, classificando como "injustificado", alémgreenbets fora do arcitar a grave situação do Haiti.

No entanto, o presidente se esquivougreenbets fora do arfalar sobre a Venezuela, que vive uma escaladagreenbets fora do artensão depoisgreenbets fora do arrealizar eleições presidenciais cujo resultado anunciado pelo regimegreenbets fora do arNicolás Maduro não foi reconhecido no cenário internacional, incluindo o Brasil.

O tema gerou divisão entre os próprios diplomatas brasileiros: por um lado, alguns argumentavam que Lula deveria levantar o tema, até por querer liderar mediações para a solução. Por outro, auxiliares argumentavam que a plenária da ONU é polarizada demais e que qualquer citação ao assunto renderia críticas ao presidente.

Para Garman, "não falar sobre a Venezuela é um reconhecimento tácito que o brasil está numa posição muito difícil no assunto".

Já Brian Winter vê habilidade no presidente brasileiro ao saber quando se calar, já que,greenbets fora do arsuas palavras, Lula estágreenbets fora do armeio a um "jogo delicadogreenbets fora do ardenunciar eleições fraudulentas sem romper relações com Caracas".

O tema foi trazido ao evento das Democracias que Lula co-patrocinou com a Espanha na tardegreenbets fora do arterça. Quem o levantou foi o chileno Boric, que já criticou Lula por, emgreenbets fora do arvisão, não ser suficientemente crítico ao regime Maduro.

"Precisamos adotar uma única posiçãogreenbets fora do arpaises progressista. Violaçãogreenbets fora do arDireitos Humanos não podem ser julgados conforme a cor do ditadorgreenbets fora do arturno que o violar, ou presidente que os violar. Seja Netanyahu,greenbets fora do arIsrael, ou Maduro na Venezuela, Ortega, na Nicaragua ou Putin, na Rússia. Quer se autodefinamgreenbets fora do aresquerda ou direira, o que sejam. Nós progressistas precisamos ser capazesgreenbets fora do ardefender princípios", disse Boric. Diplomatas brasileiros temiam que o assunto dominasse a reunião, já que o espanhol Sanchéz recentemente concedeu asilo ao presidenciável oposicionista Edmundo González.

"Acho que as vezes fracassamos porque não usamos a mesma medida pra julgar aqueles que estão do nosso lado. Já aconteceu muitas vezes na América Latina e nos prejudicou muito, já conversei muito com Lula sobre isso, como a venezuelização da nossa política causou prejuizo pras esquerdas", finalizou Boric.