'Empresas já leem nossas mentes e vão saber ainda mais com neurotecnologia', diz pesquisadora:app betnacional atualizado
Na verdade, explica Farahany, as defesas da nossa privacidadeapp betnacional atualizadopensamento começaram a ser derrubadas sem a necessidadeapp betnacional atualizadoexaminar diretamente o cérebro.
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Fim do Matérias recomendadas
Isso foi possível com a vasta quantidadeapp betnacional atualizadodados pessoais compartilhadaapp betnacional atualizadoredes sociais e outros apps, que é analisada por algoritmos e depois monetizada.
Hoje as companhiasapp betnacional atualizadotecnologia detêm informações importantes sobre nós: quem são nossos amigos, qual conteúdo gera emoção (e, importante, que tipoapp betnacional atualizadoemoção), as preferências políticas,app betnacional atualizadoquais produtos clicamos, por onde circulamos ao longo do dia e algumas das transações financeiras.
"Tudo isso está sendo usado por empresas para criar perfis muito precisos sobre quem somos e assim entender nossas preferências e nossos desejos", diz Farahanyapp betnacional atualizadoentrevista à BBC News Brasil.
"É importante as pessoas entenderem que elas já estãoapp betnacional atualizadoum mundo onde mentes são lidas."
Outra fronteira do nosso funcionamento interno começa a ser explorada com a popularizaçãoapp betnacional atualizadosmartwatches (relógios inteligentes), que reúnem dados sobre batimento cardíaco, níveisapp betnacional atualizadoestresse, qualidade do sono e muito mais.
Mas o avanço da neurotecnologia, com equipamentosapp betnacional atualizadocontato direto com a cabeça, leva tudo isso a um novo patamar, com mais dados e mais precisão.
Ela explica que sensores cerebrais são justamente parecidos com sensoresapp betnacional atualizadofrequência cardíaca encontrados nos smartwatches ouapp betnacional atualizadoanéis que medem a temperatura do corpo quando captam a atividade elétrica no cérebro.
"E toda vez que você pensa, ou toda vez que sente algo, os neurônios disparamapp betnacional atualizadoseu cérebro, emitindo pequenas descargas elétricas. Padrões característicos podem ser usados para tirar conclusões", afirma.
"Por exemplo, se você vê uma propaganda e sente alegria ou estresse ou raiva, tédio, envolvimento... todas essas reações podem ser captadas por meio da atividade elétricaapp betnacional atualizadoseu cérebro e decodificadas com a inteligência artificial mais avançada."
Ou seja, esses sinais cerebrais transmitem o que sentimos, observamos, imaginamos ou pensamos.
Farahany afirma que as pessoas precisam compreender e aceitar que o cérebro "não é inteiramente delas".
Essa situação leva a própria filosofia a questionar o conceitoapp betnacional atualizadolivre arbítrio, ou seja, o poderapp betnacional atualizadoum indivíduoapp betnacional atualizadooptar por suas ações.
"Imagine que você se proponha no começo da semana a não passar maisapp betnacional atualizadouma hora por dia nas redes sociais. Aí você descobre no final que você gastou quatro horas por dia. O que aconteceu?", pondera a professoraapp betnacional atualizadoDireito e Filosofia na Duke.
"Se existem algoritmos projetados para te capturar quando você quer se desconectar, se existem notificações quando você fica muito tempo fora do celular, se você quer assistir a só um episódio da série e o próximo começa automaticamente, você usou seu livre arbítrio? São ferramentas e técnicas projetadas para prejudicar aquilo com que você se comprometeu."
'Tecnologiaapp betnacional atualizadosi raramente é o problema'
Farahany, ao contrário do que se possa pensar, é uma grande entusiasta dos avanços da neurotecnologia.
Ela enumera ao longoapp betnacional atualizadoThe Battle for Your Brain uma longa listaapp betnacional atualizadocontextosapp betnacional atualizadoque o monitoramento cerebral poderia melhorar a humanidade e salvar vidas.
"O que eu proponho é um equilíbrio. É tanto uma formaapp betnacional atualizadoas pessoas enxergarem os aspectos positivos da tecnologia, mas tambémapp betnacional atualizadoestarem protegidas contra os riscos mais significativos", diz.
"Para chegar lá, é necessário mudar a forma como pensamos a nossa relação com a tecnologia. A tecnologia raramente é o problema. Quase sempre é o mau uso."
"Não se trataapp betnacional atualizadoencampar posições absolutas do tipo 'tudo isso é ruim' ou 'tudo isso é ótimo', mas tentar definir quais são as funcionalidades dessa tecnologia para o bem comum e quais são os riscosapp betnacional atualizadouso indevido."
Esses cenáriosapp betnacional atualizadoum futuro não tão distante, no entanto, são complexos, cheiosapp betnacional atualizadofacasapp betnacional atualizadodois gumes.
A neurotecnologia poderá reduzir o númeroapp betnacional atualizadoacidentes fatais ao acompanhar os grausapp betnacional atualizadodesatenção e, principalmente,app betnacional atualizadofadiga que atingem caminhoneiros e condutoresapp betnacional atualizadotrem/metrô, por exemplo.
Essa mesma funcionalidade pode ser abusada por uma empresa ou escolaapp betnacional atualizadobusca da produtividade total,app betnacional atualizadoque momentosapp betnacional atualizadodistraçãoapp betnacional atualizadoum empregado ou aluno são vigiados, registrados e eventualmente punidos.
Uma pulseira que capta ondas eletromagnéticas enviadas pelo cérebro para movimentar braços e mãos poderá transformar esses impulsosapp betnacional atualizadosinais eletrônicos e tornar experiências digitais ouapp betnacional atualizadorealidade virtual muito mais intuitivas e integradas.
E há um potencial ainda mais importante nesse dispositivo: oapp betnacional atualizadodetectar os estágios iniciaisapp betnacional atualizadouma doença neurodegenerativa. A análise das atividades cerebrais como um todo poderá representar um salto imenso para a medicina e a longevidade.
Por outro lado, escreve Farahany no livro, a mesma pulseira também perceberá "se você está envolvidoapp betnacional atualizadouma atividade íntima usando suas mãosapp betnacional atualizadoseu quarto".
E todos esses dados nas mãosapp betnacional atualizadogovernos?
Mas para a professora iraniana-americana a grande preocupaçãoapp betnacional atualizadorelação à privacidade individual estáapp betnacional atualizadogovernosapp betnacional atualizadoposseapp betnacional atualizadouma gama cada mais amplaapp betnacional atualizadodados pessoais.
Ela relata que o Departamentoapp betnacional atualizadoDefesa dos EUA financiou uma empresa que desenvolveu um sistema biométrico que combina dadosapp betnacional atualizadoondas cerebrais, estados cognitivos, reconhecimento facial, análise das pupilas dos olhos e mudanças na quantidadeapp betnacional atualizadosuor produzido.
Já na China, uma reportagemapp betnacional atualizado2018 do jornal South China Morning Post contava que trabalhadoresapp betnacional atualizadodiversos ramos e integrantesapp betnacional atualizadoforças militares do país já usavam monitoresapp betnacional atualizadoondas cerebrais para detectar picos emocionais como depressão, ansiedade ou raiva.
Além do uso para melhorar performances e assim o resultado financeiroapp betnacional atualizadoempresas, a reportagem dizia que outro objetivo era "manter a estabilidade social" chinesa.
Farahany afirma que, na maioria dos países, as leis sobre privacidade não contemplam explicitamente o direito à privacidade mental.
"Acredito que as Nações Unidas precisam avançar no sentidoapp betnacional atualizadoreconhecer o que chamoapp betnacional atualizado'direito à liberdade cognitiva'. Um direito universal que nos direcionaria a uma atualização da privacidade, que diga explicitamente que há direito à privacidade mental, um direitoapp betnacional atualizadoestar protegido contra interferências na maneira como pensamos e sentimos."
Ela diz que "liberdadeapp betnacional atualizadopensamento" é hoje aplicada e entendida como sendo estritamente a respeitoapp betnacional atualizadoliberdadeapp betnacional atualizadoreligião eapp betnacional atualizadocrença.
"Acho que precisamos expandir esse entendimento para haver uma proteção contra a interferência, a manipulação e a punição contra o pensamento."
O problema é que a tecnologia se desenvolve sempre mais rápido que o debate e a aprovaçãoapp betnacional atualizadouma legislação, e empresas e governos se aproveitam dos vaziosapp betnacional atualizadolegalidade.
"Trata-se realmenteapp betnacional atualizadotentar descobrir o quanto antes, e também conforme a tecnologia evolui, quais são seus benefícios e riscos. E depois esclarecer o que estáapp betnacional atualizadojogo e desenvolver um regime regulatório que aborde isso. Nem sempre é fácilapp betnacional atualizadofazer", reconhece Farahany.
O projetoapp betnacional atualizadoElon Musk
O mais visível projetoapp betnacional atualizadoneurotecnologia tem vários elementos para a controvérsia: envolve a implantaçãoapp betnacional atualizadoum chip no cérebro e tem a liderançaapp betnacional atualizadoElon Musk, figura frequente no noticiário e muitas vezes envoltoapp betnacional atualizadopolêmicas.
Umaapp betnacional atualizadosuas empresas, a Neuralink, quer no futuro implantar esse tipoapp betnacional atualizadodispositivo no órgão mais complexo do ser humano para curar doenças como Alzheimer e permitir que pessoas com doenças neurológicas controlem celulares ou computadores com a mente.
Alguns especialistas na área demonstram receio com o projeto, levantando dúvidas sobre as implicações desse tipoapp betnacional atualizadotecnologia desenvolvida por uma empresa com fins lucrativos.
Em maio último, a FDA, a agência norte-americana que controla alimentos e remédios, autorizou o primeiro teste com humanos.
"Não estou tão preocupada com o projetoapp betnacional atualizadoMusk. Na verdade, estou um tanto otimista quanto a isso", diz Farahany.
"A Neuralink promete duas inovações: fazer cirurgia via robôs, que executariam as partes mais delicadas e difíceis da operação [de implanteapp betnacional atualizadoneurotecnologia]. A segunda são eletrodos do tamanhoapp betnacional atualizadoum fioapp betnacional atualizadocabelo que poderiam ser implantados com muito menos risco para o cérebro humano."
Poucos cirurgiões no mundo têm habilidade hoje para executar um procedimento assim.
"Se eu me tornasse severamente incapacitada a pontoapp betnacional atualizadonão conseguir mais me comunicar ou me mexer, eu provavelmente buscaria a oportunidadeapp betnacional atualizadoter algum tipoapp betnacional atualizadotecnologia neural implantada."