A odisseia dos cubanos que tentaram chegar aos EUA e acabaram refugiados na Austrália:truco cassino

Crédito, Ridel Brea

Legenda da foto, Alguns cubanos que tentam chegar aos Estados Unidos são interceptados, processados ​​em Guantánamo e, se as autoridades considerarem apropriado, enviados para um terceiro país que pode ser tão distante quanto a Austrália

Em vez disso, alguns acabaram refugiados na Austrália, um país distante e exótico para os nativos da ilha caribenha.

Uma trajetória incomum que Brea e Morera compartilharam com a BBC News Mundo, serviçotruco cassinonotíciastruco cassinoespanhol da BBC, vários anos depois.

De colaborar com a segurança do Estado a se lançar no mar

Na madrugadatruco cassino6truco cassinojulhotruco cassino2015, Brea e outros 12 cubanos levam uma balsa improvisadatruco cassinouma carroçatruco cassinodireção à costatruco cassinoCojímar, a poucos quilômetrostruco cassinoHavana.

A travessia para os Estados Unidos é perigosa. As condições precárias. A balsa é uma plataforma frágiltruco cassinomadeira com uma lona e um motortruco cassinocaminhão reciclado. Até que o motor aqueça e dê partida, eles devem remar manualmente. Os 13 estão amontoados.

No mar, eles avançam furtivamente para não alertar a guarda costeira.

Ridel deixa para trás um filho pequeno e o resto da família. "Isso é terrível, uma loucura", ele pensa, mas não tem escolha.

Não muito antes, seus planos eram ficartruco cassinoCuba estudando criminologia. Garantiram a ele que, se colaborasse com a segurança do Estado para denunciar crimes, poderia ter essa oportunidade.

"Mas foi tudo uma farsa. Era um grupotruco cassinooperações para atacar a oposição política. Não fui contratado para isso", disse ele à BBC News Mundo.

Foi então que se envolveu com a própria oposição e começou a fazer jornalismo independente até que ameaçaram colocá-lo na cadeia.

Assim, embora a travessiatruco cassinobalsa pareça uma loucura, ele se conforta pensando que a cada quilômetro que avança, está mais perto da liberdade que busca.

Depoistruco cassinoum dia e meiotruco cassinoviagem, eles são interceptados por barcos americanos, e sobem a bordo junto a outros cubanos.

"Foi quase um presentetruco cassinoDeus. Porque naquela mesma noite caiu uma tremenda tempestade. No dia seguinte, fomos resgatar outro barco cubano que estava perdido há dois dias e com a bússola quebrada. Tarde demais: havia um rapaztruco cassino19 anos anos morto no barco", relembra.

As autoridades deportaram todos os que estavam com Rideltruco cassinovolta a Cuba. Mas, para ele, tinham outro destino: a Base Navaltruco cassinoGuantánamo.

Um ano depois, este jovem, hoje com 32 anos, mal imaginava que acabaria encontrandotruco cassinoliberdade na cidade australianatruco cassinoBrisbane.

Crédito, Ridel Brea

Legenda da foto, Poucos dias antestruco cassinopartir na balsa, nem sequer a irmãtruco cassinoRidel sabiatruco cassinoseus planos

Histórias cruzadas

A odisseiatruco cassinoRichard Morera é semelhante àtruco cassinoRidel. Depoistruco cassinose sentir perseguido e ameaçado por agentes cubanos devido àtruco cassinooposição política, decidiu chegar aos Estados Unidos pelo mar tambémtruco cassino2015.

Cuba tem um sistematruco cassinogovernotruco cassinopartido único, e muitos opositores políticos afirmam ser perseguidos pelas autoridades.

Antes, Richard tentou encontrar uma saída menos arriscada, mas com a crise econômica endêmica da ilha, as contas não fechavam. Chegartruco cassinobalsa parecia a única opção.

Primeiro, ele embarcoutruco cassinoCaibarién, no centrotruco cassinoCuba,truco cassinoum barco construído por ele e outro colega que o acompanhou na jornada.

Crédito, Richard Morera

Legenda da foto, Richard Morera se aventurou no mar pela primeira veztruco cassinouma balsa que construiu junto com outro colega

"Depoistruco cassinotrês dias no mar, fomos interceptados por uma embarcação das Bahamas, transferidos para um barco cubano e mandadostruco cassinovolta à ilha", conta Morera à BBC News Mundo.

Oposição política e uma tentativa frustradatruco cassinomigração ilegal. Com estes precedentes, seu retorno a Cuba não foi fácil.

"Me multaramtruco cassino6 mil pesos e ameaçaram me colocar na cadeia após me acusaremtruco cassinoquerer derrubar o governo", relembra.

Ele não teve dúvida. Se juntou a outros oito cubanos e saiu novamentetruco cassinobalsa — agoratruco cassinoCojímar, o mesmo portotruco cassinopartidatruco cassinoRidel.

Ao amanhecer do quarto dia, eles foram descobertos novamente, mas desta vez pela guarda costeira americana. Todos foram mandadostruco cassinovolta a Cuba, menos Richard.

Ele passou quase 19 dias aguardando uma resposta no mar, sendo transferido para pelo menos 15 embarcações.

Finalmente chegou a notícia: ele seria enviado para Guantánamo, onde Ridel já estava.

Medo crível

Por vários anos, todo cubano que pisavatruco cassinoterritório americano costumava obter residência legal com relativa facilidade.

Diante da política migratória conhecida como "pé molhado, pé seco", muitos cubanos tentaram a sorte no mar para chegar ao país vizinho ao norte. Se fossem interceptados na água, com "pés molhados", o mais provável era que fossem deportadostruco cassinovolta a Cuba.

Se,truco cassinocontrapartida, chegassem ao solo americano, com os "pés secos", poderiam fazer uma solicitação para se estabelecer no país.

Esta política estevetruco cassinovigor até janeirotruco cassino2017, quando foi revogada pelo então presidente Barack Obama.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Sob a política do 'pé molhado - pé seco', milharestruco cassinocubanos obtiveram asilo nos Estados Unidos — muitos outros morreram tentando

Ridel, Richard e dezenastruco cassinooutros cubanos que acabaram na Austrália foram interceptados no mar e nunca chegaram ao destino pretendido. Mas tampouco foram deportados.

Não são casos muito comuns e podem até ser arbitrários, mas possíveis sob as complexas leistruco cassinoimigração dos Estados Unidostruco cassinorelação a Cuba e outros países.

"Se for comprovado por meiotruco cassinouma entrevista oficial que uma pessoa encontrada no mar sofretruco cassinomedo crível, se supõe que esta pessoa é registrada e pode se qualificar para asilo ou statustruco cassinorefugiado", explica Juan Carlos Gómez, diretor da Clínicatruco cassinoImigração e Direitos Humanos da Universidade Internacional da Flórida, nos EUA, à BBC News Mundo.

Os Serviçostruco cassinoCidadania e Imigração dos Estados Unidos definem como medo críveltruco cassinoperseguição e tortura uma "possibilidade significativa"truco cassinoque você possa demonstrar às autoridades que foi perseguido ou que há um temor fundamentadotruco cassinoque, se voltar ao seu paístruco cassinoorigem, pode ser torturado ou perseguido por motivostruco cassinoraça, religião, nacionalidade, filiaçãotruco cassinodeterminado grupo social ou opinião política.

"No entanto, nem todos conseguem demonstrar isso. E pessoastruco cassinosituações semelhantes foram tratadastruco cassinoforma diferente. É a parte triste da lei, dependetruco cassinoquem a interpreta etruco cassinoquem a aplica", diz Gómez.

O polêmico caso do farol

Richard Morera e Ridel Brea passaram cercatruco cassinoum anotruco cassinoGuantánamo até serem admitidos pela Austrália como refugiadostruco cassino2016. Seus depoimentos e precedentes convenceram as autoridadestruco cassinoum medo crível, e seus processos foram tramitados ​​sem muita repercussão.

No entanto, neste mesmo ano teve início um dos casos mais polêmicos e midiáticostruco cassinocubanos que, na tentativatruco cassinochegar aos Estados Unidos, acabaram na Austrália.

Era um grupo formado por 24 pessoas, que também partiutruco cassinobalsa. Mas, ao longo do caminho, se deparou com um farol a poucos quilômetros da Flórida, e ficou lá por vários dias.

Quando um juiz determinou que o farol não era considerado território americano e que eles deveriam voltar a Cuba, teve início uma longa batalha legal.

Ramón Saúl Sánchez, do Movimento Democracia, grupo com sede na Flórida que zela pelos direitos humanos dos cubanos, liderou a luta do grupo.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Durante anos, Ramón Saúl Sánchez ajudou muitos cubanos que buscavam asilo nos Estados Unidos outruco cassinooutro país

"Recorremos a um precedentetruco cassinoque cubanos ficaram presostruco cassinouma pontetruco cassinodesuso e cortada no meio do mar perto dos Estados Unidos. O governo dos EUA não a considerou seu território, mas recorremos a um juiz e finalmente concederam o visto", conta Sánchez à BBC News Mundo.

Da mesma forma, o Movimento Democracia voltou a lutar pelos cubanos presos no faroltruco cassino2016. Eles enfrentavam a deportaçãotruco cassinomassa, mas acabaram sendo entrevistados para ver se o caso deles se qualificava como medo crível.

Finalmente, 17 conseguiram ser admitidos pela Austrália no verãotruco cassino2017, um ano após a chegadatruco cassinoRichard e Ridel — e depoistruco cassinotambém passarem um anotruco cassinoGuantánamo. O resto dos cubanos do farol foram enviadostruco cassinovolta para Cuba.

O caso não foi recebido com muito entusiasmo por algumas associações. Na ocasião, Graham Thom, coordenadortruco cassinorefugiados da Anistia Internacional na Austrália, descreveu a chegada dos cubanos como "difíciltruco cassinoentender" e "incomum que sejam reassentados na Austrália, considerando que mantêm um processo para se instalar nos Estados Unidos".

"Talvez haja negociações que não conhecemos", disse Thomtruco cassinoentrevista ao veículo australiano SBS Spanish.

O ativista levantou, inclusive, a questãotruco cassino"por que estavam tirando os cubanos da Baíatruco cassinoGuantánamo às custastruco cassinotalvez sírios na Jordânia ou sudaneses do sultruco cassinoUganda?"

O departamentotruco cassinoimigração da Austrália abordou a controvérsia dizendo que seu país e os Estados Unidos "tinham um longo históricotruco cassinocooperaçãotruco cassinoobjetivos humanitários mútuos e respectivos", incluindo a realocaçãotruco cassinorefugiados cubanos.

Uma porta-voz do Departamentotruco cassinoEstado dos EUA, portruco cassinovez, se recusou a comentar casos individuais, mas disse que 445 pessoas foram realocadas para outros países por meio do Centrotruco cassinoOperaçõestruco cassinoMigração, com sedetruco cassinoGuantánamo, desde 1996. A grande maioria era cubana.

A vida na Base Navaltruco cassinoGuantánamo

Crédito, Richard Morera

Legenda da foto, Embora houvesse restrições, os cubanos alegam não ter passado maus momentos na basetruco cassinoGuantánamo enquanto seu caso estava sendo resolvido

"Quando conto o que vivitruco cassinoGuantánamo, sempre me perguntam se fiquei na prisão onde colocam a Al-Qaeda, mas a prisão fica longetruco cassinoonde eu estava", diz Ridel.

Ele foi o único ocupante da balsatruco cassinoque estava que teve a sortetruco cassinoser registrado neste território arrendado pelos Estados Unidostruco cassinoCuba, onde rege a lei americana.

"Os demais que viajavam comigo foram mandadostruco cassinovolta, mastruco cassinoGuantánamo havia mais cubanos na mesma situação que eu", afirma.

Entre eles, estava Richard, com quem começou uma amizade que dura até hoje na Austrália.

"A verdade é que não estávamos mal na Base Naval. Havia boliche, cinema, supermercados, lojas e restaurantes. Lá dentro, as pessoas faziam o que queriam", lembra Richard.

"O que acontece é que havia mais restrições para os migrantes. Não tínhamos acesso à internet e devíamos ir com escolta a alguns pontos da base", acrescenta.

Crédito, Richard Morera

Legenda da foto, Alguns dos artesanatostruco cassinomadeira que Richard fez para vender na feira durantetruco cassinoestadia na Base Navaltruco cassinoGuantánamo

Ele teve que esperar vários meses para quetruco cassinosituação fosse resolvida. Enquanto isso, passava boa parte do tempo fabricando artesanatotruco cassinomadeira que depois poderia vendertruco cassinouma feira dentro da base.

Seu caso e otruco cassinooutros cubanos foram resolvidos por meio da Organização Internacional para as Migrações (OIM), encarregadatruco cassinotramitar com diferentes países o destino dos refugiados.

"Houve cubanos que enviaram para a Costa Rica, Canadá, Eslováquia... até que chegou a nossa vez, e nos disseram que era a Austrália", lembra Richard.

"Bem, é o que tem que ser", ele pensou quando deram a notícia. Mas,truco cassinocasos como o dele outruco cassinoRidel, ele diz que o destino pouco importa.

"Para onde quer que fosse, só não podíamos voltar para Cuba", afirma.

Uma grata surpresa

"O melhor país do mundo", disseram a Richard e Ridel quando confirmaram que iam para a Austrália.

Era um destino exótico onde jamais imaginaram pisar.

"Pelo menos pensávamos que graças às aulas gratuitastruco cassinoinglês que nos deramtruco cassinoGuantánamo, não teríamos muitas dificuldades com o idioma, mas, claro, aprendemos com sotaque americano. Quando chegamos à Austrália, não entendíamos nada", conta Ricardo rindo.

Crédito, Ridel Brea

Legenda da foto, 'Foi um tremendo choque', lembram os cubanos ao chegar à Austrália. Na foto, Ridel recém-chegado a Brisbane. Ele diz que estava muito frio

Felizmente, as confusões com o idioma foram o único obstáculo. Todo o resto correu quase sem problemas.

O governo e outras associações ofereceram a eles cursostruco cassinoinglês, manutenção, casa e alimentação, até que arrumaram trabalho e se tornaram independentes.

Ambos encontraram uma companheira e tiveram filhos.

Ridel anseia por ver o filho que deixou para trás quando saiutruco cassinoCuba, que agora tem oito anos.

"Mas para os opositores é difícil voltar. Tenho medotruco cassinochegar etruco cassinoque não me deixem entrar ou me interroguem", admite.

À distância, ambos seguem atentos à realidadetruco cassinoseu país natal e participamtruco cassinoatividades políticas pedindo alternativas ao governo socialista.

Eles veem pouca evolução na Cuba que deixaram para trás. A economia permanece frágil, e alimentos e remédios, escassos. O fluxo migratório continua, e dezenastruco cassinomilharestruco cassinocubanos seguem tentando chegar aos Estados Unidos na esperançatruco cassinoserem admitidos.

Somentetruco cassinomarçotruco cassino2022, maistruco cassino30 mil cubanos chegaram à fronteira sul com o México, um número recordetruco cassinoacordo com o órgãotruco cassinoAlfândega e Proteçãotruco cassinoFronteiras.

Crédito, Ridel Brea

Legenda da foto, Após chegar ao país, Ridel se envolveutruco cassinotrabalhos comunitários

Olhando para trás, Ridel e Richard agradecem por terem acabado na Austrália, e não nos Estados Unidos, embora tenha sido o primeiro destino que eles tentaram.

"Vejo que aqui há mais qualidadetruco cassinovida do quetruco cassinooutros países do mundo. A saúde é gratuita, e se você perder o emprego, o governo te ajuda a sobreviver com o aluguel, eletricidade e tal", diz Ridel.

"Se eu tivesse que escolhertruco cassinonovo, seria a Austrália 100%. Agora olho para meus filhos, e vendo o que às vezes acontece nos Estados Unidos, me dá muita paztruco cassinoespírito saber que nenhuma criança vai entrar na escola com uma arma", acrescenta Richard.

Ridel estima que haja uma comunidadetruco cassinoaproximadamente 50 cubanostruco cassinoBrisbane. Vários deles chegaramtruco cassinocondições semelhantes. Ele conta que eles costumam se reunir e organizar bailestruco cassinosalsatruco cassinoum clube da cidade. Estão longe, mas fazem todo o possível para sentir Cuba mais perto.

- Este texto foi publicado originalmentetruco cassinohttp://roberthost1.accountsupport.com/internacional-62390229

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