O que foi o massacre1xbet 64Napalpí, que Argentina julga 100 anos depois:1xbet 64

Crédito, Roberto Lehmann-Nitsche
A magistrada argumentou ainda que "a busca concreta da verdade é relevante, não apenas1xbet 64termos1xbet 64memória coletiva, mas também por poder trazer consequências favoráveis no campo da reparação histórica e simbólica para as comunidades que teriam sido prejudicadas diretamente por esses fatos".
O Ministério Público Federal da Argentina indicou que este será "um processo dedicado à averiguação da verdade, similar aos promovidos na década1xbet 6419901xbet 64diversas jurisdições para investigar os crimes da última ditadura, durante a vigência das leis1xbet 64Ponto Final e Obediência Devida", que impediam que os repressores fossem julgados.
O "julgamento pela verdade" começou na Casa das Culturas1xbet 64Resistência1xbet 64191xbet 64abril, data1xbet 64que se comemora o Dia do Índio - chamado na Argentina1xbet 64Dia do Aborígene Americano.
O processo inclui audiências no interior da província, onde vivem atualmente os descendentes das vítimas do massacre, e no Centro Cultural da Memória1xbet 64Buenos Aires, localizado na antiga Escola Mecânica da Marinha (ESMA) - o mais conhecido centro clandestino1xbet 64detenção durante o último regime militar argentino.
A Secretaria1xbet 64Direitos Humanos do país destacou que se trata do "primeiro julgamento da história da Argentina que investigará um massacre1xbet 64povos originários".

Crédito, Poder Judicial1xbet 64la Nación
O que aconteceu?
Os registros históricos e a investigação da Promotoria Pública permitiram reconstruir os fatos ocorridos1xbet 64191xbet 64julho1xbet 641924, quando centenas1xbet 64homens, mulheres, crianças e idosos das comunidades nativas americanas moqoit e qom foram assassinados por policiais civis e militares, além1xbet 64latifundiários da região.
Tudo ocorreu na chamada Redução Aborígene1xbet 64Napalpí (hoje conhecida como Colônia Aborígene), a cerca1xbet 64150 km da cidade1xbet 64Resistência. As "reduções" eram locais criados pelo Estado para poder concentrar as populações indígenas e explorá-las como mão1xbet 64obra barata.
As famílias que viviam1xbet 64Napalpí sobreviviam colhendo algodão1xbet 64condições análogas à escravidão.
Um grupo1xbet 64trabalhadores decidiu deflagrar greve para reivindicar a justa retribuição pelo seu trabalho ou a possibilidade1xbet 64sair do território para trabalhar1xbet 64outros engenhos. Em resposta, o então governador do Chaco, Fernando Centeno, enviou forças1xbet 64segurança para reprimi-los.
Cerca1xbet 64130 homens cercaram a redução e massacraram seus moradores, que estavam desarmados. Levantamentos1xbet 64diferentes historiadores reunidos pela Promotoria Pública dão conta que,1xbet 6445 minutos, os agentes dispararam mais1xbet 64cinco mil balas1xbet 64fuzil contra a população1xbet 64Napalpí.

Crédito, Roberto Lehmann-Nitsche
A operação também utilizou um avião que, segundo o testemunho1xbet 64alguns dos descendentes da comunidade, lançou alimentos para atrair aqueles que estavam no morro e poder massacrá-los. O etnólogo alemão Roberto Lehmann-Nitsche - especialista nas comunidades1xbet 64povos originários da Argentina - tirou uma fotografia desse avião, que foi incluída no processo.
Muitas das vítimas foram enterradas1xbet 64valas comuns depois1xbet 64serem mutiladas para transformar partes dos corpos1xbet 64"troféus" - como testículos, peitos e orelhas.
E o massacre não terminou ali. Os sobreviventes foram perseguidos e "caçados" nos morros. Os feridos foram assassinados a facadas.
Estima-se que, ao todo, mais1xbet 64400 pessoas tenham morrido naquele dia - e cerca1xbet 6440 crianças que haviam conseguido escapar foram entregues para servir1xbet 64criados nas localidades próximas, quando não morriam pelo caminho.
Ana Noriega, da Fundação Napalpí, afirmou à BBC News Mundo (serviço1xbet 64espanhol da BBC) que 70% a 80% da população da Redução Napalpí foram massacrados. E os que conseguiram sobreviver precisaram esconder-se das autoridades, que tentavam eliminar todos os indícios, para poder negar o ocorrido.
Segundo a versão oficial, noticiada pela imprensa na época, o que aconteceu foi um enfrentamento entre os indígenas que precisou ser sufocado pela polícia. Mas as histórias sobre esse dia, que os sobreviventes contaram aos seus descendentes, tornaram-se uma peça fundamental para que hoje, 98 anos depois, o etnocídio cometido esteja sendo julgado.

Crédito, Unidad Fiscal1xbet 64Derechos Humanos1xbet 64Resistencia
Memória oral
A partir dos relatos da1xbet 64avó, o historiador qom Juan Chico começou a pesquisar os fatos e recolheu testemunhos e provas que viriam a ser publicados no seu livro La Voz1xbet 64la Sangre ("A voz do sangue",1xbet 64tradução livre), que permitiu romper o silêncio histórico sobre o ocorrido no princípio do século 20.
O testemunho gravado1xbet 64Chico - que morreu1xbet 64covid-191xbet 642021, com 42 anos1xbet 64idade - foi ouvido na abertura das audiências,1xbet 64191xbet 64abril.
Foi também exibido o registro audiovisual1xbet 64dois dos últimos sobreviventes do massacre: os centenários Pedro Balquinta e Rosa Grilo, que prestaram depoimento para os promotores1xbet 642014 e 2018, respectivamente.
"É muito triste para mim, porque mataram meu pai e quase não tenho vontade1xbet 64recordar, me faz doer o coração", disse Grilo, a última vítima a prestar seu testemunho, abrindo1xbet 64declaração.
Na próxima audiência1xbet 6431xbet 64maio, na Casa das Culturas1xbet 64Machagai (o município argentino onde se localiza Napalpí), serão ouvidas as declarações1xbet 64descendentes dos sobreviventes do massacre.
Noriega, da Fundação Napalpí (fundada por Chico), salientou que "é a primeira vez que a memória oral dos povos [originários], que é transmitida1xbet 64geração1xbet 64geração, terá a mesma legitimidade da palavra dos acadêmicos e especialistas. Isso é muito importante."
"Este julgamento vai empoderar as pessoas, avalizar1xbet 64história, que eles ouviram muitas vezes, mas sempre foi desmentida pelos meios1xbet 64comunicação e pelo Estado vigente", afirma ela.
Já a juíza Niremperger destacou na abertura dos trabalhos que o julgamento não busca apenas "aliviar as feridas" e "reparar" os danos do passado. É também uma mensagem para as gerações atuais e futuras.
"Um objetivo é ativar a memória e gerar a consciência coletiva1xbet 64que essas graves violações aos direitos humanos não devem voltar a ser repetidas", afirmou a juíza.

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