'Salvei milharesslot balalamulheresslot balalacasamentos como o meu':slot balala

Ameaçada com a perdaslot balalasua casa, Agnes decidiuslot balala2019 lutar contra seu marido nos tribunais sul-africanos, uma medida extremamente incomum para uma mulher negra daslot balalageração.

"Eu tinha 72 anosslot balalaidade na época - para onde eu iria e onde começar? Minha única opção era lutar para não ficar nas ruas na minha idade", ela conta. "Acho que a necessidade me deu coragem. Se não houvesse necessidade, talvez eu não tivesse feito. Eu tinha que dizer não."

'As mulheres não tinham escolha'

Agnes se casouslot balalauma épocaslot balalaque a África do Sul era dirigida pela minoria branca e os casais negros se casavam automaticamenteslot balalaum sistema chamadoslot balala"separaçãoslot balalabens", mas que dava todos os direitosslot balalapropriedade aos homens.

"Naquela época, as mulheres não tinham escolha - era casar-se com separaçãoslot balalabens ou não se casar", explica Agnes.

Uma alteração da Leislot balalaPropriedade Matrimonialslot balala1988 permitiu que os casais negros alterassem o seu regimeslot balalacasamento para "comunhãoslot balalabens" - o que deu direitosslot balalapropriedade iguais às mulheres.

Mas isso não era automático. As mulheres negras precisavam do consentimento dos seus maridos, pagar uma petição e dar entrada dentroslot balalaum períodoslot balaladois anos.

"Nós sabíamos que a lei havia mudado e achávamos que era para todas", relembra Agnes. "[Mais tarde], quando percebi que a lei havia me enganado, foi que percebi que teria que brigar por isso."

'Sou aventureira'

Agnes nasceuslot balalaVryheid, uma pequena cidadeslot balalamineirosslot balalacarvão no norteslot balalaKwaZulu-Natal.

Em todo o país, havia uma clara divisão econômica entre as raças na décadaslot balala1940. O paislot balalaAgnes limpava trens para a ferrovia sul-africana e fazia "chá para os seus chefes brancos no escritório". A mãe era a "garota da cozinha", que lavava, limpava e cozinhava para "famílias brancas privilegiadas".

"Nasci entre os mais pobres dos pobres, meus pais eram trabalhadores. Eles deram um ótimo exemplo para nós", conta Agnes.

"Nós costumávamos ir à igreja todo fimslot balalasemana. Quando cresci, na verdade, os católicos não tinham permissão para o divórcio, mesmo se eu visse que algo não andava bem", agrega ela. "Eu não queria me casarslot balalanovo, nem que meus filhos crescessem sem os dois paisslot balalacasa - e é tudo o que eu sabia."

Apesar dos desafios, Agnes viu seus pais lutarem para ficar juntos e ver a luta deles fez com que ela decidisse que teria uma vida melhor.

Ela recebeu treinamento como enfermeira antesslot balalase casar com Gideon. Mais tarde, ela começou a vender roupasslot balalacasa e trabalhouslot balalauma sérieslot balalaempregos para atingir seus objetivos.

"Logo descobri que eu estava sozinha, porque meu marido entrava e saía das nossas vidas", conta Agnes, que teve quatro filhos com ele.

"Eu chegavaslot balalacasa do trabalho e começava a costurar, comprar e vender roupas. Eu fazia muitas coisas ao mesmo tempo porque estava decidida a levar meus filhos para a escola", continua ela.

"Sou aventureira por natureza, tive aventuras toda a minha vida. Em vezslot balalaprocurar alguém para fazer as coisas para mim, eu fazia sozinha."

Para Agnes, a deterioração do casamento ficou clara cercaslot balalanove anos atrás. Uma noite, depoisslot balalachegar do trabalho, ela descobriu que Gideon havia se mudado para o quarto ao lado sem explicação.

O casal continuou a viver sob o mesmo teto, mas levava vidas completamente separadas.

"Nós nos encontrávamos no corredor, na escada ou no estacionamento sem dizer uma palavra", relembra ela.

Agnes conta que Gideon nunca falou com ela sobre seus planosslot balalavender a casa e "foi um choque ver pessoas desconhecidas entrarem na minha casa para olhar".

Percebendo que poderia acabar sem ter onde morar, no inícioslot balala2019 ela deu entradaslot balalauma ação acusando abuso financeiro - argumentando que ela havia contribuído igualmente com a construção daslot balalafamília e dos bens compartilhados.

Dois anos mais tarde, o Tribunal Constitucional da África do Sul confirmou uma decisão anterior da Corte Supremaslot balalaque as leis vigentes haviam discriminado os casais negros e, particularmente, as mulheres negras.

Foi decidido que todos os casamentos anteriores a 1988 seriam alterados para o regimeslot balala"comunhãoslot balalabens" - dando às mulheres os mesmos direitosslot balalapropriedade.

Agnes eslot balalafilha mais nova assistiram ao veredito online do seu quarto. No início, ela não percebeu que havia ganhado a causa até que o seu advogado telefonou.

"Nós não conseguíamos entender o que estava acontecendo devido ao jargão [jurídico]", conta ela. "Nós não tínhamos ideia todo o tempo. Eu tinha um nó no estômago, estava assustada, mas tinha fé."

"Chorei lágrimasslot balalaalegria. Percebi que nós havíamos salvado milharesslot balalamulheresslot balalacasamentos similares ao meu", afirma Agnes.

Agnes conta que deve seu espírito lutador aos muitos desafios que teve que enfrentar sozinha.

"É a minha personalidade, quem eu sou e como faço as coisas, quero ser autoconfianteslot balalatodas as formas", prossegue. "Sem dúvida, é algo raro na nossa cultura e entre as mulheres da minha geração."

"Para mim, ter vencido a causa é uma das melhores coisas que já me aconteceram."

Agnes conseguiu até perdoar Gideon, que morreuslot balalacovid-19 durante o processo judicial.

Dois dias antes daslot balalamorte, ele pediu desculpas à esposa e às filhas pela forma como as coisas se sucederam.

Agnes depois descobriu que ela não só havia sido excluída do testamento dele, mas que ele havia deixado a casa do casal para outra pessoa. Mas a decisão judicial prevaleceu sobre o testamento.

"Nós o perdoamos e estouslot balalapaz. Não me arrependoslot balalanada e, o mais importante, cumpri com meu casamento [até o final]", afirma Agnes.

"Eu não queria nada que fosse dele, mas ele queria tomar tudo, incluindo o que ganhei com meu trabalho, e isso eu não queria."

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