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Por que a medicina alemã está reaprendendo a fazer abortos:aposta ganha aviãozinho
aposta ganha aviãozinho O aborto legal está disponível às mulheresaposta ganha aviãozinhotoda a Alemanha desde os anos 1970, mas o númeroaposta ganha aviãozinhomédicos que realizam o procedimento está diminuindo. Mas existem estudantes e jovens médicos que querem preencher essa lacuna.
A mulher da clínicaaposta ganha aviãozinhoplanejamento familiar olhou para Teresa Bauer eaposta ganha aviãozinhoamiga severamente. "E o que você está estudando?" perguntou ela à amiga, que acabaraaposta ganha aviãozinhodescobrir que estava grávida, e queria fazer um aborto.
"Estudos culturais", respondeu ela.
"Ahhh, então você está vivendo um estiloaposta ganha aviãozinhovida colorido?", respondeu a mulher.
Bauer ficou quieta, escondendoaposta ganha aviãozinhoraiva.
Estressada com a descobertaaposta ganha aviãozinhouma gravidez acidental, a amigaaposta ganha aviãozinhoBauer pediu que ela marcasse as consultas necessárias para organizar um aborto.
Não era apenas o casoaposta ganha aviãozinholigar para o clínico geralaposta ganha aviãozinhosua amiga para marcar um horário para o procedimento.
Primeiro, ela precisava marcar uma consultaaposta ganha aviãozinhoaconselhamento, que foi projetada para "proteger a vida não nascida", como diz a lei alemã, e desencorajar a mulheraposta ganha aviãozinhoprosseguir. Algumas das clínicas que prestam o serviço são administradas por igrejas — Bauer teve o cuidadoaposta ganha aviãozinhoevitá-las, temendo receber críticas.
'Pensei que seria mais fácil'
Em seguida, ela precisava encontrar um médico que prescrevesse pílulas para um aborto medicamentoso precoce. No ano passado, a lei passou a permitir que os médicos divulguem que trabalham com abortos, mas eles não podem indicar os tiposaposta ganha aviãozinhoserviço que oferecem, então Bauer teve que ligar para os consultórios um por um.
"Berlim é uma cidade liberal, então pensei que seria mais fácil do que era", diz ela.
"Mesmo quando íamos buscar a pílula, a assistente do médico ficava perguntando: 'Você tem certeza?' Ver o que minha amiga teve que passar e como ela foi tratada me deixou com tanta raiva que decidi fazer algo a respeito."
Bauer era estudante do terceiro anoaposta ganha aviãozinhomedicina na época, então, alguns dias depois, ela mandou um e-mail para a Medical Students for Choice Berlin (Estudantesaposta ganha aviãozinhoMedicina Pró-Escolhaaposta ganha aviãozinhoBerlim), dirigido por alunosaposta ganha aviãozinhosua universidade, dizendo que queria começar o voluntariado.
Ela agora trabalha com eles, fazendo campanha para melhorar o treinamento sobre aborto para estudantesaposta ganha aviãozinhomedicina e aumentando a conscientização sobre os obstáculos que as pessoas que procuram o aborto podem enfrentar.
Embora a Alemanha seja considerada um país liberal, suas leis reprodutivas são surpreendentemente restritivas. O aborto não é realmente legal — ele é apenas descriminalizado até a 12ª semana após a concepção, desde que a mulher tenha passado por sessãoaposta ganha aviãozinhoaconselhamento, seguida por um períodoaposta ganha aviãozinhoesperaaposta ganha aviãozinhotrês dias.
Por essa razão, técnicasaposta ganha aviãozinhoaborto não são ensinadas nas escolasaposta ganha aviãozinhomedicina e, por isso, há uma escassezaposta ganha aviãozinhomédicos realizando o procedimento.
Em algumas partes da Alemanha, as mulheres precisam viajar longas distâncias para chegar a uma clínicaaposta ganha aviãozinhoaborto. Em 2018, maisaposta ganha aviãozinho1.000 delas viajaram até a Holanda, onde o processo é mais simples e o direito se estende até 22ª semanaaposta ganha aviãozinhogestação.
Alguns médicos também viajam da Bélgica e da Holanda para realizar abortosaposta ganha aviãozinhocidades do norte da Alemanha, como Bremen e Münster.
Crédito, Getty Images
Código penal da Alemanha
- Seção 218 declara o aborto ilegal:
- 218a prevê "exceçãoaposta ganha aviãozinhoresponsabilidade" para abortos realizados no primeiro trimestreaposta ganha aviãozinhogravidez, ou posteriormenteaposta ganha aviãozinhocasosaposta ganha aviãozinhonecessidade médica — sujeito a aconselhamento e esperaaposta ganha aviãozinhotrês dias
- 219a proíbe a publicidadeaposta ganha aviãozinhoserviçosaposta ganha aviãozinhoaborto, embora desde 2019 seja possível aos médicos divulgar o fatoaposta ganha aviãozinhoque fazem o aborto, desde que não dêem mais detalhes
A Medical Students for Choice Berlin está tentando resolver as dificuldades enfrentadas por mulheres que buscam um aborto. Fazem isso por meioaposta ganha aviãozinhoworkshops com mamão — o procedimento é testadoaposta ganha aviãozinhofrutas tropicais.
O tamanho da fruta é um substituto útil para o útero humano, e suas sementes são aspiradas para demonstrar como o feto pode ser removido. A ideia é colocar os alunosaposta ganha aviãozinhocontato com o tema e incentivá-los a buscar uma formação especializada após o término da graduação.
O grupo foi fundadoaposta ganha aviãozinho2015 por Alicia Baier, que afirma só ter sabido das dificuldades enfrentadas por mulheres que buscam o aborto por acaso,aposta ganha aviãozinhoum congresso durante seu quarto anoaposta ganha aviãozinhomedicina.
"É um assunto tabu e ninguém fala sobre isso, então a maioria das pessoas não sabe sobre os problemasaposta ganha aviãozinhoacesso até que eles próprios precisem fazer um aborto", diz ela.
Ela então descobriu que a maioria dos médicos que realizam abortos na Alemanha tem 60 e 70 anos e deve se aposentaraposta ganha aviãozinhobreve. "Eles são a geração que experimentou as lutas anteriores pelos direitos das mulheres", diz ela. "Eles se politizaram. Mas as gerações mais jovens nunca aprenderam como fazer isso."
Baier entrouaposta ganha aviãozinhocontato com um grupo americano chamado Medical Students for Choice, que explicou que o mamão pode ser usadoaposta ganha aviãozinhodemonstrações do procedimento. "Eles até postaram as ferramentas para usarmos", acrescenta ela. Um palestrante então a colocouaposta ganha aviãozinhocontato com alguns ginecologistas que poderiam receber os workshops. "Eles me disseram: 'Temos esperado tanto tempo por alunos como você!'"
Na Baixa Baviera, uma região com uma populaçãoaposta ganha aviãozinho1,2 milhãoaposta ganha aviãozinhopessoas na fronteira com a Áustria e a República Tcheca, o último ginecologista que fazia abortos desistiu da aposentadoria há cinco anos, já que nenhum outro médico na região 80% católica concordouaposta ganha aviãozinhosubstituí-lo. Mas Michael Spandau,aposta ganha aviãozinho72 anos, parou novamenteaposta ganha aviãozinhotrabalharaposta ganha aviãozinhomarço, porqueaposta ganha aviãozinhoidade o colocouaposta ganha aviãozinhorisco durante o surtoaposta ganha aviãozinhocovid-19.
"As mulheres têm que viajar para Munique ou Regensburg, a 130 kmaposta ganha aviãozinhodistância", disse Thoralf Fricke, da filial local da organizaçãoaposta ganha aviãozinhocaridadeaposta ganha aviãozinhoplanejamento familiar Pro Familia, situada no centro da cidadeaposta ganha aviãozinhoPassau. "Se você não tem carro, precisa viajaraposta ganha aviãozinhotrem. Isso é caro. Se você mora na zona rural, leva três horas para cada trajeto. E é um risco paraaposta ganha aviãozinhosaúde. Essa operação não é como tirar um dente. Você pode ter complicações, como problemasaposta ganha aviãozinhopressão arterial", explica Fricke.
Dificuldade nas áreas rurais
Há também uma grande populaçãoaposta ganha aviãozinhomulheres refugiadas na região, que muitas vezes ficam alojadasaposta ganha aviãozinhoáreas rurais enquanto aguardam a aprovaçãoaposta ganha aviãozinhoseus pedidosaposta ganha aviãozinhoasilo. No geral, elas não têm redesaposta ganha aviãozinhoapoio que possam ajudá-las a encontrar acomodação para pernoitar quando viajam para realizar um aborto.
Rose, que é da Nigéria e mora a 40 minutosaposta ganha aviãozinhoônibusaposta ganha aviãozinhoPassau, precisou fazer um abortoaposta ganha aviãozinhodezembro do ano passado. "Minha filha tem seis meses e eu disse ao meu namorado: 'não aguento mais ter outra criança tão cedo'", conta ela.
Após o procedimento, ela conseguiu passar a noite na casaaposta ganha aviãozinhouma ativista pró-escolha, Lea. "Fiquei me sentindo muito tonta depois", lembra ela. "Eu tive muita sorteaposta ganha aviãozinhoestar com Lea porque ela me apoiou enquanto eu caminhava. Se eu tivesse que pegar o ônibus, talvez eu tivesse desmaiado."
Crédito, Jessica Bateman
A Associação Alemãaposta ganha aviãozinhoGinecologistas disse à BBC: "Na Alemanha, é responsabilidade dos estados federais dar aconselhamento e assistência suficientes às mulheres grávidasaposta ganha aviãozinhosituaçõesaposta ganha aviãozinhocrise. A lei declara que ninguém é obrigado a participaraposta ganha aviãozinhoum aborto. A única exceção é quando a vida da mãe está ameaçada."
"Os ginecologistas e a equipe médica são livres para decidir, seguindoaposta ganha aviãozinhoreligião eaposta ganha aviãozinhoética, se desejam realizar ou negar o aborto. Ninguém deve ser forçado. Em regiões onde o catolicismo é predominante, há menos médicos e enfermeiras. Então, as mulheres devem levaraposta ganha aviãozinhoconta as distâncias mais longas. "
O hospitalaposta ganha aviãozinhoPassau disse que a prefeitura decidiuaposta ganha aviãozinho2007 que os abortos só seriam realizados no hospitalaposta ganha aviãozinhocasoaposta ganha aviãozinhoemergência.
O direito ao aborto tem uma história longa e complexa na Alemanha. Na era nazista, realizar um abortoaposta ganha aviãozinhouma alemã branca era crime capital, a menos que o feto fosse deformado. Em contraste, mulheresaposta ganha aviãozinhooutros grupos étnicos foram incentivadas a abortar. Anos depois, a Alemanha Oriental comunista tinha leis mais liberais, mas a postura mais conservadora do Ocidente se tornou padrão após a reunificaçãoaposta ganha aviãozinho1990.
A lei que proíbe a propagandaaposta ganha aviãozinhoserviços, 219a, foi criada na era nazista. Recentemente ela foi usada por ativistas antiaborto para mover ações judiciais contra médicosaposta ganha aviãozinhotodo o país.
Thoralf Fricke conta que houve um aumento nas ocorrênciaaposta ganha aviãozinhoódio nos últimos dois anos, com ativistas enviando ameaçasaposta ganha aviãozinhomorte e bonecosaposta ganha aviãozinhofeto para ele. Antes da pandemia, os manifestantes ficavam do ladoaposta ganha aviãozinhofora da clínica Pro Família, onde as mulheres procuram aconselhamento antes do aborto.
Crédito, Getty Images
Mas o movimento pró-escolha também está ficando mais forte. Como resultado da campanha do Medical Students for Choice, o hospital universitário Charité,aposta ganha aviãozinhoBerlim, no ano passado incluiu o abortoaposta ganha aviãozinhoseu currículo pela primeira vez, assim como a Universidadeaposta ganha aviãozinhoMünster. Se a quarentena permitir, o grupo planeja realizar um fimaposta ganha aviãozinhosemanaaposta ganha aviãozinhotreinamento com estudantesaposta ganha aviãozinhomedicinaaposta ganha aviãozinhotodo o paísaposta ganha aviãozinhoBerlim, nos próximos meses.
Alicia Baier agora concluiu seus estudos e está fazendo um treinamentoaposta ganha aviãozinhoum consultório médico que oferece abortos. Aqui, ela vêaposta ganha aviãozinhoprimeira mão como a faltaaposta ganha aviãozinhoacesso afeta as mulheres. "Um médico fez uma mulher esperar desnecessariamente uma semana a mais, o que a empurrou além do limite para um aborto com pílulas", explica ela. Após nove semanas, a única opção é o aborto cirúrgico pela técnicaaposta ganha aviãozinhovácuo.
Baier também entrouaposta ganha aviãozinhocontato com uma jovemaposta ganha aviãozinho19 anos que sofreu consequências sérias. Ela havia tentado fazer um abortoaposta ganha aviãozinhocasa por faltaaposta ganha aviãozinhoinformação sobre onde conseguir um procedimento seguro. Seu útero teve que ser removido.
Embora mais alunosaposta ganha aviãozinhomedicina estejam aprendendo o procedimento, diz Baier,aposta ganha aviãozinhoidade significa que ainda haverá uma lacuna nos serviçosaposta ganha aviãozinhoum futuro próximo.
"Levará vários anos antesaposta ganha aviãozinhoconseguirmos executar nossas próprias práticas", diz ela. "E antes disso, com a aposentadoria dos médicos atuais, teremos grandes problemas."
"Algumas mulheres não compareciam às consultas", diz. "Achamos que elas foram intimidadas."
Por algumas semanas a cada mês, Lucie parecia se tornar uma pessoa diferente — alguém que sofriaaposta ganha aviãozinhoinúmeros problemas mentais e físicos — e ela não conseguia entender por quê. Ela passou anos procurando um médico que pudesse lhe dar uma resposta, e foi necessária uma histerectomia aos 28 anos para curá-la.
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