Por que o papa Francisco está sofrendo oposição dos conservadores da Igreja:sportingbet bet

Camiseta ironizando o papa
Legenda da foto, Lídersportingbet betpartidosportingbet betextrema-direita na Itália, Matteo Salvini (à dir. na foto) exibe camiseta com a inscrição "Meu papa é Bento"

"Francisco, você destituiu os chefes das congregações, removeu sacerdotes, decapitou a Ordemsportingbet betMalta e a dos Franciscanos da Imaculada, ignorou cardeais. Onde estásportingbet betmisericórdia?", dizia o texto, coberto horas depois pela Prefeiturasportingbet betRoma com a inscrição "publicidade ilegal".

Na mesma época, cardeaissportingbet betRoma receberam uma versão falsa do jornal do Vaticano, o L'Osservatore Romano. Na capa,sportingbet betum ataque irônico ao pontífice, havia uma listasportingbet betperguntas ao papa feitas por cardeais conservadoressportingbet betque a resposta era sempre sic et non (sim e não).

Cartaz com críticas ao papa Francisco

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Mulher passa por cartaz com críticas ao papa Francisco

Eleitosportingbet betmarçosportingbet bet2013 após escândalos que abalaram a imagem do Vaticano, o papa tomou medidas e fez declaraçõessportingbet betimpacto que polarizam opiniões dentro e fora do mundo católico.

Reestruturou, por exemplo, as confusas finanças do Vaticano, criou comissão para combater abuso sexualsportingbet betcrianças na Igreja, fez duras críticas ao capitalismo e ajudou a reaproximar Cuba e EUA. Também chama a atençãosportingbet betdefesasportingbet betuma Igreja mais tolerantesportingbet betquestõessportingbet betfamília - já pediu a sacerdotes que não tratem divorciados como excomungados e procurem acolher católicos homossexuais.

Para seus detratores, porém, ele agesportingbet betforma autoritária e centralizadora.

"O Papa é o vigáriosportingbet betCristo na Terra, mas não é Cristo. Pode errar, pecar e até ser corrigido. Não concordo com seu modosportingbet betgovernar. A Igreja está hoje imersasportingbet betconfusão e desorientação: os fieis precisamsportingbet betcertezas, mas não conseguem encontrá-las. Corremos o riscosportingbet betuma cisão", diz Roberto De Mattei, presidente da Fundação Lepanto, que faz campanha pela "defesa dos princípios e instituições da civilização cristã".

De Mattei esportingbet betfundação sempre foram duros com o para argentino, e chegaram a ser apontados como suspeitossportingbet betestar por trás da ideia dos cartazes - os responsáveis não foram identificados.

Roberto De Mattei

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, 'A Igreja está hoje imersasportingbet betconfusão e desorientação', afirma Roberto De Mattei

"Não sei quem são os autores (dos cartazes), mas não fomos nós. Em Roma você percebe um climasportingbet betmedo, típicosportingbet betregimes totalitários. Estamos diantesportingbet betuma monarquia absoluta que usa a colaboraçãosportingbet betcardeais e bispos, mas lhes dá pouca autonomia. O papa ama nomear comissários especiais para muitos assuntos, assim, ao final, ele sempre pode decidir", disse De Mattei à BBC Brasil.

Tipossportingbet betoposição

Para o historiador Massimo Faggioli, professorsportingbet betTeologia na Villanova University (EUA), é possível identificar três tipossportingbet betoposição ao papa Francisco: teológica, institucional e política.

"A teológica partesportingbet betalguns setores na Igreja que acham que o papa é muito modernosportingbet betquestões como casamento e família. É uma oposição pequena, que agesportingbet betforma respeitosa", diz o professor.

Entre esse setor estão quatro cardeais ultraconservadores quesportingbet betsetembrosportingbet bet2016 pediram,sportingbet betcarta pública, que o papa corrija "erros doutrinários" da encíclica Amoris Laetitia (Alegria do Amor), um guia para a vidasportingbet betfamília que prega a aceitação, pela Igreja,sportingbet betcertas realidades da sociedade contemporânea.

Cardeal Raymond Burke

Crédito, Latin Mass Society

Legenda da foto, Cardeal americano Raymond Burke acredita que o papa esteja fazendo ajustes perigosos na tradiçãosportingbet betmaissportingbet bet2 mil anos do Cristianismo

Na oposição institucional, afirma Faggiolo, há pessoas que querem manter o status quo. "Alguns cardeais têm medosportingbet betperder privilégios ou da mudançasportingbet betmecanismos para a nomeação dos bispos", diz.

O historiador vê a oposição política como a mais forte. "O papa fala sobre vivermos juntos,sportingbet betconstruir pontessportingbet betvezsportingbet betmuros. São questões 'inconvenientes' para a política global da atualidade, pois contrastam com ideias da direita francesa, italiana e americana. São tidas como uma ameaça. O papa pode lidar com as duas primeiras oposições, mas a política é a mais difícil", afirma.

A reação contra o papa não se concentra apenas na Itália e na Europa. Autor do livro "Os inimigossportingbet betFrancisco" (com lançamento previsto no Brasil para o segundo semestre), o jornalista italiano Nello Scavo diz que há grupos nos EUA que trabalham pelo enfraquecimento da liderançasportingbet betJorge Bergoglio, o nomesportingbet betbatismo do papa.

"Há grupos financeiros, fabricantessportingbet betarmas e multinacionais que querem que o papa perca poder. Sua retórica é muito anti-establishment. Ele afirmou que a nossa economia mata, condenou o capitalismo e se fez escutarsportingbet betquestões ecológicas", diz Scavo, citando críticas à Francisco feitas pelo centrosportingbet betestudos conservador American Enterprise Institute (AEI).

O AEI contasportingbet betseus quadros com vários ex-integrantes do governo George W. Bush (2001-2008), entre eles o ex-vice-presidente Dick Cheney. "Cheney faz parte do AEI, foi membro do conselho da Lockheed Martin, principal fabricantesportingbet betsistemassportingbet betdefesa no mundo, e a AEI tem a Halliburton entre seus principais financiadores", afirma o jornaista, citando a multinacionalsportingbet betserviços para exploraçãosportingbet betpetróleo.

Jornalista da emissora católica canadense Salt and Light, Matteo Ciofi diz que a oposição teológica é,sportingbet betfato, a que menos deve preocupar o papa. "Não é possível que um cardeal africano e um europeu possam ter a mesma visão sobre a família. Faz parte das diferenças culturais, é normal que haja críticas. O problema, dentro da Igreja, se concentra naqueles que não querem perder privilégios", diz.

Papa Francisco na capa da revista "Rolling Stone"

Crédito, AFP

Legenda da foto, "Os tempos mudaram", diz a chamada da revista 'Rolling Stone' com o papa na capa

Papa e política

Um dos cardeais que assinaram a carta pública contra a encíclica Amoris Laetitia, o americano Raymond Leo Burke teve reunião recente com Matteo Salvini, líder do partidosportingbet betextrema-direita italiano Liga do Norte.

Com discurso anti-imigração, Salvini fez duras críticas ao papa quando o pontífice visitou um camposportingbet betrefugiados na ilha gregasportingbet betLesbos,sportingbet betabrilsportingbet bet2016.

"Com todo o respeito, o papa está errado. Parece-me que a catástrofe ocorre na Itália, não na Grécia. Ele quer convidar outros milharessportingbet betimigrantes para a Itália? Uma coisa é acomodar os poucos que escaparam da guerra, outra é incentivar e financiar uma invasão sem precedentes. Tem pobres na Grécia, mas também a dois minutos do Vaticano", afirmou o político, que já foi fotografado usando camiseta com a frase "Meu papa é Bento", referência ao antecessorsportingbet betBergoglio.

Para Roberto De Mattei, da Fundação Lepanto, não é a direita que se opõe ao papa, mas é a esquerda que quer torná-lo um símbolo. "Os movimentossportingbet betesquerda querem fazer dele um anti-(Donald)Trump porque não dispõemsportingbet betoutras pessoas carismáticas."