Páscoa: como eram os alimentos da Santa Ceia:888 bet casa de apostas

Então, Jesus teria repartido o pão e o vinho, dito que o que ali estavam era o seu corpo e o seu sangue, recomendado que seus seguidores prosseguissem fazendo isso "em memória888 bet casa de apostasmim".

Historicamente, o que podemos supor que Jesus tenha comido e bebido com seus amigos nesse jantar eternizado no imaginário coletivo?

A Bíblia fala888 bet casa de apostaspão ázimo, um tipo888 bet casa de apostaspão assado sem fermento, feito somente com farinha e água. Na época, era comum que se misturassem o trigo moído com outros cereais, como aveia, cevada e centeio, o que houvesse disponível.

De acordo com a tradição, se a Páscoa é a memória da fuga dos antigos judeus do Antigo Egito, o pão ázimo se tornou obrigatório porque era a refeição precária que eles podiam ter ao longo do trajeto. Considerando ser Jesus um judeu pobre, assim como seus discípulos, é888 bet casa de apostasse supor também que tais ingredientes fossem o que havia disponível.

"Na mesa da Páscoa, havia pão, o pão ázimo, e vinho. Não para beber888 bet casa de apostascair, porque imagina-se que não era uma mesa888 bet casa de apostasgrandes farturas", diz à BBC News Brasil o historiador André Leonardo Chevitarese, autor888 bet casa de apostasJesus888 bet casa de apostasNazaré: Uma Outra História e professor do Programa888 bet casa de apostasPós-Graduação888 bet casa de apostasHistória Comparada do Instituto888 bet casa de apostasHistória da Universidade Federal do Rio888 bet casa de apostasJaneiro.

"Não era uma mesa farta no sentido888 bet casa de apostassobrar, mas havia o trivial. Pão, o vinho, algumas poucas frutas. Era a comemoração da Páscoa. Na mesa da imensa maioria dos judeus era o trivial. Apenas a elite tinha mais. Indivíduos como Jesus e888 bet casa de apostastrupe, não", acrescenta.

"De qualquer maneira, o vinho estava presente. Não um vinho importado, mas o vinho888 bet casa de apostasprodução local,888 bet casa de apostasbaixa qualidade."

As frutas que compunham a mesa888 bet casa de apostasJesus provavelmente eram romãs, tâmaras e uvas.

Vinho ancestral

Se há um consenso888 bet casa de apostasque o vinho foi inventado há cerca888 bet casa de apostas6 mil anos, poucos arriscam determinar como era o vinho bebido por Jesus e seus seguidores.

Pesquisas indicam que, naquela época, a bebida —888 bet casa de apostasmá qualidade e sem padrão consistente — era misturada com ervas aromáticas, mel e frutas. Isso servia para várias coisas. Primeiro, para dar mais frescor. Também para disfarçar o gosto não muito palatável. Por fim, fazer diminuir o gosto avinagrado e oxidado888 bet casa de apostasum vinho que não era conservado adequadamente.

Em seu livro Ancient Wine: The Search for the Origins of Viniculture, o arqueólogo Patrick Edward McGovern, pesquisador da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, explica que era hábito misturar à bebida alcaparras, açafrão, pimenta e toda a sorte888 bet casa de apostasespeciarias.

Na hora888 bet casa de apostasbeber, misturava-se com água.

Como não havia garrafas nem tonéis adequados para preservar o vinho, a ideia era guardar as uvas da colheita para que vinhos fossem feitos ao longo do ano.

Isso significa que na maior parte do tempo eram uvas secas — e não frescas — que acabavam utilizadas. Assim, é888 bet casa de apostasse supor que os vinhos fossem semelhantes àqueles feitos hoje com passas, que resultam888 bet casa de apostasbebidas888 bet casa de apostasálcool mais intenso, e sabor entre o doce e o amargo.

O clima da região, quente e seco, garante a produção888 bet casa de apostasuvas com mais açúcar, o que significa vinhos com maior teor alcoólico.

Na época888 bet casa de apostasJesus, beber vinho era também questão888 bet casa de apostassaneamento básico. Como não havia tratamento888 bet casa de apostaságua, a bebida alcóolica era melhor — até para crianças — para evitar problemas888 bet casa de apostascontaminação.

Com a expansão do império romano, foi incentivada a proliferação888 bet casa de apostasvinhedos. A ideia era garantir o suprimento aos soldados, que atuavam888 bet casa de apostastodas as possessões.

Não há um consenso entre pesquisadores sobre qual era o tipo da uva que se plantava na região888 bet casa de apostasJerusalém — acredita-se que mudas eram levadas888 bet casa de apostasum ponto a outro e acabavam ficando aquelas que mais se adaptavam a cada clima e solo.

O mais provável é que a uva daquela região era uma variedade ancestral daquela que hoje é chamada888 bet casa de apostassyrah.

'Pão nosso888 bet casa de apostascada dia'

No livro Seis Mil Anos888 bet casa de apostasPão: A Civilização Humana Através888 bet casa de apostasSeu Principal Alimento, o pesquisador Heinrich Eduard Jacob aborda888 bet casa de apostasprofundidade como Jesus, e posteriormente o cristianismo, se apoderou do campo semântico do pão888 bet casa de apostasseus ensinamentos.

Da oração do Pai Nosso aos relatos dos milagres, passando por parábolas e, claro, a Santa Ceia.

Técnico da seleção brasileira888 bet casa de apostaspanificação e gerente do Inspiration Center da multinacional Puratos, o padeiro alemão Johannes Roos acredita que no dia a dia Jesus consumisse pão fermentado — e não somente o ázimo mencionado na Bíblia.

"O pão comido naquele período era algo integral, com uma mistura888 bet casa de apostasfarinhas888 bet casa de apostasvários cereais, trigo, sorgo, espelta… Fermentado naturalmente,888 bet casa de apostasforma lenta", conta o padeiro,888 bet casa de apostasentrevista à BBC News Brasil.

"Acho que seria um pão mais escuro,888 bet casa de apostasmoagem mais grossa."

Roos foi além. Motivado pela reportagem, acabou criando uma receita888 bet casa de apostaspão contemporâneo que seria uma releitura atual do pão consumido na Jerusalém888 bet casa de apostas2 mil anos atrás.

"É a receita do pão que eu faria para Jesus na Santa Ceia", comenta ele.

O padeiro utilizaria 400 gramas888 bet casa de apostasfarinha888 bet casa de apostastrigo, 200 gramas888 bet casa de apostasfarinha888 bet casa de apostascenteio, 100 gramas888 bet casa de apostasfarinha888 bet casa de apostasespelta, 100 gramas888 bet casa de apostasfarinha888 bet casa de apostassorgo, 200 gramas888 bet casa de apostasfarinha888 bet casa de apostastrigo integral, 200 gramas888 bet casa de apostasfermentação natural, 22 gramas888 bet casa de apostassal do Mar Morto, 30 gramas888 bet casa de apostassemente888 bet casa de apostasgergelim, 30 gramas888 bet casa de apostassemente888 bet casa de apostasgirassol, 30 gramas888 bet casa de apostassemente888 bet casa de apostaslinhaça, 30 gramas888 bet casa de apostassemente888 bet casa de apostasabóbora e 550 gramas888 bet casa de apostaságua.

Para fazer, "amassaria lentamente todos os ingredientes, menos os grãos, até que a massa ficasse homogênea por completo".

"Então deixaria descansar por 2 horas, sovaria por mais 15 minutos e deixaria descansar por outras 2 horas. Dividiria888 bet casa de apostastamanhos888 bet casa de apostas1,2 quilo cada pão, modelaria e deixaria fermentar por 16 horas", explica.

"Assaria888 bet casa de apostasforno a lenha com madeiras aromáticas, por 50 minutos."

"Antes, limparia o forno com alecrim do mato, que é um planta que deixa um aroma incrível quando utilizada para varrer", diz ainda ele.

Sacramento

Entre teólogos e pesquisadores do cristianismo não há dúvidas888 bet casa de apostasque o pão e vinho, carregados888 bet casa de apostassignificados religiosos, foram os protagonistas daquela última refeição.

"Estamos falando da comemoração da Páscoa acontecendo. É uma celebração típica888 bet casa de apostasum judeu, uma festa estabelecida desde a antiguidade, para marcar a saída apressada do Egito, quando na fuga eles se alimentaram888 bet casa de apostaservas amargas, repartiram o pão, comeram um cordeiro que foi sacrificado", pontua à BBC News Brasil o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leite888 bet casa de apostasMoraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

"Essa festa rememora um momento888 bet casa de apostaslibertação. Os pães ázimos, sem fermento, rememoram essa saída, essa fuga, porque eram pães888 bet casa de apostaspobre, da pessoa com pressa e poucos recursos", completa ele.

"O vinho era uma bebida comum, que fazia parte da alimentação e dos costumes, dos hábitos888 bet casa de apostastodo mundo."

Moraes afirma que, mesmo que alguns moralistas religiosos abstêmios se incomodem, é fato histórico que Jesus bebia vinho com frequência.

"Isso deve ser entendido sem nenhum tipo888 bet casa de apostasescândalo. Em algum momento, Jesus acaba sendo acusado888 bet casa de apostasbeberrão,888 bet casa de apostasacolher prostitutas,888 bet casa de apostasparticipar888 bet casa de apostasfestas,888 bet casa de apostasandar com pessoas simples e pobres… Jesus era um homem festeiro e o último momento dele é um momento888 bet casa de apostasque ele está como um judeu típico celebrando a Páscoa", contextualiza o historiador.

O importante, entende o pesquisador, é como ele acaba ressignificando o gesto — e, assim, fundando o cristianismo.

"Ele modificou o processo [da Páscoa]. Aproveitou aquela situação toda para ressignificar a ceia, transformando aquela reunião888 bet casa de apostasum grupo888 bet casa de apostasjudeus, instituindo um novo sacramento. E é exatamente isso que fundamenta a igreja: a eucaristia, a Santa Ceia", comenta.

"De uma festa judaica da Páscoa, ele instituiu um novo sacramento. Ressignificou o pão e o vinho", acrescenta.

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