O suicídio públicob2xbet parceirosBerlim que acende alerta sobre situaçãob2xbet parceirosrefugiados trans:b2xbet parceiros

Ella Nik Bayan

Crédito, Dagmar Harmsen

Legenda da foto, Históriasb2xbet parceirosrefugiados transgênero como Ella seguem muitas vezes por ser contadas

Membros da comunidade trans viram o atob2xbet parceirosautoimolação pública como um protesto, mas Ella não deixou nenhuma mensagem ou explicação - e algunsb2xbet parceirosseus amigos mais próximos acreditam que não houve motivo político.

O que teria levado Ella a um ato tão desesperado? O que ela passou desde que deixou o Irã que poderia explicarb2xbet parceirosdecisãob2xbet parceirosacabar comb2xbet parceirosvida?

Alguns sinais podem ser encontrados nos desafios que sabemos que ela enfrentou na jornada que terminou na Alexanderplatz.

Túmulob2xbet parceirosEllab2xbet parceirosBerlim ornado com flores

Crédito, Michael Uhmann

Legenda da foto, Túmulob2xbet parceirosEllab2xbet parceirosBerlim

"Ela era uma pessoa tão gentil, tímida. Sempre sorrindo", lembra Edna Pevestorf.

Edna é coordenadorab2xbet parceirosassistência social e conheceu Ella quando ela chegou a Magdeburg, uma cidade na antiga Alemanha Oriental onde o partido anti-imigrante Alternative für Deutschland teve votação expressiva nas últimas eleições.

Ella era transgênero -b2xbet parceirosidentidadeb2xbet parceirosgênero diferia daquela que lhe foi atribuída no nascimento. Chegou à Alemanhab2xbet parceiros2015 eb2xbet parceirosjornada - como ab2xbet parceirosmuitos outros refugiados queer - foi repletab2xbet parceirosdificuldades.

Ela havia fugido do Irã quatro anos antes e chegado à Alemanha pela Turquia - uma rota comum para refugiados iranianos porque, dessa forma, conseguem entrar sem visto.

Ella não reveloub2xbet parceirosidentidadeb2xbet parceirosgênero no início e levou quase um ano para começar a fazer perguntas à assistente social.

"Ela veio a uma aulab2xbet parceirosalemão que eu dava", recorda Edna, "e perguntou se era legal viver como homossexual aqui, se estava tudo bem. Foi a primeira vez que pensei que ela pudesse estar lidando com alguma coisa."

Mas Ella não era gay. Como muitos outros membros da comunidade LGBTQIA+ no Irã, ela aprendeu a reprimir quem era e como se sentia por medob2xbet parceirosser perseguida e processada.

Cresceub2xbet parceirosuma família conservadora e religiosa no sul do Irã, com quase nenhum acesso a informação sobre identidadeb2xbet parceirosgênero e orientação sexual. Para Ella se assumir como uma mulher trans não foi fácil, e, nesse sentido, Edna relembra uma conversab2xbet parceirosum diab2xbet parceirosoutonob2xbet parceiros2016.

"Ela veio ao meu consultório e disse que precisava falar sobre algo. Disse: não sou gay, mas quero ser mulher". As duas conversaram por algumas horas, e Ella fez várias perguntas sobre como poderia viver como uma mulher trans.

Ella com Edna e Lisab2xbet parceirosum festivalb2xbet parceirosrua

Crédito, Edna Pevestorf

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Alguns meses depois,b2xbet parceirosdezembrob2xbet parceiros2016, Ella fez outra visita ao escritóriob2xbet parceirosEdna.

"Não havia nada nela que fosse novo, exceto o esmalte. Apenasb2xbet parceirosum dedo da mão esquerda."

Esse foi o primeiro dos muitos pequenos passosb2xbet parceirosEllab2xbet parceirosdireção à transformação.

Ella gradualmente começou a revelarb2xbet parceirosidentidadeb2xbet parceirosgênero para aqueles com quem se sentia segura, pessoas como Edna ou Lisa Schulz, que se tornou amigab2xbet parceirosElla enquanto trabalhavam com refugiadosb2xbet parceirosum centro comunitáriob2xbet parceirosMagdeburg.

Lisa se lembrab2xbet parceirosElla como uma pessoa sorridente e sociável, que fazia amigos com facilidade.

"Conheci Ella no centro. No começo, ela estava lá para melhorar seu alemão. Mas depoisb2xbet parceirosum tempo passou a ser uma grande ajuda para nós na tradução - ela falava cinco idiomas: inglês, alemão, árabe, turco e farsi - era uma pessoa muito prestativa."

Sobre a expressãob2xbet parceirosgênerob2xbet parceirosElla, Lisa diz: "Ella sempre foi Ella, mas no começo, não se parecia com a Ella que conhecemos agora. Foi um processo".

Foi um processo que levou maisb2xbet parceirosum ano.

Ella comb2xbet parceirosbicicletab2xbet parceirosMagdeburg

Crédito, Offener Kanal Magdeburg

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Ella também frequentava uma horta comunitária, lembra Lisa. "Ella estava sempre nos campos cavando batatas ou algo assim, usando salto alto e saia curta."

Mas a realidade era que nem todos os lugares eram seguros para Ella. Lisa e Edna dizem que Ella era assediada e intimidada nas ruas.

"Em todos os lugares que ia, as pessoas falavam. Ela chegou a ser agredida verbalmente algumas vezes", diz Lisa. "Ela só queria ser aceita como a mulher que era, e as pessoas não aceitavam isso."

Michael, outro amigob2xbet parceirosEllab2xbet parceirosMagdeburg, lembra-se do diab2xbet parceirosque uma gangueb2xbet parceirosjovens a atacoub2xbet parceirosum trem.

"Os agressores não se importaram com os outros passageiros. Ella teve que se defender com sprayb2xbet parceirospimenta", recorda. Michael diz que não conseguia entender o que os agressores estavam gritandob2xbet parceirosfarsi - Ella disse que eles faziam ameaçasb2xbet parceirosestupro.

A vida como uma mulher transb2xbet parceiroscor não foi fácil para Ellab2xbet parceirosMagdeburg. Ela mudoub2xbet parceiroscasa cinco vezes. Segundo Michael,b2xbet parceirosúltima residência na cidade foi um abrigo para mulheres, do qual saiu porque algumas residentes não a queriam lá.

No outonob2xbet parceiros2019, Ella decidiu se mudar para Berlim, na esperançab2xbet parceirosencontrar maior aceitação.

Parada do orgulho LGBTQIA+b2xbet parceirosBerlim, conhecida como Christopher Street Day,b2xbet parceirosjulhob2xbet parceiros2021

Crédito, Getty Images

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Berlim é conhecida por seus muitos espaços queer seguros e uma abordagem mais liberal à comunidade LGBTQIA+.

Kaveh Kermanshahi, que trabalha com refugiados queer para a LesMigraS, uma organização que ajuda pessoas trans e queerb2xbet parceirosBerlim, diz, contudo, que muitos desses espaços não são acessíveis aos refugiados por vários motivos.

"Os requerentesb2xbet parceirosasilo e os refugiados dependem da ajuda financeira do governo, que não é muito", afirma, "por isso, não é acessível para eles irem a bares, cafés e clubes que são conhecidos como espaços queer.

"Outra questão é que a maioria desses espaços é projetada para homens gays brancos cisgênero e não para mulheres transb2xbet parceiroscor, por exemplo, e também há a barreira do idioma", completa.

O pedidob2xbet parceirosasilob2xbet parceirosElla foi inicialmente rejeitado, um resultado que não é incomum,b2xbet parceirosacordo com Kermanshahi.

Ele diz que há uma percepçãob2xbet parceirosque pessoas trans têm acesso à cirurgiab2xbet parceirosmudançab2xbet parceirossexo no Irã e, posteriormente, vivem "livremente", uma falsa suposição que enfraquece o pedidob2xbet parceirosasilo.

No Irã, as pessoas transgênero precisam passar por uma terapia obrigatória inicialmente e ficam à mercê dos preconceitos pessoais dos profissionais. Aqueles que desejam ser submetidos a operação podem ter que esperar anos antesb2xbet parceirosobter a permissão.

"As sessõesb2xbet parceirosterapia usadas para determinar se alguém precisa da operação não são adequadas, e os conselheiros e terapeutas não têm conhecimento atualizado no Irã", diz Kermanshahi.

"Em muitos casos, as pessoas se sentem pressionadas a fazer terapia hormonal e cirurgia. De acordo com a lei iraniana, as carteirasb2xbet parceirosidentidade só serão entregues a pessoas que se submetem à operação. Isso significa que muitas pessoas transgênero sentem que não têm opção."

Baran é uma mulher trans iraniana que vive na Turquia desde 2017. Recebeu statusb2xbet parceirosrefugiada, mas não tem direitob2xbet parceirostrabalhar.

Ela fugiu do Irã precisamente porque não queria fazer a cirurgiab2xbet parceirosmudançab2xbet parceirossexo, mas foi forçada porb2xbet parceirosfamília a fazer terapia hormonal, o que a levou a ter depressão.

"Eu estava feliz com meu corpo e minhas genitais - não queria tomar hormônios ou fazer essa operação", diz Baran. Masb2xbet parceirosfamília insistiu, e os médicos disseram que se ela se recusasse, não poderia ser considerada uma mulher.

Baran diz que as coisas na Turquia não foram muito diferentes. O servidor que estava cuidandob2xbet parceirosseu casob2xbet parceirosasilo não sabia nada sobre pessoas transgênero. "Ele continuou me dizendo que eu deveria fazer a operação e 'acabar com isso'."

Ella teve experiências semelhantes na Alemanha e queixava-seb2xbet parceirosqueb2xbet parceirosidentidadeb2xbet parceirosgênero era frequentemente questionada.

Lisa Schulz foi visitá-lab2xbet parceirosBerlimb2xbet parceirosjulhob2xbet parceiros2021, alguns meses antesb2xbet parceirosElla tirar a própria vida.

"Ela tinha começado a terapia hormonal, e você podia ver os primeiros sinaisb2xbet parceirostransformação nela. Ela estava ótima, estava com um vestido maravilhoso", recorda. Ella parecia feliz, e convidou Lisa para seu restauranteb2xbet parceirossushi favorito.

Ellab2xbet parceirosumb2xbet parceirosseus restaurantes japoneses favoritosb2xbet parceirosBerlim

Crédito, Lisa Schulz

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"Eu sabia o quanto ela gostavab2xbet parceirossushi, e fomos com os amigos mais próximos dela, então foi uma honra", lembra Lisa.

Na época, Ella estava fazendo um curso que lhe permitiria se candidatar a um empregob2xbet parceirosuma fábrica da Tesla. Depoisb2xbet parceirosmuitos bicosb2xbet parceiroscafés e restaurantes, esta era a oportunidadeb2xbet parceirosfinalmente conseguir um emprego e renda estáveis.

"Quando eu a deixei, eu fiquei tipo: 'uau'!", diz Lisa. "Eu estava feliz por ela."

Mas Ella aparentemente não estava feliz.

Muitos refugiados LGBTQIA+ iranianos esperam ser aceitos por quem são nos países ocidentais, mas muitas vezes a realidade não atende às suas expectativas.

Conforme a legislação alemã, os requerentes transb2xbet parceirosasilo são identificados pelo sexo e nomeb2xbet parceirosnascimento atribuídos até que recebam o statusb2xbet parceirosrefugiado. Isso pode levar vários anos, o que significa que Ella teria sido identificada como "homem"b2xbet parceirostodos os seus papéis.

Para Ella, a longa e frequentemente decepcionante luta para ser aceita continuou emb2xbet parceirosnova cidade natal.

"Ouvib2xbet parceirosamigosb2xbet parceirosBerlim que ela também foi assediada nas ruasb2xbet parceiroslá", diz Lisa.

A transfobia - preconceito contra pessoas transgênero - pode levar à violência. O relatório Trans Murder Monitoring 2021 apontou que maisb2xbet parceiros370 pessoas trans eb2xbet parceirosgênero diverso foram assassinadas no ano passadob2xbet parceirostodo o mundo, 96% delas mulheres trans.

Em 14b2xbet parceirossetembro, apenas alguns meses depois do encontro com Lisab2xbet parceirosBerlim, Ella tirou a própria vida. A notícia chocou profundamente seus amigos.

Localb2xbet parceirosque Ella cometeu suicídio,b2xbet parceirosfrente a uma lojab2xbet parceirosdepartamentos na Alexanderplatz

Crédito, Michael Uhmann

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"Não fazia sentido. Achei que ela estava bem. Estava animada com a possibilidade do novo emprego e uma vida boa. Foi chocante", comenta Lisa.

Michael foi uma das últimas pessoas a ver Ellab2xbet parceirossetembro, poucos dias antesb2xbet parceirosseu suicídio. O aniversáriob2xbet parceirosElla erab2xbet parceirosnovembro, e quando Michael perguntou o que gostariab2xbet parceirosganhar, ela pediu um casacob2xbet parceirosinverno.

Ele está convencidob2xbet parceirosque, na épocab2xbet parceirosque foram fazer compras juntos, ela não tinha planosb2xbet parceirostirar a própria vida.

"Ella era tão incrivelmente cuidadosa com dinheiro", pontua. "Se ela tivesse planejado o suicídio naquele momento, não teria me deixado comprar aquele casaco. Isso simplesmente não faz sentido."

O local onde Ella Nik Bayan tirou a própria vida rapidamente se transformoub2xbet parceirosum altar improvisado, onde as pessoas passaram a deixar flores, velas e cartões.

Túmulob2xbet parceirosElla durante a noite

Crédito, Georg Matzel

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Mas o ódio não teve fim. Em janeiro deste ano, o túmulob2xbet parceirosEllab2xbet parceirosum cemitériob2xbet parceirosBerlim foi vandalizado por desconhecidos que deixaram lá uma latab2xbet parceirosgasolina e um extintorb2xbet parceirosincêndio.

Nunca saberemos por que Ella decidiu tirar a própria vida eb2xbet parceirosmaneira tão pública, só queb2xbet parceirosalgum momento ela decidiu que continuar não era mais uma opção.

Sabemos que ela enfrentou vários obstáculos, desde a fugab2xbet parceirosseu paísb2xbet parceirosorigem até a longa burocracia do processob2xbet parceirosasilo, e o que parecia uma sucessão aparentemente interminávelb2xbet parceirosconsultas médicas, psiquiátricas e legaisb2xbet parceirosseu esforço para finalmente ser ela mesma. Sem mencionar a discriminação e o abuso, que parecia nunca ter fim.

Sua principal arma foi o sorriso no rosto e, apesar das amizades íntimas e fraternas que conseguiu construir, muitos provavelmente não retribuíramb2xbet parceirosgentileza.

b2xbet parceiros A BBC procurou o Escritório Federal Alemãob2xbet parceirosMigração e Refugiados para comentar o casob2xbet parceirosElla e recebeu retornob2xbet parceirosuma porta-voz. Ela afirmou que, embora eles não possam comentar casos específicos, os procedimentos para concessãob2xbet parceirosasilo são avaliações caso a caso cuidadosamente conduzidas com base nos princípios do estadob2xbet parceirosdireito, e os requerentesb2xbet parceirosasilo que tenham suas demandas negadas sempre têm o direitob2xbet parceirosapelar.

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*O Centrob2xbet parceirosValorização da Vida (CVV) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Se você estáb2xbet parceirosbuscab2xbet parceirosajuda, ligue para 188 (número gratuito) ou acesse www.cvv.org.br.

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