Por que este texto pode mudar seu cérebro — as descobertas da neurociência sobre a leitura:bet 365 lol

Antesbet 365 lolsua palestra no evento Hay Festival Arequipa, no Peru, Mora conversou com a BBC News Mundo (serviçobet 365 lolespanhol da BBC) sobre o cérebro, a educação e a leitura. Resumimos a conversa aquibet 365 lolquatro pontos principais.

1. Ler é um processo artificial e recente

"Conquistamos a capacidadebet 365 lolfalar por meiobet 365 lolprocessosbet 365 lolmutação genética com o Homo habilis, há cercabet 365 lol2 a 3 milhõesbet 365 lolanos", diz Mora.

Desde então, nós nascemos com circuitos neurais da linguagem — embora seja importante lembrar que só aprendemos a falar mediante o contato com os outros.

"Pode-se dizer que nascemos com um disco cerebral no qual podemos gravar, mas que ficará vazio se nada for gravado nele", escreveu Morabet 365 lolNeuroeducación y lectura.

A leitura nasceu há cercabet 365 lol6 mil anos com a necessidadebet 365 lolse comunicar além das tribos e vilarejos, onde imperava o curto alcance do boca a boca.

Além disso,bet 365 lolbase não é genética, mas artificial — ou melhor, cultural.

"Ler é um processo que, por não ser geneticamente codificado (e, portanto, não transmitidobet 365 lolpais para filhos), se repete arduamentebet 365 lolcada ser humano e exige um trabalho durobet 365 lolaprendizado e memória" que leva anos, quando não a vida inteira, explica no livro.

Mas "árduo" não significa "sofrido", diz Mora, que aos 4 anos começou a ser submetido ao "castigo da leitura no colégio" pelo desconhecimentobet 365 lolseus educadores sobre como funciona o cérebro.

2. Aprender a ler muito cedo não torna alguém mais inteligente

As crianças são "verdadeiras máquinasbet 365 lolaprendizagem" desde o útero, escreve o pesquisador. Na verdade, "o ser humano precisa aprender quase tudo".

Ler é um dos grandes marcos no desenvolvimento infantil, algo que enche os paisbet 365 lolorgulho... oubet 365 lolpreocupação.

"Quando uma mãe percebe que seu filhobet 365 lol5 anos ainda tem dificuldade para aprender a ler e que a criança vizinhabet 365 lol4 anos do outro lado da rua já lê com fluência, ela pode se perguntar: o meu filho é mais desajustado?", exemplifica o autor.

Acontece que a neurociência tem mostrado que, para aprender a ler, certas partes do cérebro devem ter amadurecido antes. Isso pode acontecer já aos 3 anosbet 365 lolidade, masbet 365 lolgeral se consolida quando as crianças têm 6 ou 7 anos.

Por isso, Mora defende que a leitura comece a ser ensinada formalmente aos 7 anos, "uma idadebet 365 lolque, quase certamente, as áreas cerebrais básicas para a leitura estão suficientemente desenvolvidas e madurasbet 365 loltodas as crianças".

"Esta é precisamente a idadebet 365 lolque se começa a aprender a lerbet 365 lolum país tão avançado na educação quanto é a Finlândia."

Esse é um dos exemplos que o pesquisador mais gostabet 365 lolusar para explicar a importância da neuroeducação, ou seja, uma educação baseada no funcionamento do cérebro.

Colocar uma criança para ler prematuramente, além do riscobet 365 lolgerar sofrimento e frustração, é ineficaz quanto a resultados futuros.

Em outras palavras, o início precoce não gera uma vantagem acadêmica nem torna alguém mais inteligente.

Por outro lado, há algo a ser feito para ajudar no amadurecimento do cérebro, que tem um componente genético mas também cultural: crescer com pais que leem traz "uma dimensão emocional que facilita muito o aprendizado da leitura".

3. A internet está gerando um problemabet 365 lolatenção

"Ninguém duvida que a internet foi uma revolução cultural, criando uma 'era digital'bet 365 lolque a leitura não só é feita mais rapidamente, mas tambémbet 365 loluma forma diferente", escreve Morabet 365 lolNeuroeducación y lectura.

Diversos estudos sobre os efeitos da internet nos cérebrosbet 365 lolcrianças e adolescentes têm mostrado efeitos negativos, desde a diminuição da empatia ao enfraquecimento da capacidadebet 365 loltomar decisões.

Conforme explica o autorbet 365 lolNeuroeducación, para ler precisamos inibir temporariamente "99%bet 365 loltudo o que normalmente pensamos ou que entra no nosso cérebro e prestarmos atençãobet 365 lolapenas 1% disso". Além disso, ler exige tempo.

Já navegar na internet "requer um focobet 365 lolatenção muito curto e que estábet 365 lolconstante mudança".

Isso, diz o espanhol, está debilitando um dos muitos tiposbet 365 lolatenção que existem: a atenção executiva.

"É aquela que você precisa quando está fazendo um planobet 365 loltrabalho, aquela que precisa para estudar", explica, acrescentando que se tratabet 365 loluma atenção "sustentada" e "repousada".

Há até quem falebet 365 loluma nova formabet 365 lolatenção, a digital.

Mora reconhece que hoje não faz sentido memorizar a databet 365 lolnascimentobet 365 loluma personalidade histórica, quando o Google pode responder isso rápida e corretamente — mas isso não significa que a memória deixoubet 365 lolser importante na salabet 365 lolaula.

"É preciso memorizar, e muito, porque suas memórias são o que você é", diz ele. "Não é bom lembrar alguma poesia ou o trechobet 365 lolalgum livro que vá embelezarbet 365 lolfala?"

"Essa é uma dimensão importante dabet 365 lolindividualidade, daquilo que o torna diferente."

4. Ler muda o cérebro (e você)

Embora o cérebro não seja geneticamente projetado para ler, esse órgão tem uma propriedade fundamental para isso: a plasticidade.

A palavra vem do grego "plastikós", que significa "mudança" ou "modelagem".

Aprender a ler altera principalmente uma parte do cérebro que tem a função tambémbet 365 lolidentificar formas e detectar rostos — na mesma medida, com a leitura, começamos a processar e construir palavras.

"O que (o professor) ensina tem a capacidadebet 365 lolmudar o cérebro das crianças embet 365 lolfísica e química, embet 365 lolanatomia e fisiologia, fazendo aumentar algumas sinapses, eliminando outras, formando circuitos neurais cujas funções se expressam no comportamento", escreve Morabet 365 lolNeuroeducación.

Mas as transformações não acontecem apenas no nível fisiológico: como diz o autorbet 365 lolseu outro livro, Neuroeducación y lectura, "uma pessoa muda não só com o vivido, mas também com o lido".

"Ler não é um ato passivobet 365 lolabsorção do que está escritobet 365 loldeterminado documento ou livro, mas um processo ativo, ou até recreativo ('criar novamente'),bet 365 lolrelação ao descrito ali."

Como escreveu o filósofo italiano Umberto Eco,bet 365 loluma citação que Mora adora lembrar: "Quem não lê, aos 70 anos terá vivido apenas uma vida. Quem lê, terá vivido 5 mil anos. Ler é uma imortalidade retroativa."

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