O que as abelhas podem ensinar aos economistas sobre o funcionamento dos mercados:fnv roulette

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Para Meade, o exemplo perfeitofnv rouletteexternalidade positiva era a relação entre maçãs e abelhas.
Pomares e apiários
Imagine, escreveufnv roulette1952 o economista, uma região que reunisse pomares e apiários. Se aqueles que cultivavam maçãs plantassem mais árvores, os apicultores se beneficiariam, porque suas abelhas produziriam mais mel.
Mas os produtoresfnv roulettemacieiras, porfnv roulettevez, não compartilhariam desses benefícios - as externalidades positivas - e, por isso, talvez não plantassem o suficiente para que todos tivessem um aproveitamento ótimo da situação.
Isso se deve,fnv rouletteacordo com Meade, "ao simples e único fatofnv rouletteque o agricultor não pode cobrar o apicultor por estar contribuindo para a nutrição das abelhas".
Mas há um porém na tese - o economista escolheu a planta errada. A flor da macieira não está entre as que mais estimulam a produçãofnv roulettemel. E essa era umafnv roulettemuitas coisas que James Meade não sabia sobre as abelhas.
Para entender seu erro fundamental, precisamos recorrer à história da relação entre os humanos e esses insetos.
'Nunca mate uma abelha'
No começofnv roulettetudo, não existia apicultor - só a coletafnv roulettemel, a tentativafnv rouletteroubar as colmeiasfnv rouletteabelhas selvagens. Esses são episódios que encontramos retratadosfnv roulettepinturas rupestres.
Então, pelo menos 5.000 anos atrás, a atividade foi "formalizada". Gregos, egípcios e romanos se dedicaram à domesticação das abelhas.

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Na Idade Média, os apicultores passaram a usar cestos como colmeias sintéticas - com o formato que acabou se tornando clássico e que muitas vezes aparece nos desenhos animados.
Mas o problema com os cestos-colmeia era que, para tirar o mel, era preciso se livrar das abelhas - assim, muitas vezes, os apicultores sufocavam os insetos com fumaça sulfurosa, extraíam o mel e depois se preocupavam com a construção da próxima colônia.
No decorrer do tempo, as pessoas começaram a se preocupar com o desperdício e com o tratamento dispensado aos animais que não apenas forneciam aos humanos mel mas também polinizavam as plantas.
Na décadafnv roulette1830, um movimento pelos direitos das abelhas emergiu nos Estados Unidos sob o lema "nunca mate uma abelha".
Em 1852, porfnv roulettevez, o escritório americanofnv roulettepatentes concedeu a patente número 9300A ao sacerdote Lorenzo Langstroth pela invençãofnv rouletteuma colmeia com moldura removível.

Crédito, Science Photo Library

A colmeiafnv rouletteLangstroth é uma caixafnv roulettemadeira com uma abertura na parte superior e molduras móveis, cuidadosamente separadas uma da outra pelo intervalo mágicofnv roulette8 milímetrosfnv roulette"espaço abelha" - qualquer coisa maior ou menor que isso faz com que os insetos construam suas próprias estruturas nas molduras e dificultem a extração do mel.
A rainha fica na partefnv roulettebaixo, separada por uma grade no "isolamentofnv rouletterainhas" - uma rede que a impedefnv roulettecircular, mas permite a entrada das abelhas operárias. Isso mantém as larvas distantes dos favosfnv roulettemel.
Os favos são retirados com facilidade e colhidos por uma centrífuga que gira e expele a parte líquida, filtrando o mel.
Industrialização e vida real
Com esse aparelho, um maravilha do design e da eficiência, a nova colmeia permitiu a "industrialização da abelha". E foi essa industrialização que escapou a James Meade. A abelha melífera é um animal cuidadosamente domesticado.
Com as colmeiasfnv rouletteLangstroth, as abelhas se tornaram portáteis. A partirfnv rouletteentão, nada impedia que produtores rurais chegassem a um acordo financeiro com apicultores para que eles pudessem posicionar as colmeias no meio da plantação.
Algumas décadas depois do exemplo famosofnv rouletteJames Meade, outro economista, Steven Cheung, ficou curioso sobre o assunto e fez algo que nós economistas talvez não façamos o suficiente: ele chamou pessoas do "mundo real" e perguntou a elas o quefnv roulettefato acontecia.
E descobriu que, com frequência, eram os produtoresfnv roulettemaçã que pagavam aos apicultores pela polinizavaçãofnv roulettesuas plantações.
No casofnv rouletteoutras culturas, os apicultoresfnv roulettefato pagam aos produtores rurais pelo fatofnv rouletteque suas abelhas se beneficiam do néctar das plantações adjacentes. Um exemplo nesse sentido é a hortelã, que não precisafnv rouletteajuda das abelhas, mas que rende melfnv rouletteexcelente qualidade.
Maçãs e abelhas não são, portanto, bons exemplosfnv rouletteexternalidades positivas, já que a interação entre elas criafnv rouletteforma natural um mercado - e grande.
Atualmente, seu centrofnv roulettegravidade é a indústriafnv rouletteamêndoa da Califórnia. A oleaginosa ocupa quase 4 mil km² do Estado - e movimenta cercafnv rouletteUS$ 5 bilhões por ano. As amendoeiras precisamfnv rouletteabelhas - mais precisamentefnv roulette5 colônias por hectare, alugadas por cercafnv rouletteUS$ 185 cada uma.

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As colmeiasfnv rouletteLangstroth são amarradas umas às outras, carregadasfnv roulettecaminhões articulados - 400 por veículo - e levadas para os camposfnv rouletteamendoeiras da Califórnia a cada nova primavera. Isso tudo à noite, enquanto as abelhas estão dormindo.
Os números impressionam: 85% dos 2 milhõesfnv roulettecolmeias comerciais existentes nos EUA são deslocados e, com eles, dezenasfnv roulettebilhõesfnv rouletteabelhas.
Como descreve a autora Bee Wilsonfnv rouletteThe Hive: The Story of the Honeybee and Us (A colmeia: a história da abelha melífera e nós,fnv roulettetradução livre), os grandes apicultores americanos administram 10 mil colmeias cada um e, da Califórnia, podem viajar milharesfnv roulettequilômetros até chegarem aos camposfnv roulettecerejas no Estadofnv rouletteWashington, aos camposfnv roulettegirassóis na Dakota do Norte e Dakota do Sul, às plantaçõesfnv rouletteabóboras na Pensilvânia oufnv rouletteblueberries no Maine.
Dilema das abelhas selvagens
O prêmio Nobelfnv rouletteEconomia James Meade estava equivocado ao imaginar a apicultura como uma espéciefnv rouletteidílio rural. As abelhas foram quase completamente industrializadas e a polinização, amplamente comercializada.
E isso nos coloca diantefnv rouletteum dilema.
Ecologistas estão preocupados com a populaçãofnv rouletteabelhas selvagens, que estãofnv roulettefranco declíniofnv roulettediversas partes do mundo.

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Ninguém sabe ao certo o porquê. Entre motivos aventados estão parasitas, o usofnv roulettepesticidas na agricultura e o misterioso "distúrbio do colapso das colônias",fnv rouletteque as abelhas simplesmente desaparecem e deixam a rainha para trás.
Como as abelhas domesticadas enfrentam as mesmas pressões, entrariafnv roulettecena um princípio econômico simples - uma redução da ofertafnv rouletteabelhas acabaria pressionando os preços dos serviçosfnv roulettepolinização.
Mas não é isso que os economistas estão vendo.
O distúrbio do colapso das colônias tem tido efeito mínimo, considerando-se diversas métricas, sobre o mercadofnv rouletteabelhas. Produtores estão pagando basicamente a mesma coisa pela polinização, e os preçosfnv roulettenovas rainhas praticamente não se mexeram.

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Aparentemente, apicultores industriais conseguiram desenvolver estratégias para manter a estabilidade das populações usadas no negócio, seja comercializando e reproduzindofnv roulettecativeiro abelhas-rainhas ou dividindo colônias.
É por isso que não há redução na ofertafnv roulettemel - oufnv rouletteamêndoas, maçãs ou blueberries. Pelo menos até agora.
Deveríamos comemorar a açãofnv rouletteincentivos econômicos na preservaçãofnv rouletteparte da populaçãofnv rouletteabelhas? Talvez.
Outra perspectiva é afnv rouletteque o impulso da economia modernafnv roulettecontrolar e monetizar o mundo natural é justamente o que causou o problema.
Antesfnv roulettea agricultura monocultora mudar ecossistemas, não havia a necessidadefnv roulettelevar as colmeiasfnv rouletteLangstrothfnv rouletteum lado a outro para polinizar plantações - populações locaisfnv rouletteinsetos faziam o trabalhofnv roulettegraça.
Então, se quisermos um exemplofnv rouletteexternalidade positiva - algo que o mercado não regulado não produzirá na quantidade que a sociedade desejaria - talvez devêssemos olhar para um uso da terra que contribuísse para a proliferaçãofnv rouletteabelhas selvagens efnv rouletteoutros insetos.
Camposfnv rouletteflores selvagens, talvez - e alguns governos já estão subsidiando esse tipofnv rouletteiniciativa, assim como James Meade os aconselharia.

Crédito, AFP
*Tim Harford escreve a coluna Undercover Economist (Economista disfarçado,fnv roulettetradução livre) no jornal Financial Times.
O programa da BBC 50 Things That Made the Modern Economy ("50 coisas que construíram a economia moderna",fnv roulettetradução livre) destaca invenções, ideias e inovações que ajudaram a moldar o mundo da economia.
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