Fêmeas preferem gorilas que se dedicam aos filhotes, aponta estudo:grupo telegram apostas basquete

  • Edison Veiga
  • De Milão para a BBC News Brasil
Imagem mostra dois gorilas adultos e um filhote na floresta

Crédito, Tierra Smiley Evans/UC Davis

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Machosgrupo telegram apostas basqueteespécie encontradagrupo telegram apostas basqueteRuanda dedicam bastante tempo cuidando dos filhotes da comunidade, sendo elesgrupo telegram apostas basquetesua prole ou não

grupo telegram apostas basquete Há um consenso no mundo científicogrupo telegram apostas basqueteque, no mundo animal, o cuidado parental por partegrupo telegram apostas basquetemachos é raro entre mamíferos. Eles até podem se preocupar com alimentação ou mesmo, como é o caso dos leões, proteção - mas é um comportamento que já teriam mesmo se não houvesse filhotes no grupo.

Uma exceção que salta aos olhos dos pesquisadores é o caso dos gorilas. Estudos anteriores realizados com os da espécie montanhesa que vivegrupo telegram apostas basqueteRuanda, na África, já havia constatado que os machos dedicam bastante tempogrupo telegram apostas basquetefunçõesgrupo telegram apostas basquetecuidado com filhotes da comunidade, sendo eles seus filhos ougrupo telegram apostas basqueteoutros.

Isto faz deles os únicos grandes símiosgrupo telegram apostas basqueteque machos desenvolvem fortes laços com os filhotes, conforme ressaltam autoresgrupo telegram apostas basqueteum estudo publicado nesta segunda-feira pela Universidade Northwestern,grupo telegram apostas basqueteIllinois, Estados Unidos.

O artigo, que está na mais recente edição do periódico Scientific Reports, procura entender os motivos deste comportamento.

E a resposta está no sexo - e na reprodução.

Imagem mostra gorila adulto carregando dois filhotes nas costas

Crédito, Terence Fuh Neba, WWF Central African Republic

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Os gorilas machos que gastaram maiores porcentagensgrupo telegram apostas basqueteseu tempo com filhotes - ainda que não os seus - tiveram maior prole

O método

Conforme explicou à BBC News Brasil a antropóloga e psicóloga Stacy Rosenbaum, pesquisadora do Departamentogrupo telegram apostas basqueteAntropologia da universidade e principal autora da pesquisa, os cientistas utilizaram 100 horasgrupo telegram apostas basqueteobservação do comportamentogrupo telegram apostas basqueteum grupogrupo telegram apostas basquetegorilas-da-montanha.

"Então, calculamos a porcentagem do tempo que cada macho passou cuidando, tratando, ensinando filhotes e descansando com eles", explica a pesquisadora.

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Em seguida, esses dados foram analisadosgrupo telegram apostas basquetecomparação com o número totalgrupo telegram apostas basquetedescendentes que cada macho havia produzido emgrupo telegram apostas basquetevida.

"(E a conclusão foi que) os gorilas machos que gastaram maiores porcentagensgrupo telegram apostas basqueteseu tempo envolvidosgrupo telegram apostas basquetetais comportamentos geraram maior prole do que os outros, que se dedicaram menos", diz Rosenbaum, enfatizando que, para o estudo, ajustesgrupo telegram apostas basquetecontrole foram feitos para que o graugrupo telegram apostas basquetedominância do membro do grupo, a idade e a longevidade não interferissem no resultado final da amostra.

Os dados mostram um cenário um pouco diferente do que o imaginário padrão sugere quando se pensagrupo telegram apostas basqueteum grupogrupo telegram apostas basquetegorilas. Sai a ideiagrupo telegram apostas basqueteque a reprodução, no grupo, é dominada por um macho-alfa. E entra o podergrupo telegram apostas basqueteescolha feminino.

Conforme ressalta o antropólogo Christopher Kuzawa, coautor do trabalho e professor do Institutogrupo telegram apostas basquetePesquisa Política da mesma universidade, uma interpretação provável é que "as fêmeas optam por se acasalar com machos com base nessas interações", ou seja, os machos que "passam muito tempo com gruposgrupo telegram apostas basquetefilhotes, que cuidam e descansam com eles, são os que têm mais oportunidades reprodutivas".

Rosenbaum lembra que há muito tempo se sabe que os gorilas-das-montanhas competem entre si, dentro do grupo, para ter "acesso às fêmeas" e conseguirem boas "oportunidadesgrupo telegram apostas basqueteacasalamento".

"Mas esses novos dados sugerem uma estratégia mais diversificada", comenta. "Os machos que cuidam dos filhotes são muito mais bem-sucedidos."

Gorila segurando galho

Crédito, Alice C. Gray

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O estudo dá algumas pistasgrupo telegram apostas basquetecomo foi que os comportamentos paternos podem ter evoluído

De onde viemos

O estudo dá algumas pistasgrupo telegram apostas basquetecomo os comportamentos paternos podem ter evoluído, inclusive no caso dos seres humanos.

A antropóloga lembra que, tradicionalmente, os cientistas relacionam o cuidado parental masculino,grupo telegram apostas basqueteforma geral, a uma estrutura social específica - a monogamia -, "que ajudaria a garantir que os machos cuidassemgrupo telegram apostas basqueteseus próprios filhos".

"Mas esta pesquisa (em que o comportamento foi observado entre animais não monogâmicos) sugere que há um caminho alternativo pelo qual a evolução pode ter gerado este comportamento,grupo telegram apostas basquetesituaçõesgrupo telegram apostas basquetegrupogrupo telegram apostas basqueteque os machos podem não saber quais filhotes são seus", comenta.

A ilação, portanto, é: será que não foi assim também entre os ancestrais humanos?

O próximo passo dos pesquisadores é analisar se há hormônios específicos que auxiliam este comportamento - e provoca essa relaçãogrupo telegram apostas basquetecausa e consequência.

Estudos anteriores do qual o antropólogo Kuzawa fez parte mostraram que,grupo telegram apostas basquetehumanos, a testosterona diminui à medida que os homens se tornam pais. "E acredita-se que isto ajude a concentrar a atenção nas necessidades do recém-nascido", pontua.

No caso dos gorilas, os pesquisadores não sabem se algo semelhante ocorre.

Há dúvidas para ambos os cenários. Se os gorilas que estão envolvidos particularmentegrupo telegram apostas basqueteinteração infantil experimentam declíniosgrupo telegram apostas basquetetestosterona e isso impediriagrupo telegram apostas basquetecapacidadegrupo telegram apostas basquetecompetir com outros machos, o nível baixo do hormônio poderia funcionar como algum atrativo para as fêmeas?

Ou, como eles são bem-sucedidos na atividade sexual, no caso dos gorilas, altos níveisgrupo telegram apostas basquetetestosterona e o comportamentogrupo telegram apostas basquetepaternidade ativa não são excludentes?

Estas novas questões ainda precisam ser estudadas. Rosenbaum adianta que a ideia agora é justamente esta: caracterizar os perfis hormonais dos machos ao longo do tempo.

Imagem mostra gorila fêmea com filhote sobre as costas e outro caminhando ao seu lado

Crédito, Terence Fuh Neba, WWF Central African Republic

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Os cientistas acreditam que as fêmeas optam por se acasalar com machos com base nessas interações

Poder feminino

Se ainda não se sabe ao certo qual é o mecanismo biológico que norteia o comportamento dos gorilas machos, o que os cientistas já cravam com segurança é que, nas comunidades desses animais, o papel feminino é fundamental na horagrupo telegram apostas basqueteescolher quais genes serão passados adiante.

"Não sabemos ainda qual é o mecanismo que impulsiona tal correlação encontrada, mas a explicação mais plausível é que as fêmeas preferem machos que cuidam da prole", define Rosenbaum.

"Isso sugere que a escolha feminina pode ser um fator muito mais importante do que supúnhamos anteriormente na condução da trajetória evolutiva dos gorilas."

Ela enfatiza que, com base na pesquisa, pode-se dizer que as gorilas fêmeas "não são apenas observadoras passivas que acasalam com qualquer macho que vença as lutas".

"Elas têm preferências e as expressam. E suas escolhas têm importantes consequências evolutivas", diz.

E, enquanto estuda o mundo dos gorilas, a psicóloga não deixagrupo telegram apostas basquetepensar nos seres humanos.

"Um dos mistérios da evolução humana é como foi que formas muito intensasgrupo telegram apostas basquetecuidados masculinos começaram, ainda entre nossos ancestrais já extintos. Nossa pesquisa sugere um caminho que a seleção natural pode ter tomado para obter formas rudimentares desse comportamento zeloso", aponta.