Quem são os 'manobristas'aposta diretanavios que podem ganhar até R$ 300 mil:aposta direta
A praticagem é uma atividade essencial por lei, considerada fundamental para garantir a segurança da navegação e é rigidamente controlada pela Marinha.
ÉLT callofdoting_fandom : (wiki ; Bat__of_2Trey_1ELITE {k0} Cal dos Durity; elite\n/N
e estilo. Escolha entre os tênis aposta direta alta performance para corrida, treino e academia,
PUMA CALI
apostas desportivas tipsFim do Matérias recomendadas
Só existem algumas centenasaposta diretaprofissionais — emaposta diretagrande maioria, homens — credenciados no Brasil.
Eles chegam a ganhar até R$ 300 mil por mês, segundo estimativasaposta diretamercado — cifras que causam espanto (e polêmica).
Os práticos precisam ainda ter uma formação rigorosa e estar dispostos a enfrentar situações arriscadas.
Afinal, são responsáveis por atracar um veículo que pesa milharesaposta diretatoneladas e não tem freio.
"Atracar é uma colisão controlada", explica Carlos Albertoaposta diretaSouza Filho,aposta direta61 anos, que trabalha como prático há 14.
"Navios são grandes massas que precisam ser paradas da forma mais suave possível."
O que faz um prático
A praticagem já existia na Grécia Antiga, na figura dos capitãesaposta diretaportos, experientes pescadores locais que auxiliavam na atracaçãoaposta diretanavios.
No Brasil, a atividade foi regulamentada pouco após a chegada da família real ao país.
"Hei por bem Crear o Lugaraposta diretaPiloto Pratico da Barra deste Porto do Rioaposta diretaJaneiro", decretou dom João 6º,aposta direta1808, no famoso episódio da abertura dos portos às nações amigas.
A praticagem foi um serviço público até ser privatizada no fim do governo Juscelino Kubitschek,aposta direta1961. Mas a Marinha seguiu como órgão regulador da atividade.
Em 1997, Fernando Henrique Cardoso aprovou a leiaposta diretasegurança do tráfego aquaviário, que considera a praticagem um serviço essencial — tornando a contratação obrigatória na maioria dos casos.
Portanto, mesmo que contratantes e contratados não cheguem a um acordo sobre o valor do serviço, ele precisa ser feito, senão o prático pode ser suspenso ou até ter a licença cassada.
Se a empresa dona do navio não aceitar o valor cobrado pelo prático, a Marinha pode ser acionada e impor um preço.
Quando um navio se aproximaaposta diretaum porto, o prático entraaposta diretaação.
Ele chegaaposta diretauma lancha que tem estabilidade, manobrabilidade e potência suficientes para ficar ao ladoaposta diretauma embarcação muitas e muitas vezes maior.
O prático sobe no navio por meioaposta diretauma escada no costado (a parte do casco que fica acima da linha d’água). Tudo isso com o navioaposta diretamovimento.
"A chanceaposta diretasobrevivência é mínima se você cair na água, mesmo estandoaposta diretacolete salva-vidas", explicou o prático americano Craig Flinn no livro Arriving Today ("Chega hoje",aposta diretatradução livre).
Neste ano, sete profissionais morreram no mundo durante esse tipoaposta diretatransferência, segundo a Marine Pilots’ Community, uma associação internacionalaposta diretapráticos.
Uma vez no navio, o prático assume o comando até atracá-lo.
Aqui, uma diferença importante para os manobristasaposta diretaautomóveis: o prático não tocaaposta diretanenhum botão.
O trabalho é como oaposta diretaum maestro ouaposta diretaum diretoraposta diretacinema. O prático dá ordens aos timoneiros, rebocadores e ao comandante do navio.
Monitora o tráfegoaposta diretaoutros navios e embarcações menores do entorno e coordena a amarração desses colossos.
Onde os práticos trabalham
Para ser um prático, é preciso ser um especialista, no sentido mais estrito da palavra.
Esse profissional é treinado para pilotar um navioaposta diretauma zona específica, e só nela. São as chamadas "águas restritas", onde a navegação é mais delicada.
Seu trabalho não se restringe aos portosaposta diretasi. Engloba também as áreasaposta diretaacesso aos terminais portuários — tudo isso junto corresponde a uma zonaaposta diretapraticagem (ZP), onde a presença do prático a bordo é obrigatória.
Por determinação da Marinha, existem 20 ZPs no Brasil. Algumas são consideradas pequenas, e outras, gigantescas.
A ZP 17, por exemplo, que atende os portosaposta diretaParanaguá e Antonina, no Paraná, se estende por 25 milhas náuticas (46 km).
Já a ZP 01 tem 1.416 milhas náuticas (2.622 km). Começaaposta diretaFazendinha, no Amapá, e segue rio Amazonas acima até Itacoatiara (AM). É a maior ZP do mundo, segundo a Marine Pilots’ Community.
A segunda maior, com 976 milhas náuticas (1.808 km), também fica na Amazônia: vaiaposta diretaItacoatiara até Tabatinga (AM), na tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia.
A ZP 01 é tão grande que exige dois práticos a bordo se revezandoaposta diretatrês diasaposta diretatrabalho.
"Ficamos,aposta diretamédia, 12 a 15 dias por mês navegando", diz o prático Ricardo Falcão, que atua na ZP 01 e é presidente da Praticagem do Brasil, associação que representa esses profissionais.
"Hoje, somos 160 práticos na Bacia Amazônica Oriental. Cada um trabalha 12 horas por diaaposta diretadois turnosaposta diretaseis horas."
Falcão diz que todos os tiposaposta diretanavio passam pela Amazônia. "Temos uma grande parte do escoamento do agronegócio,aposta diretanavios carregadosaposta diretasoja e milho. A bauxita é outra exportação importante", explica.
No caminho inverso, Falcão afirma que Manaus é uma cidade dependenteaposta diretainsumosaposta diretafora. "Recebe muitos naviosaposta diretacontêineres, petróleo e, vira-e-mexe, navios inusitados, comoaposta diretacimento."
Souza Filho atua na ZP 16,aposta diretaSão Paulo, onde estão os portosaposta diretaSão Sebastião eaposta diretaSantos, o maior da América do Sul.
A variedadeaposta diretacarga com que os 60 práticos dessa zona lidam é tremenda.
Por lá, circulam navios graneleiros com soja, milho e fertilizantes, com carga a granel líquida, como sucoaposta diretalaranja e produtos químicos, alémaposta diretacarros, tratores, caminhões e ônibus, cargas vivas (em geral, gado exportado para países islâmicos), e transatlânticos apinhadosaposta diretaturistas.
Souza Filho diz que manobrar os petroleiros é particularmente delicado. São navios gigantescos e com uma carga com potencial destrutivo avassaladoraposta diretacasoaposta diretavazamento.
Fora que Ilhabela, no Canalaposta diretaSão Sebastião, é conhecida por seus ventos como a "capital da vela". Um atrativo incontestável para velejadores, mas um desafio a mais para os práticos.
A Bacia Amazônica e o litoral paulista são cenários diversos, cheiosaposta diretadesafios e possíveis e prováveis perrengues.
Falcão diz que, na Amazônia, os rios são como estradas, então é preciso estar atento ao tráfego constante.
"Já passei por situações bem desconfortáveis com embarcações menores, como pescadoresaposta diretamadrugada sem luz alguma, que te obrigam a guinar — e estamos falandoaposta diretanaviosaposta diretaaté 100 mil toneladas."
Falcão lembraaposta diretaquando,aposta direta2020, ele comandava um navio carregadoaposta diretagás, e o leme travouaposta diretaum canal estreito, entre um bancoaposta diretaareia e uma ilha.
"Se eu tentasse controlá-lo, levaria muito tempo para retomar para o rumo inicial, teríamos encalhado muito próximoaposta diretaMacapá. Seria um acidente com consequências muito sérias. Então, giramos o navio e o alinhamos na corrente", diz Falcão.
"Essas coisas acontecem o tempo todo. Perrengue é a vida da gente. Somos treinados para isso."
O que é preciso para se tornar prático
Ao todo, existem 603 desses especialistas no país, dos quais 14 são mulheres.
A formação é rigorosa. Para se candidatar, não é preciso ser da Marinha, mas tem que ter algum curso superior completo e habilitaçãoaposta diretamestre-amador, que permite a conduçãoaposta diretaembarcações a uma distânciaaposta diretaaté 20 milhas náuticas (37 km) da costa.
No Brasil, a Marinha conduz um processo seletivo para os chamados praticantesaposta diretaprático, uma espécieaposta diretaprogramaaposta diretatrainee da praticagem.
O exame cobra conhecimentosaposta diretatemas como arte naval, navegaçãoaposta diretaáguas restritas, meteorologia, oceanografia e manobrabilidadeaposta diretanavios, entre outros.
Os aprovados passam para uma qualificaçãoaposta diretapelo menos um ano,aposta diretaque fazem centenasaposta diretamanobras supervisionadas.
Só então estão aptos a fazer o exameaposta diretahabilitação — e, depois, precisam manter uma regularidade mínimaaposta diretaserviçosaposta diretapraticagem e fazer um cursoaposta diretaatualização a cada cinco anos.
Isso porque esse trabalho exige lidar com embarcações e situações bastante diversificadas.
Mesmo atuandoaposta diretaum mesmo lugar, os práticos enfrentam variaçõesaposta diretaclima, vento e correntes marítimas.
Além disso, precisam agiraposta diretaconjunto com tripulações estrangeiras diferentes — e os trabalhadores a bordoaposta diretauma mesma embarcação mudam com frequência.
"São contratosaposta diretameses, então um navio chega um dia com um comandante, um timoneiro etc., e quando volta é um outro comandante, outro timoneiro…", diz Souza Filho.
Brasil é referência internacional na praticagem
Práticos fazem,aposta diretamédia, 80 mil manobras por ano, calcula a Praticagem do Brasil, e o trabalho não para.
Como a praticagem é um serviço essencial, os práticos devem estar disponíveis o tempo todo, não importam hora nem data.
Para isso, eles trabalhamaposta diretaum esquemaaposta diretaescalaaposta diretarodízio única. Sempre que um armador (o dono do navio) precisa do serviçoaposta diretapraticagem, ele deve contratar o prático que estiver disponível na fila — e o prático precisa atendê-lo.
Isso garante, segundo a Praticagem do Brasil, a associação nacional destes profissionais, que os práticos tenham uma cargaaposta diretatrabalho considerada ideal, sem ficarem sobrecarregados ou ociosos por muito tempo.
"Estacionar" veículos que podem beirar os 400 metrosaposta diretacomprimento e têm capacidadeaposta diretatransportar até 24 mil contêineres pode durar muitas horas.
O Brasil é considerado uma referência mundial na praticagem.
Só Alemanha, Indonésia (o maior arquipélago do mundo), Estados Unidos e, provavelmente, China (não há números confiáveis do país) têm mais práticos que o Brasil, segundo a Praticagem do Brasil.
"Não temos nenhum complexoaposta diretavira-lata nessa área, pelo contrário", explica Falcão, que é também vice-presidente da Associação Internacionalaposta diretaPráticos Marítimos (Impa, na siglaaposta diretainglês),aposta diretauma videoaula para aspirantes à profissão.
"Temos padrões técnicosaposta diretaexcelência que a Europa levou 20 anos para atingir."
Segurança e agilidade: o desafio dos práticos
O trabalho dos práticos envolve uma aparente contradição. "Vendemos segurança e agilidade, que são,aposta diretacerta forma, coisas conflitantes", diz Souza Filho.
"Temos que buscar o equilíbrio nesse binômio."
Estatísticas indicam como a praticagem é importante para uma navegação segura.
Um estudo feitoaposta direta2012 pela Port Skills and Safety, organização que trabalha pela segurança nos portos britânicos, apontou que as chancesaposta diretaacidentes dobram quando não há um desses profissionais a bordo.
Segundo a Diretoriaaposta diretaPortos e Costas da Marinha do Brasil, onde a presença destes profissionais é exigida por lei, a taxaaposta diretaacidentes nos portos nacionais éaposta diretaapenas 0,018%.
Uma história também ajuda a ilustrar a diferença que os práticos podem fazer.
Passava pouco mais da meia-noiteaposta direta24aposta diretamarçoaposta direta1989 quando um petroleiro da empresa americana Exxon que ia para a Califórnia encalhou nos recifesaposta diretaPrince William Sound, no Alasca, menosaposta diretaquatro horas depoisaposta diretazarpar.
Cercaaposta direta37 mil toneladasaposta diretaóleo cru se espalharam por maisaposta direta2 mil quilômetros da costa. Maisaposta direta250 mil aves e 3 mil mamíferos, entre lontras-marinhas, focas e orcas, morreram, segundo cálculosaposta diretaautoridades à época.
Comunidades pesqueiras sentiram os efeitos por anos. Maisaposta direta30 mil pessoas foram afetadas, e a Exxon, dona do navio, foi condenada a pagar US$ 5 bilhões.
A empresa — que mais tarde se fundiu à rival Mobil para formar a maior petrolífera do mundo — apelou e conseguiu reduzir a pena para um décimo do valor: US$ 507 milhões
Em depoimento ao Congresso,aposta diretaoutubro daquele ano, representantes da Guarda Costeira explicaram que o acidente poderia ter sido evitado se o prático tivesse permanecido a bordo por mais tempo.
A presençaaposta diretaum prático no navio havia deixadoaposta diretaser uma exigênciaaposta diretaPrince William Sound, devido ao perigo que esses profissionais enfrentavam ao embarcar e desembarcaraposta diretanavios nas águas revoltas da região.
Após esse desastre, a Guarda Costeira e o governo do Alasca concluíram que esse é, sim, um risco necessário, e a lei mudou.
Além do prático a bordo, todo petroleiro que saísseaposta diretaPrince William Sound agora deveria ser escoltado por dois barcos rebocadores.
Salários e regimeaposta diretatrabalho são questionados
Por ser um trabalho altamente especializado,aposta diretarisco, essencial na legislação e tido como imprescindível para a segurança humana, ambiental e econômica nos portos, a praticagem é um ofício bem pago. Muito bem pago.
As empresas não divulgam valores, mas os rendimentosaposta diretaum prático podem girar entre R$ 50 mil e R$ 300 mil por mês, segundo apurou o jornal Folhaaposta diretaS. Paulo junto a associações do setoraposta diretanavegação.
Há setores da economia insatisfeitos com os valores cobrados no país, e o debateaposta diretatornoaposta diretaum projetoaposta diretalei coloca os práticosaposta diretaconflito com outras partes envolvidas na cadeiaaposta diretafornecimento.
São cifras que chamam atenção, também pela forma como se pinta esses profissionais como flanelinhasaposta diretanavios.
Questionada sobre os valoresaposta diretamercado, a Praticagem do Brasil não confirmou nem negou que estejam nestes patamares.
A associação só ressaltou que apenas uma parte do preço cobrado pelas empresasaposta diretapraticagem por uma manobra chegaaposta diretafato ao bolso do profissional encarregado, após o desconto dos impostos eaposta diretaoutros custos da operação.
O embate entre práticos e armadores vemaposta diretalonga data, e as empresasaposta diretanavegação muitas vezes dizem que há abusos.
Em 2022, uma auditoria do Tribunalaposta diretaContas da União (TCU) constatou que a praticagem no Brasil, "reconhecida internacionalmente comoaposta diretaexcelente qualidade e com baixo índiceaposta diretaacidentes", exerce "posição dominante", com aumentos nos preços cobrados e com reajustes acima dos índicesaposta diretareferência, o que a torna uma das mais caras do mundo.
"O trabalho constatou monopólio na oferta dos serviçosaposta diretapraticagem", relatou o TCU.
O problema estaria justamente no esquemaaposta diretarodízio, que obriga que as empresasaposta diretanavegação contratem o prático escalado para aquele horário, impedindo a livre concorrência.
Uma nova lei pode dar ainda mais força às empresasaposta diretapraticagem. A versão do texto aprovada recentemente pelo Congresso e encaminhada para ser sancionada pelo presidente Lula até 16aposta diretajaneiro determina, entre outros pontos, que a escalaaposta diretarodízio se torne legal.
Atualmente, ela é uma norma da Marinha,aposta diretacaráter infralegal, ou seja, não tem forçaaposta diretalei.
A escalaaposta diretarodízio dos práticos não é uma excentricidade brasileira. É realidadeaposta diretaquase todo o mundo, sacramentada pela Organização Marítima Internacional, agência das Nações Unidas que regula o setor.
A Marinha disse à BBC News Brasil que considera o rodízio "adequado sob o aspecto técnico", mas que "torna perene um monopólioaposta diretamercado" e "privilegia a parte prestadoraaposta diretaserviço, a praticagem, na livre negociação proposta".
A Praticagem do Brasil defende que a escalaaposta diretarodízio vire lei. Argumenta que isso empodera a Marinha, evita questionamentos aos critérios e limita as "judicializações" dos contratos.
Praticagem encarece os portos do Brasil?
Os altos salários são polêmicos não só no Brasil.
Este ano, a Associação dos Práticos da Baíaaposta diretaTampa, nos Estados Unidos, propôs um aumentoaposta direta48% a seus associados: um saltoaposta diretaUS$ 443 mil para US$ 654 mil ao ano, o que foi criticado pelas empresas que atuam na região.
O jornal Tampa Bay Times apontou que, com isso, os práticos ganhariam mais até do que a maioria dos comandantesaposta diretanavio e do que o próprio presidente da empresa que administra o porto da cidade, que é o maior da Flórida.
Há muitoaposta diretajogoaposta diretauma atividade que é importanteaposta diretaum comércio globalizado hiperconectado.
Um único porta-contêineres encalhado no Canalaposta diretaSuezaposta direta2021 causou um congestionamento com consequências imediatas à economia.
A praticagem se dá como um negócio entre duas empresas privadas, mas com muitas restrições.
A dona do navio precisa contratar a firmaaposta diretapraticagem apontada pelo rodízio, e essa empresa, poraposta diretavez, tem que realizar o serviço.
A negociação fica restrita basicamente ao preço a ser pago.
Segundo a Praticagem do Brasil, isso garante autonomia para o prático tomar a decisão mais segura a bordo, sem pressão comercial do armador.
Mas setores da economia que criticam o formato reclamam do valor dos honorários cobrados.
Além do TCU, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomendou a regulação econômica do setor.
Em um relatórioaposta direta2022, ela propôs a extinção da escalaaposta diretarodízio único, argumentando que isso estimula um "monopólio artificial", que cria um cenárioaposta diretaque os práticos podem "continuar aumentando os preços sem maiores obstáculos".
O Instituto Brasileiroaposta diretaPetróleo e Gás (IBP) também se manifestou publicamente contra a lei. Defende que a regulação técnica fique com a Marinha e a econômica, com outro órgão.
"Entendemos que a Agência Nacionalaposta diretaTransportes Aquaviários (Antaq), poraposta diretanatureza regulatória, tem a legitimidade, vocação e expertise para desempenhar a regulação econômica", publicou o IBPaposta diretanota.
Um dos pontos mais polêmicos da lei coloca sob a Marinha a responsabilidadeaposta diretaregular a praticagem nos âmbitos técnico e econômico.
A Marinha tem posição semelhante à do IBP e alega que não tem como acumular as funções. "O serviçoaposta diretapraticagem é uma atividadeaposta diretanatureza privada, estabelecidaaposta diretaum contrato entre armador e o prático, no qual a Marinha não tem nenhuma ingerência", diz, por meioaposta diretasua assessoriaaposta diretacomunicação.
Um dos problemas, segundo essas instituições, é que a lei não cria mecanismos adequados para combater os supostos preços altos da praticagem.
O levantamento do TCU incluiu um estudo antigo,aposta direta2008, que mostra como os portos brasileiros são mais caros.
Enquantoaposta diretaSantos o serviço custava US$ 3.387 por hora,aposta diretaMiami eram US$ 1.287/hora eaposta diretaHong Kong, US$ 659/hora.
Isso poderia ser resolvido,aposta diretaparte, se houvesse mais práticos? É possível, mas cabe à Marinha decidir sobre isso.
"A costa brasileira tem potencial demanda para novos cargosaposta diretapráticos,aposta diretaespecial devido ao crescimento do tráfego aquaviário", avalia Vanina Macowski Durski Silva, professora do Departamentoaposta diretaEngenharias da Mobilidade da Universidade Federalaposta diretaSanta Catarina (UFSC).
A Praticagem do Brasil rebate com um estudo próprio, que mostra que os preços no Brasil estão abaixo da média mundial.
Falcão cita outro levantamento, feitoaposta direta2021 pelo Laboratórioaposta diretaTransportes e Logística da UFSC.
Segundo o estudo, a praticagem representa um custo ínfimo, cercaaposta direta0,15%, do valor total do frete das exportações brasileiras. Isso equivale, por exemplo, a,aposta diretamédia, R$ 0,70 por toneladaaposta diretasoja transportada.
Para os práticos, que se definem como representantes do Estado no convésaposta diretauma embarcação comercial, os valores são justos.
"Não somos um gargalo na cadeia logística", defende-se Falcão. O trabalho dos práticos evita danos multimilionários ou até bilionários e, segundo ele, trazem outros benefícios à economia.
As empresasaposta diretapraticagem dizem, por exemplo, que investimentos tecnológicos feitos na Amazônia permitem monitorar com mais precisão a profundidade dos rios, que muda constantemente, e, assim, navegar levando mais carga, sem riscoaposta diretaencalhar.
"Temos a expectativaaposta diretasaltaraposta direta11,9 maposta diretacalado para maisaposta direta13 m", diz Falcão. "Calado" é a medida da parte submersa do navio. Quanto maior ele for, maior a capacidade. Um metroaposta diretacalado significa, na prática, 10 mil toneladasaposta diretacarga.
Em São Paulo, o trabalho dos práticos também faz a diferença, argumentam os profissionais.
"O portoaposta diretaSantos, segundo a literatura especializada mundial, poderia receber naviosaposta diretaaté 306 maposta diretacomprimento. Nós recebemosaposta diretaaté 347 m. Todo dia tem navioaposta direta330 m chegando. Isso graças à expertise dos práticos", diz Souza Filho.
É uma discussão que vai longe. Mas o trabalho dos práticos não pode parar.