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Reflexos da pandemia: diagnósticos e cirurgiascasa de apostas big wincâncercasa de apostas big winpróstata têm queda:casa de apostas big win
Crédito, Science Photo Library / Getty Images
"Apesarcasa de apostas big winser um tumor pequeno, inicial, ele estava se preparando para crescer e se espalhar. Segundo o doutor Fernando Croitor, que me acompanha desde o início, se nada fosse feito, e rápido, possivelmente ele me matariacasa de apostas big winaté 5 anos. Eu estaria com 63 anos, justamente a idade que meu avô tinha quando morreu. A história iria se repetir", relata.
No dia 17casa de apostas big winoutubro, o jornalista, naturalcasa de apostas big winSão Paulo, mas que vivecasa de apostas big winBrasília (DF) há bastante tempo, fez a cirurgia para a retirada da próstata e, pelos resultados iniciais que recebeu, aparentemente está livre da doença.
Mas deverá seguir fazendo um acompanhamento maiscasa de apostas big winperto por, pelo menos, 10 anos.
Crédito, Rinaldocasa de apostas big winOliveira
O encarregadocasa de apostas big winmontagem mecânica Douglas Barbosa Gonçalves,casa de apostas big win62 anos, moradorcasa de apostas big winGuaratinguetá (SP), também foi diagnosticado com câncercasa de apostas big winpróstata este ano, e mais um a sofrer com os impactos da crise da Covid-19.
Mas, no seu caso, não foi o receiocasa de apostas big winsaircasa de apostas big wincasa e se expor ao vírus que provocou o atraso no resultado e na realização do tratamento, e, sim, a demoracasa de apostas big winconseguir marcar uma consulta pelo SUS (Sistema Únicocasa de apostas big winSaúde).
"Faço examescasa de apostas big winrotina há 20 anos e,casa de apostas big win2020, comecei a ter problemas para urinar, mas só surgiu uma vaga para passar com o médicocasa de apostas big windezembro. Estava tudo parado por causa da pandemia. No iníciocasa de apostas big win2021 soube que estava com a doença e fiz a cirurgia apenascasa de apostas big winjunho", narra Gonçalves.
Impactos da pandemia
As históriascasa de apostas big winOliveira e Gonçalves só corroboram um movimento que tem sido percebido desde que a pandemia começou: a queda no númerocasa de apostas big windiagnósticos e a interrupçãocasa de apostas big wintratamentoscasa de apostas big wincâncercasa de apostas big winpróstata, o que possivelmente resultará no agravamento dos casos nos próximos anos.
Para se ter uma ideia,casa de apostas big winacordo com uma pesquisa realizada pela Astellas Farma Brasilcasa de apostas big winconjunto com o instituto Inception, e divulgada com exclusividade pela BBC, 2casa de apostas big wincada 3 urologistas asseguraram que a ida ao consultório diminuiucasa de apostas big win2020.
Pelo levantamento, que consultou 60 especialistas (45 oncologistas e 15 uro-oncologistas)casa de apostas big wintodas as regiões do país e das redes pública e privada, a maior queda foi relacionada ao rastreamento da doença (entre 10% e 30%).
Em 2019, cada médico diagnosticoucasa de apostas big winmédia 89 pacientes com câncercasa de apostas big winpróstata. No ano passado, esse número baixou para 69. Este ano, 78% dos respondentes acreditam que o diagnóstico será,casa de apostas big winmédia, 34% maior.
Os participantes do estudo indicaram que no período avaliado a realização do examecasa de apostas big wintoque diminuiu 75%, dos examescasa de apostas big winimagem 70%, e da dosagem do PSA 45%. O acompanhamento da patologia, no caso das pessoas já diagnosticadas, também baixou,casa de apostas big wintornocasa de apostas big win2%.
Para 38% dos profissionais, o volumecasa de apostas big winpacientes deve voltar ao normal entre 6 meses e 1 ano. Já 27% acham que isso acontecerá entre 3 e 6 meses, 18% entre 1 e 3 meses, 10% maiscasa de apostas big win1 ano e 7% imediatamente.
Outro levantamento, este feito pela Sociedade Brasileiracasa de apostas big winUrologia (SBU) com basecasa de apostas big windados do Ministério da Saúde referentes ao SUS, também revelou redução no rastreamento e tratamento do câncercasa de apostas big winpróstata como consequência da Covid-19: 21,5% nas cirurgias, 27% na coletacasa de apostas big winPSA, 21% na realizaçãocasa de apostas big winbiópsia e 15,7% nas interações.
Em relação às consultas com um urologista, foram realizadas 2.816.326casa de apostas big win2020 contra 4.232.293casa de apostas big win2019. Este ano, elas seguem baixas: até julho, foram apenas 1.812.982.
No Estadocasa de apostas big winSão Paulo, dados da SBU - Seçãocasa de apostas big winSão Paulo coletados junto a cinco instituições responsáveis pelo atendimentocasa de apostas big winpacientes do sistema público - Hospital Amaralcasa de apostas big winCarvalho,casa de apostas big winJaú; Instituto do Câncer da Faculdadecasa de apostas big winMedicinacasa de apostas big winSão José do Rio Preto; Hospital A.C.Camargo Cancer Center,casa de apostas big winSão Paulo; Hospital das Clínicas da Universidade Estadualcasa de apostas big winCampinas (Unicamp) e Hospital São Paulo da Universidade Federalcasa de apostas big winSão Paulo (Unifesp) - mostrou quedacasa de apostas big win33,41% no diagnósticocasa de apostas big winnovos casoscasa de apostas big wincâncercasa de apostas big winpróstatacasa de apostas big win2020.
Roberto Soler, urologista e diretor médico da Astellas Farma Brasil, assinala que essa redução geral se deu por uma conjunçãocasa de apostas big winfatores "Nos primeiros meses da pandemia, as pessoas se fecharamcasa de apostas big wincasa, e aí acabaram postergando a marcaçãocasa de apostas big winconsultas e a realizaçãocasa de apostas big winexames, deixando para fazer isso quando o riscocasa de apostas big wincontaminação pelo coronavírus fosse menor. Além disso, os próprios hospitais, clínicas e consultórios suspenderam por um período os procedimentos eletivos."
Em se tratando especificamente do câncercasa de apostas big winpróstata, há ainda um agravante, aponta Marcelo Wroclawski, urologista e vice-presidente da SBU - Seçãocasa de apostas big winSão Paulo: o preconceito que os homens têmcasa de apostas big winrelação ao examecasa de apostas big wintoque retal, importante para o rastreamento da enfermidade, e o medo do tratamento, pois muitos acreditam que invariavelmente sofrerão com algum tipocasa de apostas big windisfunção sexual ou urináriacasa de apostas big windecorrência dele.
"É preciso acabar com esse tabucasa de apostas big winque o exame pode afetar a masculinidade. É a mesma coisa que encostar um estetoscópio no peito para auscultar o coração ou colocar um palito na língua para ver a garganta. Ecasa de apostas big winrelação às complicações da doença, elas podem acontecer, mas é preciso deixar claro que houve um grande desenvolvimento tecnológico na saúde nos últimos anos, diminuindo significativamente essas ocorrências", afirma o médico.
Prevenção é o diagnóstico precoce
No Brasil, o câncercasa de apostas big winpróstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncercasa de apostas big winpele não-melanoma. De acordo com dados do Instituto Nacionalcasa de apostas big winCâncer (Inca), a estimativa écasa de apostas big win65.840 novos casoscasa de apostas big win2021, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino.
Nos estágios iniciais, a neoplasia costuma não apresentar sintomas. Quando eles surgem, e aí os mais comuns são dificuldade para urinar, necessidadecasa de apostas big winurinar mais vezes durante o dia ou à noite, sangue na urina, diminuição do jatocasa de apostas big winurina e dor ou ardor ao urinar, é sinalcasa de apostas big winque já estácasa de apostas big winfase avançada.
Sendo assim, a indicação é se consultar anualmente com um urologista a partir dos 50 anos para quem não tem histórico familiar da enfermidade e dos 45 anos para quem tem.
"Não há prevenção para o câncercasa de apostas big winpróstata, mas há o diagnóstico precoce. Quando o homem procura o médico, o grande objetivo dessa consulta periódica é conseguir detectar a doença no estágio o mais inicial possível, pois isso aumenta a chancecasa de apostas big wincura", indica Wroclawski. "Doenças localizadas tem maiscasa de apostas big win90%casa de apostas big winchancecasa de apostas big wincura, ao passo que as avançadas têm mortalidade bastante significativa", acrescenta.
O especialista informa que o fatocasa de apostas big wina doença não poder ser evitada se deve aos seus fatorescasa de apostas big winrisco, sendo que os três principais são imutáveis: envelhecimento, raça e histórico familiar.
Em se tratando da idade, quanto mais velho for o homem, maior a chancecasa de apostas big winele ser acometido pela doença - grande parte dos diagnósticos se dá a partir dos 65 anos. O vice-presidente da SBU - Seçãocasa de apostas big winSão Paulo sugere que isso provavelmente acontece devido à degeneração celular provocada pelo envelhecimento.
Crédito, Douglas Barbosa Gonçalves
No caso da raça, os negros são os mais suscetíveis. Nos brancos, a estimativa écasa de apostas big winque 1casa de apostas big wincada 9 tenha câncercasa de apostas big winpróstata. Nos negros, esse índice écasa de apostas big win1casa de apostas big wincada 4 ou 5, e eles, geralmente, têm a neoplasia com mais frequência,casa de apostas big winidade mais jovem ecasa de apostas big winforma mais agressiva.
Ainda não se sabe com clareza quais as razões, mas uma possível explicação é que neles ocorre uma mutação nas células e isso favorece o quadro.
Já no quesito histórico familiar, homens cujos parentes, sobretudo pai e irmãos, tiveram câncer próstata, têm o dobrocasa de apostas big winchancecasa de apostas big winreceber o mesmo diagnóstico. A resposta para isso também está na genética.
Além desses fatorescasa de apostas big winrisco, a alimentação é outro que começa a ser levadocasa de apostas big winconta no surgimento da doença.
"Populações com dieta ricacasa de apostas big wingordura animal e derivadoscasa de apostas big winleite são mais propensas ao câncercasa de apostas big winpróstata do que as que comem mais raízes, verduras e castanhas", comenta Stêniocasa de apostas big winCássio Zequi, líder do Centrocasa de apostas big winReferênciacasa de apostas big winTumores Urológicos do A.C.Camargo Cancer Center e professor livre docente da Faculdadecasa de apostas big winMedicinacasa de apostas big winRibeirão Preto (FMRP), da Universidadecasa de apostas big winSão Paulo (USP).
Segundo o médico, prova disso é que acasa de apostas big winincidência é maior entre americanos, canadenses e escandinavos dos que entre os homens do extremo oriente - culturalmente, este segundo grupo tem o hábitocasa de apostas big wincomercasa de apostas big winforma mais saudável.
"Nos Estados Unidos, a prevalência écasa de apostas big win100 casos para cada 100 mil habitantes, enquanto na Índia, no Japão e na China écasa de apostas big win1 a 5 casos para cada 100 mil habitantes. Os asiáticos, quando migram para a América, têm mais câncercasa de apostas big winpróstata do que seus parentes que ficaram na Ásia, mas menos do que os nativos americanos. Já os seus filhos, que aderem aos hábitos ocidentais, praticamente empatam na quantidade", complementa o especialista.
Ainda que não seja possível prevenir a neoplasia, a recomendaçãocasa de apostas big winurologistas e oncologistas é levar uma vidacasa de apostas big winmodo mais saudável possível, incluindo aí dieta equilibrada e ricacasa de apostas big winverduras, legumes, vegetais, castanhas, nozes, fibras e raízes, prática regularcasa de apostas big winexercício físico, controle do peso corporal, não fumar e evitar o consumocasa de apostas big winbebida alcóolica.
Tratamento individualizado
Mesmo sendo altamente prevalente, este tipocasa de apostas big wincâncer na maioria dos pacientes crescecasa de apostas big winforma lenta e não ameaça a saúde.
Mas há situaçõescasa de apostas big winque o tumor evolui rapidamente e as células cancerígenas se espalham para outros órgãos e tecidos - condição chamadacasa de apostas big winmetástase -, podendo levar à morte.
"Existem vários níveiscasa de apostas big winagressividade no câncercasa de apostas big winpróstata, desde tumorescasa de apostas big winbaixo ou muito baixo risco, que não trazem risco para o paciente e podem nunca precisarcasa de apostas big wintratamento, apenas acompanhamento médico periódico, passando pelos intermediários até chegar aos mais avançados", explica Zequi.
Os exames utilizados para investigar a neoplasia são o toque retal, no qual são avaliados a forma, a textura e o tamanho da próstata, e o PSA, que mede, pelo sangue, a quantidade da proteína produzida pela glândula.
A confirmação, no entanto, é feita apenas atravéscasa de apostas big winuma biópsia (retiradacasa de apostas big winpequenos pedaços da próstata que são analisadascasa de apostas big winlaboratório).
"Examecasa de apostas big wintoque retal alterado e/ou PSA alterado não significam câncer. São apenas indícioscasa de apostas big winque eventualmente possa haver câncer, e são informações que se complementam, não se sobrepõem. Se suspeitarmos analisando esses dados, bem como o histórico do paciente, aí é preciso solicitar a biópsia. É ela que vai identificar se o indivíduo tem ou não a doença", elucida Wroclawski.
Uma vez feita a confirmação e determinada a gravidade do tumor, o médico deverá avaliar o caso individualmente e decidir junto com o paciente qual caminho seguir.
Zequi relata que nos tumorescasa de apostas big winbaixo risco nem sempre existe a necessidadecasa de apostas big wintratamento. "O paciente pode ficarcasa de apostas big winum programacasa de apostas big winvigilância ativa, que envolve a realização periódicacasa de apostas big winexames para acompanhamento. Se com o tempo este tumor der sinalcasa de apostas big winprogressão, aí sim inicia-se o tratamento."
Para doença localizada (que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos, as principais condutas terapêuticas são a cirurgia (prostatectomia radical) para remoção da próstata e a radioterapia (emissãocasa de apostas big winradiação para destruir as células cancerígenas).
Os tiposcasa de apostas big winoperação disponíveis hojecasa de apostas big windia são a aberta, a laparoscopia e a robótica. Esta última costuma ser mais precisa e proporcionar uma recuperação mais rápida e com menor riscocasa de apostas big windanificar as estruturas relacionadas ao controle da urina e da função sexual, evitando, assim, os temidos efeitos colaterais, que são incontinência urinária (incapacidadecasa de apostas big wincontrolar a urina) e disfunção erétil (impotência sexual).
Nos casoscasa de apostas big wintumores locaiscasa de apostas big winrisco intermediário ou mais avançados ou que já invadiram estruturas adjacentes, o tratamento, normalmente, combina operação, radioterapia e hormonioterapia (bloqueio da viacasa de apostas big winprodução da testosterona).
A terapia hormonal também é a indicação mais frequente nos cânceres metastáticos, ou seja, que já se espalharam para outras partes do corpo. "Infelizmente, com o tempo, o tumor cria mecanismoscasa de apostas big winresistência e esse tipocasa de apostas big wintratamento deixacasa de apostas big winser eficiente. Quando isso acontece, os médicos podem lançar mãocasa de apostas big winquimioterapias específicas para câncercasa de apostas big winpróstata e drogas orais", comenta Soler, da Astellas Farma Brasil.
Além disso, está começando a ser estuada no país a aplicação da terapia focal para casos específicoscasa de apostas big winpatologia. Esse método é feito com crioterapia, ultrassomcasa de apostas big winalta intensidade (HiFu), ablação a laser, braquiterapia e outras formascasa de apostas big winenergia e se dirige exclusivamente às lesões (alvos) cancerígenas.
"O tratamento realmente é muito individualizado. Costumo dizer que se dez pacientes entrarem no consultóriocasa de apostas big winum dia, provavelmente vou indicar dez tratamentos diferentes", destaca Zequi.
"É sempre importante a análisecasa de apostas big wincada caso separadamente e que paciente e médico tenham uma conversa franca para evitar falsas expectativas, tirar dúvidas e seguir com o melhor plano", finaliza.
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