Por que mesmo quem teve covid deve tomar vacina, ao contrário do que disse Bolsonaro:boyaa poker

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Ele repetiu a afirmação no dia 13boyaa pokeroutubro, durante uma entrevista à Rádio Jovem Pan. "Eu decidi não tomar mais a vacina. Estou vendo novos estudos, a minha imunização está láboyaa pokercima…", declarou.
Outro que seguiu essa mesma linhaboyaa pokerraciocínio foi o empresário Luciano Hang, duranteboyaa pokerparticipação na CPI da Covid no dia 29boyaa pokersetembro.
"Eu queria responder que eu não tomei vacina porque eu tenho um índiceboyaa pokeranticorpos altíssimo", declarou Hang, após uma pergunta feita pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).
Mas a verdade é que esse tipoboyaa pokerargumento não encontra respaldo na ciência e há um consenso entre os especialistasboyaa pokerque a vacinação é importante mesmo para quem já teve covid-19.
"Não existe nenhuma dúvidaboyaa pokerque mesmo aqueles que se infectaram com o coronavírus devem se vacinar", esclarece a médica Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabinboyaa pokerVacinas, uma instituição que trabalha com políticas públicasboyaa pokerimunizaçãoboyaa pokervárias partes do mundo.
Entenda a seguir as evidências que suportam a recomendaçãoboyaa pokervacinação para aqueles que já tiveram a doença.
De onde vem essa história?
Embora esse argumento contrário à vacinaçãoboyaa pokerquem já se infectou seja usado desde o começo do ano, ele ganhou mais força a partirboyaa pokeragosto, quando cientistas israelenses divulgaram uma pesquisa no MedRXiv, um portal que reúne artigos que ainda não foram avaliados por especialistas independentes e publicadosboyaa pokerjornais especializados.
O trabalho, feito no Centroboyaa pokerPesquisa & Inovação Kahn Sagol Maccabi e na Universidadeboyaa pokerTel Aviv, comparou três grupos: o primeiro com indivíduos que tinham recebido as duas doses da vacinaboyaa pokerPfizer/BioNTech, o segundo com pessoas que tiveram covid-19 previamente e o terceiro com integrantes que tinham se infectado no passado e haviam recebido uma doseboyaa pokerimunizante.
Os resultados mostraram que as pessoas do primeiro grupo (os vacinados) tinham um risco 13 vezes maiorboyaa pokerter uma infecção causada pela variante Deltaboyaa pokercomparação com a segunda turma (aqueles que tiveram a doença no passado).

Crédito, Alan Santos/PR
A pesquisa indica que as pessoas que tiveram covid possuíam uma "imunidade natural" mais forte e duradoura contra a infecção, a doença sintomática e a hospitalização relacionadas à variante Deltaboyaa pokercomparação com a imunidade obtida após a vacinação.
Um detalhe pouco explorado do estudo israelense é que o terceiro grupo (indivíduos que tiveram covid e tomaram a vacina) apresentaram uma proteção adicional contra o coronavírus quando comparado aos outros dois.
"A questão é que esses achados foram tiradosboyaa pokercontexto e acabaram usados para justificar a recusa às vacinas", explica Garrett.
Numa reportagem sobre a pesquisa feitaboyaa pokerIsrael publicada na Science Magazine, o imunologista Michel Nussenzweig, da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, já havia demonstrado um certo receioboyaa pokercomo essas descobertas poderiam reverberar entre a população.
"Nós não queremos que as pessoas pensem: 'Certo, então eu devo sairboyaa pokercasa e me infectar'. Isso pode acabar causando mortes", reforçou o especialista, que não esteve diretamente envolvido no estudo.
Os perigos da 'imunidade natural'
As evidências mostram, portanto, que pessoas que tiveram covid-19 costumam desenvolver uma resposta imune após se recuperarem.
"O problema é que essa resposta varia muitoboyaa pokerpessoa para pessoaboyaa pokeracordo com uma sérieboyaa pokerfatores", observa o médico João Viola, presidente do Comitê Científico da Sociedade Brasileiraboyaa pokerImunologia.
O especialista explica que a carga viral (a quantidadeboyaa pokercoronavírus que o indivíduo tem contato no momento da infecção), a gravidade da doença, a idade e a genética são algumas das variáveis que moldam a respostaboyaa pokernosso sistemaboyaa pokerdefesa.
Em outras palavras, isso significa que um sujeito com covid-19 pode desenvolver uma super resposta imunológica, enquanto outro tem a enfermidade e a reaçãoboyaa pokerseu organismo é fraca e pouco efetiva (o que aumenta o riscoboyaa pokerele se reinfectar no futuro).
"E cercaboyaa poker10% dos pacientes que tiveram essa doença não desenvolvem anticorpos neutralizantes", calcula Garrett.
Fora que, numa parcela considerável dos acometidos, a doença está relacionada a uma sérieboyaa pokercomplicações, que exigem hospitalização e intubação e podem até levar à morte. Ou seja: não é nada seguro buscar uma "imunidade natural" para algo que está matando milharesboyaa pokerpessoas todos os dias.

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Vacinas como uma aposta bem mais segura
Na contramão, os imunizantes foram desenvolvidos e testados para suscitar uma resposta mais uniforme nas pessoas.
"Na grande maioria daqueles que recebem as vacinas, é possível prever que haverá uma resposta imunológica", compara Garrett.
"Falamosboyaa pokerdoses padronizadas que foram avaliadasboyaa pokerestudos rigorosos, com eficácia e a segurança demonstradas", completa a especialista.
Vale lembrar aqui que os imunizantes são feitos a partir do vírus inteiro inativado (caso da CoronaVac, por exemplo) ou trazem códigosboyaa pokerinstrução para nosso próprio organismo construir pedacinhos parecidos ao que é encontrado no agente causador da covid-19 (como os produtosboyaa pokerAstraZeneca e Pfizer).
Independentemente da plataforma tecnológica, todas as vacinas se mostraram seguras nos estudos clínicos e não há risco algumboyaa pokerelas causarem a covid-19.
"Além dos componentes principais, os imunizantesboyaa poker vírus inativado, como a CoronaVac, também carregam as chamadas substâncias adjuvantes, que são capazesboyaa pokeraumentar ainda mais a resposta imune", acrescenta Viola.
Nos sujeitos que já tiveram a doença no passado, portanto, tomar as doses só vai trazer benefícios, explicam os especialistas. Aqueles que não desenvolveram uma resposta imune após a infecção conseguem ativar o sistemaboyaa pokerdefesa por meio da vacinação. Já aqueles que tinham obtido algum nívelboyaa pokerproteção após ficarem doentes conseguem "atualizar" e "aprimorar" os processos imunológicos desenvolvidos previamente.
Esse efeito pode ser observado na prática numa pesquisa conduzida pelo Centroboyaa pokerControle e Prevençãoboyaa pokerDoenças (CDC) dos EUA, que acompanhou o status da vacinação no Estado do Kentucky.
Os autores compararam os dados dos cidadãos que tiveram covid-19 ao longoboyaa poker2020 e que optaram por tomar o imunizante ou se recusaram a receber as doses ao longoboyaa poker2021. Os resultados mostram que o riscoboyaa pokerter uma reinfecção pelo coronavírus é 2,3 vezes maior no grupo que não foi vacinado.
"E precisamos terboyaa pokerconta que a vacinação é sempre uma estratégia coletiva: cada pessoa mais protegida significa uma queda proporcional na transmissão do vírus pela comunidade", diz Garrett.
Vale medir os anticorpos?
Nas frasesboyaa pokerBolsonaro e Hang, eles também deixam claro que fizeram exames para medir o nívelboyaa pokeranticorpos que possuem depois da covid-19.
A questão é que esse tipoboyaa pokerteste não é indicado pelas sociedades médicas brasileiras, uma vez que seus resultados não são confiáveis e podem levar a uma sérieboyaa pokerconclusões e interpretações precipitadas.
"O fatoboyaa pokerter anticorpos não significa que eles funcionem ou sejam específicos para barrar o coronavírus", explica o imunologista Carlos Zárate-Bladés, pesquisador do Laboratórioboyaa pokerImunorregulação do Centroboyaa pokerCiências Biológicas da Universidade Federalboyaa pokerSanta Catarina.
"Até existem testes mais elaborados que fazem esse tipoboyaa pokerdiscriminação dos anticorpos, mas eles são caros, demorados e não estão acessíveis a todos", complementa.
O pesquisador adiciona que uma estratégia dessas também não faz sentido do pontoboyaa pokervistaboyaa pokersaúde pública: ora, é muito mais custo-efetivo oferecer as vacinas para todo mundo (inclusive aqueles que tiveram a covid-19, até porque eles se beneficiam das doses) do que disponibilizar testes cujos resultados não trazem muitas respostas práticas ou mudam as recomendações.
Garrett também conta que ainda não está claro qual é o "correlatoboyaa pokerproteção", ou a quantidade mínimaboyaa pokerimunidade que realmente garante que a pessoa não vai ter a doença (ou ao menos as suas formas mais graves).
"Nesse sentido, fazer um testeboyaa pokeranticorpos não diz muita coisa sobre o quanto estamos resguardados ou não", afirma.

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Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil também explicam que um nível baixoboyaa pokeranticorpos não significa necessariamente que a pessoa está vulnerável à covid-19: existem outros mecanismos do sistema imunológico, que não são medidos por esses exames, que podem atuar para evitar a infecção ou o agravamento dela.
"Existe toda uma resposta feita por células imunes, que independe dos anticorpos", exemplifica Viola.
Nessa mesma linha, o raciocínio reverso também faz sentido: não é só porque alguém está com anticorpos elevados que não corre riscoboyaa pokercontrair o coronavírus e ficar doente. O temor dos médicos e cientistas é que exames do tipo deem uma falsa sensaçãoboyaa pokersegurança, e façam a pessoa relaxar nas outras medidas preventivas necessárias para o momento, como o usoboyaa pokermáscaras, a preferência por locais abertos e bem arejados e o cuidado com as aglomerações.
"É importante que todo mundo vá ao posto para receber a primeira e a segunda dose e continue tomando os cuidados básicos", reforça Viola.
"Só quando a gente tiver acimaboyaa poker70% ou 80% da população vacinada é que vamos ter mais segurança para entender a situação e ultrapassarboyaa pokervez por esse período penoso que vivemos", finaliza o imunologista.

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