Como eventual vitóriaeleicoes casa de apostasTrump impactaria Brasil:eleicoes casa de apostas

O vencedor das eleições americanas só será definidoeleicoes casa de apostasnovembro, mas pesquisas indicam que Trump estáeleicoes casa de apostasvantagemeleicoes casa de apostasrelação ao presidente Joe Biden, que busca a reeleição.

Números recentes do agregadoreleicoes casa de apostaspesquisas fivethirtyeight colocam Trump com 42,3%, na frenteeleicoes casa de apostasBiden, com 40,3%, e do candidato independente Robert Kennedy Jr., com 9%.

Analistas políticos ainda estão divididos sobre qual impacto as notícias desta semana terão na campanha dos candidatoseleicoes casa de apostasagoraeleicoes casa de apostasdiante.

No Brasil, analistaseleicoes casa de apostasrelações exteriores também estão atentos. Uma mudançaeleicoes casa de apostaspoder na Casa Branca tem potencial para alterar a relação entre Brasil e Estados Unidos — uma das mais importantes da diplomacia brasileira.

A BBC News Brasil conversou com especialistas para entender o impacto que uma possível vitóriaeleicoes casa de apostasTrump teria no Brasileleicoes casa de apostasquatro campos – na disputa ideológica na região, na economia, no meio ambiente e na política externa.

1) Disputa ideológica

Uma vitória colocaria Brasil e EUAeleicoes casa de apostasposições ideológicas muito distantes.

Lula é um políticoeleicoes casa de apostasesquerda que defende grandes gastos e presença do governo e possui uma pauta progressistaeleicoes casa de apostasrelação ao meio ambiente e direitos humanos. Trump representa a direita e defende reduçãoeleicoes casa de apostasimpostos, redução do tamanho do Estado na economia e tem uma pauta conservadoraeleicoes casa de apostascostumes.

Além disso, Trump é próximoeleicoes casa de apostaspolíticos que se opõem a Lula. Em 2018, antes da eleição brasileira, Trump apoiou Jair Bolsonaro e disse,eleicoes casa de apostasmensagem dirigida aos eleitores brasileiros, que Lula era um "lunáticoeleicoes casa de apostasesquerda" que "destruirá rapidamente o seu país".

No começo deste ano, Trump e o presidente argentino, Javier Milei, se abraçarameleicoes casa de apostasuma reuniãoeleicoes casa de apostaspolíticos conservadoreseleicoes casa de apostasWashington. Milei vem atacando Lula com palavras duras e associou o atentado contra Trump à "esquerda internacional".

Lula também já criticou o ex-presidente americano. Neste mês, o brasileiro chamou Trumpeleicoes casa de apostasmentiroso e disse que ele vai tentar tirar proveito do atentado que sofreu.

Analistas ouvidos pela BBC News Brasil acreditam que uma eventual vitóriaeleicoes casa de apostasTrump na eleição americana poderia dar um impulso a movimentoseleicoes casa de apostasdireita como o bolsonarismo no Brasil.

"Um candidatoeleicoes casa de apostasextrema-direita ganhando uma eleição num país como os Estados Unidos acentua o discurso e encoraja as pessoas, e isso tem todo um efeito cascataeleicoes casa de apostasoutros países", diz a diretora do Programaeleicoes casa de apostasEstudos Brasileiros da Universidadeeleicoes casa de apostasOxford, Andrezaeleicoes casa de apostasSouza Santos.

Para Christopher Sabatini, pesquisador-sênior do Programaeleicoes casa de apostasAmérica Latina, Estados Unidos e Américas do centroeleicoes casa de apostasestudos Chatham House, no Reino Unido, esse impulso não seria apenas simbólico.

"Uma vitória não teria apenas o impactoeleicoes casa de apostassoft power [um poder brando,eleicoes casa de apostasinfluência] na região. Provavelmente haveria investimentoeleicoes casa de apostasdinheiro e esforço na tentativaeleicoes casa de apostasconstruir e fortalecer uma rede políticaeleicoes casa de apostasextrema direita", diz Sabatini.

"Vimos [o ex-assessoreleicoes casa de apostasTrump] Steve Bannon e outros tentando ativamente alimentar esses relacionamentos, seja Nayib Bukele [em El Salvador], seja Milei [na Argentina], até mesmo José Antonio Kast no Chile."

Para o brasilianista (especialistaeleicoes casa de apostasBrasil) Anthony Pereira, professor e diretor do Kimberly Green Latin American and Caribbean Center da Florida International University, nos Estados Unidos, movimentos como o bolsonarismo se sentiriam fortalecidos por uma eventual vitóriaeleicoes casa de apostasTrump.

"Acho que se Trump vencesse, isso estimularia a causa bolsonarista. Eu vi um exemplo dissoeleicoes casa de apostasmaio. Houve uma audiênciaeleicoes casa de apostasum subcomitê do Comitêeleicoes casa de apostasRelações Exteriores na Câmara dos Deputados dos EUA. Paulo Figueiredo [economista e blogueiro conservador, neto do ex-presidente João Figueiredo] foi um dos palestrantes e você pode ver que os republicanos no Congresso apoiam a narrativa bolsonaristaeleicoes casa de apostasque o governo Lula está reprimindo a liberdadeeleicoes casa de apostasexpressão."

Andreza Souza dos Santos afirma que existe um riscoeleicoes casa de apostasmaior deterioração da democraciaeleicoes casa de apostasum segundo mandaroeleicoes casa de apostasTrump.

"Nós vemos, por exemplo, o que aconteceu na Hungria com o segundo mandatoeleicoes casa de apostaslíderes mais autoritários, foi que houve um recuo da democracia muito mais intenso. Eeleicoes casa de apostasum contextoeleicoes casa de apostasviolência política, eu acho que podemos esperar uma escalada maior nesse sentido. E isso pode dar um certo termômetro para o que pode vir acontecer no Brasil tambémeleicoes casa de apostasum mandato menos progressista no futuro", afirma a pesquisadoraeleicoes casa de apostasOxford.

2) Economia

Apesar das diferenças ideológicas, os analistas ressaltam que os fundamentos da relação bilateral entre Brasil e EUA não devem mudar.

Neste ano, Brasil e EUA comemoram 200 anoseleicoes casa de apostasrelações diplomáticas.

Os EUA são o principal destino das exportações brasileiraseleicoes casa de apostasprodutos manufaturados e são também os maiores investidores no Brasil. Em 2022, o comércio bilateral totalizou US$ 120,7 bilhões.

Segundo dados do setor privado americano, as exportações dos EUA para o Brasil sustentam quase 130 mil empregos nos EUA, e as exportações brasileiras para o país sustentam maiseleicoes casa de apostas500 mil empregos no Brasil.

Anthony Pereira lembra que diferenças ou afinidades ideológicas entre presidentes no passado não se refletiram necessariamenteeleicoes casa de apostasdecisões comerciais e econômicas.

Em 2018, o governoeleicoes casa de apostasJair Bolsonaro foi pressionado pelo governo Trump a excluir a empresa chinesa Huaweieleicoes casa de apostaslicitaçõeseleicoes casa de apostastelecomunicações da tecnologia 5G. A preocupação é que a empresa poderia ser usada para espionar países ocidentais a mando do Partido Comunista Chinês.

Apesareleicoes casa de apostastanto Trump quanto Bolsonaro compartilharemeleicoes casa de apostasuma retórica anti-China, o governo brasileiro não excluiu a Huawei da licitação.

"Sob Bolsonaro, o governo brasileiro resistiu à ideiaeleicoes casa de apostasexcluir a Huawei do leilãoeleicoes casa de apostas5G. O argumento dos EUA não foi suficiente para convencer os políticos brasileiros, embora o presidente fosse muito alinhado com Trump", diz Pereira.

Para Sabatini, existe um riscoeleicoes casa de apostasos EUA darem uma guinada protecionista na economia sob Trump, a exemplo do que foi feito no seu mandato passado, quando ele subiu tarifas contra produtos estrangeiros.

"Trump já deixou claro que deseja aumentar as tarifas generalizadas sobre o aço, o que já afetou o Brasil. Ele tentaria fechar a economia dos EUA como formaeleicoes casa de apostasproteção contra as importações e estimular mais produção dos EUAeleicoes casa de apostasmaneiras que prejudicam muitas exportações do Brasil, especialmenteeleicoes casa de apostasaço e outros produtos têxteis e similares", diz Sabatini.

Já Pereira acredita que os EUA nunca abandonaram o protecionismo — nem mesmo quando Biden chegou ao poder.

"O protecionismo foi iniciado sob Trump. Ele aumentou muitas tarifas, mas Biden não desmantelou essas tarifas e essas proteções. Por exemplo, você tem uma tarifaeleicoes casa de apostas100% sobre veículos elétricos chineses sendo exportados para os EUA", afirma Pereira.

3) Meio ambiente

Uma área prática onde deve haver grande mudança na relação bilateral — segundo os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil — é no combate às mudanças climáticas.

Sob Lula, o Brasil reduziu o desmatamento na Amazônia e ampliou suas metaseleicoes casa de apostasreduçãoeleicoes casa de apostasemissõeseleicoes casa de apostasgases nocivos ao meio ambiente – com corteeleicoes casa de apostas48% até 2025 eeleicoes casa de apostas53% até 2030.

Já Trump é conhecido por ser céticoeleicoes casa de apostasrelação ao impacto da ação humana no aquecimento do planeta — posição que contraria o consenso científico sobre o tema. Umaeleicoes casa de apostassuas primeiras medidas quando eleitoeleicoes casa de apostas2016 foi abandonar o Acordo do Climaeleicoes casa de apostasParis — um compromisso internacionaleleicoes casa de apostasreduçãoeleicoes casa de apostasemissões, com metaeleicoes casa de apostasemissão zero para 2050.

Sob Biden, os EUA voltaram ao Acordoeleicoes casa de apostasPariseleicoes casa de apostas2021. Ainda não há detalhes sobre o projetoeleicoes casa de apostasgovernoeleicoes casa de apostasTrump, mas acredita-se que ele voltaria a retirar o país do compromisso internacional.

O meio ambiente é uma das grandes bandeiras internacionais do governo Lula. O Brasil vai sediareleicoes casa de apostas2025 a COP — conferência da ONU sobre o clima, onde países articulam políticas internacionaiseleicoes casa de apostascombate ao aquecimento global.

"[Caso Trump seja eleito], ele pode não enviar ninguém para a COP no Brasil. Ou enviar alguém que seja cético sobre mudanças climáticas. E isso forçaria o Brasil a procurar outros parceiros", diz Pereira. Para o brasilianista, isso poderia aproximar o Brasileleicoes casa de apostaspaíses como França, Alemanha e Reino Unido na agenda ambiental.

Para Sabatini, caso Trump seja eleito, haveria menos pontoseleicoes casa de apostascolaboração entre EUA e Brasil na questão climática.

"Trump seria mais uma exceção globalmente e enfraqueceria a coalizão que o Brasil tentou construir sobre questões ambientais."

Mas ele ressalta que mesmo sob Biden, cuja gestão priorizou o meio ambiente, não houve avanços significativos na colaboração entre Brasil e EUA contra mudanças climáticas.

"Nunca houve uma colaboração tão profunda entre Biden e Lula como poderia ter havido. Acho que isso foi um choque para muitas pessoas na Casa Branca. Quando Lula visitou Biden, na primeira visita apóseleicoes casa de apostasposse, a propostaeleicoes casa de apostasBiden para apoiar o trabalho na Amazônia era muito menor do que o esperado."

"Não houve um esforço tão completo para se envolvereleicoes casa de apostasuma sérieeleicoes casa de apostasquestões alémeleicoes casa de apostasapenas um projeto bilateral como poderia ter havido. Acho que foi uma oportunidade perdida."

4) Política externa

Política externa é outro campo com possíveis divergências entre Brasil e EUA, caso Trump seja eleito.

Sabatini afirma que Lula persegue uma política externa marcada pela independência, multipolaridade e anti-hegemonia americana. Já Trump defende uma presença mais agressiva dos EUA e dá menos importância à multipolaridade.

Segundo o analista, os EUA sob Trump estariam mais propensos a perseguir políticas como embargo a Cuba e sanções à Venezuela — que são rechaçadas por Lula.

Um ponto potencialeleicoes casa de apostasgrande divergência é o conflitoeleicoes casa de apostasGaza. Analistas acreditam que um governo Trump estaria muito mais alinhado ao primeiro-ministroeleicoes casa de apostasIsrael, Benjamin Netanyahu, emeleicoes casa de apostasguerra contra o Hamas.

Já Lula é crítico da ofensiva israelense e vem pressionando por cessar-fogo e negociaçõeseleicoes casa de apostaspaz.

Mas curiosamente pode haver um pontoeleicoes casa de apostasconvergência: a Ucrânia. O Partido Republicano dos EUA tem trabalhado contra o envioeleicoes casa de apostasmais ajuda militar à Ucrânia naeleicoes casa de apostasguerra contra a Rússia — uma das pautas do Partido Democrataeleicoes casa de apostasBiden.

Trump é visto como possivelmente mais próximoeleicoes casa de apostasVladimir Putin.

O governo Lula também mostra um certo distanciamentoeleicoes casa de apostasrelação à Ucrânia. O presidente brasileiro chegou a dizer que o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, era tão responsável pelo conflito na Ucrânia quanto Putin.

No mês passado, Lula não participou na Suíçaeleicoes casa de apostasuma cúpula pela paz na Ucrânia, argumentando que não faria sentido a realizaçãoeleicoes casa de apostasum encontro sem a presençaeleicoes casa de apostasrepresentantes russos.

Sob Trump, o governo americano poderia desafiar o consenso ocidental que atualmente combate Putin.

"Na questão da Ucrânia, um eventual governo Trump pode desafiar as instituições internacionais liberais tradicionais e isso poderia ser recebido com uma certa simpatia por parte do governo Lula, o que é irônico", afirma Sabatini.