Ensinobonuscaigualdadebonuscagênero gera boicote a escolas na França:bonusca

  • Daniela Fernandes
  • De Paris para a BBC Brasil
Criançasbonuscaescola | Foto: BBC
Legenda da foto,

Projeto do governo quer ensinar que não existem atividades específicas para meninos ou meninas

bonusca Alunosbonuscaescolas primárias francesas estão boicotando aulas, por iniciativa dos pais, após rumores difundidos por veículosbonuscacomunicaçãobonuscaque o governo criou um programabonuscaensino que visaria "negar as diferenças sexuais entre homens e mulheres".

Uma centenabonuscaescolas na França sofrem com um índice elevadobonuscaalunos ausentes desde a sexta-feira.

A polêmica surgiu após a criação recente do "ABCD Igualdade", um programa dos ministérios da educação e dos direitos das mulheres e testadobonuscamaisbonusca600 salasbonuscaaulabonuscatodo o país, com o objetivobonuscatransmitir às crianças o conceitobonuscaigualdade entre homens e mulheres e lutar contra os estereótipos que envolvem ambos os sexos.

O programa pretende pôr fim a ideias homofóbicas e misóginas e mostrar que não existem atividades, inclusive recreativas, específicas para meninos ou meninas - que uma garota pode desejar ser engenheira ou bombeira e um garoto pode querer ser parteiro, por exemplo.

Mas grupos ligados à extrema direita difundiram na internet rumoresbonuscaque o governo teria tornado obrigatório nas escolas primárias o suposto ensino da "teoria do gênero", interpretado por eles como sendo algo que visa eliminar as diferenças biológicas e sociais entre os homens e mulheres e promover a homossexualidade.

Igualdade

Especialistas ressaltam que não existe uma "teoria do gênero" e sim os estudos sobre gênero (gender studies), iniciados nos Estados Unidos nos anos 60 e 70, que analisam a construção social da identidade sexual e a questão das desigualdades entre homens e mulheres.

O ministro da Educação, Vincent Peillon, declarou que o ministério "rejeita totalmente a teoria do gênero e a instrumentalização feita por pessoas da extrema direita, que estão difundindo uma ideia que causa medo aos paisbonuscaalunos".

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"Queremos promover a igualdade entre homens e mulheres", afirmou Peillon.

Nesta quarta-feira, o ministro pediu a diretoresbonuscaescolas para convocar os pais que não levaram seus filhos às aulas após o início dos rumores.

Muitos pais receberam mensagens pelo celular pedindo que não levassem seus filhos à escola na sexta-feira passada e também na segunda-feira desta semana para protestar contra o ensino da "teoria do gênero" e publicaram as mensagens nas redes sociais.

"Eles vão ensinar aos nossos filhos que eles não nascem meninos ou meninas, mas sim que eles escolherão seu sexo depois. Isso sem mencionar a educação sexual desde a escola maternal", diz uma mensagem reproduzida pelo jornal francês Le Monde.

O Instituto Civitas, ligado a católicos conservadores, também apoia o boicote às aulas, afirmando que o ministério da Educação estaria difundindo a "ideologia do gênero às escondidas sob pressãobonuscamovimentos gays e lésbicos".

Os boatos chegaram a afirmar ainda que o governo estaria promovendo nas escolas primárias uma introdução à sexualidade, com aulas que fariam demonstrações "explícitas" às crianças.

"Nós não falamos nada sobre sexualidade no primário. Na escola, ensinamos a igualdade entre garotos e garotas e não a teoria do gênero", declarou nesta quarta-feira Najat Vallaud-Belkacem, porta-voz do governo e ministra dos Direitos das Mulheres.

"Falamos que os meninos e meninas podem ter ambiçõesbonuscaigualdadebonuscarelação às suas escolhas profissionais e aos seus sonhos", diz a ministra, se referindo ao programa "ABCD Igualdade".

Boicote organizado

A ideia dos opositores que difundiram os rumores é lançar um diabonuscaboicote às aulas por mês. Na próxima semana, pedidos para faltar às aulasbonuscaalgumas escolas já foram lançados.

O rumor teria ganhado força, segundo a imprensa francesa, principalmente junto aos pais com baixo nívelbonuscainstrução ebonuscareligião muçulmana.

Em uma escolabonuscaEstrasburgo, no leste da França, um terço dos alunos faltou às aulas, sendo quase 90 turcos, ciganos ebonuscaorigem árabe, segundo o jornal Le Figaro.

Em Meaux, periferia pobre nos arredoresbonuscaParis, considerada "zona urbana sensível", 20% dos alunos faltaram na sexta-feira, segundo a imprensa.

O governo minimiza o impacto dos rumores, afirmando que apenas uma centena das 48 mil escolas francesas foi afetada. Mas o assunto vem ganhando força no país.