Um ano após decisão do STF, abortopalpite vasco x grêmioanencéfalos esbarrapalpite vasco x grêmioentraves:palpite vasco x grêmio
- Paula Adamo Idoeta
- Da BBC Brasilpalpite vasco x grêmioSão Paulo

Gravidezpalpite vasco x grêmioanencéfalos é consideradapalpite vasco x grêmioalto risco
palpite vasco x grêmio Passado um ano desde que o Supremo Tribunal Federal autorizou o abortopalpite vasco x grêmiocasospalpite vasco x grêmiogravidezpalpite vasco x grêmiofetos anencéfalos (sem cérebro), pacientes brasileiras estão tendo acesso mais fácil ao procedimento, mas ainda há importantes deficiências a serem resolvidas, dizem médicos consultados pela BBC Brasil.
A decisão do STF – tomadapalpite vasco x grêmioabrilpalpite vasco x grêmio2012 e detalhada no mês seguintepalpite vasco x grêmioresolução do Conselho Federalpalpite vasco x grêmioMedicina – tem forte oposiçãopalpite vasco x grêmiogrupos religiosos, que a veem como um retrocesso das garantias do direito à vida.
Antes, mulheres grávidaspalpite vasco x grêmiofetos sem cérebro tinhampalpite vasco x grêmiopedir à Justiça autorização para interromper a gestação, algo que podia ou não ser concedido pelo juiz.
"Em São Paulo, isso poderia levarpalpite vasco x grêmiouma semana a dois ou três meses", afirma o ginecologista Cristião Rosas, da Federação Brasileirapalpite vasco x grêmioGinecologia e Obstetrícia. Atualmente, esse período foi reduzido a dias, caso a mulher decida pelo procedimento.
"Mas a rapidez não vempalpite vasco x grêmioprimeiro lugar", complementa o ginecologista Thomaz Gollop, coordenadorpalpite vasco x grêmioum grupopalpite vasco x grêmioestudos sobre o aborto. "A paciente deve receber orientação psicológica e ter tempopalpite vasco x grêmioamadurecer (sua decisão)."
Informações
A gravidezpalpite vasco x grêmioanencéfalos é consideradapalpite vasco x grêmioalto risco, porque o feto ficapalpite vasco x grêmioposição anormal e há o perigopalpite vasco x grêmioacúmulopalpite vasco x grêmiolíquido no útero, descolamentopalpite vasco x grêmioplacenta e hemorragia. E não há perspectivaspalpite vasco x grêmiolonga sobrevivência para o feto, quepalpite vasco x grêmiomuitos casos morre durante a gestação.
Os médicos aguardam a publicaçãopalpite vasco x grêmiouma norma técnica do Ministério da Saúde, com diretrizes claras sobre como os profissionais devem lidar com o tema. A norma estápalpite vasco x grêmiofase final, mas não há data parapalpite vasco x grêmiopublicação.
Enquanto isso, especialistas dizem que há desinformação, tanto entre pacientes quanto entre as próprias equipespalpite vasco x grêmiosaúde; que os serviços que realizam o aborto (entre 50 e 60) são insuficientes; e que muitos profissionais alegam razõespalpite vasco x grêmioforo íntimo para não informar as gestantespalpite vasco x grêmioseu direito ou mesmo para negar o procedimento.
"Ainda há (entre alguns médicos) a falsa ideiapalpite vasco x grêmioque a interrupção é mais arriscada do que deixar a gravidez evoluir. E é ao contrário", explica Cristião Rosas. "Daí o médico posterga tanto que, quando a mulher chega ao hospital (para interromper a gestação), já estápalpite vasco x grêmiosituaçãopalpite vasco x grêmiorisco."
'Chorei tanto'
A donapalpite vasco x grêmiocasa pernambucana Elisa (nome fictício),palpite vasco x grêmio23 anos, descobriu estar grávidapalpite vasco x grêmioum bebê anencéfalo no mês passado, seu quintopalpite vasco x grêmiogestação.
"Era uma menina, uma filha que eu desejei muito", diz Elisa. "Chorei tanto. Fizpalpite vasco x grêmionovo o ultrassom e o médico falou que eu poderia interromper a gravidez. Decidi interromper."
Mas o hospital procurado por Elisa, a 680 kmpalpite vasco x grêmioRecife, é dirigido por religiosos católicos, que negaram o procedimento. Elisa recorreu a uma prima, enfermeirapalpite vasco x grêmioum hospitalpalpite vasco x grêmioRecife, onde a jovem fez a antecipação terapêutica do parto.
O Ministério da Saúde afirma que, diante da decisão do STF e sendo o Brasil um Estado laico, hospitais que se negarem a realizar procedimentos legais podem ser acionados na Justiça.
Já a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defende o direitopalpite vasco x grêmiomédicos e entidades exercerem objeçõespalpite vasco x grêmioconsciência.
Disparidades
Polêmicas à parte, para Thomaz Gollop, o direito ao aborto no casopalpite vasco x grêmioanencefalia está consolidado "por 21 anospalpite vasco x grêmio(emissão de) alvarás judiciários (autorizando a prática), algo sacramentado pela decisão do Supremo". Mas a ausência da norma técnica abre espaço para disparidades.
"O procedimento é rápido nos Estados onde existe o serviço legal (de aborto)", diz ele. "Não acredito que as mulheres estejam desassistidas. Mas não temos nenhuma mensuração."
Não há dados oficiais sobre os abortos legaispalpite vasco x grêmioanencéfalos no Brasil nem sobre o impacto da decisão do Supremo.
Mas o médico Jefferson Drezzet, do hospital Pérola Byington – referênciapalpite vasco x grêmiosaúde da mulherpalpite vasco x grêmioSão Paulo -, diz que a decisão do Supremo não fez aumentar o númeropalpite vasco x grêmioprocedimentos.
"A anencefalia é uma doença cuja incidência obedece a uma constante. É diferente do abortopalpite vasco x grêmiogestações indesejadas. Portanto, não houve aumentopalpite vasco x grêmiocasos", diz.
"O que mudou é que as mulheres diagnosticadas não precisam passar pela torturante tarefapalpite vasco x grêmioir a uma vara criminal por um pedido que podia ou não ser concedido."
Luto
A isso – e independentemente se a mulher decida fazer ou não o aborto - se soma um dolorido processopalpite vasco x grêmioluto, explica Drezzet.
"A mulher sente culpa, derrota. É uma situação emocionalmente difícil."
Elisa diz à BBC Brasil que ainda tem crisespalpite vasco x grêmiochoro quando pensa na filha que não teve.
"Todas as vezes que eu mexo nas coisinhas que comprei para ela, eu lembro e choro."
Dados globais indicam que a incidênciapalpite vasco x grêmioanencefalia épalpite vasco x grêmioem média 1palpite vasco x grêmiocada 10 mil gestações, mas – por razões não totalmente compreendidas – o Brasil é um dos países com o maior númeropalpite vasco x grêmiocasos. A prevenção é feita com a ingestãopalpite vasco x grêmioácido fólico antes da gestação, o que reduz consideravelmente os riscos, diz Drezzet.
Os médicos consultados dizem que,palpite vasco x grêmiomeio à perda, é importante que a mulher não se sinta como culpada ou criminosa.
"Ela tem que saber que tem liberdadepalpite vasco x grêmiodecidir", diz Gollop.
Para Débora Diniz, pesquisadora da Anis (grupopalpite vasco x grêmiobioética que propôs a ação no Supremo), a decisão do STF acabou com a instabilidade jurídica antes enfrentada pelas mulheres.
Mas o tema está longepalpite vasco x grêmioconsensos.
"Nos preocupa o modo como o Supremo decidiu pela não-vida do anencéfalo", diz à BBC Brasil Lenise Garcia, da comissãopalpite vasco x grêmiobioética da CNBB. "Sua perspectivapalpite vasco x grêmiovida é pequena, mas ele só pode morrer porque está vivo. E a vida humana precisa ser resguardada até a morte."
Garcia relata históriaspalpite vasco x grêmiomulheres que optaram por dar continuidade à gravidezpalpite vasco x grêmioanencéfalos, os fetos sobreviveram mais do que o esperado e, atépalpite vasco x grêmiomorte, "existiu uma interaçãopalpite vasco x grêmiomuito amor" entre mãe e filho.




