Os 40 anos do livro brasileiro condenado pelo Vaticano que hoje inspira papa Francisco:cuiaba fc x america mg palpite

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O caso foi analisado primeiro pela Arquidiocese do Riocuiaba fc x america mg palpiteJaneiro. Em seguida, encaminhado para a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), órgão do Vaticano herdeiro histórico do temido Tribunal da Inquisição, conhecido por perseguir aqueles considerados hereges até o século 19.
No comando da CDF estava o então cardeal alemão Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o papa Bento 16, sucessorcuiaba fc x america mg palpiteJoão Paulo 2º (1920-2005).
Sua decisão sobre o caso Boff foi publicadacuiaba fc x america mg palpite11cuiaba fc x america mg palpitemarçocuiaba fc x america mg palpite1985. No julgamento, a congregação entendeu que o livro era uma afronta a pelo menos quatro pontos da doutrina católica.
"Examinadas à luz dos critérioscuiaba fc x america mg palpiteum autêntico método teológico […] certas opções do livrocuiaba fc x america mg palpiteL. Boff manifestam-se insustentáveis", pontua o documento final.
"Sem pretender analisá-las todas, colocam-secuiaba fc x america mg palpiteevidência apenas as opções eclesiológicas que parecem decisivas, ou seja: a estrutura da Igreja, a concepção do dogma, o exercício do poder sagrado e o profetismo."
Entendendo que as reflexõescuiaba fc x america mg palpiteBoff "sãocuiaba fc x america mg palpitetal natureza que põemcuiaba fc x america mg palpiteperigo a sã doutrina da fé", a congregação condenou o religioso brasileiro. Coube a ele um ano do chamado "silêncio obsequioso", uma espéciecuiaba fc x america mg palpite"cala-boca" oficial que o proibiucuiaba fc x america mg palpiteemitir opiniões ou mesmo exercer publicamente suas atividades religiosas.
Por e-mail, Boff afirmou à BBC News Brasil que "a intenção originária do livro era aplicar as intuições da teologia da libertação às relações internas na Igreja,cuiaba fc x america mg palpitesetores da Igreja".
"Uma igreja que prega a libertação na sociedade não pode ser um fatorcuiaba fc x america mg palpiteopressão nas suas relações internas", argumenta ele.
"A razão reside neste fato: todo o poder sagrado está nas mãoscuiaba fc x america mg palpiteum pequeno grupo clerical; os leigos, que são as grandes maiores, não participam dele e as mulheres são completamente excluídas. Uma Igreja que assim se organiza e exige libertação na sociedade se desmoraliza porque, internamente, não dá mostracuiaba fc x america mg palpiteser libertadora."
Recordando seu próprio livro, o teólogo sustenta que "na medidacuiaba fc x america mg palpiteque a Igreja hierárquica se assenta sobre o poder emcuiaba fc x america mg palpiteforma absolutista e até tirânica na figura do papa, não há a possibilidadecuiaba fc x america mg palpitese converter".
"Este tipocuiaba fc x america mg palpitepoder centralizado necessariamente é excludente e, por isso,cuiaba fc x america mg palpitenatureza viola direitos dos fiéis", diz.
Boff vê os leigos reduzidos a uma cidadania inferior, e as mulheres encaradas como "força auxiliar do clero", a despeitocuiaba fc x america mg palpiteserem numericamente a maioria.
"O ponto crítico e extremamente sensível para as autoridades eclesiásticas foi a crítica que fiz ao poder sagrado, sobre o qual se constrói toda a compreensão da Igreja", acrescenta.
"Jesus fez uma arrasadora crítica ao poder como centralização e buscacuiaba fc x america mg palpiteprivilégio. O poder só se legitima evangelicamente como serviço e não como privilégio e elementocuiaba fc x america mg palpitecriaçãocuiaba fc x america mg palpitediferenças na comunidade. A Igreja dos primórdios se construía sobre a categoria da comunhãocuiaba fc x america mg palpitetodos com todos, no sentidocuiaba fc x america mg palpiteuma comunidade fraternalcuiaba fc x america mg palpiteiguais, embora com funções diferentes."

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Boff diz que no catolicismo contemporâneo, a comunhão foi "esvaziada" e, "no lugar do Espírito Santo, entrou o direito canônico, que tudo estabelece".
"Não me restringi a fazer crítica à Igreja hierárquica do poder sagrado. Tentei mostrar […] uma alternativa possível e fundada biblicamente,cuiaba fc x america mg palpiteuma Igreja assentada sobre o Espírito Santo e os carismas como forma diferentecuiaba fc x america mg palpiteorganização comunitária", explica. "Estes seriam os pontos nevrálgicos que provocaram minha convocação pela Congregação para a Doutrina da Fé."
O teólogo reconhece, contudo, que os problemas não eram apenas os teológicos. "Havia dois outros, muito importantes,cuiaba fc x america mg palpitecaráter político", ressalta ele, frisando que o primeiro dizia respeito à teologia da libertação.
"Uma semana antescuiaba fc x america mg palpiteminha convocação [para prestar esclarecimentos], a congregação [CDF] havia publicado um documento crítico a este tipocuiaba fc x america mg palpiteteologia, acusando-acuiaba fc x america mg palpitepolitização da fé e do usocuiaba fc x america mg palpitecategorias marxistas. Submeter-me, logo após, a um juízo doutrinário significava também colocar sob suspeição a Teologia da Libertação e, com isso, desautorizá-la."
O segundo motivo político dizia respeito às chamadas comunidades eclesiaiscuiaba fc x america mg palpitebase — grupos ecumênicoscuiaba fc x america mg palpiteque pessoas com necessidades comuns são incentivadas a se reunir para leituras bíblicas e debates sociopolíticos. Como diz Boff, lugares "onde se praticava e ainda se pratica a Teologia da Libertação".
"A intenção já antiga do Vaticano era declarar que essas comunidades não são eclesiais, mas políticas", afirma ele. "Desta forma, ficariam também desclassificadas e, junto delas, a Teologia da Libertação."
A reportagem perguntou a Leonardo Boff se, com passar do tempo, ele se arrepende ou chegou a se arrependercuiaba fc x america mg palpitealguma coisa do conteúdo desse livro — considerando, inclusive, a repercussão do mesmo no interior da Igreja. Ele negou categoricamente.
"Continuo sustentando as teses do meu livro, que são secundadas pela melhor reflexão teológica católica e ecumênica", esclarece.
Ele afirma que "a estruturação institucional da Igreja hierárquica é mais e mais criticada por não ser suficientemente fundada nos evangelhos e na práticacuiaba fc x america mg palpiteJesus e dos apóstolos".
"Sobre isso se fizeram inúmeras teses nas muitas faculdadescuiaba fc x america mg palpiteteologia. Mais ainda, esta teologia oficial é postacuiaba fc x america mg palpitelado pela prática do atual papa Francisco, que explicitamente vive o modelocuiaba fc x america mg palpiteIgrejacuiaba fc x america mg palpitecomunhão, favorece as comunidades eclesiaiscuiaba fc x america mg palpitebase e tem dado apoio explícito à teologia da libertação,cuiaba fc x america mg palpiteonde ele mesmo mesmo veio."
Boff comentou que se corresponde com o papa Francisco "em sucessivas e amistosas trocascuiaba fc x america mg palpitecartas".
"O livro ['Igreja: Carisma e Poder'] resultoucuiaba fc x america mg palpiteuma sériecuiaba fc x america mg palpitetextoscuiaba fc x america mg palpiteconferências ecuiaba fc x america mg palpiteartigos publicados. O título vai direto ao ponto", define o teólogo Luiz Carlos Susin, professor na Pontifícia Universidade Católica no Rio Grande do Sul (PUC-RS) e na Escola Superiorcuiaba fc x america mg palpiteTeologia e Espiritualidade Franciscana e membro do Comitê Internacional do Fórum Mundialcuiaba fc x america mg palpiteTeologia e Libertação.
"Na América Latinacuiaba fc x america mg palpitegeral, mais especificamente no Brasil, a décadacuiaba fc x america mg palpite1970 tinha sido tensa politicamente pois nos extremos estavam as ditaduras e as guerrilhas, e no campo intelectual a situação social era analisada com categorias marxistas. A Teologia da Libertação dialogava com este pensamento crítico, embora nem Boff e nem os demais teólogos dominassem bem as categorias marxistas. Mas havia 'afinidades eletivas'."
Contexto

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Em 1981, Boff já era bastante respeitado. Catarinensecuiaba fc x america mg palpiteConcórdia, nascidocuiaba fc x america mg palpite14cuiaba fc x america mg palpitedezembrocuiaba fc x america mg palpite1938, ele civilmente se chama Genézio Darci Boff e assumiu o nomecuiaba fc x america mg palpiteLeonardo quando se tornou membro da Ordem dos Frades Menores, ao fim da décadacuiaba fc x america mg palpite1950.
Ordenou-se sacerdotecuiaba fc x america mg palpite1964 e, depois, viveu um período na Alemanha, onde doutorou-se pela Universidadecuiaba fc x america mg palpiteMunique.
Ao longo dos anos 1970, seu pensamento passou a ser materializadocuiaba fc x america mg palpiteartigos e livros. Ele integrou o conselho editorial da Vozes, onde coordenou a coleção Teologia e Libertação e atuou como redator da Revista Eclesiástica Brasileira, entre outras publicações periódicas.
Nesse contexto, o teólogo fundoucuiaba fc x america mg palpite1979, com a ajudacuiaba fc x america mg palpiteum grupocuiaba fc x america mg palpitemilitantes e religiosos, o Centrocuiaba fc x america mg palpiteDefesa dos Direitos Humanos (CDDH),cuiaba fc x america mg palpitePetrópolis, onde vive. Os antigos parceiros nesse projeto são os que guardam as melhores memórias da perseguição sofrida por Boff no processo junto ao Vaticano.
"Trabalhava no CDDH nos anos 1980 e convivia diariamente com Boff, principalmente no ano do famoso silêncio obsequioso [1985], afirma o teólogo e filósofo Adair Rocha, professor na Universidade do Estado do Riocuiaba fc x america mg palpiteJaneiro (UERJ) e na Pontifícia Universidade Católica do Riocuiaba fc x america mg palpiteJaneiro (PUC-RJ).
"Silêncio obsequioso é uma expressãocuiaba fc x america mg palpiteuma sabedoria histórica incrível, bem mais respeitosa do que 'faz favorcuiaba fc x america mg palpitecalar a boca'."
"Igreja: Carisma e Poder se relaciona com Jesus Cristo libertador. Isso acabou incomodando os setores hierárquicos da Igreja", diz ele.
"[Boff] trabalha os pressupostos teóricoscuiaba fc x america mg palpitenatureza teológica com as questõescuiaba fc x america mg palpitenatureza prática, numa perspectiva estruturante do modelo da circularidade da Igreja, enquanto o modelo tradicional existente é hierarco-piramidal."
"Quando isso vai para as comunidades eclesiaiscuiaba fc x america mg palpitebase, implicacuiaba fc x america mg palpitequestões que vão interferir diretamente na vida das pessoas, e isso assume uma conotaçãocuiaba fc x america mg palpitenatureza política que vai identificar Boff e todacuiaba fc x america mg palpiteprodução com autores preocupados com essa questão estruturante do capitalismo e como os meioscuiaba fc x america mg palpiteprodução interferem na forçacuiaba fc x america mg palpitetrabalho", completa.
Para Rocha, a teologia trazida pelas reflexõescuiaba fc x america mg palpiteBoff estava empenhadacuiaba fc x america mg palpitepossibilitar que a população mais pobre adquirisse "todos os direitos". "A palavracuiaba fc x america mg palpiteDeus vai deixando isso cada vez clara. A conotação política acaba sendo clara", acrescenta.
Professor e desenvolvedorcuiaba fc x america mg palpiteaplicativoscuiaba fc x america mg palpiteGoiânia, o filósofo José Américocuiaba fc x america mg palpiteLacerda Júnior recorda que foi arrebatador quando, nos anos 1980, "mergulhou" na leituracuiaba fc x america mg palpiteIgreja: Carisma e Poder.
Em 1987, viveucuiaba fc x america mg palpitePetrópolis e "a proximidade com a pessoa do Leonardo trouxe ainda mais força àqueles seus escritos que tinham me marcado tanto".
"Eu vi nele a coerência entrecuiaba fc x america mg palpiteprática ecuiaba fc x america mg palpiteescrita, entrecuiaba fc x america mg palpiteação ecuiaba fc x america mg palpiteteologia", afirma. "Práxis. Compreendi na pele e na alma a mensagem do livro: o desafiocuiaba fc x america mg palpitemanter o equilíbrio entre a força fundante do amor e a razão opressora da institucionalização."

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O músico e filósofo Sérgio Messias Guimarães orgulha-secuiaba fc x america mg palpiteter integrado o grupo que criou o CDDHcuiaba fc x america mg palpite1979. "[Vi] as consequências: tudo o que Leonardo sofreu a partircuiaba fc x america mg palpiteIgreja: Carisma e Poder. A obra veio questionar práticas equivocadas internamente, liturgicamente, teologicamente e pastoralmente. Práticascuiaba fc x america mg palpitecentenascuiaba fc x america mg palpiteanos. O livro questionacuiaba fc x america mg palpitemaneira contundente, daí ganhou uma importância tamanha", relata ele.
"Ratzinger, com seu conservadorismo, traduziu essa linha [conservadora]cuiaba fc x america mg palpiteJoão Paulo 2º. Aí chegou a bater fortecuiaba fc x america mg palpiteLeonardo, por conta dos questionamentos importantes feitos por esse livro", comenta.
"A relevância da obra continua forte porque ela evoca mudanças na Igreja. Jesus colocou muito claramente no evangelho o amor para o outro, o cuidado para o outro, principalmente para aquele que precisa mais, sofre mais as consequências da sociedade que não permite que todos tenham seus direitos básicos respeitados. Boff continua presente, atual. No papadocuiaba fc x america mg palpiteFrancisco, o livro se torna um grande pontocuiaba fc x america mg palpitereferência."
Guimarães acredita que a condenaçãocuiaba fc x america mg palpiteBoff tenha sido pelo conjuntocuiaba fc x america mg palpitesua atuação. "O livro foi a gota d'água por certos questionamentos que ele vinha fazendo e pela própria teologia da libertação", defende.
Para a educadora e militante Márcia Monteiro da Silva Miranda, com quem Boff vive oficialmente desde que largou a batina,cuiaba fc x america mg palpite1992, a repercussão do livro é resultante do fatocuiaba fc x america mg palpiteque, no período da ditadura, "setores da Igreja lutaram pelos direitos das pessoas e setores conservadores da Igreja achavam que a Igreja não podia se misturar com política".
"Como se o fatocuiaba fc x america mg palpiteeles não falarem nada [sobre o regime ditatorial] também não fosse um posicionamento político", diz ela.
"Leonardo foi muito profético, mas ele é um homem transparente, que acredita no que fala. O que ele fala é a partir do que reflete, estuda. Mas ele não é um acadêmico que fica só estudando. Ele é um homemcuiaba fc x america mg palpitefé e andou semprecuiaba fc x america mg palpitecontato com a situação do povo. Isso tornou forte o pensamento dele", afirma.
Por outro lado, Miranda acredita que a punição sofrida por seu companheiro tornoucuiaba fc x america mg palpiteobra ainda mais reconhecida.
"Acredito que Deus escreve certo por linhas tortas", sentencia. "O fatocuiaba fc x america mg palpiteele ser punido, calado, serviu para disseminar ainda mais a teologia da libertação. Tornou-se uma coisa que se espalhou, se esparramou e vai até hoje adubando a fé, inclusive para irmãos cristãos evangélicos e outras religiões que não são cristãs."
Legado
Boff ressalta que seu livro teve o méritocuiaba fc x america mg palpiteprovocar uma grande discussão teológica no cerne do catolicismo. "[Contudo] foi um grave equívoco cometido pelas autoridades doutrinais do Vaticano terem entendidocuiaba fc x america mg palpiteforma errônea o título do meu livro", acredita ele.
"Entenderam Igreja: Carisma ou Poder. Tenho afirmado a legitimidade do carisma e do poder na Igreja, poder para organizar internamente a comunidade no espírito dos evangelhos e carisma para abrir-se ao novo e às iniciativas exigidas pelos tempos cambiantes. Mas tenho insistido na tese: na relação entre poder e carisma deve-se partir sempre do carisma e não do poder", explica ele.
"Assim, o carisma impede o podercuiaba fc x america mg palpitese autonomizar e o confirma sempre como serviço. Se partirmos do poder, este enquadrará o carisma, tirar-lhe-á a formacuiaba fc x america mg palpiteinovação ecuiaba fc x america mg palpiteaberturacuiaba fc x america mg palpitenovos caminhos", acrescenta.
"Essa foi a tragédia do carisma na Igreja: figuras carismáticas — aqui no sentidocuiaba fc x america mg palpiteinovadores e não do movimento carismático — e os profetas foram, geralmente, vigiados, cerceados, perseguidos, punidos e até condenados."
Para o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leitecuiaba fc x america mg palpiteMoraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, um ponto-chave para compreender Igreja: Carisma e Poder é entender que, na Teologia da Libertação, "a teologia aparece sempre como um segundo ato".
"O primeiro ato, o mais importante, é a experiênciacuiaba fc x america mg palpitefé dentro das comunidades. E foi dentro dessas comunidades que a experiência cristã foi mostrando para Boff que a Igreja que se conhece era uma Igreja hierárquica, europeia, medieval, uma Igreja que estrutura e combina o poder temporal com o poder espiritual. Essa Igreja estavacuiaba fc x america mg palpiteuma direção completamente contrária. Então [sua obra] aponta para uma luta contra o clericalismo, contra essa ordem hierarquizada", explica.
"É como se ele dissesse que o poder nasce dentro da Igreja, mas da Igreja que são essas pessoas pobres, humilhadas sofridas, oprimidas."
Por tudo isso, a obra pode ser definida como profética, segundo explica o professor. Boff cobra uma Igreja que abandone o estilo monárquico, os títulos, os cargos — e brote justamente dos mais pobres.
Conforme diz Moraes, os teólogos da libertação estavam preocupados com a ortopraxiacuiaba fc x america mg palpitevez da ortodoxia. "Para eles, melhor do que a opinião correta, é a prática correta. É nessa direção que Boff vai", comenta.
Igreja: Carisma e Poder tornou-se fundamental nas bibliografias da área. "A obracuiaba fc x america mg palpiteBoff vai perdurar por muito tempo ainda, porque é consistente. Écuiaba fc x america mg palpiteuma teologia desafiadora, que faz as pessoas sonharem com um verdadeiro poder: o poder do cristianismo autêntico e não a estrutura fechada, engessada, do clericalismo que se torna protecionistacuiaba fc x america mg palpitecoisas erradas", avalia Moraes.
"Sua obra vai continuar existindo e resistindo ao tempo porque é uma fontecuiaba fc x america mg palpiteutopia, uma fonte teológicacuiaba fc x america mg palpitesonhos,cuiaba fc x america mg palpitepossibilidadescuiaba fc x america mg palpiteconcretização no mundo real das expectativas da caminhadacuiaba fc x america mg palpitefé."
Ele ressalta que o teólogo ainda tem a habilidadecuiaba fc x america mg palpitetratarcuiaba fc x america mg palpitecoisas profundascuiaba fc x america mg palpiteum jeito simples, dirigindo-se ao homem comum, sendocuiaba fc x america mg palpitefácil compreensão.
Doutoracuiaba fc x america mg palpiteFilosofia pela Pontifícia Universidade Gregorianacuiaba fc x america mg palpiteRoma e pesquisadora do Institutocuiaba fc x america mg palpiteEnsino e Assistência Social (IEAS), a religiosa Dulcelene Ceccato, da Congregação das Irmãs do Divino Salvador ressalta a relevância mundialcuiaba fc x america mg palpiteBoff.
"Ele não é apenas um autor, ele é uma escolacuiaba fc x america mg palpitepensamento, tanto teológico como também filosófico. Como poucos, ou melhor, como os melhores e o maiores autores contemporâneos, possui uma obra ampla, sistematizadacuiaba fc x america mg palpitemuitos livros e artigos."

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Ao condenar Boff, a Igreja tinha como "meta atingir a mente mais lúcida da América Latina e Caribe para calar o pensamentocuiaba fc x america mg palpitefavor do mundo dos pobres", defende o o filósofo e teólogo Fernando Altemeyer Junior, professor da Pontifícia Universidade Católicacuiaba fc x america mg palpiteSão Paulo (PUC-SP). "A estratégia persistiu até a eleição do papa Francisco, quando voltamos a ter oxigênio para fazer teologia. Superou-se o verdadeiro inverno eclesial e eclesiástico que durou 40 anos. Um verdadeiro deserto para os intelectuais católicos", diz o professor.
"A cristologia latino-americana que se fez a partir da dor humana, especialmente da humanidade padecente emcuiaba fc x america mg palpitecarne e corpo, nas ditadores militares foi calada e perseguida dentro da própria Igreja", comenta Altemeyer. "A cristologia européia se fez a partir do conhecimento humano e da angústia existencial emcuiaba fc x america mg palpitealma e mente. A cristologia latino-americana vemcuiaba fc x america mg palpitebaixo para cima. Do históricocuiaba fc x america mg palpiteJesus ao sercuiaba fc x america mg palpiteJesus. Do sercuiaba fc x america mg palpiteJesus ao sercuiaba fc x america mg palpiteDeus. É alinhada à escola teológicacuiaba fc x america mg palpiteAntioquia, ao pensamento dos primeiros evangelistas e a São João Crisóstomo. Fazer teologia muda a vida dos teólogos."
Para Susin, a riqueza intelectualcuiaba fc x america mg palpiteBoff acabou se tornando mais visível com a "mudançacuiaba fc x america mg palpitefoco" depoiscuiaba fc x america mg palpitedesligar-se do sacerdócio,cuiaba fc x america mg palpite1992. "Ele vinha prestando atenção, pesquisando e começando a escrever a respeitocuiaba fc x america mg palpiteecologiacuiaba fc x america mg palpitediálogo com as ciências. Sua decisão foi privilegiar a interlocução com a sociedade e não mais com a Igreja, ao menos no foco centralcuiaba fc x america mg palpiteseu trabalho", analisa.
"Continua tendo lealdadecuiaba fc x america mg palpitepertença à Igreja e fala dela com propriedade, mas cresceu emcuiaba fc x america mg palpiteliderançacuiaba fc x america mg palpitetermoscuiaba fc x america mg palpiteética e espiritualidade ecológicas. Inovou emcuiaba fc x america mg palpiteinsistência numa ecologia integral, assumida agora pelo papa Francisco", comenta ele. "Mas seus livroscuiaba fc x america mg palpiteteologia da primeira fase têm ainda consistência e conservam atração por uma das característicascuiaba fc x america mg palpiteseu estilo, uma linguagem quase jornalística,cuiaba fc x america mg palpitecrônica e algocuiaba fc x america mg palpitepoesia. Este outro lado místico e entusiasta, e não apenas crítico, ou profético,cuiaba fc x america mg palpitetermos mais bíblicos, está presente ao longocuiaba fc x america mg palpitesua produção, o que o torna um escritor rico e complexo."
Pontificadocuiaba fc x america mg palpiteFrancisco

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"A teologiacuiaba fc x america mg palpiteBoff e tantos pensadores do hemisfério sul participa da esperança libertadora dos povos crucificados. É uma cristologia ascendente, inspiradacuiaba fc x america mg palpitetextos clássicos dos aristotélicos e tomistas", explica Altemeyer. "[Por outro lado,] a teologia europeia trabalha a encarnação do Verbo como manifestação salvíficacuiaba fc x america mg palpiteDeus. É uma teologia descendente, inspiradacuiaba fc x america mg palpitetextos clássicos dos platônicos e agostinianos."
A influência do pensamentocuiaba fc x america mg palpiteBoff sobre o papadocuiaba fc x america mg palpiteFrancisco transparececuiaba fc x america mg palpitealgumascuiaba fc x america mg palpitesuas manifestações ecuiaba fc x america mg palpitedocumentos oficiais, como na encíclica dedicada ao meio ambiente, a Laudato Si',cuiaba fc x america mg palpite2015.
Para o frei Marcelo Toyansk Guimarães, da Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Frades Capuchinhos e assessor da Comissão Justiça e Paz da CNBB-SP, é visível como esse modocuiaba fc x america mg palpitepensar ecoa no atual pontificado. "Podemos ver nas homilias do papa, que ele chama fortemente a cúria romana à conversão", pontua. "Isto está escancarado, estamos à beiracuiaba fc x america mg palpiteuma reforma mais consistente da própria cúria."
"[No livro,] Boff discorre sobre violaçõescuiaba fc x america mg palpitedireitos humanos no interior da Igreja. A Igreja precisa estar aberta a críticas para ajudar na revisãocuiaba fc x america mg palpiteposicionamentos", prossegue. "Vemoscuiaba fc x america mg palpiteFrancisco como isso acontececuiaba fc x america mg palpiteforma mais fluida, quando ele diz tolerância zero com relação a abusos e quando ele se posicionacuiaba fc x america mg palpiteforma muito firmecuiaba fc x america mg palpiterelação aos clericalismos, dizendo que é um grande mal da Igreja."
"O debate trazido por Boff é repetido pelo papa, que nos provoca hoje a fazer uma Igreja a partir dos pobres, que tenha o leigo como protagonista, que seja sinodal", resume o religioso.
Susin atenta que a Igreja, pelo "peso do dinossauro", enfrenta a "dificuldade da reforma". "A tradição, que écuiaba fc x america mg palpiteriqueza ecuiaba fc x america mg palpiteglória, é tambémcuiaba fc x america mg palpitemiséria quando se trata da estruturacuiaba fc x america mg palpitepoder, e na submissão da doutrina e até do evangelho ao direito canônico, comenta. "A cúria romana tem a estruturacuiaba fc x america mg palpiteuma corte do século 17I na França, cheiacuiaba fc x america mg palpitetítulos, vênias e medalhas. É nas áreas missionárias,cuiaba fc x america mg palpitefronteiras, exatamente onde ela parece mais precária, que ela apresenta mais criatividade carismática e mais vitalidade genuinamente evangélica."
"Com a enorme extensão dos pontificadoscuiaba fc x america mg palpiteJoão Paulo 2º somando-lhe a continuidadecuiaba fc x america mg palpiteBento 16 acabou se fortificando na Igreja o que o papa Francisco tem chamadocuiaba fc x america mg palpiteclericalismo, um interesse ligado ao poder que se afirma sobre a posturacuiaba fc x america mg palpiteque o clero é a única mediação da salvação", explica ele. "As atuais tensões dentro da cúria romana e as contraposições nem sempre tão veladascuiaba fc x america mg palpiteum clero mais conservadorcuiaba fc x america mg palpitediversos países, como os Estados Unidos, e o papa Francisco mostram que a análise do poder ainda precisa ser feita, é tarefa incompleta."
Ceccato lembra que o teólogo brasileiro foi pioneiro nas reflexões sobre "a grave problemática ecológica", propondo "os parâmetros para uma ecologia integral, que o papa Francisco retoma na encíclica Laudato Si'". "Pode ser dizer que essa é a obracuiaba fc x america mg palpiteLeonardo Boff que continua sendo escrita com criatividade, inteligência e, cada vez mais, marcada por uma profunda mística franciscana que aponta para o amor misericordiosocuiaba fc x america mg palpiteDeus e a fraternidade universal."
"Não cabe dúvidas que a teologia sul-americana, nos últimos 50 anos, deu muitos passos na reflexão teológica", afirma a religiosa. "Basta ver a importância da problemática ecológica."
Boff não esconde que há um alinhamento entre seu pensamento e o atual pontificado. "A prática e a mensagem do atual papa se situam perfeitamente dentro da perspectiva carismática defendida por meu livro 'Igreja: Carisma e Poder'. Ele disse sucessivas vezes que não vai dirigir a Igreja com o uso do poder, que não condenará ninguém e que fará o possível para viver uma Igreja sinodal que é outro nome para uma Igrejacuiaba fc x america mg palpitecomunhão", ressalta ele.
"Pelo fatocuiaba fc x america mg palpitese negar viver num palácio mas preferir a casa da hóspedes, mostra na prática a distância do símbolo do poder, um palácio, ecuiaba fc x america mg palpiteproximidade do lugar comum a todos, uma casa. Ele está mais perto da grutacuiaba fc x america mg palpiteBelém do que dos palácios dos príncipes renascentistas, muitos deles eleitos papas."

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