Quatro perguntas ainda sem resposta sobre volta às aulas na pandemia:aposta em roleta
- Paula Adamo Idoeta
- Da BBC News Brasilaposta em roletaSão Paulo

Crédito, Reuters
Retomadaapostaaposta em roletaroletaatividades presenciaisaposta em roletaSP nesta quarta-feira; muitos Estados e municípios já estão criando os próprios protocolos
aposta em roleta O Ministério da Educação (MEC) lançou nesta quarta-feira (7/10) um guia aposta em roleta com orientações à volta às aulas presenciais, criado como parâmetro para Estados e municípios no planejamento da reabertura das escolas.
Elaborado, segundo o MEC, com baseaposta em roletaorientaçõesapostaaposta em roletaroletaórgãos internacionais como Organização Mundial da Saúde e Unicef e com sugestõesapostaaposta em roletaroletaentidades da educação, o guia recomenda o retornoaposta em roletacada Estadoapostaaposta em roletaroletaacordo com uma tabelaapostaaposta em roletaroletacores, que avalie o nívelapostaaposta em roletaroletatransmissãoaposta em roletadeterminada região: por exemplo, regiões que tenham casos esporádicosapostaaposta em roletaroletacovid-19 são da cor verde, e todas as escolas estariam autorizadas a reabrir ali.
Caso a região ainda tenha transmissão comunitária, cai na cor vermelha e é preciso fazer avaliaçãoapostaaposta em roletaroletarisco para reabrir as escolas, alémapostaaposta em roletaroletamanteraposta em roletavista que, se reabertas, elas podem terapostaaposta em roletaroletaserem fechadas caso o númeroapostaaposta em roletaroletacasosapostaaposta em roletaroletacoronavírus aumente.
A autonomia sobre isso, porém, é das autoridades locais, afirma o texto.
Mas, para educadores e especialistas ouvidos pela reportagem, ainda restam perguntas sem resposta sobre como lidar com as defasagens e as crescentes desigualdadesapostaaposta em roletaroletaensino, que ficarão quase que totalmente a cargo das autoridades locais (veja mais detalhes abaixo).
"O guia reúne normas técnicasapostaaposta em roletaroletasegurançaaposta em roletasaúde e recomendaçõesapostaaposta em roletaroletaações sociais e pedagógicas a serem observadas pelos integrantes da comunidade escolar para um retorno seguro", diz o MEC.
"A decisãoapostaaposta em roletaroletaretorno às aulas presenciais, entretanto, deve ser tomada por estados e municípiosapostaaposta em roletaroletaacordo com orientação das autoridades sanitárias locais."
O guia é lançado poucos dias depoisapostaaposta em roletaroletao ministro da Educação, Milton Ribeiro, ter ditoaposta em roletaentrevista ao jornal O Estadoapostaaposta em roletaroletaS. Paulo que a condução da volta às aulas e as desigualdadesapostaaposta em roletaroletaacesso a internet e equipamentos era atribuição dos Estados e municípios, e não do MEC.
Segundo interlocutores, a falaapostaaposta em roletaroletaRibeiro teria desgastado o ministro dentro do Palácio do Planalto.
Com o guia lançado nesta quarta, o MEC traz orientações sobre medidasapostaaposta em roletaroletatriagem e segurança sanitária a serem adotadas nas escolas e no transporte público rumo às escolas.
Na parte pedagógica, o documento diz que as redes e escolas podem reordenar o currículo do ano letivo restanteapostaaposta em roletaroleta2020 junto com oapostaaposta em roletaroleta2021, a partir do que for "considerado essencialaposta em roletatermosapostaaposta em roletaroletaaprendizagem,apostaaposta em roletaroletaacordo com o contextoapostaaposta em roletaroletacada escola, série ou turma".

Crédito, Luiz Carrera
Testagemapostaaposta em roletaroletaalunaaposta em roletaescolaapostaaposta em roletaroletaSalvador; com guia lançado nesta quarta, o MEC traz orientações sobre medidasapostaaposta em roletaroletatriagem e segurança sanitária a serem adotadas nas escolas e no transporte público rumo às escolas
O texto sugere "cautela", levando-seaposta em roletaconta "os impactos do isolamento na aprendizagem". Também pede medidas específicas para os estudantes que estejam nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, para garantir que eles consigam fazer a transição para a etapa seguinte.
O guia do ministério cita estudos internacionais que destacam a baixa taxaapostaaposta em roletaroletacasos e mortes por covid-19 entre crianças e adolescentes. "Em contraste com isso, o fechamento das escolas tem impactos negativos evidentes na saúde física e mental das crianças, assim como na educação, no desenvolvimento, na renda familiar e na economiaaposta em roletageral."
Especialistas que acompanham o debate (e a realidade) educacional pelo país afirmam que o MEC chegou atrasado na organização da volta às aulas, uma vez que a maioria dos Estados e municípios já vinha elaborando e implementando protocolos próprios.
Em São Paulo, por exemplo, algumas escolas começaram a reabrir nesta quarta-feira para atividades extracurriculares presenciais, seguindo as diretrizes do governo paulista e dos municípios.
Ao mesmo tempo, para Claudia Costin, diretora do Centroapostaaposta em roletaroletaExcelência e Inovaçãoaposta em roletaPolíticas Educacionais (Ceipe) da FGV, o protocolo do MEC poderá amparar municípios menores ou sem estrutura para realizar protocolos próprios.
Para além do atraso, os especialistas consultados pela reportagem apontam ao menos quatro pontos que são essenciais para serem levadoaposta em roletaconta na preparação da volta às aulas presenciais,aposta em roletaâmbito nacional - e, portanto, na alçada do MEC -, e que estão ausentes (ou pouco detalhados) no protocolo do ministério.
São eles:
aposta em roleta Como ajudar os professores a se sentirem acolhidos e a reorganizar suas aulas aposta em roleta ?
Embora o texto do MEC cite os impactos do isolamento na aprendizagem, ele não traz orientações específicas sobre como dar acolhimento emocional a professores e estudantes - ponto crucial que consta dos protocolos internacionais eficientesapostaaposta em roletaroletavolta às aulas, afirma Daniel Cara, professor da Faculdadeapostaaposta em roletaroletaEducação da USP e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
"Isso para que a volta às aulas não seja mais um trauma"aposta em roletameio à pandemia, diz ele.
Para Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centroapostaaposta em roletaroletaEstudos e Pesquisasaposta em roletaEducação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), é preciso também dar mais munição para os professores e as escolas refazerem seu planejamento pedagógico, para minimizar os enormes desafios da retomada das aulas presenciais.
"Precisamos ajudar o professor a trabalharaposta em roletasalasapostaaposta em roletaroletaaula que vão estar muito heterogêneas (em níveisapostaaposta em roletaroletaaprendizado), porque os alunos tiveram oportunidades muito diferentes durante a pandemia. Isso vai exigir um trabalho colaborativo entre as diferentes séries, e o MEC precisa incentivar pesquisas e metodologias sobre isso."

Crédito, Fernando Frazão/Ag Brasil
Crianças lavando as mãosaposta em roletaescola,aposta em roletafotoapostaaposta em roletaroletamarço; desigualdadeapostaaposta em roletaroletaensino,apostaaposta em roletaroletaacesso eapostaaposta em roletaroletainfraestrutura é um dos desafios da educação no meio da pandemia
aposta em roleta Como enfrentar as desigualdadesapostaaposta em roletaroletaestrutura escolar eapostaaposta em roletaroletaaprendizado entre os alunos aposta em roleta ?
Uma parcela considerávelapostaaposta em roletaroletaprofessores tem resistido à volta às aulas presenciaisaposta em roletadiferentes partes do país, afirmando que suas escolas não têm condições físicas para garantir o isolamento social e para pôraposta em roletaprática as medidasapostaaposta em roletaroletabiossegurança.
"O impactoapostaaposta em roletaroletaum retorno acelerado às escolas para populaçãoapostaaposta em roletaroletarenda mais baixa pode ser avassalador", afirm Cara. "Porque o conteúdo se recupera. Mas o impactoapostaaposta em roletaroletauma (eventual) morte (na famíliaapostaaposta em roletaroletaalunos e professores) é irreversível."
Nesse ponto, o MEC prometeu destinar R$ 525 milhões para 117 mil escolas adquirirem itensapostaaposta em roletaroletasegurança sanitária e realizarem obrasapostaaposta em roletaroletaadequação ao contexto pandêmico.
Mas o guia do ministério traz poucas referências ao que especialistas consideram um problema central: o fatoapostaaposta em roletaroletaa pandemia ter acentuado gravemente as já profundas desigualdades educacionais do Brasil: estudantes mais carentes eapostaaposta em roletaroletaredes menos estruturadas tiveram menos condiçõesapostaaposta em roletaroletaestudar do que os estudantesapostaaposta em roletaroletaclasses socioeconômicas mais altas eapostaaposta em roletaroletaredesapostaaposta em roletaroletaensino mais robustas.
"É o momentoapostaaposta em roletaroletase criarem políticas públicasapostaaposta em roletaroletarecuperaçãoapostaaposta em roletaroletaaprendizagem, políticas que ajudem no diagnóstico (dos diferentes estágiosapostaaposta em roletaroletaensino) e na formação e incentivoapostaaposta em roletaroletaprofessores" para lidar com essa realidade, opina Altenfelder.
aposta em roleta Como retomar o vínculo e evitar a evasão aposta em roleta ?
Outro efeito grave da pandemia é a quebraapostaaposta em roletaroletavínculo entre os professores e parteapostaaposta em roletaroletaseus alunos, gerando o temorapostaaposta em roletaroletaque muitos deles deixemapostaaposta em roletaroletaver sentido na escola e abandonem os estudos.
Uma pesquisaapostaaposta em roletaroletajulho do Datafolha para as fundações Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures com pais ou responsáveisapostaaposta em roletaroleta1.556 estudantesapostaaposta em roletaroletaescolas públicas do país apontou que,aposta em roletamaisapostaaposta em roletaroletaum terço dos casos, os estudantes estavam achando muito difícil a rotinaapostaaposta em roletaroletaestudos remotos e corriam o riscoapostaaposta em roletaroletalargar a escola por causa disso.
Evitar esse cenário também exigirá políticas públicas.
"O aluno não desaprendeu conteúdo, mas o aprendizado ocorre quando tem sentido e quando tem vínculo (entre aluno e professor), e o desafio da volta às aulas é garantir uma nova formaapostaaposta em roletaroletaaprender", opina Daniel Cara.

Crédito, Jorge Araujo/Fotos Públicas
Para dar contaapostaaposta em roletaroletamedidasapostaaposta em roletaroletadistanciamento social, escolas ainda terãoapostaaposta em roletaroletaconciliar ensino presencial com o remoto
"Com uma política adequada, seria possível recuperar boa parte do tempo dos estudantes na escola, porque no geral boa parte desse tempo já era mal-aproveitada. Daria para fazer mais e melhor, mas é preciso um plano nacional, que nos permitisse crescer durante o trauma (da pandemia)", afirma o professor.
"Mas o Brasil não está tratando desses temas. Os professores nunca são ouvidos na elaboração dessas políticas, e são eles quem vão implementá-las. Com isso, fica a dúvida se a volta às aulas não é uma aventura."
aposta em roleta Como conciliar ensino presencial com o remoto aposta em roleta ?
De modo geral, as escolas terãoapostaaposta em roletaroletafazer um rodízio entre os estudantes que frequentam as aulas presenciais, para evitar aglomerações nas salasapostaaposta em roletaroletaaula.
O Conselho Nacionalapostaaposta em roletaroletaEducação, autarquia vinculada ao MEC, aprovou na terça-feira (6/10) uma resoluçãoaposta em roletaque estendeu a permissão para o ensino remoto na educação básica até o final do ano que vem. Na prática, redes e escolas podem substituir as aulas presenciais pelas remotas, ou combinar ambos.
Nesse cenário, é essencial estruturar o ensino híbrido, o que exige logística e investimentos, afirma Claudia Costin.
"O governo federal precisa ajudar os municípios no investimento para a digitalização. O tempoapostaaposta em roletaroletaensinoaposta em roletacasa vai continuar a existir, e vai ser muito importante para os alunos sem recursos ter equipamentos e conectividade", diz.
Sobre o tema, o texto do MEC cita a necessidadeapostaaposta em roletaroletaestruturar o ensino híbrido para os alunosapostaaposta em roletaroletaanos finais, para ajudá-los a alcançar a etapa seguinteapostaaposta em roletaroletaensino.

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