A nova geraçãojogo crash blazebrasileiros donosjogo crash blazecasa que rompem tabus e 'padecem no paraíso':jogo crash blaze

Crédito, Arquivo pessoal
Ainda assim, assumir o papeljogo crash blaze"donojogo crash blazecasa" não costuma ser fácil para os homens. Maciel, por exemplo, sentia-se incapaz como marido e profissional, e chegou a entrarjogo crash blazedepressão.
"Não gostei muito no início, até porque não escolhi ficarjogo crash blazecasa. Por isso sempre tive na cabeça que precisava conseguir um emprego e contribuir com dinheiro o quanto antes", diz.

Crédito, Arquivo pessoal
Foi preciso uma injeçãojogo crash blazeânimo da mulher para o engenheiro se encaixar na nova função. "Ela me disse que também poderia estar naquela situação, e que eu não percebia que estava cuidando da coisa mais importante que temos na vida", conta o morador da capital paulista.
Em março deste ano, a BBC Brasil publicou um chamado nas redes sociais para saber quem são os homens brasileiros que optaram por cuidar dos filhos enquanto as mulheres trabalham fora. Algumas das centenasjogo crash blazerespostas estão detalhadas nesta reportagem.
Escolha e adaptação
Na casa do publicitário João Ricardo Bessa,jogo crash blaze31 anos,jogo crash blazeSalvador (BA), a decisão veio logo quando o casal soube que a mulher estava grávidajogo crash blazeVinícius, hoje com cinco meses.
"Minha esposa tinha um emprego mais estável e eu poderia trabalharjogo crash blazecasa. Por isso, decidimos que o melhor seria eu passar mais tempo com nosso filho", diz.
A adaptação, relata Bessa, não foi fácil. "Coisas que eram simples, como ir ao banheiro ou tomar banho, hoje ganharam contornos estratégicos. Tenho que fazerjogo crash blazetudo para o bebê ficar seguro."

Crédito, Arquivo pessoal
E os desafios continuam, afirma a mulherjogo crash blazeBessa, a publicitária Dannie Karam,jogo crash blaze30 anos. "Quando tenho um dia cheio no trabalho também quero atenção do meu marido, mas ele está cansadojogo crash blazeter cuidado do bebê o dia todo. E ainda me sinto culpada por sobrecarregá-lo."
O comerciante carioca Victor Borges,jogo crash blaze39 anos, diz que ser "donojogo crash blazecasa" aprofundoujogo crash blazerelação com João,jogo crash blazedois anos e meio.
"Uma coisa é chegarjogo crash blazecasa e dar um beijinho no bebê, brincar com ele. Outra, completamente diferente, é cuidar e tê-lo sobjogo crash blazeresponsabilidade", afirma ele, que cuida da criança três dias por semana - o resto do tempo é dividido com a sogra e a mulher.
Em buscajogo crash blazetranquilidade, a família se mudou da Tijuca, na zona norte do Riojogo crash blazeJaneiro, para Guapimirim, no interior do Estado. A distância entre a nova morada e o trabalho na capital (70 km), para onde Borges vai duas vezes por semana, foi decisiva para a opção do casal.
"Sempre ganhei menos que minha mulher e queria ter essa experiênciajogo crash blazecuidarjogo crash blazefilho. Se fosse para sacrificar um emprego, que fosse o meu."
Contexto econômico
Para Regina Madalozzo, professorajogo crash blazeEconomia do Insper, o cenário econômico ainda pesa mais do que mudanças culturais nesse avanço dos homens no ambiente doméstico.
"Muitas vezes esse homem se vê desempregado ou precisa apoiar a esposa que ganha mais. E nem sempre ele faz issojogo crash blazebom grado, pois a cultura conservadora fala mais alto", avalia.
Em 2004, 46,3% dos homens que trabalhavam também cuidavam das coisasjogo crash blazecasa - o índice passou para 52,9%jogo crash blaze2015 - entre as mulheres, a proporção éjogo crash blaze90,9%.

Crédito, Arquivo Pessoal
Madalozzo diz que ainda prevalece no Brasil a crença tradicional na "divisão sexual do trabalho": o homem cuida da manutenção financeira e a mulher, da ordem familiar. A ideia, diz, vem perdendo espaço gradualmente, sobretudo entre gerações mais jovens.
"Mas ainda não é um fenômeno e não atinge todas as camadas sociais. Até porque as pessoas ainda ficam espantadas quando escutam que o homem abriu mãojogo crash blazeuma aceleração do mercadojogo crash blazetrabalho para se responsabilizar pelo lar, integral ou parcialmente."
Papel da legislação
O surgimentojogo crash blazemais "donosjogo crash blazecasa" também depende, avalia a professora,jogo crash blazemudanças na legislação trabalhista. Decreto do ano passado elevou a licença-paternidadejogo crash blazecinco para 20 dias, mas no setor privado abrange apenas firmas cadastradas no Empresa Cidadã, um programa federal.
Pelo mundo, a licença paternidade também tem ganhado terreno apenas recentemente na maioria dos países.
Na Suécia, por exemplo, país pioneiro na concessãojogo crash blazelicença-paternidade, um dos pais tem direito a 480 diasjogo crash blazelicença, e o governo paga 80% dos salários a quem decidir ficar com o filhojogo crash blazecasa nos primeiros 390 dias. Além disso, o pai conta com três mesesjogo crash blazelicença remunerada - e a mãe tem quatro meses e meio.
Para o administrador Antonio Carlos LaCava,jogo crash blaze37 anos, que vive na Suécia há dez anos, o apoio do Estado foi fundamental para se tornar um pai mais presente para os filhos.
"Isso nos dá possibilidades infinitasjogo crash blazeestarmos mais pertojogo crash blazenossas crianças e experimentarmos o espaço doméstico", avalia.
Limãojogo crash blazelimonada
Há também quem tenha transformado a funçãojogo crash blaze"donojogo crash blazecasa"jogo crash blazenegócio.
O jornalista Cláudio Henrique dos Santos, 45 anos,jogo crash blazeSão Paulo, fez da experiência uma profissão: hoje é palestrante sobre o tema e autor do livro O Macho do Século 21: o executivo que virou donajogo crash blazecasa. E acabou gostando (editora Claridade).
Ele viveu a experiência após acompanhar a mulher, recém-contratadajogo crash blazeCingapura. Não conseguiu vistojogo crash blazetrabalho e viu-se obrigado a ficarjogo crash blazecasa - e encarar o preconceito que isso pode envolver.
"Quando a mulher ficajogo crash blazecasa cuidando dos filhos, é normal. Mas se for o pai, aí ele é vagabundo, encostado. Ao viver na Ásia, tive a impressãojogo crash blazeque faria mais sucesso se dissesse que era bandido do que donojogo crash blazecasa", relata.

Crédito, Divulgação
A partir da experiência, ele diz ter entendido como era injusto com suas funcionárias quando atuava como executivo na áreajogo crash blazecomunicação.
"Tinha uma equipejogo crash blazehomens e mulheres que trabalhavam até tarde. E toda vez que uma delas pedia para sair no horário, eu achava que não tinha comprometimento, pois não imaginava que essa mulher cumpria outra jornadajogo crash blazetrabalhojogo crash blazecasa", conta.
Hoje, com a filha já crescida, e não mais no papeljogo crash blaze"donojogo crash blazecasa", ele vivejogo crash blazeParis e vem ao Brasil a cada 45 dias para dar palestras sobre o que chamajogo crash blaze"macho do século 21": aquele que divide tarefas e tempo com a mulher.
"Ao ser donojogo crash blazecasa percebi o quanto somos reféns do machismo que diz que temos que ser provedores a todo custo, e isso inclui não se envolver 100% na paternidade. Ser pai é mais do que botar comida na mesa, é também dar carinho e afeto aos filhos. Mas como somos criadosjogo crash blazemeio ao machismo, não nos damos o direitojogo crash blazefalarmos sobre isso, e nos escravizamos", avalia.
Mãejogo crash blazeAlice, a bebê do começo da reportagem, a advogada Isabellajogo crash blazeLima,jogo crash blaze28 anos, diz ver com naturalidade a permanência do maridojogo crash blazecasa.
"Sempre acreditei na igualdade entre homem e mulher,jogo crash blazedireitos e deveres. Ele ficarjogo crash blazecasa é tão natural como seria se eu ficasse. Até hoje é ele, amanhã pode ser eu."








