Brasileira que foi empregada quando criança lidera empresa socialbet 365 deLondres:bet 365 de
O trabalhobet 365 deRosa Gonçalves como empregada domésticabet 365 deSantos (SP) no fim dos anos 70 era embalado pelos hits que saíambet 365 deum radinhobet 365 depilha, apoiado na janela da cozinha.
Um dia, perguntou para a patroa o que significava "She's my girl", nome da músicabet 365 deMorris Albert que fazia parte da trilha sonora da novela Anjo Mau,bet 365 de1976.

"Ela é minha namorada", foi a resposta.
"Ah, um dia eu vou aprender a falar inglês", disse Rosa.
"Imagina, inglês é para gente estudada. Você nunca vai aprender inglês", cortou a patroa.
Rosa solta um gargalhada ao contar a história, embet 365 decasabet 365 deLondres. Na cidade onde mora desde 1978, ela virou liderança comunitária e empresária social.
"Olha onde eu vim parar. E falo inglês melhor que muitos no Brasil hojebet 365 dedia".
O relatobet 365 desua vida foi registrado neste ano pelo <link type="page"><caption> Brasiliance</caption><url href="http://brasiliance.com/" platform="highweb"/></link>, um projetobet 365 devalorização da história da comunidade brasileirabet 365 deLondres que colheu depoimentosbet 365 deonze pessoas que emigraram do Brasil entre os anos 60 e 80.
Entre a roça e a cozinha
Rosa cresceubet 365 deAmparo, no interiorbet 365 deSão Paulo. Ela conta que aos seis anos foi treinada para ser empregada. "Porque até aí eu sabia fazer o trabalhobet 365 decasa, mas não na casa dos outros", diz.
Nesse dia, cozinhou e serviu seu primeiro almoço - matou uma galinha, a cortoubet 365 depedaços e refogou com chuchu.
Depois disso, passou anos se revezando entre o trabalho na roça e como doméstica. Aos 18, foi trabalhar para uma famíliabet 365 deSantos. A jornada era quase ininterrupta – havia um diabet 365 defolga, às vezes apenas uma tarde, por semana.
Em uma ocasião, as crianças a chamarambet 365 de"King Kong", imitando gestosbet 365 demacaco. "Quando me levantei para sair correndo atrás delas, foram chamar um tio, que quis me bater", conta ela.

Cercabet 365 dedois anos depois,bet 365 de1978, ela foi convidada por outra família a se mudar para Londres, onde trabalharia como empregada por dois anos. Mesmo diante do desafiobet 365 deemigrar para um país totalmente diferente e distante, Rosa achou que era a chancebet 365 de"andar para a frente".
O início foi muito difícil, mas ela não teve vontadebet 365 devoltar.
"Quando eu cheguei aqui eu chorei por seis meses. Uma dor tão grande. Escrevia carta todos os dias. Não mandava todos os dias, então as cartas iam todas numeradas. Mas eu achava que se eu voltasse a vida podia ser pior", contou.
Ilegal
Depoisbet 365 deum ano, Rosa deixou o empregobet 365 dedoméstica e passou a ser camareirabet 365 deum hotel, onde ganhava 35 libras por semana para trabalharbet 365 de7h às 14h, todos os dias da semana. De tarde, fazia diáriasbet 365 depousadas por 5 libras. Atualizado pela inflação, isso seria o equivalente a uma renda semanalbet 365 decercabet 365 de225 libras hoje ou R$ 850.
Seu vistobet 365 dedois anos venceu e a brasileira continuou ilegalmentebet 365 deLondres. Quando se recusou a se relacionar com um homem, amigo do donobet 365 deuma pousada onde alugava um quarto, foi denunciada para a imigração.
Rosa passou a tarde na celabet 365 deuma delegaciabet 365 depolícia, mas acabou sendo liberada. Era início dos anos 80, épocabet 365 deprotestos violentosbet 365 deBrixton, bairrobet 365 deforte migração afrocaribenha no sulbet 365 deLondres.
A tensão racial era alta no período e havia problemas mais sérios para a polícia se preocupar, conta. Depois disso, conseguiu regularizarbet 365 desituação.
Líder comunitária
Rosa passou anos morandobet 365 dequartinhos alugados até que,bet 365 de1984, se mudou para um apartamentobet 365 deFerrier Estate, uma espéciebet 365 deconjunto habitacionalbet 365 deGreenwich, no sudoestebet 365 deLondres, com prédiosbet 365 deconcreto onde viviam cercabet 365 de5 mil pessoas.
Ela gostava do local ebet 365 desua diversidade – havia pessoas dos mais variados locais do mundo, ela lembra. Mas Ferrier Estate era considerado decadente e perigoso e o governo local decidiu demoli-lo para dar lugar a um mega empreendimento imobiliário.
Controverso, o processo se arrastou por maisbet 365 deum década. A ideia começou a ser discutidabet 365 de1999, depoisbet 365 dealguns anos começaram as remoções e apenasbet 365 de2010 teve início o processobet 365 dedemolição. O novo condomínio ainda está sendo erguido.
A perspectivabet 365 dedemoliçãobet 365 desua casa levou Rosa a participar das negociações sobre como as pessoas seriam removidas, para onde seriam levadas e quais seriam seus direitos. Acabou se tornando uma liderança do bairro.

Empresária social
Hoje, aos 57 anos, ela morabet 365 deoutra casabet 365 deGreenwich com seus três filhos, frutosbet 365 dedois casamentos, e dirige uma empresa social, o Guarida Community Café.
Atualmente, a companhia estábet 365 defasebet 365 decaptaçãobet 365 derecursos para abrir um café na comunidadebet 365 dejaneiro, num espaço cedido pelo governo local. O objetivo é oferecer treinamento e trabalho para jovensbet 365 deGreenwich, tanto na áreabet 365 degestão e administração como na cozinha e no atendimento ao público.
Mais para frente, Rosa também quer fazer um intercâmbio com comunidades pobres brasileiras - levar jovens que participam do Guarida Community Café para morar e trabalhar numa favela do Brasil e trazer jovens dessa comunidade para conhecer o projetobet 365 deGreenwich.
Ela acredita que essa será uma experiência importante para que jovens das classes menos favorecidasbet 365 deLondres valorizem o que têm.
"Eles têm tudo, mas acham que são coitadinhos. O intercâmbio vai mostrar que há outros jovens como eles, que vivem realidades mais difíceis. A experiência servirá para que,bet 365 devezbet 365 deficar se lamentando, cresçam", acredita.
O projeto é uma forma tambémbet 365 dese reconectar com o país. Há 36 anosbet 365 deLondres, ela só foi voltou três vezes ao Brasil. O plano é comemorar seus 60 anos lá. "Morrobet 365 desaudades", suspira.
Brasiliance
O projeto Brasiliance foi financiado com recursos da loteria britânica destinados à preservação da históriabet 365 dediferentes comunidades na Grã-Bretanha.
Os depoimentos dos onze brasileiros ficarão disponíveis no Institutobet 365 deEstudos Latino Americanos (The Institute of Latin American Studies).
Eles servirambet 365 deinspiração para a peça Kitchen, da brasileira Gaël Le Cornec, uma das pessoas que foi treinada para colher os depoimentos. O espetáculo deve entrarbet 365 decartazbet 365 deLondresbet 365 demaiobet 365 de2015.
"História oral é uma coisa fundamental. É uma formabet 365 dever a históriabet 365 deoutra forma, pelo que as pessoas viveram e não só pelos livros", acredita Gael.
Os motivos que trouxeram os brasileiros entrevistados para Londres foram variados - alguns vieram estudar, outros trabalhar e parte emigrou por causa da ditadura militar (1964-1985).
Nenhum tinha planosbet 365 dese instalar definitivamente, mas acabaram ficando. "Eu vi que essa pessoas se integraram na comunidade inglesa ou com a comunidade localbet 365 deque eles vivem", conta.
O projeto Brasiliance deu origem também a um livro e a um DVD infantis que foram distribuídosbet 365 deescolasbet 365 deLondres.