Dois turnosxbet sportsono: a forma esquecida como nossos antepassados dormiam:xbet sport
- Zaria Gorvett
- BBC Future
xbet sport Eram cercaxbet sport11 horas da noitexbet sport13xbet sportabrilxbet sport1699,xbet sportuma pequena aldeia no norte da Inglaterra. Jane Rowth, com nove anosxbet sportidade, piscava os olhos, observando as sombras da noite escura. Ela exbet sportmãe haviam acabadoxbet sportacordarxbet sportum curto sono.
A mãexbet sportJane levantou-se e andou até a lareira daquela casa simples, onde começou a fumar seu cachimbo. Foi quando dois homens surgiram na janela. Eles chamaram a sra. Rowth para se aprontar e ir com eles.
Como Jane explicou mais tarde para um tribunal,xbet sportmãe claramente estava esperando os visitantes. Ela foi com eles sem resistir — mas antes sussurrou paraxbet sportfilha: "fique deitada e estareixbet sportvolta pela manhã". Talvez a sra. Rowth tivesse alguma tarefa noturna a cumprir. Ou talvez ela estivessexbet sportdificuldades e sabia que encontraria perigos ao sairxbet sportcasa.
De qualquer forma, a mãexbet sportJane não conseguiu cumprirxbet sportpromessa e nunca mais voltou para casa. Naquela noite, a sra. Rowth foi brutalmente assassinada e seu corpo foi encontrado dias depois. O crime nunca foi esclarecido.
Cercaxbet sport300 anos depois, no início dos anos 1990, o historiador Roger Ekirch visitou o Escritórioxbet sportRegistros Públicosxbet sportLondres — um imponente edifício gótico, com belos arcosxbet sportentrada, que abrigou os Arquivos Nacionais do Reino Unido entre 1838 e 2003. Foi ali que, entre fileiras quase infinitasxbet sportdocumentos e manuscritos antigos, ele encontrou o depoimentoxbet sportJane Rowth.
Ekirch estava originalmente pesquisando para escrever um livro sobre a história das horas noturnas e, naquela época, buscava registros do período entre o início da Idade Média e a Revolução Industrial.
Ele havia descoberto que os depoimentos judiciais são muito esclarecedores. "Eles são uma fonte maravilhosa para historiadores sociais", afirma Ekirch, que é professor da Universidade Estadual da Virgínia, nos Estados Unidos. "Eles comentam sobre atividades muitas vezes não relacionadas ao crime propriamente dito."
Um dos temas que Ekirch temia ter que abordarxbet sportalgum capítuloxbet sportseu livro sobre os hábitos noturnos seria o sono. Ele acreditava que o sono fosse não só uma necessidade universal, mas uma constante biológica, e não esperava encontrar nadaxbet sportnovo sobre o tema — até que um ponto estranho do testemunhoxbet sportJane Rowth chamouxbet sportatenção.
Ao ler o depoimento, ele encontrou duas palavras que nunca havia visto antes, mas que pareciam retratar um detalhe particularmente intrigante da vida no século 17: "primeiro sono".
"Posso recitar o documento originalxbet sportcor quase inteiro", afirma Ekirch. Sua euforia com a descoberta ainda pode ser percebida, mesmo décadas depois.
No seu testemunho, Jane descreve como, pouco antes dos homens chegarem àxbet sportcasa, ela exbet sportmãe haviam acordado do primeiro sono da noite. Não havia mais explicações — o sono interrompido era indicado como sendo algo comum e totalmente sem importância. "Ela se referiu ao caso como se fosse absolutamente normal", afirma Ekirch.
A existênciaxbet sportum primeiro sono indica que havia também um segundo sono — uma noite divididaxbet sportduas metades. Era apenas um hábito familiar ou haveria algo mais, além disso?
Prática generalizada
Pelos meses que se seguiram, Ekirch vasculhou os arquivos e encontrou muitas outras referências sobre esse fenômeno misterioso do duplo sono, ou "sono bifásico", como ele viria a denominá-lo.
Alguns relatos eram um tanto banais, como a menção feita pelo tecelão Jon Cokburne, que simplesmente o citouxbet sportpassagemxbet sportum depoimento. Mas outros eram mais sombrios, como oxbet sportLuke Atkinson,xbet sportEast Ridingxbet sportYorkshire, no norte da Inglaterra. Certa vez, ele cometeu um assassinato no inícioxbet sportuma manhã, entre os dois sonos — exbet sportesposa declarou que, muitas vezes, ele usava esse intervalo para ir até as casasxbet sportoutras pessoas com a intençãoxbet sportrealizar atos sinistros.
Quando Ekirch ampliouxbet sportpesquisa, incluindo bancosxbet sportdados onlinexbet sportoutros registros escritos, logo ficou claro que o fenômeno era mais comum e difundido que ele havia imaginado.
Para começar, o primeiro sono é mencionadoxbet sportuma das obras mais famosas da literatura medieval, The Canterbury Tales ("Os contos da Cantuária",xbet sportportuguês),xbet sportGeoffrey Chaucer (escritos entre 1387 e 1400). O livro apresenta um concursoxbet sportcontar histórias entre um grupoxbet sportperegrinos.
Existe também uma menção no livro Beware the Cat ("Cuidado com o gato",xbet sporttradução livre), escritoxbet sport1561 pelo poeta William Baldwin — um livro satírico considerado por alguns o primeiro romance já escrito. Ele conta a históriaxbet sportum homem que aprende a linguagemxbet sportum grupoxbet sportgatos sobrenaturais assustadores. Um deles, chamado Mouse-slayer ("Assassinoxbet sportCamundongos",xbet sporttradução livre), enfrenta julgamento por promiscuidade.
Mas isso é apenas o começo. Ekirch encontrou referências casuais ao sistemaxbet sportsonoxbet sportduas partesxbet sporttodas as formas escritas que se pode imaginar — centenasxbet sportcartas, diários, livros médicos, escritos filosóficos, artigosxbet sportjornal e peçasxbet sportteatro. A prática aparece atéxbet sportcanções da época, como na balada Old Robin of Portingale: "... e, ao acordar do seu primeiro sono, você precisa tomar uma bebida quente; e, ao acordar do sono seguinte, suas mágoas se acalmarão..."
E o sono bifásico também não era exclusivo da Inglaterra. Ele era amplamente praticadoxbet sporttodo o mundo pré-industrial. Na França, o sono inicial era chamadoxbet sport"premier somme", enquanto, na Itália, era o "primo sonno".
De fato, Roger Ekirch encontrou evidências do hábito atéxbet sportlocais distantes como a África, sul e sudeste asiático, Austrália, Oriente Médio — e no Brasil. Um registro colonial do Rioxbet sportJaneiro, datadoxbet sport1555, descreve que o povo tupinambá costumava comer depois do seu primeiro sono.
Já um registroxbet sportMascate,xbet sportOmã, explicava no século 19 que os habitantes locais se recolhiam para seu primeiro sono antes das 22 horas.
E Ekirch começou a suspeitar que esse método, longexbet sportser uma peculiaridade da Idade Média, poderia ter sido a principal formaxbet sportdormir por milênios — um padrão antigo herdado dos nossos ancestrais pré-históricos. O registro mais antigo encontrado por Ekirch foi do século 8 antesxbet sportCristo, no épico grego A Odisseia, enquanto as indicações mais recentes dessa prática datam do início do século 20, quando,xbet sportalguma forma, ela caiu no esquecimento.
Como isso funcionava? Por que as pessoas dormiamxbet sportdois turnos? E como algo que um dia foi tão comum acabou sendo completamente esquecido?
Era um momento vago
No século 17, a noitexbet sportsono era mais ou menos assim:
Das 21 às 23 horas, as pessoas que tinham condições começavam a recostar-sexbet sportcolchões forrados com palha ou trapos (os colchões dos ricos poderiam ter enchimentoxbet sportpenas), prontas para dormir por duas horas. Enquanto isso, nas camadas inferiores da sociedade, as pessoas precisavam acomodar-se sobre plantas espalhadas no solo ou, pior, no chãoxbet sportterra batida — talvez até sem cobertor.
Naquela época, muitas pessoas dormiam juntas, frequentemente acompanhadasxbet sportuma acolhedora variedadexbet sportpercevejos, pulgas, piolhos, familiares, amigos, servos e — se estivessem viajando — também completos estranhos.
Para minimizar constrangimentos, o sono envolvia uma sériexbet sportconvenções sociais rígidas, como evitar contato físico ou muitos movimentos durante a noite. E havia posições definidas para dormir. As meninas mais jovens, por exemplo, normalmente deitavam-sexbet sportum lado da cama, com as mais velhas mais perto da parede, seguidas pela mãe e pelo pai, depois os filhos meninos — também dispostos por idade — e os que não eram membros da família depois deles.
Duas horas depois, as pessoas começavam a despertar desse sono inicial. O tempo acordado à noite normalmente começava pertoxbet sport23 horas e ia até cercaxbet sportuma hora da manhã, dependendo do horárioxbet sportque as pessoas haviam ido para a cama.
Esse despertar geralmente não era causado por ruídos, nem por outras perturbações à noite. Também não havia alarme para despertar — os despertadores foram inventados apenasxbet sport1787, por um norte-americano que, ironicamente, precisava acordar no horário para vender relógios. As pessoas acordavamxbet sportforma totalmente natural, da mesma forma que faziam pela manhã.
O período acordado era chamadoxbet sport"vigília" e era um intervalo surpreendentemente útil para realizar tarefas. "[Os registros] descrevem que as pessoas faziam quasexbet sporttudo depois que acordavam do primeiro sono", relata Ekirch.
Sob o fraco brilho da Lua, das estrelas, lâmpadas a óleo ou "velasxbet sportjunco" — uma espéciexbet sportvela para residências simples, feitaxbet sportcaulesxbet sportjunco encerados — as pessoas se dedicavam a tarefas comuns, como colocar lenha no fogo, tomar remédios ou urinar (muitas vezes, no próprio fogo).
Para os camponeses, acordar significava voltar ao trabalho mais sério — seja sair para vistoriar os animaisxbet sportcriação ou realizar tarefas domésticas, como remendar roupas, pentear lã ou descascar os juncos a serem queimados. Ekirch encontrou o relatoxbet sportum servo que certa vez chegou a preparar um lotexbet sportcerveja para seu patrão entre meia-noite e duas horas da manhã,xbet sportWestmorland, no noroeste da Inglaterra.
Naturalmente, os criminosos aproveitavam a oportunidade para percorrer as redondezas e causar problemas, como o assassinoxbet sportYorkshire. Mas a vigília era também um momento religioso.
Para os cristãos, havia orações elaboradas a serem rezadas, incluindo algumas especificamente recomendadas para esse período. Um padre chamou a vigíliaxbet sporta hora mais "proveitosa" do dia — depoisxbet sportdigerir o seu jantar e encerrar as tarefas mundanas, "ninguém virá procurar você, exceto Deus".
Já as pessoas com disposição para a filosofia poderiam usar a vigília como um momentoxbet sportreflexão para pensar sobre a vida e ponderar sobre novas ideias. No final do século 18, um comerciante londrino chegou a inventar um dispositivo especial para registrar suas percepções noturnas mais ardentes — um "lembrador noturno", que consistiaxbet sportum blocoxbet sportpergaminho fechado com uma abertura horizontal que poderia ser usada como guia para escrever.
Mas, principalmente, a vigília era útil para a socialização — e para o sexo. Como explica Ekirchxbet sportseu livro, At day's close: A history of nighttime ("No encerramento do dia: a história das horas noturnas",xbet sporttradução livre), as pessoas muitas vezes sentavam-se na cama e apenas conversavam. E, durante essas estranhas horasxbet sportpenumbra, as pessoas que dividiam a cama conseguiam compartilhar um nívelxbet sportinformalidade e conversas casuais dificilmente atingido durante o dia.
E, para os casais que conseguissem vencer a logísticaxbet sportcompartilhar a cama com outras pessoas, era também um intervalo conveniente para intimidade física. Depoisxbet sportum longo diaxbet sporttrabalho manual, o primeiro sono eliminavaxbet sportexaustão e o período seguinte era considerado um excelente momento para conceberxbet sportenorme quantidadexbet sportfilhos.
Depois que as pessoas ficavam acordadas por duas horas, normalmente elas voltavam para a cama. Esse segundo período era considerado o sono "da manhã" e poderia durar até amanhecer ou mais. Da mesma forma que acontece hoje, a horaxbet sportque as pessoas finalmente acordavam para o dia dependia da horaxbet sportque elas foram para a cama à noite.
Adaptação antiga
Segundo Ekirch, existem referências ao sistemaxbet sportsonoxbet sportdois períodos espalhadas ao longoxbet sporttoda a Antiguidade, o que indica que ele já era comum naquela época.
O sistema é mencionado casualmentexbet sportobrasxbet sportescritores ilustres, como o biógrafo grego Plutarco (século 1 depoisxbet sportCristo), o viajante grego Pausânias (século 2 depoisxbet sportCristo), o historiador romano Lívio e o poeta romano Virgílio.
Posteriormente, a prática foi adotada pelos cristãos, que imediatamente perceberam o potencial da vigília como uma oportunidade para recitar salmos e fazer confissões. No século 6, São Bento ordenava aos monges que se levantassem à meia-noite para essas atividades e essa ideia acabou por espalhar-se por toda a Europa, gradualmente chegando à populaçãoxbet sportgeral.
Mas os seres humanos não são os únicos animais a descobrir os benefíciosxbet sportdividir o sono. Essa prática é amplamente adotada no mundo natural, com muitas espécies repousandoxbet sportdois ou até mais períodosxbet sportsono separados. Isso os ajuda a permanecer ativos nas horas mais benéficas do dia, quando eles têm maior possibilidadexbet sportencontrar alimento, sem que eles próprios se tornem o lanchexbet sportalguém.
Um exemplo é o lêmure-de-cauda-anelada. Esses icônicos primatasxbet sportMadagascar, com seus olhos vermelhos arrepiantes e caudas verticaisxbet sportpreto e branco, mantêm padrõesxbet sportsono surpreendentemente similares aos dos seres humanos da era pré-industrial. Eles são "catemerais", ou seja, eles ficam acordados durante a noite e o dia.
"Existem muitas variações entre os primatas,xbet sporttermos da distribuição daxbet sportatividade ao longo do períodoxbet sport24 horas", afirma David Samson, diretor do laboratório do sono e evolução humana da Universidadexbet sportTorontoxbet sportMississauga, no Canadá. E, se o sonoxbet sportdois períodos é natural para os lêmures, ele se pergunta: pode ser esta a formaxbet sportque nós também evoluímos para dormir?
Roger Ekirch vinha alimentando o mesmo pressentimento havia muito tempo. Mas ele passara décadas sem encontrar nadaxbet sportconcreto que o comprovasse — nem que esclarecesse por que essa prática desapareceu. Até que,xbet sport1995, Ekirch leu uma reportagem no The New York Times sobre um experimento do sono realizado alguns anos antes.
A pesquisa foi conduzida por Thomas Wehr, cientista do sono do Instituto Nacionalxbet sportSaúde Mental dos Estados Unidos, e envolveu 15 homens. Depoisxbet sportuma semana inicialxbet sportobservação dos seus padrõesxbet sportsono normais, eles foram mantidos sem iluminação artificial à noite para reduzir suas horasxbet sport"luz do dia" — seja ela natural ou elétrica — das 16 horas habituais para apenas 10.
No restante do tempo, eles foram confinadosxbet sportum quarto sem luz nem janelas e totalmente imersos na escuridão envolvente. Eles não podiam ouvir música nem se exercitar — e foram induzidos ao repouso e ao sono.
No início do experimento, todos os homens tinham hábitos noturnos normais — eles dormiamxbet sportum turno contínuo que durava do final da noite até a manhã. Mas algo incrível aconteceuxbet sportseguida.
Depoisxbet sportquatro semanasxbet sportdias com 10 horas, os padrõesxbet sportsono dos participantes haviam se transformado. Eles não dormiam maisxbet sportum único período, masxbet sportduas metades, aproximadamente com a mesma duração. As duas partes eram separadas por um períodoxbet sportuma a três horas que eles passavam acordados.
Medições do hormônio do sono — a melatonina — demonstraram que seus ritmos circadianos também haviam se ajustado, o que demonstra que seu sono foi alteradoxbet sportnível biológico.
Wehr havia reinventado o sono bifásico. "Depois do meu casamento e do nascimento dos meus filhos, [ler sobre o experimento] foi provavelmente o momento mais emocionante da minha vida", relembra Ekirch. Quando ele escreveu para Wehr explicando a extraordinária coincidência entre o estudo científico e axbet sportpesquisa histórica, "acho que posso afirmar que ele ficou tão radiante quanto eu", afirma.
Mais recentemente, uma pesquisaxbet sportDavid Samson, o diretor do laboratório do sono da Universidadexbet sportToronto, confirmou essas descobertas — mas com uma fascinante reviravolta.
Em 2015, Samson recrutou voluntários locais da remota comunidadexbet sportManadena, no nordestexbet sportMadagascar, para um estudoxbet sportconjunto com colaboradoresxbet sportdiversas outras universidades. O local é um grande vilarejo ao ladoxbet sportum parque nacional. Não há infraestrutura elétrica,xbet sportforma que as noites locais são quase tão escuras quanto eram milênios atrás.
Pediu-se aos participantes, emxbet sportmaioria, agricultores, que usassem um "actímetro" — um sofisticado dispositivo sensorxbet sportatividade que pode ser usado para rastrear ciclosxbet sportsono — por 10 dias, para verificar seus padrõesxbet sportsono.
"Descobrimos que nas pessoas havia um períodoxbet sportatividade logo após a meia-noite até cercaxbet sport1h a 1h30 da manhã", afirma Samson, "a atividade era reduzidaxbet sportseguida até dormirem e permanecerem inativos, até acordarem, às seis horas, o que normalmente coincide com o nascer do sol".
Ou seja, o sono bifásico nunca desapareceu completamente — ele sobrevive até hoje nos bolsões mais distantes do mundo.
Nova pressão social
Coletivamente, essa pesquisa também forneceu a Ekirch a explicação que ele desejava sobre o motivo que levou a maior parte da humanidade a abandonar o sistemaxbet sportdois períodosxbet sportsono a partir do início do século 19. Como ocorreu com outras mudanças recentes do nosso comportamento, como a dependência do relógio, a resposta estava na Revolução Industrial.
"A iluminação artificial tornou-se mais presente exbet sportpotência aumentou — primeiro, foi [a iluminação] a gás, introduzida pela primeira vezxbet sportLondres", explica Ekirch, "e depois, claro, a iluminação elétrica, mais para o final do século. Alémxbet sportalterar o ritmo circadiano das pessoas, a iluminação artificial também permitiu naturalmente que as pessoas ficassem acordadas até mais tarde."
Mas, embora as pessoas não fossem mais para a cama às 21 horas, elas ainda precisavam acordar no mesmo horário pela manhã — o que prejudicava o seu repouso. Ekirch acredita que isso tornou seu sono mais profundo, porque era reduzido.
Alémxbet sportalterar os ritmos circadianos da população, a iluminação artificial prolongou o primeiro sono e reduziu o segundo. "E consegui rastrear [essas alterações], quase a cada década, ao longo do século 19", afirma Ekirch.
Curiosamente, o estudoxbet sportSamsonxbet sportMadagascar envolveu uma segunda parte — na qual a metade dos participantes recebeu luzes artificiais por uma semana, para ver se elas causavam alguma diferença. E, neste caso, os pesquisadores concluíram que não havia impacto sobre os seus padrõesxbet sportsono segmentados. Mas eles indicam que uma semana pode não oferecer tempo suficiente para que as luzes artificiais causem mudanças importantes —xbet sportforma que o mistério continua...
Mesmo que a iluminação artificial não seja a única causa, no final do século 20, a divisão entre dois períodosxbet sportsono havia desaparecido por completo. A Revolução Industrial não havia mudado apenas a nossa tecnologia, mas também a nossa biologia.
Nova ansiedade
Um efeito colateral importante da mudança dos hábitosxbet sportsonoxbet sportgrande parte da humanidade foi uma mudançaxbet sportcomportamento. Por um lado, começamos rapidamente a ridicularizar as pessoas que dormem demais e desenvolvemos preocupação com a relação entre acordar cedo e a produtividade.
Mas, para Ekirch, "o aspecto mais gratificantexbet sporttudo isso são as pessoas que sofremxbet sportinsônia no meio da noite". Ele explica que nossos padrõesxbet sportsono agora estão tão alterados que ficar acordado no meio da noite pode nos causar pânico.
"Não quero diminuir a importância disso — eu mesmo, na verdade, sofroxbet sportdistúrbios do sono e tomo medicamentos para isso." Mas, quando as pessoas aprendem que esse padrão pode ter sido totalmente normal por milênios, ele percebe que isso reduz um pouco a ansiedade.
Mas, antes que a pesquisaxbet sportEkirch gere uma derivação da dieta paleolítica e as pessoas comecem a jogar suas lâmpadas fora — ou, pior, dividam artificialmente seu sonoxbet sportdois com despertadores —, ele se empenhaxbet sportressaltar que o abandono do sistemaxbet sportsonoxbet sportdois períodos não significa que a qualidade do nosso sono hojexbet sportdia seja inferior.
Apesar das notícias quase constantes sobre a grande incidênciaxbet sportdistúrbios do sono, Ekirch já argumentou que,xbet sportalguns aspectos, o século 21 é a eraxbet sportouro do sono — um períodoxbet sportque a maioriaxbet sportnós não precisa mais se preocuparxbet sportser assassinado na cama, congelar até a morte ou remover piolhos, podendo dormir sem dores, sem a ameaçaxbet sportincêndios e sem estranhos deitados ao nosso lado.
Em resumo, o sonoxbet sportum único período pode não ser "natural", da mesma forma que belos colchões ergonômicos e a higiene moderna também não o são. "Ou seja, não existe retorno porque as condições mudaram", afirma Ekirch.
Nós podemos estar perdendo a oportunidadexbet sportter conversas confidenciais na cama no meio da noite, sonhos psicodélicos e revelações filosóficas noturnas — mas, pelo menos, não acordamos cobertosxbet sportpicadas irritantes.
* Zaria Gorvett é jornalista sênior da BBC Future. Sua conta no Twitter é @ZariaGorvett.
** A imagem do Sonho dos Magos foi usada com permissão da Biblioteca Britânica. Ela faz parte do seu Catálogoxbet sportManuscritos Iluminados.
xbet sport Leia a íntegra desta reportagem xbet sport (em inglês) no site BBC Future xbet sport .
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