Ebola: Brasileiros relatam medobet365 ll01contaminação e mortes na Libéria:bet365 ll01
- Paula Adamo Idoeta
- Da BBC Brasilbet365 ll01São Paulo

Crédito, AP
Homem observa cartaz advertindo sobre o ebola na Libéria, onde muitas pessoas duvidam que epidemia exista
bet365 ll01 Medobet365 ll01contaminação, mortebet365 ll01pessoas próximas e o fimbet365 ll01apertosbet365 ll01mãos e abraços. A epidemia do ebola afeta profundamente a vida e os hábitosbet365 ll01dois brasileiros vivendo na Libéria, país do oeste da África e um dos polos do atual surto.
"As reuniõesbet365 ll01trabalho e sociais foram reduzidas a um mínimo. As únicas das quais participo são as realizadas quinzenalmente na sede da forçabet365 ll01paz da ONU na Libéria, ocasião na qual o corpo diplomático é informado e consultado sobre diversos aspectos do esforçobet365 ll01combate à epidemia", disse à BBC Brasil, por e-mail, o embaixador brasileiro no país, André Luis Azevedo dos Santos, que mora na capital Monróvia.
"Não mais abraçamos ou apertamos as mãos das pessoas que encontramos, o cheirobet365 ll01cloro (usado para desinfecção das mãos) é onipresente e lavamos as mãos dezenasbet365 ll01vezes por dia. Estou aqui com a minha mulher e nossa rotina doméstica foi sendo afetada gradualmente: fechamento da academiabet365 ll01ginástica onde nos exercitávamos; interrupção do consumobet365 ll01algumas frutas (não mais disponíveis nos mercadosbet365 ll01rua); redução do númerobet365 ll01idas a supermercados e demais recintos públicos."
A situação é ainda mais grave no interior do país, diz Santos, onde muitas pessoas não acreditam que se tratebet365 ll01uma epidemia - acham quebet365 ll01água foi envenenada ou que são vítimasbet365 ll01um feitiço - onde muitas famílias se recusam a entregar os corposbet365 ll01seus mortos às autoridades, para que possam realizar funerais segundobet365 ll01tradição.

Crédito, Itamaraty
Embaixador André dos Santos diz quebet365 ll01rotina foi afetada gradualmente pelo ebola
"Durante o velório, familiares e amigos tocam o corpo do falecido para 'dar sorte'", relata o diplomata. "As autoridades sanitárias proibiram tais práticas, passando a remover e a enterrar os corposbet365 ll01valas coletivas. É claro que a população se revoltou e, até hoje, o governo tembet365 ll01lidar com uma resistência muito grande. É nesse contexto que ocorrem os enterros clandestinos."
"Cabe ressaltar também o estigma enfrentado pelas famílias que têm umbet365 ll01seus integrantes contaminado (vivo ou não): os sobreviventes são discriminados e tratados como párias."
'Não tem para onde fugir'
É no interior do país que atua a missionária católica brasileira Maria Teresa Moser, da Ordem Consolata. Em carta enviada a suas colegas brasileiras e à BBC Brasil, a irmã relata o casobet365 ll01uma comunidadebet365 ll01que maisbet365 ll0140 pessoas morreram por conta do vírus do ebola. Cercabet365 ll01outros dez missionários foram contaminados.
"Em poucos dias, (a doença) matou muitas pessoas entre nós. Durante a guerra (civil liberiana, terminadabet365 ll012003) a gente fugiabet365 ll01uma parte a outra para se defender. Agora não tem para onde fugir e sair. O ebola estábet365 ll01todo lugar, é agressivo e impiedoso."
Ela conta que muitos moradores escondem seus mortosbet365 ll01casa e não acreditam nas precauções ordenadas pelo governo.
"Os agentes que dão explicações sobre o ebola estão sendo perseguidos e ameaçados pelos moradores. (...) Em várias famílias, morreram até oito ou dez pessoas. Morrem jovens, velhos, gentebet365 ll01todas as idades. Temos que evitar toda a demasiada aproximação com as pessoas, mesmo que (aparentem ser) saudáveis."
A embaixadabet365 ll01Monróvia diz que tem mantido contato direto com a pequena comunidade brasileira na Libéria,bet365 ll01apenas 21 pessoas.

Crédito, Arquivo pessoal
Irmã Maria Teresa Moser (centro) disse a colegas que famílias inteiras estão sendo contaminadas no interior da Libéria
Até esta terça-feira, o Itamaraty não havia determinado a evacuação dos brasileiros dos países mais afetados pela doença (Serra Leoa, Guiné, Libéria e Nigéria), mas pedia a suas representações diplomáticas que mantivessem contato próximo com eles para monitorar a situação.
O embaixador André dos Santos explica que "a sensaçãobet365 ll01pânico parece ter diminuído entre as pessoas com quem tenho conversado, graças a mecanismosbet365 ll01defesa que desenvolvemos naturalmente".
Mas o diplomata ressalta que "infelizmente, as autoridades ainda não conseguiram quebrar o círculo vicioso da propagação do vírus, que hoje já afeta algumas localidades da regiãobet365 ll01fronteira com a Costa do Marfim".
"A epidemia já se espalhou por todo o país, mas há cercabet365 ll014 milhõesbet365 ll01liberianos que não podem simplesmente pegar um avião e fugir. Esses continuam a lutar pela sobrevivência, vendendo artefatos chineses ou milho assado nos sinaisbet365 ll01trânsito, jogando futebol na praia ou nas ruas, trabalhando nos mercados e no comércio, namorando e se casando", descreve.
"Loucura ou irresponsabilidade? Não, definitivamente não! É simplesmente a única coisa que podem fazer, independente da gravidade da situação."
Mortos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é a maior epidemiabet365 ll01ebola já registrada, com ao menos 2,6 mil infectados até agora. Cercabet365 ll01metade deles morreram. Só na Libéria, já foram confirmadas 624 mortes.
Os sintomas da doença, que causa danos ao sistema nervoso central, incluem febre alta e sangramentos. Não há vacina, e alguns poucos doentes têm sido tratados com drogas experimentaisbet365 ll01países como EUA e Grã-Bretanha.
A OMS alertou, nesta semana, que a epidemia contaminou também um "número sem precedentes"bet365 ll01médicos e enfermeirasbet365 ll01áreasbet365 ll01risco do oeste africano, por conta da ausênciabet365 ll01equipamentosbet365 ll01proteção ebet365 ll01equipes insuficientes para lidar com o surto.
"O ebola tirou a vidabet365 ll01proeminentes médicos na Serra Leoa e na Libéria", diz a OMSbet365 ll01comunicado.




