Discurso eleitoral contra comunismo não está mais tendo efeito na América Latina, diz especialista:fazer cadastro na blaze

Houve algum desgaste na direita? As pessoas se cansaram? Ou seus programas são pouco atraentes?

Vergara, que é autorfazer cadastro na blazevários livros e ensaios sobre política latino-americana, falafazer cadastro na blazeentrevista à BBC Mundo (serviçofazer cadastro na blazeespanhol da BBC) sobre os motivos pelos quais a "nova direita latino-americana" não é mais atraente para muitos setores da região.

Além disso, explica como e por que a esquerda recuperou espaços que havia perdido e o que se pode esperar dos novos governosfazer cadastro na blazeesquerda na região.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - O triunfofazer cadastro na blazePetro na Colômbia confirma que, pouco a pouco, a América Latina continua voltando à esquerda. A que se deve essa mudança?

fazer cadastro na blaze Alberto Vergara - Existem duas coisas diferentes. Uma é que na região existe e tem existido um clima anti-incumbência, uma rejeição dos que estão no poder. Isso mostra que as pessoas estão cansadas.

Também mostra que as pessoas querem experimentar outras opções e querem uma mudança.

Em Honduras, por exemplo, as pessoas ficaram fartas do governofazer cadastro na blazeJuan Orlando Hernández e entrou Xiomara Castro, que encararam como a mudança. Ele ganhou porque estava na esquerda? Sim, mas as pessoas também estavam cansadasfazer cadastro na blazeHernández e queriam algo alternativo e lá estava ela.

Diante desse espírito contra o status quo, acredito que a direita se apoioufazer cadastro na blazeum discurso basicamente dos tempos da Guerra Fria, anticomunista, como formafazer cadastro na blazefazer política.

Diante disso, a esquerda interpretou melhor a necessidadefazer cadastro na blazemudança e oferece um projeto com o qual você pode concordar ou não, mas que é um projeto do início ao fim, enquanto a direita parece ter ficado sem projeto.

Então temosfazer cadastro na blazeum lado uma direita que tem dificuldadefazer cadastro na blazeoferecer algo novo e do outro uma esquerda que acaba oferecendo algo que ressoa mais com a mudança.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - Por que você acha que não consegue desenvolver um plano? O que está acontecendo com a direita latino-americana hoje?

fazer cadastro na blaze Vergara - Acredito que a direita se transformou e é diferente daquela direita após a queda do Murofazer cadastro na blazeBerlim.

Aquela era uma direita associada às reformas neoliberais, ao consensofazer cadastro na blazeWashington e à vontadefazer cadastro na blazeliberalizar os mercados, internacionalizar a economia e administrar a macroeconomia da forma mais ortodoxa possível.

Isso foi se esgotando como retórica e projeto. De fato, a ondafazer cadastro na blazegovernosfazer cadastro na blazeesquerda no início dos anos 2000 veio para tentar encerrar essa era neoliberal.

Mas nos últimos 10 anos tem surgido uma direita mais radical que a direita economicista do passado.

A preocupação central dessa nova direita já não é tanto a economia, mas o que eles chamamfazer cadastro na blazebatalhas culturais.

A direita atual considera que a do passado, mais neoliberal e centrada na economia, é uma "direita covarde" e que eles, representantes da direita mais radical, estão travando as batalhas ideológicas e culturais que são as questões que importam, segundo eles.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - Então você acredita que as pessoas estão cansadas dessa direita mais radical?

fazer cadastro na blaze Vergara - Essa nova direita que é mais cultural, muito ligada a redes e circuitos que compartilham teorias da conspiração, um pouco na órbita do trumpismo, teve seu momento. Principalmente com a eleiçãofazer cadastro na blazeJair Bolsonaro.

A eleiçãofazer cadastro na blazeBolsonaro talvez tenha sido o momentofazer cadastro na blazemaior sucesso para essa direita mais conservadora e antiliberal. Isso deu a eles a sensaçãofazer cadastro na blazeque você pode ter sucesso com plataformas reacionárias.

No entanto, não é que tenha deixadofazer cadastro na blazeter importância. Eles simplesmente pararamfazer cadastro na blazeter vitórias presidenciais equivalentes.

A direita que apoiou fortemente a candidaturafazer cadastro na blazeKast no Chile ou por trásfazer cadastro na blazeFujimori no Peru acabou fracassando.

Na verdade, na Colômbia falhou ainda mais. María Fernanda Cabal, a políticafazer cadastro na blazeextrema-direita da Colômbia, nem sequer ganhou as primárias do Uribismo.

A direita radical vem perdendo relevância.

Ainda tem seguidores muito fiéis e ativos nas redes, mas acho difícil para eles atrair mais pessoas fora desses circuitos.

Com essas últimas derrotas, o racional seria que a direita latino-americana entendesse que não tem conseguido êxito com esse rol conservador, autoritário e orgulhosamente antiprogressista.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - O discurso "não votem neles porque vão transformar o paísfazer cadastro na blazeoutra Venezuela" não é mais convincente?

fazer cadastro na blaze Vergara - A direita na América Latina tentou durante anos dissuadir as pessoasfazer cadastro na blazevotar na esquerda acusando-afazer cadastro na blazecomunista, mas essa tática não funciona mais, pelo menos não para ganhar as eleições presidenciais.

Eu diria que ainda funciona parcialmente, mas não como antes.

Na Colômbia, Rodolfo Hernández obteve 47% dos votos: não é que tenha ficado completamente arrasado.

Ainda há um importante grupo da população que está genuinamente assustado com a chegadafazer cadastro na blazeum governo que leve o país a algo semelhante ao que Chávez fez com a Venezuela.

Mas, efetivamente, o discurso não obteve êxito recentementefazer cadastro na blazeHonduras, no Chile e no Peru.

As pessoas ainda temem essa opção, mas não votam apenas por medo, mas também por necessidadefazer cadastro na blazemudança.

Os eleitores sabem que há nuances e que as opções não são apenas o status quo ou a Venezuela.

Eles sabem que qualquer tentativa alternativa não será necessariamente o desastre venezuelano.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - Falamfazer cadastro na blazeuma nova ondafazer cadastro na blazeesquerda que está "expandindo por toda a América Latina". Você acha que vai durar e continuar chegando a outros países da região?

fazer cadastro na blaze Vergara - Não acho que vai durar tanto. Na América Latinafazer cadastro na blazevezfazer cadastro na blazequando fala-sefazer cadastro na blazeuma onda da esquerda, depois vem a onda da direita, como quando Sebastián Piñera, Bolsonaro, Pedro Pablo Kuczynski e Guillermo Lasso venceram.

E agora estaríamos virando à esquerda novamente.

O mais provável é que teremos que nos acostumar com essa saudável alternância democrática entre direita e esquerda,fazer cadastro na blazevezfazer cadastro na blazeter ondas duradouras.

Vários estudosfazer cadastro na blazeciências políticas demonstram quefazer cadastro na blazegeral não houve transformações profundas nos valores políticos da sociedade e que as crenças políticas do povo não se moveram para a direita ou para a esquerda.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - O que a esquerda deveria fazer para atrair novamente o eleitorado?

fazer cadastro na blaze Vergara - A direita latino-americana tem que pararfazer cadastro na blazeacreditar que a política pode ser feita na região a partir da nostalgia.

É ridículo replicar o "tornar a América grande novamente"fazer cadastro na blazeTrump na América Latina. Os latino-americanos sabem que as melhorias na região sempre foram construídas aos poucos.

Não havia momento ideal, um Éden, ao qual retornar.

Quando Kast, no Chile, fez campanha com comentários abertamente machistas, ou quando o próprio Rodolfo Hernández o fez na Colômbia, eles estavam falando para um continente no qual as mulheres hoje são muito mais fortes, mais livres e autônomas e que não querem voltar ao passado.

Ouvir um candidato que quer voltar no tempo é uma bobagem.

O discurso abertamente sexistafazer cadastro na blazeKast permitiu que um candidato como Boric obtivesse cercafazer cadastro na blaze70% dos votosfazer cadastro na blazemulheres com menosfazer cadastro na blaze30 anos.

A direita latino-americana precisa reconsiderar por que não consegue convencer as pessoas. Eles devem entrarfazer cadastro na blazeuma fasefazer cadastro na blazeavaliação e transformação no futuro.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - O que esperarfazer cadastro na blazeChile, Peru e Colômbia após a vitória da esquerda nesses países?

fazer cadastro na blaze Vergara - Acho que estãofazer cadastro na blazesituações diferentes. No Chile tenho a impressãofazer cadastro na blazeque a Assembleia Constituinte dominada pela nova esquerda desperdiçou uma oportunidade talvez únicafazer cadastro na blazerenovar o país ao impor uma agenda muito ativista e muito distante do cidadão comum.

Se o projeto constitucional acabar rejeitado, será um grande problema para o presidente Boric e para a esquerda latino-americana.

No caso peruano, chegou ao poder um presidente que é uma rara combinaçãofazer cadastro na blazeinexperiência absoluta com corrupção significativa e que deixa o país à deriva, sem nenhum projeto.

Castillo está simplesmente tentando sobreviver enquanto o país vai pelo ralo.

Petro é um grande líder político, com muita experiência. Foi prefeitofazer cadastro na blazeBogotá e foi um senador muito importante na Colômbia. Tem uma longa trajetória e vem mudando,fazer cadastro na blazequestões econômicas, por exemplo, e vem desenvolvendo uma preocupação com energia verde e ecologia.

Politicamente, tudo indica que ele abandonou a reivindicaçãofazer cadastro na blazeuma nova assembleia constituinte para a Colômbia.

Parece ser alguém da esquerda que vem moderando. Embora todos saibamos que há uma distância entre dizer e fazer.

fazer cadastro na blaze BBC Mundo - O que essa virada à esquerda significa do pontofazer cadastro na blazevista internacional e para as relações com os Estados Unidos e o resto do mundo?

fazer cadastro na blaze Vergara - As relações com os Estados Unidos ou com a China não são marcadas pelo ciclo eleitoral, mas sim por processos um pouco mais longos.

Tenho a impressãofazer cadastro na blazeque os Estados Unidos perderam relevância na região. Parece não ter muito a oferecer, independentementefazer cadastro na blazegovernosfazer cadastro na blazeesquerda oufazer cadastro na blazedireita.

A Colômbia, que sempre foi aliada dos EUA, não vai deixarfazer cadastro na blazeser aliada porque Petro venceu.

Por outro lado, Bolsonaro, sendo um governofazer cadastro na blazedireita, não tem nenhuma simpatia pelo governo Biden e abomina os democratas e suas agendas progressistas.

- Este texto foi publicado originalmente aqui

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