Os dólaresesporte da sorte site'rosto pequeno' que 'valem menos' e são desprezados na Argentina:esporte da sorte site

"Algumas das cédulas que tínhamos eram antigas e não foram aceitas", lembra Antonella à BBC News Mundo, o serviçoesporte da sorte sitenotíciasesporte da sorte siteespanhol da BBC.

"Tivemos que dar algumas para minha irmã, que estava viajando para o exterior e ela conseguiu trocá-las por notas novas. E depositamos as outras na contaesporte da sorte sitedólares da minha mãe e lhe pedimos que fizesse saques", acrescenta.

Esse problema se tornou uma verdadeira doresporte da sorte sitecabeça para os argentinos.

Em uma economia extremamente dolarizada devido àesporte da sorte siteinstabilidadeesporte da sorte sitelonga data, muitos ainda guardam cédulas americanas mais antigas, impressas entre 1914 e 1996.

Elas são conhecidas como cédulasesporte da sorte site'cara chica' ('rosto pequeno',esporte da sorte sitetradução livre) e se distinguem por teresporte da sorte siteseu centro uma pequena efígieesporte da sorte siteum herói americano, dentroesporte da sorte siteuma moldura oval.

No caso da nota mais emblemática, aesporte da sorte siteUS$ 100, há o rostoesporte da sorte siteBenjamin Franklin (1706-1790), um dos fundadores dos Estados Unidos.

Na sérieesporte da sorte sitedólares impressos entre 1996 e 2003, os retratos são bem maiores e a moldura oval se estende até as margens da nota.

E nos dólares impressos a partiresporte da sorte site2004 (conhecidos informalmente como "los azules" ("os azuis",esporte da sorte sitetradução livre), uma vez que as cédulasesporte da sorte siteUS$ 100 têm uma marcaesporte da sorte sitesegurança dessa cor, a imagem, que inclui rosto e ombros, parece ainda maior.

Embora os três tiposesporte da sorte sitecédulas sejam moeda legal, válida e aceita tanto nos Estados Unidos quantoesporte da sorte sitequalquer banco fora daquele país, incluindo a Argentina, para realizar transações privadas — como comprar uma casa, um carro ou às vezes até um telefone celular, ou computador — a maioria dos argentinos só aceita as duas últimas, chamadasesporte da sorte site"cara ou cabeza grande" ("rosto ou cabeça grande",esporte da sorte sitetradução livre).

O mesmo acontece na maioria das imobiliárias, concessionárias, agênciasesporte da sorte siteturismo ou qualquer empresa que aceite dólares.

E principalmente nas chamadas "cavernas financeiras", que compram e vendem dólares ilegalmente, para onde vão muitos poupadores argentinos por conta das fortes restrições — ou "ações" — ao dólar oficial.

Nesses mercados ilegais, quem tem dólaresesporte da sorte site"cara chica" recebe um preço entre 1% e 5% menor do que o valoresporte da sorte siteface das cédulasesporte da sorte site"cara grande", embora, na realidade, tenham todas o mesmo valor.

Um doleiro que trabalhaesporte da sorte siteuma dessas cavernas (e pediu para ser identificado apenas como "Gonzalo") explica à BBC News Mundo que a rejeição à série mais antigaesporte da sorte sitecédulas americanas começou há cercaesporte da sorte siteseis ou sete anos.

E, pelo que ele disse, tudo aconteceu devido a um mal-entendido.

"Um artigo foi publicadoesporte da sorte siteum jornal econômico dos Estados Unidos no qual um funcionário do Federal Reserve (Fed, banco central americano) disse que esta instituição não imprime cédulasesporte da sorte site'cara chica' há muitos anos", lembra.

"Então, as pessoas presumiram que o Fed as tirariaesporte da sorte sitecirculação."

Apesaresporte da sorte sitea entidade que dirige a política monetária dos Estados Unidos ter reiteradoesporte da sorte sitemuitas declarações que não faz parte dos seus planos retiraresporte da sorte sitecirculação nenhum dos três tiposesporte da sorte sitenotas hoje utilizadas, as dúvidas persistem.

Gonzalo esclareceu que a rejeiçãoesporte da sorte sitemodelos antigos não começou na Argentina.

"Os primeiros a pararesporte da sorte sitereceber esses dólares pequenos foram destinos turísticos como Aruba e as Filipinas", diz ele.

Mas, nos últimos anos, essas cédulas perderam seu valoresporte da sorte sitequase toda a América Latina, acrescenta.

A razão pela qual este é um problema particularmente incômodo na Argentina é que ela é considerada uma das nações mais "dolarizadas" do mundo, devido à desconfiança dos locais no peso constantemente desvalorizado, que fez com que o dólar se tornasse a moedaesporte da sorte sitereserva.

Muitos dos que têm possibilidadeesporte da sorte sitepoupar, compram dólares e os guardam, sejaesporte da sorte sitecasa, seja nos bancos.

Como essa prática já existe há décadas, é muito comum que entre essas poupanças existam cédulasesporte da sorte site'cara chica', como aconteceu com Antonella e Mariano.

Desafio

Diante desse cenário, os argentinos têm três opções.

Uma — como diz Antonella — é aproveitar para trocar as cédulas antigas por novas durante uma viagem aos Estados Unidos.

Outra opção, que ela e seu parceiro também usaram, é depositá-losesporte da sorte siteuma contaesporte da sorte sitedólaresesporte da sorte siteum banco e,esporte da sorte siteseguida, sacar o dinheiro, presumindo que as notas retiradas sejamesporte da sorte siteséries mais recentes.

Essa alternativa não está disponível para cercaesporte da sorte site40% dos argentinos que trabalham no setor informal.

Mas essa não é uma aposta segura nem para aqueles que têm empregos fixos.

Isso porque, dada a enorme demanda por notasesporte da sorte site'cara grande', os bancos nem sempre têm estoque suficiente e tiveram que publicar avisos explicando a seus clientes que todos os dólares são válidos.

A BBC News Mundo contatou os maiores bancos do país, tanto do setor público como privado, para saber como estão lidando com esses problemas, mas não obteve respostaesporte da sorte sitenenhum deles.

No entanto, embora os bancos esclareçam que qualquer cédula pode ser aceita, não é assim que funcionaesporte da sorte sitefato.

Carolina, uma portenha que queria se mudar para mais perto da escolaesporte da sorte siteseus filhos, assinouesporte da sorte sitenovembro passado um contratoesporte da sorte sitecompraesporte da sorte siteuma casa que deixava claro que o preço seriaesporte da sorte sitedólares e que cédulasesporte da sorte site'cara chica' não seriam aceitas como pagamento.

"Fui ao banco e pedi ao meu gerente que me desse dólares 'de cara grande'. E lhe disse que se me entregasse cédulas antigas, eu continuaria a depositá-las até que pudesse sacar cédulas novas", conta ela à BBC News Mundo.

Quem não quer se dar ao trabalho ou tem poupança não declarada fora dos bancos, e tampouco planeja viajar para o exterior, tem uma terceira opção: ir às cavernas.

Nesses locais, é possível trocar notas antigas por novas,esporte da sorte sitetrocaesporte da sorte siteuma taxaesporte da sorte site1% a 5%.

Isso gerou um novo negócio ilegal: os cambistas compram os dólaresesporte da sorte site"cara chica" a um preço menor e os trocam por notas mais novas com a cumplicidadeesporte da sorte sitecaixas ou outros funcionáriosesporte da sorte sitebanco, que recebem uma comissão por isso.

Gonzalo reconhece que as cavernas estão se beneficiando dessa rejeição generalizada dos argentinos à antiga sérieesporte da sorte sitedólares.

Mas nega as reportagens que culpam os cambistas por terem iniciado esse problema, ao rejeitar as cédulas mais antigas por terem menos medidasesporte da sorte sitesegurança.

"Em toda a minha carreira, nunca vi um dólaresporte da sorte site'cara chica' falso", diz ele.

"É simplesmente uma questãoesporte da sorte sitemercado... ninguém quer esses dólares", conclui.

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