Os 3 telhadosleao bet 77vidroleao bet 77Bolsonaro no G20: economia, meio ambiente e pandemia:leao bet 77

Outros dois representantesleao bet 77grandes emissoresleao bet 77gases do efeito estufa, o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder chinês, Xi Jinping, também devem faltar à COP 26 e à reunião do G20.

Na questão pandêmica, o presidente brasileiro tem números positivos para mostrar a outros líderes do G20, com avanço significativo da vacinação e queda no númeroleao bet 77casos e mortes por covid-19. Mas quase todas as menções ao presidente na imprensa italiana nos dias que antecedem o evento tratam das acusações da CPI da Covid contra o presidente que teriam agravado a tragédia, como medidas e declarações contra vacinas e máscaras. Ele, aliás, é o único líder do G20 que declarou não ter se vacinado contra a doença.

Por fim, o Brasil é hoje um dos países do G20 com horizonte econômico mais conturbado, agravado pelo cenário globalleao bet 77inflação, escassezleao bet 77produtos e problemas energéticos.

Para Dawisson Belém Lopes, professorleao bet 77política internacional e comparada na Universidade Federalleao bet 77Minas Gerais (UFMG), o principal desafioleao bet 77Bolsonaro na reunião do G20 é “a consistência duvidosa da economia brasileira”, com perspectivasleao bet 77crescimento declinantesleao bet 772021 eleao bet 77recessãoleao bet 772022, taxaleao bet 77desemprego alta, inflação projetada alta e riscoleao bet 77apagão. “Essa dificuldade estrutural da economia brasileira é o maior desafio para que o Brasil possa se inserirleao bet 77maneira positiva e propositivaleao bet 77foros multilateraisleao bet 77alto nível como o G20.”

Segundo ele, o país deixouleao bet 77ser cobiçado por investidores internacionais e enfrenta fugaleao bet 77dólares enquanto não resolve problemas estruturais graves, como desindustrialização e participação “periférica, dependente e vulnerável” nas cadeiasleao bet 77produção e suprimento globais. “A desaceleração da demanda chinesa, por exemplo, traz impactos muito sérios para um Brasil tão dependenteleao bet 77um superávit comercial para fechar as contas nacionais.”

Outro ponto central do debate econômico do G20, segundo a Casa Branca, será o avanço da propostaleao bet 77forçar multinacionais a pagarem mais impostos, algo que, a depender do formato acertado, pode acabar favorecendo mais os países ricos do que aquelesleao bet 77desenvolvimento, como o Brasil. A cobrança do novo tributo, prevista para começarleao bet 772023, pode gerar uma arrecadação anualleao bet 77US$ 150 bilhões (R$ 830 bilhões) para países ao redor do mundo.

Entenda abaixo esses três desafios para Bolsonaro na reunião do G20leao bet 77Roma.

Ações contra mudanças climáticas

Em entrevista a jornalistasleao bet 77Brasília sobre os preparativos e as expectativas do Brasil para a reunião do G20, o secretárioleao bet 77assuntos internacionais do Ministério da Economia, Erivaldo Gomes, afirmou que o país defenderáleao bet 77Roma que “salvar o planeta significa gerar oportunidades verdes, limpas e inclusivas que resultemleao bet 77prosperidade sustentável para todos”.

A questão ambiental deve ser a principal pedra no sapato da delegação brasileira no evento, com forte pressão internacional contra o desmatamento na Amazônia, as queimadas e as emissõesleao bet 77gases do efeito estufa no Brasil, que atingiram os maiores níveisleao bet 77anos.

Mas a agenda ambientalleao bet 77si pode acabar esvaziada pela proximidade da reunião do G20 com a realização da COP26 na Escócia,leao bet 77que haverá debates mais concretos sobre novos compromissos para garantir a meta do Acordoleao bet 77Parisleao bet 77manter o aumento da temperatura média da Terraleao bet 771,5°C.

Em abril, na Cúpula do Clima nos Estados Unidos, Bolsonaro assumiu o compromissoleao bet 77zerar até 2030 o desmatamento ilegal eleao bet 77atingir até 2050 a neutralidadeleao bet 77carbono (ou seja, reduzir as emissõesleao bet 77gasesleao bet 77efeito estufa tanto quanto possível e compensar as emissões restantes por meio do plantioleao bet 77florestas, por exemplo).

Há três pontos importantes na posição brasileira sobre o clima: 1. garantir um naco significativo dos US$ 100 bilhões anuais que os países ricos preveem para financiar o impacto climáticoleao bet 77nações pobres; 2. evitar que nações desenvolvidas criem punições a quem não seguir regras estabelecidas por elas (como metasleao bet 77emissão para setores específicos da economia, entre eles a agropecuária); 3. regular finalmente o mercadoleao bet 77créditoleao bet 77carbono, que permitiria a países que não atingem as metas comprem o “crédito”leao bet 77outras nações que estãoleao bet 77dia com seus compromissos.

“Nós entendemos que um mercado é mais adequado porque gera a penalidade para o poluidor, mas ele vai fazer com que esse recurso flua do poluidor para aquele que está investindoleao bet 77tecnologias limpas e conservação”, disse Gomes, do Ministério da Economia.

Para o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a taxação do carbono elaborada pela Comissão Europeia “seria uma formaleao bet 77proteger as indústrias europeiasleao bet 77concorrentes estrangeiros que não cumprem os mesmos padrõesleao bet 77redução das emissõesleao bet 77gasesleao bet 77efeito estufa”, afetando as cadeias do aço e do cimento do Brasil, por exemplo.

O principal obstáculo para evitar o que o governo Bolsonaro classificaleao bet 77punições injustas é conter a maior fonteleao bet 77emissãoleao bet 77gases do efeito estufa no país: o desmatamento.

Até pouco tempo atrás, o Brasil estava longeleao bet 77figurar entre os maiores emissores do mundo porque os cálculos levavamleao bet 77conta apenas a queimaleao bet 77combustível fóssil, sem incluir a poluição provocada pela destruiçãoleao bet 77florestas. Mas uma nova pesquisa sobre acumulado históricoleao bet 77emissõesleao bet 77gás carbônico incluindo o desmatamento apontou o Brasilleao bet 77quarto lugar no rankingleao bet 77emissões desde 1850.

Segundo Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, organização que calcula anualmente as emissões no Brasil, nos últimos 30 anos, cercaleao bet 7780% das emissões do país foram decorrentesleao bet 77desmatamento e uso do solo para pecuária. E durante o governo Bolsonaro, o desmatamento da Amazônia subiuleao bet 77média 60% a mais do que na década passada.

Para Astrini, o principal desafioleao bet 77Bolsonaro no G20 é faltaleao bet 77credibilidade no cenário internacional. “Em qualquer um desses locais, seja COP26, seja G20, o governo Bolsonaro vai ser cobrado por resultados primeiro. Isso porque ninguém mais acredita no governo Bolsonaro. É um governo que não tem mais credibilidade nem a menor moral na comunidade internacional pelo que faz e pelo que fala. O governo Bolsonaro falha nas principais pautas globais: na economia, na pandemia e no clima.”

Recuperação econômica, escassezleao bet 77produtos e taxaçãoleao bet 77grandes empresas

A pandemialeao bet 77covid-19 causou o maior abalo na economia global desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45), e o Brasil foi um dos países mais atingidos do G20.

Segundo dados comparativos da OCDE (conhecida como clube dos países ricos), o Brasil está entre aqueles com maior inflação, desemprego e tempo necessário para conseguir retornar ao patamar econômico anterior à pandemia. O país deve crescerleao bet 77tornoleao bet 775%, após cair 4,1%leao bet 772020, mas o ritmoleao bet 77crescimento não deve continuar.

Alterações do governo Bolsonaro no tetoleao bet 77gastos para bancar um auxílioleao bet 77R$ 400 podem agravar ainda mais a situação do país,leao bet 77acordo com previsões feitas por instituições financeiras. O Itaú, por exemplo, apontou que a mudança fiscal pode afetar o câmbio, a inflação, o juros e levar o PIB brasileiro a cair 0,5%leao bet 772022. Mas a retração econômica não é consenso: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Boletim Focus (levantamento feito pelo Banco Central com maisleao bet 77cem instituições financeiras) preveem um crescimentoleao bet 771,5%leao bet 772022.

Caso o Brasil venha a ter uma queda no PIB, o país iria na contramão do G20 como um todoleao bet 772022, quando a OCDE prevê um crescimentoleao bet 774,8%.

O futuro da recuperação econômica tem obstáculos distintos dentro do próprio G20. Enquanto potências como Reino Unido, China e Estados Unidos discutem saídas para a inflação e a escassez globalleao bet 77produtos, causada por problemas logísticos desencadeados por altos e baixos da demanda global durante a pandemia, paísesleao bet 77desenvolvimento do G20 como Brasil, Índia e África do Sul enfrentam o agravamento da fome e crises internas.

Outro ponto econômico a ser debatido no G20 é a tributaçãoleao bet 77grandes empresas, como as gigantesleao bet 77tecnologia Amazon, Google e Facebook, com objetivoleao bet 77inibir a elisão e a evasão fiscal, que são manobras legais e ilegais, respectivamente, para pagar menos tributos.

O presidente americano, Joe Biden, pretende avançar com a propostaleao bet 77taxação na cúpulaleao bet 77líderesleao bet 77Roma, mas o formato da cobrança ainda não está fechado. O Brasil apoia o acordo fechado com maisleao bet 77100 países com uma alíquota mínimaleao bet 7715% a ser aplicada a partirleao bet 772023 a multinacionais com faturamento anual acimaleao bet 7720 bilhõesleao bet 77euros (R$ 128 bilhões) e margemleao bet 77lucro superior a 10%.

“Muitas grandes empresas faziam planejamento tributário agressivoleao bet 77forma a fugir da tributação nos países e isso resultavaleao bet 77distorções a competitividade que não era saudável. Era deslealleao bet 77relação às empresas tradicionais que pagam seus tributosleao bet 77cada país. Esse acordo ajuda a equalizar as condiçõesleao bet 77competição, gera segurança jurídica e significa recursos que vão ser compartilhados com paísesleao bet 77desenvolvimento”, disse Gomes, do Ministério da Economia.

Em outubro, o ministro Paulo Guedes (Economia) elogiou o avanço da propostaleao bet 77taxação feita pelo G20, que “entregará um sistema tributário eficaz e mais equitativo". Ele não chegou a estimar quanto o Brasil pode arrecadar com a taxação.

Mas um grupoleao bet 77economistas renomados — entre eles o americano Joseph Stiglitz, os franceses Thomas Piketty e Gabriel Zucman, a indiana Jayati Ghosh e o colombiano José Antonio Ocampo — aponta que o Brasil e outros paísesleao bet 77desenvolvimento poderiam ganhar mais com a proposta. Para eles, a alíquota mínima global deveria serleao bet 7725%, e não 15%.

Além disso, eles criticam o critérioleao bet 77distribuição das receitas do tributo global, que deverá serleao bet 7770 a 80% para os países sede dessas companhias e 20 a 30% para os países onde ocorrem as vendas. Por exemplo, a maior parcela da tributação sobre a Amazon iria para os Estados Unidos, seu país sede, e a parcela menor para os demais países usuários do serviço, entre eles, o Brasil.

Vacinas e futuras pandemias

O eixo da reunião do G20 que trataleao bet 77vacinas e estratégias contra futuras pandemias aparece como a principal saia justa do presidente brasileiro, apesar dos números positivos que o país tem a mostrar atualmente.

Segundo dados do Ministério da Saúde, cercaleao bet 7753% da população já foi completamente vacinada contra a doença, e 72% já recebeu pelo menos a primeira dose. Em relação ao G20, esses números colocam o Brasilleao bet 7713º lugar entre os 20 membros do grupo. Além disso, o totalleao bet 77mortes registradas diariamente por covid-19 é o menor desde novembroleao bet 772020. Numa comparação por milhãoleao bet 77habitantes, o Brasil tem atualmente o 7º maior índice entre os países do G20.

O país também é um dos únicos do mundo com capacidadeleao bet 77produçãoleao bet 77massaleao bet 77vacinas, o que ajudou a acelerar o programa brasileiro, iniciado meses depois da maioria dos países do G20. Com a conclusão da imunização geral da população, as fábricas da Fiocruz (governo federal) e do Instituto Butantan (governoleao bet 77SP) têm potencial para exportar imunizantes para outros paísesleao bet 77desenvolvimento, por exemplo.

Mas as ações e declaraçõesleao bet 77Bolsonaro durante a pandemia têm mostrado um obstáculo para o país no cenário internacional.

Ele é o único líder do grupo que não declarou ter se vacinado contra a covid-19. Além disso, o relatório final da CPI da Covid teve ampla repercussão na imprensa internacional,leao bet 77especial as acusações contra Bolsonaroleao bet 77crime contra a humanidade.Também correram o mundo nos últimos dias as declarações dele que associavam erroneamente as vacinas a um risco maiorleao bet 77Aids.

Bolsonaro, que defende suas ações durante a pandemia e nega qualquer irregularidade, também fez críticas duras a estratégias adotadasleao bet 77diversos países, como lockdowns e máscaras, e à Organização Mundial da Saúde (OMS), braço da ONU fundamental para os planos globaisleao bet 77se preparar contra futuras pandemias como a da covid-19, que matou maisleao bet 775 milhõesleao bet 77pessoas.

Em comunicado conjunto, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e a ministra das Finanças da Indonésia, Sri Mulyani Indrawati, cobraram um plano do G20 para evitar que novos patógenos como o coronavírus Sars-CoV-2 se tornem pandêmicos. Ou seja, se espalhem rapidamente pelo mundo. "Todos nós lutamos pessoalmente contra o profundo custo humano e econômico causado por esta pandemia implacável e sem fronteiras. E enquanto estamos progredindo na luta contra a covid-19, também enfrentamos uma dura realidade: esta não será a última pandemia."

Para Yellen e Indrawati, a pandemialeao bet 77covid-19, que matou maisleao bet 775 milhõesleao bet 77pessoas, expôs a faltaleao bet 77preparação,leao bet 77coordenação internacional eleao bet 77mecanismosleao bet 77detecção, prevenção e compartilhamentoleao bet 77informações junto à OMS.

Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), afirma à BBC News Brasil que o país tem capacidadeleao bet 77colaborar fortemente com esse esforço internacional graças à longa tradição brasileira na árealeao bet 77vigilância sanitária. “Temos sistemasleao bet 77informação, grandes sanitaristas e epidemiologistas, instituições bastante fortes nesse monitoramentoleao bet 77doenças infecciosas.”

Maciel diz, no entanto, que o governo Bolsonaro tem um impacto negativo direto nessas ações brasileiras por causa dos cortes do financiamento à ciência brasileira, principalmente a formaçãoleao bet 77pesquisadores. Em 2021, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) terá o menor orçamento dos últimos anos. Valores fundamentais para a pasta estão contingenciados pelo governo federal e sem prazo para que sejam liberados.

“A postura negacionista e a faltaleao bet 77investimentos, que chega a 90%leao bet 77corte, certamente impactarão no futuro dessa possibilidadeleao bet 77construçãoleao bet 77sistemas mais robustos e principalmente na formaçãoleao bet 77pessoas qualificadas, porque sem elas não é possível fazer esse monitoramentoleao bet 77tempo real do que está acontecendo no país.”

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