O que deu errado com os millennials, geração que foibetgoldambiciosa a 'azarada':betgold

Legenda do áudio, Em áudio: O que deu errado com os millennials, geração que foibetgoldambiciosa a 'azarada'

O que, afinal, deu errado para os millennials - e será que eles realmente fracassaram?

A respostabetgoldmuitos pesquisadores é, antesbetgoldmais nada, que a culpa não é exatamente dos millennials: é, primordialmente, da situação da economia.

"A geração millennial virou adulta nos primórdios dos smartphones e da conectividade. Então,betgoldalguma forma, estava no lugar certo e na hora certa para desenvolver grandes ideias sobre seu papel no mundo", explica à BBC News Brasil Jason Dorsey, especialistabetgoldperfisbetgoldmillennials e presidente da empresa americana Center for Generational Kinetics, que pesquisa hábitos globaisbetgoldmillennials e da geração Z.

"Seus pais lhes disseram que seriam bem-sucedidos, eles tiveram amplo acesso a educação,betgoldcomparação com gerações anteriores, e havia um grande sensobetgoldconexão ebetgoldcausar impacto."

Mas essa geração se deparou com grandes recessões, como a que se arrastou pelo mundo após a crise financeirabetgold2008 a 2009 e, no Brasil, com o períodobetgoldcontração econômica iniciadobetgold2014 e agora agravado pela pandemia.

"De muitas formas, os millennials estavam posicionados a serem muito bem-sucedidos - ou pelo menos foi o que disseram a eles. E a realidade é que muitos millennials se chocaram com uma algum tipobetgoldgrande recessão, com demissõesbetgoldmassa, inflação, estagnação salarial, aumento no custobetgoldvida", prossegue Dorsey.

Geração 'mais azarada da história dos EUA'

A argumentação do especialista é corroborada por alguns dados estatísticos. Nos EUA, reportagembetgoldjunhobetgold2020 do jornal The Washington Post apontou a geração millennial como a "mais azarada da história dos EUA".

Ilustraçãobetgoldhomem diantebetgoldporta semiaberta

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cada geração tem seus "momentosbetgolddefinição" - e crises econômicas e seus desdobramentos são esses marcos dos millennials

"Levando-sebetgoldconta a crise atual (da pandemiabetgoldcovid-19), o millennial,betgoldmédia, vivenciou crescimento econômico mais lento desdebetgoldentrada no mercadobetgoldtrabalho do que qualquer outra geração na história do país", diz a reportagem.

"Os millennials levarão as cicatrizes econômicas disso para o restobetgoldsua vida, na formabetgoldrendimentos salariais mais baixos, prosperidade menor e marcosbetgoldvida adiados, como a aquisiçãobetgoldcasas."

No caso do Brasil, uma pesquisabetgold2019 do banco Itaú BBA sobre hábitos dos millennials apontava que essa geração já compunha a maior parcela (34% do total) da população brasileira e cercabetgold50% da forçabetgoldtrabalho.

Eles tinham mais propensão do que outras gerações a acreditar que poderiam melhorar o mundo e níveis mais altosbetgoldeducação: mais da metade havia completado o ensino médio ou já cursava a universidade, e 23% já tinham curso superior completo.

No entanto, já sofriam com altas taxasbetgolddesemprego, principalmente entre a parcelabetgoldmillennials mais jovens.

Agora na pandemia, embora a geração mais afetada pela escassezbetgoldtrabalho seja mais jovem, os índicesbetgolddesemprego também são altos -betgoldtornobetgold14% - na faixa etáriabetgold25 a 39 anos, a dos millennials, no Brasil.

E esse grupobetgoldpessoas coincide também com uma faixa etária que já havia sido duramente atingida pela crise econômicabetgold2015.

Os marcosbetgoldcada geração

É claro que toda geração enfrenta desafios próprios e o que Dorsey chamabetgold"momentosbetgolddefinição" - ou os acontecimentos que marcam a geraçãobetgoldtal modo que influenciam seus medos, suas escolhas educacionais ebetgoldvida, seus valores ebetgoldpercepção acerca do futuro.

A geração "silenciosa" (nascida entre 1928 e 1945), por exemplo, foi profundamente marcada pela Segunda Guerra Mundial. Em seguida, os "baby boomers" (1946-64) vivenciaram eventos globais como a Guerra do Vietnã ou a chegada do homem à Lua. A geração X (1965-1980), que veio depois, viu o fim da Guerra Fria e o avanço da aids. A atual geração Z (nascida entre meados e final dos anos 1990), porbetgoldvez, certamente será fortemente marcada porbetgoldexperiência na atual pandemia.

Além disso, gerações inteiras podem ser impactadas por eventosbetgoldmagnitude local, como terremotos, epidemias ou fatos políticos traumáticos.

Então, o que diferencia a geração millennial?

Os pontos principais, diz Jason Dorsey, são o aumento considerável no custobetgoldvida (particularmentebetgoldeducação e,betgoldmuitas cidades do mundo,betgoldhabitação) e o alcance cada vez mais globalbetgoldeventos que talvez não tivessem tanto impacto se não vivêssemosbetgoldum mundo tão interconectado.

"Até a chegada da GenZ, os millennials formavam a geração mais parecida (entre si) no mundo. Significa que as pessoas são iguais? Não. Mas significa que têm muitas similaridadesbetgoldcomo pensambetgoldcomunicação, entretenimento, cultura, engajamentobetgoldpolítica. (...) Economias estão muito mais conectadas, assim como sistemas bancários e cadeias produtivas. E, se olharmos para os empregos, muitas das grandes empregadoras são multinacionais. Então a geração tem um sentimentobetgoldinterconexão que não existia antes", aponta o especialista.

"Millennials tiveram mais consciência dos eventos globais porque o fluxobetgoldinformação e a interconexão fizeram com que algum evento que não necessariamente fosse global acabasse se tornando global. Não me refiro à categoriabetgoldeventos como as guerras mundiais, mas à ideiabetgoldque uma crise bancáriabetgoldum país tenha um efeito tão grandebetgoldoutros e se espalhe pelo mundo. Isso é muito significativo."

'Economia compartilhada' e insegurança profissional

Para completar, os millennials se deparam com uma insegurança profissional mais acentuada do que a sentida pela geraçãobetgoldseus pais,betgoldmodo geral.

Ajustes fiscais, flexibilizaçãobetgoldregras trabalhistas, competitividade no mercadobetgoldtrabalho e o avanço da economia compartilhada - com seus benefícios e problemas - são algumas das circunstâncias que fazem com que os millennials tenham uma vida profissional às vezes mais flexível e aberta à criatividade; às vezes, mais incerta e precarizada.

Pessoa segura carteirabetgoldtrabalho

Crédito, Camila Domingues/Palácio Piratini

Legenda da foto, Millennials convivem com mais insegurança e precarização no trabalho

"Millennials se tornaram adultos com um tipobetgoldcontrato empregado-empregador muito diferentebetgoldrelação ao da geração anterior", explica Dorsey.

"Nossas pesquisas mostram que eles não tinham expectativabetgoldtrabalharbetgolduma só empresa a vida toda, nembetgoldter o mesmo empregador para o resto da vida. (...) Então há uma sensaçãobetgoldempolgação e liberdade, a ideiabetgoldque 'posso criar minha própria carreira', mas ao mesmo tempo há a desvantagem: os empregadores podem não oferecer os mesmos benefíciosbetgoldantesbetgoldseguridade, planobetgoldsaúde, etc. A responsabilidade disso acaba passando do empregador para o millennial. Em alguns casos isso funcionou bem;betgoldoutros, não", diz ele.

"O mesmo acontece com a economia compartilhada. A ideiabetgoldque 'posso usar meu carro quando quiser para transportar pessoas' me dá grande flexibilidade, mas será que esse trabalho não vai me impedirbetgoldter um emprego mais formal? Será que isso não vai acabar eliminando outros empregos formais? Não tenho respostas, mas são inovações que têm lados positivos e negativos, e os negativos impactambetgoldmodo desproporcional uma geração mais do que outra."

Isso se traduz tambémbetgoldfenômenos como a "pejotização" (a contrataçãobetgoldpessoa jurídica) e a informalidadebetgoldtrabalhadores, tanto no Brasil quantobetgoldoutros países.

São os reveses desse conjuntobetgoldcircunstâncias que causam sensaçãobetgoldfrustração entre os millennials, aponta Jason Dorsey.

"Eles se chocaram com esses desafios que lhes obrigaram a adiar muitas coisas (conquistas): atrasarbetgoldcarreira, seu casamento, ter filhos, comprar uma casa, economizar para a aposentadoria… Eles começaram a sentir que muitos objetivos ou metas que tinham estabelecido para si foram reprimidos. E mesmo os mais afortunados que seguiam trabalhando e avançando tinham a sensaçãobetgoldque havia muitas forças contrárias a eles", prossegue.

"Dá para se argumentar que essa geração, por elementos alheios a seu controle, sente que as coisas estão mais distantesbetgoldseu alcance do quebetgoldgerações anteriores."

Os pontos fortes dos millennials

Mas nem tudo vai mal para essa geração, longe disso: ela é mais aberta à diversidade e mais atenta ao impactobetgoldseus hábitosbetgoldconsumo do que as gerações anteriores, por exemplo.

É, ainda, a primeira geração a começar a tomar atitudes contra a desigualdade profissional e salarial entre homens e mulheres - embora Dorsey acredite que mudanças mais profundas provavelmente ficarão a cargo da geração Z.

Os millennials também valorizam muito o empreendedorismo - na média, mais do que seus pais ou avós.

"Foi a (primeira) geração a ver empreendedores como mentores ou inspiração. Em outras gerações, (a inspiração) talvez viessebetgoldpresidentesbetgoldgrandes empresas,betgoldchefesbetgoldgoverno oubetgoldocupantesbetgoldoutros papéis. Mas millennials viraram adultosbetgoldum momentobetgoldque a internet colocava os empreendedoresbetgoldpedestais", explica Dorsey.

"Além disso, os millennials conseguem abrir negócios na internet,betgoldforma muito mais barata. No entanto, o que vimos é que muitos millennials abriram negóciosbetgoldparalelo a outros trabalhos (como um complementobetgoldrenda)."

Outra curiosidade: Dorsey tem vistobetgoldsuas pesquisas um número crescentebetgoldmillennials mais velhos - os que estão perto dos 40 anos - repensando suas escolhas profissionais e buscando novos rumosbetgoldsuas carreiras, algo que talvez não fosse cogitado por muitosbetgoldseus pais quando tinham essa mesma idade.

"Parte disso (dessa reavaliação profissional) se deve ao estágio da vida, e muitos millennials que se sentem desiludidos com seus caminhos agora estão avaliando outras opções para a segunda metade dabetgoldcarreira", diz Dorsey.

"Outra parte disso se deve à pandemia, que fez muitos millennials pensarem profundamente a respeito do que é importante para eles e como gastam seu tempo, incluindo o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e seu propósitobetgoldvida. Isso se traduzbetgoldprocurar outras carreiras, ou outros estilosbetgoldtrabalho."

Mulher diantebetgoldvários computadores

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Conectividade, abertura à diversidade e capacidade empreendedora são alguns dos pontos fortes dos millennials

De modo geral, diz Dorsey, ele e seus colegas pesquisadores geracionais são "muito otimistas quanto aos millennials".

"Os millennials têm ótimas habilidades, são relativamente jovens, vão se beneficiar do que houverbetgoldrecuperação econômica nos próximos anos e têm muito tempo à frente para tomar decisões e encontrar seu propósito", afirma.

"De um lado, tiveram azar, mas por outro lado ainda têm tempo para tirar proveito. Ebetgoldmuitos países (caso do Brasil) os millennials representam a maior parte da forçabetgoldtrabalho ativa no momento e a maior geraçãobetgoldcargosbetgoldchefia - estão contribuindo ativamente para a economia."

As divisões entre gerações,betgold"silenciosos" à Z

Por fim, pode ser que nomenclaturas geracionais soem como brincadeira ou mera curiosidade. Mas, para pesquisadores, essas divisões têm bastante importância: "são uma ferramenta para analisarmos mudançasbetgoldvisões ao longo do tempo", explica em texto Michael Dimoch, presidente do Pew, um importante institutobetgoldpesquisas nos EUA.

"Esses cortes são uma formabetgoldentendermos a forma como diferentes experiências formativas (como eventos globais e mudanças tecnológicas, econômicas e sociais) interagem com o ciclobetgoldvida e o envelhecimentobetgoldmodo a moldar a visão que as pessoas têm do mundo."

Os millennials são definidos pelo Pew como quem nasceu entre 1981 e 1996.

Já no caso do Center for Generational Kinetics,betgoldJason Dorsey, esse intervalo é levemente diferente: entre 1977 e 1995.

Mais do que o ano inicialbetgoldsi, a geração é determinada "por seu contato inicial com a tecnologia, se viviabetgoldáreas urbanas ou suburbanas, qual foi o nívelbetgoldrenda e educaçãobetgoldseus pais, porque (por conta disso) cada pessoa pode ter sido introduzida à tecnologia mais cedo ou mais tarde", diz ele.

"Mas encerramos (a geração millennial)betgold1995 por causa do 11betgoldSetembro, que foi muito marcantebetgoldvárias partes do mundo. E quem nasceu depoisbetgold1995 não se lembra do 11betgoldSetembro."

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